One More Time In Nárnia escrita por Loren
Notas iniciais do capítulo
haaai guerreiras! eu achei que não conseguiria postar hoje, ledo engano. kkk. sem mais enrolações, mais um cap. para vocês e um ótimo feriado para todas o/ ^^
Da cesta, saiu uma pequena mãozinha. Lúcia disse para todos.
–-Olha.
Aos poucos, veio outra mãozinha, depois a cabeça e depois o corpo inteiro. Era aquela menininha daquele marinheiro, o marinheiro apareceu e disse surpreso.
–-Gael?- a menininha se levantou- como veio parar aqui?
Todos estavam quietos e atentos. O marinheiro chegou perto da menininha e a abraçou. Drinian se aproximou e cruzou os braços.
–-Parece que temos uma nova tripulante.
O marinheiro sorriu aliviado, pensou que iriam punir a garota ou ele. Cristine se aproximou e estendeu a laranja para a menininha, que a pegou com cautela. Cristine sorriu e se retirou depois. Drinian saiu e Lúcia se aproximou.
–-Bem vinda à bordo.
–-Majestade- a menininha fez uma reverência.
–-Me chame de Lúcia.- Lúcia passou o braço ao redor dos ombros da menininha- Vem cá.
E saíram.
–-Mexam-se homens- gritou Drinian- Mãos à obra.
Enquanto isso Eustáquio recolhia o facão, ia devolvê-lo para a cozinha quando ouviu.
–-Boa luta. Ainda faço de você um espadachim- disse Ripchip.
Eustáquio sorriu, nunca ouvira um elogio, mas não um elogio tão verdadeiro. Como ele sabia que era verdadeiro? Ora caro leitor, quando alguém realmente gosta ou aprecia o que o outro faz, sabe quando o elogio é sincero. Somente sabe. Meio que sorriu e assentiu, mas voltou à terra e com sua simpatia de sempre, retrucou.
–-Pois é, claro. Se eu tivesse lutado com alguém do meu tamanho, o resultado teria sido diferente- e saiu de cena rapidamente.
Ripchip riu.
–-Sem dúvida.
–-Acha que ele tem chance?- perguntou Cristine.
–-Todos merecem uma chance.- Cristine olhou para Ripchip- Aprendi isso com você.
–-Obrigada, mas já está na hora de voltar ao trabalho.
Ripchip riu e saiu. Cristine se virou e bateu contra alguém.
–-Eii!- ela gritou.
Mas quando viu os olhos castanhos, ficou calada. Como em menos de 12 horas ela ficava agora envergonhada com eles, sendo que alguns dias atrás, adorava provocá-los?
–-Perdão meu pequeno rei, mas acho que o senhor deveria olhar para onde anda.
Disse ela, não deixando de lado sua teimosia com Edmundo, mas cá entre nós, essa raiva já estava sumindo aos poucos.
–-Já falou com Lúcia?- perguntou Edmundo, ignorando o sarcasmo da menina.
–-Sobre?- perguntou Cristine com as mãos na cintura.
–-Seus ferimentos.
–-Já estão melhores, com licença, devo voltar ao trabalho.
Edmundo deteu ela pelos braços e a encarou. “Bela boca”, ele pensou. A boca de Cristine era recheada da mais macia carne rosada e mesmo com a cicatriz roxa, era ainda assim tentadora para quem a analisasse com cuidado. Sentiu vontade de prová-la, de tocá-la e de tê-la. Mas por que olhava para a boca dela? Droga, ela reparou e abaixou a cabeça, ficando corada. Soltou-se dos braços de Edmundo e saiu. Edmundo suspirou e foi falar com Lúcia.
–-Lúcia?
–-Oi Edmundo, o que houve?
–-Posso falar com você?
–-Claro! Com licença Gael.
E deixou a menininha continuando a costurar, como estavam fazendo antes. Lúcia e Edmundo se afastaram dali.
–-Pode falar com Cristine?
–-Você não falou como eu pedi?
–-Falei e tentei de novo, mas ela é muito teimosa, não vai adiantar de nada. Não nos demos bem no inicio e não vai ser agora que isso vai acontecer.
–-Tudo bem, mas falar sobre o que?
–-Ela está ferida. Aquele cretino a feriu com chicotadas, está trabalhando duro desde que acordamos. E isso não é nada bom.
–-São muito graves?
–-Horríveis.
–-Tudo bem. Vou falar com ela e pedir para ela me deixar usar meu elixir.
–-Obrigada.
–-Mas Ed!
–-Hum?
–-Continue falando com ela.
–-Não. Ela é teimosa demais e não aguento mais ser rotulado como o “pequeno rei” por ela! Garota insuportável.
–-Insuportável, mas você não para de olhar para ela.
–-O quê?
–-Edmundo, desde manhã você não para de olhar para ela e quando alguém fala com você, você se faz de desentendido. Queria poder eu ler seus pensamentos, será que Cristine perturba sua mente, pequeno rei?- Lúcia riu.
Edmundo estava ficando vermelho. Por parte, de raiva e a outra parte, de vergonha. Mas era mais fácil dizer que estava ficando irritado, afinal, era verdade o que sentia.
Ele olhava para ela. Admirava algum tempo atrás a astúcia e coragem da menina, ainda mais quando ela o enfrentou no camarote. Mas se impressionou com a força que a menina fazia para trabalhar, mesmo com as costas queimando ali.
Ele reparava no esforço dela e nos suspiros pesados que ela provocava, estava já pálida e parecia que ia cair à qualquer momento, mas todos os marinheiros estavam ocupados demais para perceber isso. E mesmo tão cansada e exausta, ela era linda. De um jeito simples e gracioso, mas linda. Lúcia estalou os dedos na frente de Edmundo.
–-Edmundo? Edmundo! Viu? O que foi que eu disse?
–-Ora Lúcia, não enche.
–-Pelo jeito, alguém aqui está sentindo emoções desconhecidas não?
Lúcia riu e saiu. Edmundo ficou só com os pensamentos, que emoções desconhecidas Lúcia falava? Não fazia a menor ideia do que era, nunca havia sentido isso antes, mas não podia negar que em parte, era muito bom.
^.^
Dias se passaram. Já entardecia. Caspian estava com Drinian e Edmundo. Estavam à frente de uma ilha desconhecida. Caspian olhava as praias com a luneta.
–-Parece desabitada. Mas se os fidalgos seguiram o nevoeiro para leste, devem ter parado aqui.
–-Pode ser uma armadilha.-disse Drinian.
–-Ou pode conter respostas.-contrariou Edmundo- Caspian?
Caspian fechou a luneta, entregou para Drinian.
–-Vamos passar a noite na praia. Percorremos a ilha pela manhã.
–-Sim majestade- concordou Drinian.
Caspian e Edmundo desceram para o convés. Caspian foi falar com os marinheiros, talvez para dar ordens. Edmundo viu a menininha correndo por ali, como era mesmo o nome? Ah sim!
–-Gael!- gritou Edmundo.
A menininha ficou paralisada e andou com o passo lento até Edmundo.
–-Sim majestade?
–-Sabe-me dizer onde está Lúcia?
–-Estava com aquela outra menina, Cristine. Foram para o quarto dela.
–-E onde fica esse quarto?
–-Ao lado do rei Caspian.
–-Obrigado.
E saiu. Achou uma porta à esquerda do quarto de Caspian, como não havia notado antes? Esquecendo-se das formalidades, abriu a porta sem licença.
–-Lúcia? Gael me disse que...
Foi tudo rápido. O que Edmundo viu: Lúcia sentada na cama e em sua frente Cristine, com o cabelo preso em um coque novamente, virada de costas para a porta, sem camisa alguma, mostrando todos os arranhões que o chicote provocou e ainda durava após alguns dias.
Vergões, arranhões, sangue seco e feridas ocupando toda a pele que talvez um dia fora macia e clara, e naquele momento, estava vermelha, como se tivessem sido minutos atrás todo aquele estrago fosse feito. Dark não estava ali. Lúcia virou-se rapidamente com um susto engasgado na garganta, e ficou mais ainda quando viu que era Edmundo.
Lúcia levantou-se para empurrar Edmundo para fora, Cristine estranhou porque não sentia mais as mãos de Lúcia em suas costas, virou somente a cabeça para o lado e só viu o olhar de Edmundo preocupado, sendo tapado pela porta que Lúcia fechou em seguida.
–-Ufa...desculpe, acho que meu irmão perdeu os modos.
–-Reis...
–-Nem todos são assim.
Cristine deu de ombros. Lúcia voltou a cuidar dos ferimentos de Cristine. Edmundo estava com o rosto quente. Ainda não tinha ido embora, ficaria ali, até Lúcia terminar. Encostou o ombro na porta, para esperar, mas acabou ouvindo a conversa.
–-Majestade, não é necessário fazer isso.
–-Por favor, pare de me chamar de majestade. Já disse que pode me chamar de Lúcia e como assim, não é necessário? Não consigo ainda acreditar que você ficou nesse estado os últimos dias! Tem algum problema na cabeça?
Cristine riu amargamente.
–-Primeiro- disse Lúcia- Vou tentar limpar esse sangue seco, não sei se vou conseguir usar todo o meu elixir de cura...
–-Você vai usar seu elixir?- disse Cristine espantada.
–-Sim, por quê?
–-Majes...Lúcia! Não posso aceitar! Isso é algo quase divino! Não gaste comigo, pode precisá-lo mais tarde!
–-Cristine! Pare, vou usá-lo e acabou.
–-Por favor, não o use comigo.
–-Está bem, vamos fazer assim, eu o uso nos ferimentos mais graves e os outros eu mesma dou um jeito. Que lhe parece?
Cristine suspirou.
–-Tenho outra opção?
–-Não.- Lúcia riu.
Ficaram em silêncio. Lúcia colocou o pano cheio de sangue dentro de um balde com água, o limpou e o usou novamente. Estava bem melhor agora, limpo e podia ver claramente o estrago. Havia algumas feridas abertas, mostrando a carne vermelha por baixo da pele clara de Cristine, Lúcia engoliu em seco. Não era uma visão muito acolhedora, mas ela continuou ali. Para puxar assunto e tentar esquecer, falou com Cristine.
–-Se sente melhor?
–-Sim, obrigada.
–-Depois que eu terminar aqui, a senhorita ficará de repouso.
–-Não.
–-Cristine, é para seu bem.
–-Aguentei muito bem as últimas horas, minutos e segundos com tudo isso, você usará daqui a pouco o elixir nas mais graves, vou me sentir muito melhor. Posso continuar.
–-Edmundo tem razão, você é mesmo muito teimosa.
Cristine riu com vontade. Ficaram em silêncio. Lúcia estava gostando mais de Cristine e não conseguia pensar em duvidar dela, havia depositado a confiança no primeiro momento e não estava se arrependendo, mas queria que Cristine passasse mais tempo com ela.
A menina só ficava trabalhando no navio e o tempo livre, ficava olhando para o mar ou lendo em cima da cabeça do dragão. Lúcia nunca a quis interrompê-la nesse momento, sentia que ela precisava ficar sozinha, mas havia mandado Edmundo sim falar com ela. Apesar das brigas e farpas que os dois tinham no dia a dia, Lúcia achava que eles poderiam se entender, e queria isso.
E assim, falou para Edmundo que estava ocupada e pediu para ele conversar com Cristine, havia notado que Edmundo tinha se preocupado com ela. Mas sabia que o orgulho não faria ele ir falar com ela, mas se ela pedisse, tinha certeza que ele não recusaria. Cristine interrompeu os pensamentos de Lúcia.
–-Em que pensas?
–-Nada.- Lúcia sorriu.- Bom, já limpei a maioria e coloquei alguns curativos em algumas feridas pequenas. Vou costurar agora as mais grandinhas, as piores vou deixar para o elixir.
Lúcia costurou, Cristine não gritou, mas gemeu baixinho. Queria quase chorar, mas limpou o rosto com as costas das mãos. Lúcia arriscou.
–-Você tem...namorado Cristine?
–-Perdão?
–-Pretendente.
Edmundo engoliu em seco, por quê ele não sabia, mas nós sabemos caro leitor. Apesar da birra, Edmundo sentia sim algo pela menina que desconhecia, e não pensou em momento algum se ela teria namorado ou pretendente. Não queria ouvir, seria invasão de privacidade, ele pensou, mas estava louco para saber.
^.^
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
É isso. Espero que tenham gostado, agradeço imensamente à todas que estão acompanhando e pelos coments! Até o próx. cap.! o/