“A vingança procede sempre da fraqueza da alma, que não é capaz de suportar as injúrias.”

François La Rochefoucauld

POV Charlie

Queria desesperadamente ficar em casa, mas, era segunda-feira e eu tinha que ir a escola, até porque seu eu sumisse não conseguiria entender os horários e costumes dos meus alvos, já que ao menos a Elena vivia rodeada de “seguranças” seria difícil pega-lá sozinha.

Levantei para o banheiro tomei um banho gelado e coloquei roupas simples de sempre, jeans preto, all star branco de couro e uma jaqueta de couro vermelha. Deixei meus cabelos soltos e fiz uma maquiagem com os olhos esfumados em preto e um gloss.

Olhei minha bolsa certificando-me de que meus “materiais” estariam ali preparados para qualquer situação, entrei no meu carro e fui para a escola.

[…]

A escola estava como sempre, fiz questão de me atrasar para chegar logo na aula e não precisar encontrar com Jeremy, ele era meu amigo eu sábia disso, mas, o meu pai era cheio de segredos e embora não soubesse o motivo, ele tinha alguns “amigos” para ficar de olho em mim e eu não sábia quem era.

Não queria que acontecesse nada com o Jeremy seria melhor para ele, andava de cabeça baixa e como parecia que a sorte sempre estava ao meu favor, acenando com uma plaquinha de venham coisas horríveis, atinjam a Charlie.

Jeremy havia me chamado, meu coração apertou, mas, eu aumentei o ritmo do meu passo e andei até a sala o deixando falando sozinho.

Assim que cheguei à sala havia apenas um lugar vago ao lado da vampira Caroline, revirei os olhos mentalmente e fui me sentar ao lado dela, que sorriu a me ver.

–Oi – sorri, agora seria a oportunidade deu eu conhecer ela melhor, além do que minhas informações falavam.

–Oi Charlie – disse ela animada.

–Onde está Elena? – questionei fazendo-me de sínica, sabendo que tinha essa aula com ela também.

– Não acordou sentindo-se bem – sorriu ela gentil

–Oh, entendo mande melhoras a ela – disse inocente.

A professora chegou e a sala calou-se então deu inicio a aula, era história e a professora até que era gente boa, era baixinha dos cabelos grisalhos e falava baixo.

–Bom dia Classe – disse a professora que se chamava Lúcia.

–Bom dia – respondemos em coro.

–Como vocês sabem o dia dos fundadores está chegando e eu vou separar vocês em duplas – fez uma pausa – A dupla vai ser responsável em escolher dois personagens que fizeram parte do dia dos fundadores e vão se caracteriza, por conta da exposição e do desfile que vai haver na cidade.

–Só isso que é preciso professora? – perguntou uma ruiva lá no fundo.

–Sim, só isso – respondeu ela gentil – Vocês tem duas semanas, eu vou sortear as duplas de acordo com a chamada.

Então ela fez papeizinhos e os colocou em saquinhos, começou a sortear aos poucos as duplas, quando faltava poucos números a serem sorteados, menos de cinco alunos ela disse:

–Caroline Forbes e Charlotte Winslett – sorriu a professor ao anunciar.

Ambas nos olhamos e sorrimos, seria a oportunidade de ouro agora de descobrir mais sobre a vampira.

[…]

Quando a escola por fim acabou Caroline saiu comigo, rindo e falando sobre algo, mas, logo me distrai quando vi Jeremy no fundo do corredor jogando seus livros no armário, ele era meu único amigo, se é que eu poderia ter um.

–Então se amanhã estiver tudo bem nós podemos começar a fazer o trabalho – sorriu ela animada – Eu sou muito boa com essas coisas de fazer roupas.

–Por mim tudo bem, pode ser depois da escola – disse – Sou meio atrapalhada, mas, posso ajudar.

–Pode sim, pode ir à minha casa minha mãe vai estar no serviço mesmo, então nós começamos – sorriu.

–Está bem – sorri de volta.

–Até amanhã Charlie – disse.

–Até Caroline – sorri.

Então a loira sumiu e eu fui para minha casa terminar minhas pesquisas.

[…]

Aquela tarde havia sido cansativa e chata, havia atendido meu pai uma única vez e novamente nossa relação estava fragilizada devido ao fato de ele gritar comigo, sábia que minha tia tinha se intrometido.

Depois de comer qualquer coisa, não me sentia bem então fui dormir esperando pelo dia de amanhã.

[…]

Na parte da manhã havia ido à escola e assistido todas as aulas, eu e Jeremy não havíamos cruzado nossos caminhos na escola, seria melhor assim, meu pai podia ser bem estranho quando quisesse e como havia combinado com Caroline estávamos na sua casa, sentadas no chão da sala.

Caroline pesquisava no computador enquanto eu desenhava algum dos vestidos antigos da época dos fundadores, havíamos escolhido Honoria Fell e sua irmã Lorena Fell.

–Elas trouxeram a verbena para a cidade – disse a Caroline – Dizendo que isso protegeria os moradores dos supostos vampiros, gostei da história delas, acho que vai ser perfeito.

–Eu também acho – disse animada – Na cidade vizinha Fells Church tem uma loja que vende vestidos de 1864 nós poderíamos ir lá comprar os nossos.

–Pode ser elas são muito parecidas – disse me arrastando para perto do computador onde ela via as fotos das irmãs Fell.

–São irmãs não é pra menos – disse ela – Lorena e Honoria são praticamente as mulheres mais importantes de Falls.

–Tem irmãos que não são parecidos – disse com desdém.

Depois que nós terminamos Caroline nos serviu um bolo, e fingiu que comia não dei motivos para ela desconfiar que eu sábia sobre sua verdadeira identidade então ambas comemos o bolo.

Até que algo chamou minha atenção, havia uma foto em cima de uma mesinha na sala, era uma foto com duas garotinhas brincando não pareciam ter idades tão diferentes uma da outra, uma era morena dos olhos caramelo e a outra era loira dos olhos claros.

–Sua irmã? – perguntei para ela apontado para a foto.

–Não – sorriu – Sou eu e a Elena quando mais nova, eu não tenho irmãos, você tem?

–Não, filha única também – disse olhando no relógio vendo que eu tinha algo importante a fazer – Tenho que ir Caroline, foi bom passar à tarde com você, marque o dia e nós vamos comprar nossos vestidos.

–Também gostei de passar à tarde com você Charlie, claro – sorriu.

Caroline me levou até a porta e então eu fui embora, tinha que ir para o meio da floresta precisava voltar a treinar tiro ao alvo e tinha certeza de que haveria alguns vampiros dando sopa por lá.

[…]

Não havia encontrado ninguém na floresta, havia ficado frustrada então fui para o Grill tomar uma dose de uísque para relaxar os ânimos, não via a hora de dar de cara com Stefan novamente, pronta para fazê-lo sofrer, até que morresse.

–Hey Charlie – disse Matt o amigo do Jer que eu conhecera naquele trágico dia em que eu tinha vindo aqui.

–Oi Matt – disse animada.

–O que vai querer?

–Uísque com suco de laranja – sorri.

–É para já – sorriu.

Rapidamente Matt trouxe minha bebida, meus ouvidos captaram uma conversa paralela vindo ao meu lado, olhei discretamente quase não virando o rosto.

Era um homem aparentemente alto, cabelos negros como a escuridão da noite, pele pálida e olhos claros como o mar do atlântico, sorri para mim mesma.

Havia acabado de encontrar com Damon Salvatore.

Então foquei minha audição para escutar o que ele conversava com o Matt.

–Quem é ela Matt? – questionou o loiro, que com muita má vontade respondeu.

–Pra que quer saber Damon? Quer colocar no seu cardápio de café e da tarde?

–Acho que alguém está ficando atiradinho de mais, você não está conversando com o boboca do meu irmão, eu quebro o seu lindo pescoçinho e jogo você no mar do atlântico – disse ele ameaçando o pobre Matt – Então, vou perguntar novamente, quem é ela Matt?

–Charlotte Winslett – disse com má vontade – É nova em Falls.

–Viu? Nem doeu – disse ele irônico.

Voltei a tomar minha bebida, notei que Damon sentou um banco mais próximo a mim sorrindo maliciosamente, fez um sinal com a bebida como se fosse um brinde e eu fiz o mesmo, levantou e se sentou ao meu lado.

–Bebendo em plena segunda-feira? – questionou ele ironicamente para puxar assunto.

–Afogando problemas – disse irônica, entrando na dele.

–Alguém tão nova, mas, já com tantos problemas? – disse.

–É muita lição de casa – disse fazendo-me de inocente.

–Se mudou há muito tempo? – perguntou curioso.

–Há uns dias – respondi cordialmente não enfatizando nada.

Ele então sorriu e se apoiou com o cotovelo na mesa olhando para minha cara, mal sábia ele que eu já havia visto vampiros tão bonito quanto ele e aquilo não me era novo.

–O que uma moça jovem como você veio fazer em uma cidadezinha no meio do nada?

–Não se acha muito curioso? – disse.

–Na verdade não, acho que sou investigador – sorriu.

O vampiro estava nitidamente bêbado, algo o distraiu e ele olhou para porta sendo rápida e ágil abri o meu colar porta verbena e coloquei em sua bebida o mesmo tipo de verbena que havia colocado na do Stefan porém, essa o efeito era tardio começava a manifestar depois de dez minutos.

Quando ele se virou e sorri inocente, afinal era apenas isso que ele pensava de mim uma jovem nova na cidade, que não sábia da sua fama e principalmente que ele me deixaria bêbada e me levaria para cama, mal sábia Damon que o tipo dele eu conhecia muito.

–Charlotte não é mesmo? – se fez de desentendido.

–Apenas Charlie – sorri – Charlie Winslett, senhor misterioso do bar do qual eu estou conversando e não conheço.

–Que falta de educação – disse esnobe – Eu sou Damon Salvatore.

–É um prazer Damon – disse sorridente.

–Acho que nós vamos nos ver muito, a cidade é pequena – disse virando o resto de bebida, agora com verbena, em sua boca.

–Claro – sorri.

–Põe na minha conta Mutt – disse ele e Matt disse alguns palavrões baixo que ninguém entendeu exceto eu e Damon – Quer perder os dentes loiro de farmácia?

–Já pode ir Salvatore? – ameaçou o humano, tinha que admitir Matt era corajoso, enfrentar alguém como o Salvatore era muito difícil, ou ele era corajoso ou era burro.

–Não gosto de você Donnovan – disse ele revirando os olhos e fazendo uma careta.

–Pelo menos concordamos em alguma coisa, também não gosto de você nem um pouco – disse Matt enquanto secava um copo.

Damon se aproximou do Matt e o puxou pela camisa, olhando o de forma ameaçadora disse:

–Acho melhor manter a língua dentro da boca se não quiser ficar sem ela.

Quando ele notou que eu ainda olhava para ele, soltou Matt e sorriu, quase caiu estava ficando tonto, levou a mão a testa, certamente não demoraria para os delírios começarem, sorri internamente, fazendo mais um X na minha lista de vampiros que eu havia confirmado.

–Está tudo bem Damon? – perguntei gentil.

–Claro – disse tonto – Tenho que ir.

E então rapidamente Damon sumiu do Grill, Matt sorriu para mim e eu fiz o mesmo de volta, ele também era uma graça, tinha uma beleza diferente da do Jer, era uma beleza tímida o que o deixava charmoso.

–Acho que vou indo Matt – disse entregando-lhe meu dinheiro.

–Até amanhã na escola Charlie – sorriu ele limpando uma das mesas.

–Não vai embora não? – questionei.

–Só daqui algumas horas, Jeremy não veio trabalhar hoje tive que ficar com seu horário – disse ele aparentemente cansado.

–Ele está doente? – perguntei curiosa.

–Não sei, devem ser problemas de novo com a Elena, depois que algumas coisas vieram acontecendo eles não param de brigar – disse ele.

–Ah, claro – disse fazendo-me de desentendida – Eu já vou, boa sorte com o resto da noite.

–Boa Noite Charlie – sorriu.

–Boa Noite Matt – disse.

E então fui embora sínica e sorrindo, havia conseguido parte da confiança de Matt e deixado Damon Salvatore ironicamente louco por mim.

Assim que cheguei a minha casa ouvi meu celular cantando Call Me Maybe sozinho, corri deixando a porta bater e eram duas mensagens do Jeremy e uma ligação perdida do meu pai.

Embora eu quisesse ver as mensagens do Jeremy primeiro decidi que para o bem maior da nação americana era melhor ligar para o meu pai primeiro, meus dedos já familiarizados com as posições dos números no celular digitaram o seu telefone, mas, felizmente ninguém atendeu.

Então fui ver as mensagens do Jeremy.

De: Jeremy / Para: Charlie

Vc está bem Charlie? Mal vi vc na escola hj : (

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De: Jeremy / Para: Charlie

Charlotte se vc ñ me responder vou levar para o lado pessoal KKKK.

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Sorri com as mensagens do Jeremy, eu sábia que não devia me envolver com ele, mas, eu gostava tanto de conversar com ele, apenas tinha medo dos “amigos” do meu pai vir atrás dele, às vezes eu achava que meu pai era da máfia.

Mas, eu precisava conversar, mesmo que fosse contando minhas mentiras, ao menos aquilo me deixava menos nervosa, então decidi ligar para ele digitar demorava muito.

–Oi Jer – disse

–Olha só quem ainda está viva – disse alegre – Está tudo bem Charlie?

–Está – disse convicta, às vezes mentia e inventava tanta coisa que eu mesma começava a acreditar – Mais e você? Soube que Elena está doente.

–Estou – disse ele nitidamente mentindo – Ela está melhor

–Vocês se resolveram? – questionei Jeremy não estava com a voz nada amigável, algo o estava incomodando.

–Acho que sim, Elena é meio cabeça dura mais é minha irmã e ela precisa de mim – murmurou – Mas, e você e seu pai?

–Estamos bem novamente, ele apenas quer a perfeição – disse suspirando as últimas palavras – E apenas…

–Muita pressão – ambos dissemos e rimos.

–Está com fome? – questionou e era incrível como ele sempre me lembrava de que eu tinha que comer, procurava tanto pelos vampiros que às vezes passava a agir como eles, já que era necessário “ser um deles” para pegar um deles.

–Um pouco – menti levando a mão ao estomago que só agora eu notara que rugia feito um leão.

–Quer comer um famoso McGilbert? – perguntou brincando.

–Melhor não Jer – disse lembrando-me do meu pai e de suas ameaças subliminares – Foi um longo dia hoje, estou morta de cansaço.

–Imagino, Caroline disse sobre o trabalho dos fundadores, bem, ela disse a Elena, mas, elas falavam tão baixo que eu ouvi tudo – riu – Passar o dia com ela é cansativo, principalmente se levarmos em conta que ela não para de falar.

–Agora você escuta conversas atrás da porta é? – brinquei, mas, sábia que Jeremy tinha o sangue de caçador e a super audição era algo que se treinado como eu, podia ouvir mais que um vampiro.

–Eu jamais faria isso – riu ele – Me deixa delisgar, Elena está me chamar, boa noite Charlie.

–Boa noite Jeremy – disse e ambos desligamos.

Por fim, tomei um banho e dormi sem comer mesmo, comer e sentir fome não era algo que estava nas minhas prioridades agora.