Adorável Depressão escrita por Cristina Abreu


Capítulo 17
13. Papéis de rascunhos...


Notas iniciais do capítulo

DESCULPEM, DESCULPEM!!!
Ontem era o dia de postagem! Mas não deu... Vocês me perdoam? Fiquei na escola até as 18h e quando cheguei em casa... Vish, capotei. Nunca fui dormir tão cedo na minha vida. Nem quando eu era criancinha! T-T
Moral da história... Eu esqueci de postar essa. Mas agora aqui está o capítulo.
O penúltimo *chora*
Boa leitura.
PS: O título inteiro não coube... Então... Coloquei só o início.
PSS: Ainda não consegui responder os reviews... Mas assim que der, vou fazê-lo. E ah... Tenham paciência comigo nas notas finais.



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13. Papéis de rascunhos: Essa não é a hora em que eles se beijam?

Só quando papai me abraçou foi que percebi o quanto sentira falta daqueles braços. Era incrível como Ricardo não havia mudado em nada. Tinha a mesma expressão doce de quando nos deixara e me tratava como se eu fosse a sua princesa que nunca cresceria.

— Ah, princesa... Senti sua falta! – apertou-me, beijando meus cabelos. Sorri e segurei minhas lágrimas. Não tinha motivos para chorar naquele instante. Quando se afastou de mim, foi cumprimentar Tiago, que se mantinha hesitante em suas muletas.

— Tiago! Como você está grande! – ele não abraçou meu irmão direito, pois as muletas o impediam.

— Oi. – pelas costas de papai, fiz uma carranca para ele. Tiago podia tentar, não é mesmo?

Todos nós notamos quando seus olhos passaram por minha mãe. Eles brilhavam e denunciavam todo o amor que sentia por ela. Isso podia ser visto nos dela também. Meus pais deram um abraço desajeitado, mas não duvidei de que ainda se amassem.

— Faz algum tempo, Paula. – Ricardo sorriu.

— Sim, faz. – mamãe corou e olhou para baixo. Mordi meu lábio e não deixei que meu riso se espalhasse pelo ar. Aqueles dois... Nunca teriam jeito! Eles se separaram, mas continuavam se amando. Os anos de nada importaram.

Tiago fez uma careta, vendo exatamente a mesma coisa que eu. Rolei meus olhos para ele e fui ajudá-lo a entrar.

— Fiquei preocupado com você, Tiago. – papai disse, olhando gravemente para o filho mais velho. – Levei um susto quando sua irmã me ligou e avisou que você havia sofrido um acidente...

— Eu peço desculpa por não avisar antes. – falou Paula, seus olhos queimando em culpa. – Esqueci-me completamente com toda a confusão.

Papai suspirou e assentiu.

— O importante é que tudo está bem agora, não é, filho? – apertou a mão de Tiago. – Nunca mais faça isso conosco.

— A culpa não foi minha. – respondeu ele, petulante. Tiago ainda estava distante do papai e eu não podia culpá-lo. – Um bêbado idiota avançou o sinal e me pegou...

— Eu sei, eu sei. Só... Só tome cuidado. – nosso pai se rendeu, subindo os ombros.

— Tá. Eu vou.

— Mas então, crianças, o que vocês andaram fazendo? – perguntou papai, passando seus braços por nossos ombros. Aconcheguei-me mais, como se fosse uma criança pequena. Como eu fazia no passado.

Tiago e eu cruzamos nossos olhares, fazendo um pacto de silêncio. Ricardo não gostaria de saber que o filho andou bebendo e se drogando, e se minha mãe não era superprotetora, ele era. E muito.

— Nada demais. – respondemos em uníssono. Ele suspirou.

— Tenho até medo quando vocês falam desse jeito... Estão sempre escondendo alguma coisa. Eram assim desde pequenos, lembra, Paula? – os dois riram juntos.

Arqueei minha sobrancelha, mas eles não viram. Estavam ocupados demais olhando um ao outro. Meu estômago deu um solavanco de animação. Será que... Olhei para Tiago.

Finalmente meu irmão deu um sorriso. Respirei profundamente, aliviada. Já era um começo. E um dos bons.

Papai passaria em casa alguns dias. Morava longe e queria ficar mais próximos de nós. Acho que ter a mamãe solteira também ajudou em sua decisão. Quando eu era pequena, nunca pude entender porque se divorciaram. Tampouco fazia ideia agora. Eles se amavam, e todos viam isso até mesmo enquanto assinavam os papéis do divórcio. Talvez todos nós deveríamos ter passado por isso, ou sei lá. Não adiantava eu querer pensar sobre uma coisa da qual não tinha nenhum conhecimento. Há milhões de possibilidades, mas nenhuma delas era realmente relevante.

O importante era que aquele amor estava se mostrando novamente e que segundas chances existiam. Quem sabe eles não se davam uma mutualmente?

Passamos o dia nos redescobrindo. Papai se impressionou com a vontade de Tiago ser advogado e com a minha de ser escritora. Ele não tinha mais ideia nenhuma do que seus filhos gostavam.

Na verdade, nem eu tinha. A escrita era algo... Algo meu. Adorava escrever, rascunhar em papéis soltos milhares de histórias que nunca passaria a limpo. Fazia-me bem escrever, mesmo que o fizesse escondido de todos, inclusive de mim mesma. Quando pegava um papel, simplesmente me dedicava a ele e depois o esquecia por aí. Não sabia se escrever besteiras e cafonices fazia de mim alguém com talento. Só era uma coisa que eu amava fazer e que nunca pararia.

À tarde, a chuva despencou ferozmente do céu. O que era uma droga, porque eu tinha planos para hoje com Ana, Rafael e Alessandro. Ah... Aqueles dois primeiros tinham começado a namorar – Ana me contara ontem mesmo que pedira uma chance para eles -, e nenhum morrera até agora. Podia-se dizer que eu estava orgulhosa deles, mesmo tendo se passado apenas um pouco mais de 24 horas.

Alessandro... Alessandro nada falara sobre namorar. Rafael provavelmente já contara a ele com quem estava agora. Mas meu “ficante”, ou como intitulara minha amiga: “peguete”, parecia não querer passar disso. E por mim, tudo bem. Não havia mais pressa alguma para acalentar algo dentro de mim.

A tempestade estava lá fora desta vez.

Olhei para rua e não pude distinguir se era dia ou não. O céu estava totalmente negro com as nuvens de chuva. Suspirei, amuada. Não era justo eu ter que ficar em casa logo numa sexta-feira à noite. Não quando meu pai e minha mãe estavam flertando um com o outro.

— Olhe pelo lado bom, mana. – Tiago veio mancando com a sua muleta. – Você tem a mim.

— Nossa. Grande coisa! – brinquei e sorri. – O que você acha daqueles dois?

— Dois idiotas. – Ti revirou os olhos. – Não sei por que deixaram um ao outro. Passamos um inferno na Terra por causa disso.

— Acho que uma grande paixão também consume muito. – suspirei. – Só espero que eles cuidem desse fogo agora.

— Eca, Katie! – Tiago franziu o nariz. – São nossos pais!

— Você que tem uma mente maliciosa, Tiago! – gritei. – Eu falei algo completamente diferente, seu idiota. Não estava falando de... Argh... Sexo! Mas do amor. Imbecil.

— Oh, me desculpe, poetisa. Pra mim as coisas são simples. – deu de ombros. – E você deveria pensar antes de falar.

— Eu deveria pensar com quem estou falando, isso sim. Não posso cobrar de você um intelecto que não tem, né? – bufei. Tiago me deu um peteleco. – Ai! Não se esqueça de que eu posso derrubar você dessas muletas!

Ele riu e saiu de perto de mim. Rolei meus olhos para ele e sorri, depois, voltei a observar a chuva, como se com isso tivesse o poder de pará-la e não aumentá-la.

Quase nem notei uma pessoa que vinha correndo no temporal. Franzi minha testa e apertei meus olhos, mas a água era muita. Qual o problema daquele retardado? Ele ficaria com uma bela de uma pneumonia!

— Katherine! – meu pai gritou lá de baixo.

— Oi? – desci correndo. – O que foi?

— Tem alguém correndo pela chuva e gritando seu nome. Um garoto. E você tem sérias explicações para me dar, mocinha! – papai franziu a tez. – Quem é ele?

— Alessandro. – respondeu Tiago por mim. – O namorado dela.

Mostrou-me a língua e voltou a assistir à televisão. Contive-me para não mostrar-lhe o dedo do meio.

— Não é verdade... Ele não é meu namorado... Tecnicamente. – murmurei. – Vou ver o que ele quer...

— Ah, mas não vai mesmo! Além de estar chovendo, não gostei dele! – rugiu. Respirei fundo. Aja paciência, Senhor.

— Você nem o conhece, pai!

— Ora, Ricardo! Deixe a menina ir. – Paula interveio. Lancei um olhar de gratidão a ela. – Vá logo...

Mamãe mal acabara de falar e eu já abria minha porta com tudo, saindo para a chuva fria, que me fez tremer.

— Alessandro? O que está fazendo aqui? – já estava completamente molhada quando cheguei até ele. – Ficou maluco? Está chovendo e você está todo molhando!

— Você vai ter que me prometer uma coisa antes de eu dizer, Kate. – ele falou. A chuva caía em seus cabelos castanhos e escorria por seu rosto.

— O quê? – gritei por causa do temporal.

— Eu vou fazer muita merda. Vou te magoar mesmo que não queira fazer isso. Serei um idiota, pior do que sou agora. Sei que haverá vezes em que não vou te merecer. Que você vai querer me deixar, mas...

— Mas... – incitei. Eu nem sabia mais diferenciar minhas lágrimas das gotas de chuva.

— Mas eu preciso que você tenha paciência comigo. Que você dê um jeito quando eu fizer burrada, que brigue comigo, mas não me deixe. Se você puder prometer-me isso, Katherine, eu...

— Sim, eu prometo. – sussurrei, mas de algum jeito ele me ouviu. Alessandro sorriu e pegou minha mão, segurando-a firmemente.

— Então, você quer ser minha namorada?

Não respondi. Não com palavras. Joguei-me nele e o beijei. Não havia estrela alguma no céu negro e o dia mais parecia noite. Tudo estava horrível. Mas aquele momento tornou tudo perfeito. Acho que minha história deve ter sido rascunhada daquele modo mesmo. A imperfeição tornando-se algo tão belo quanto um céu límpido. Agora, eu só passava à caneta o que já tinha sido escrito.

Finalmente uma história que me dedicara!

Quem precisava de um conto de fadas? De ser uma Princesa e aguardar por seu Príncipe em um cavalo branco para ser levada a um palácio real idiota? Contos de fadas nunca saíam do papel.

E para que tudo aquilo, afinal? As coisas mais perfeitas são as mais simples. Alessandro podia ser idiota, podia ter me feito chorar várias vezes, mas ele era real. Era tudo o que eu mais queria e desejava.

Era o tudo pelo qual sempre procurara.

— Katherine, eu sei que tô sendo muito imbecil... – calei-o com meu dedo indicador. Antes que ele repetisse o que havia me dito no baile, eu precisa dizer.

— Ale, eu acho que eu... Te amo. – gaguejei e fechei os olhos, respirando fundo. – Não, eu não acho. Eu tenho certeza absoluta que eu te amo. Muito.

Não abri meus olhos, mas senti o calor de seu sorriso atravessando meu corpo, chegando ao meu coração, que nem sabia mais como bater direito. Nunca pensei que morrer de infarte pudesse ser tão bom...

Seus lábios tocaram os meus.

— Eu também te amo, Katherine. Sempre fiz. Desde pequeno. Só você. – sussurrou, limpando minhas lágrimas emocionadas que acabaram por se misturar com a chuva.

— Só eu?

— Sim. – beijou-me. Aquele garoto nunca poderia ser um rascunho. Alessandro era real em todos os sentidos.

Assim como para a gripe que pegaríamos, mas não liguei muito para essa parte.

***

No dia seguinte, Alessandro ainda estava vivo. Logo após beijar-nos na chuva, papai nos puxou para dentro e quis conhecê-lo. Não era nem preciso dizer que ele foi totalmente um chato e que Ale estava com medo.

Agora, a chuva passara e o sol brilhava acima da minha cabeça. Ana e eu remarcamos o encontro duplo para hoje. Ela pirou quando soube o que meu mais novo namorado fez. Minha melhor amiga ainda dava saltos enquanto andávamos pelas ruas, indo encontrar-nos com os garotos.

— Não acredito que ele fez isso! – gritava. Revirei meus olhos pela milésima vez.

— Sim, ele fez. E o que tem demais? – suspirei. – Não dê uma de louca, Ana. Eu sei que é difícil, mas tente se controlar.

Uma parte de mim se perguntava se a ideia desse encontro fora mesmo boa. Eu não sabia o que Rafael estava sentindo, e isso podia ser muita presunção minha, mas talvez ver-me com Alessandro não fosse a melhor coisa.

A outra parte dizia que isso era coisa da minha cabeça e do meu orgulho idiota. Achei que era essa parte que obtinha a razão.

— Olha eles ali. – Ana apontou para dois meninos que vinham conversando animadamente. Sorri.

— Rafa! – ela gritou. Acenei para ambos quando olharam. Ana puxou-me pelo pulso e corremos ao encontro deles. Alessandro rapidamente passou os braços envolta de mim e me deu um selinho. Corei, mas fiquei feliz ao ver que Rafael fazia a mesma coisa com Aninha.

Pude ver pelo modo como se olhavam que algo nascia ali. Talvez ainda não fosse tão forte, mas estava nesse caminho. Olhei para o céu claro e agradeci. Era um milagre eu ter acertado. Isso acontecia uma vez na vida e outra na morte.

Espirrei e fiquei feliz por isso também.

— Ah, é... Acho que vocês dois ficaram um pouco gripados. – Ana piscou, falando maliciosamente. – É como o padre diz... “Na saúde e na doença”.

— Cala a boca. – bufei. Eu não acreditava que fosse casar-me com Alessandro. Certas coisas nunca mudam, e eu ainda não acreditava no eterno. Demoraria um pouco para eu chegar nesse nível, se chegasse.

Mas o nível da felicidade já estava no papo.

Quando cheguei a minha casa, tudo estava silencioso. Meus pais não estavam em lugar nenhum e Tiago dormia tranquilamente no seu quarto, a televisão ainda ligada. Fui até ele e fiz um afago em sua testa. Tudo estava bem com ele agora.

Não só com ele, mas com todos a minha volta. Inclusive, comigo mesma. O peso esmagador que sentia antes desaparecera e me fazia imaginar se não fora apenas tudo a minha imaginação. Talvez fosse.

Os problemas estão apenas na sua cabeça, não é mesmo? Pelo menos, a maioria deles, éramos nós que criamos.

Lembrei-me de cada lágrima que derramei nesses últimos tempos, tudo o que eu sofri e deixei de fazer. Arrependi-me de muitas coisas, principalmente as não feitas, mas de nada adiantava agora. O passado ficava para trás e prender-me a ele, era como prender o meu futuro, também.

Porém, mesmo essas memórias não eram tão ruins. Davam até certo conforto, certa nostalgia, que nunca me deixaria. Eu as levaria comigo pelo resto da vida; não como algo ruim, mas sim como algo que me ajudou a crescer e deixar-me saborear o que estou sentindo agora.

Percebi, então, que eu gostara sem saber daquela antiga depressão. Acostumara-me a ela e foi isso o que me manteve em pé e sorrindo. Minha adorável depressão. Mas eu havia dado um fim a ela, e não poderia estar mais satisfeita por tê-lo feito.

Agora seria a hora em que os personagens principais do romance se beijariam. Mas Alessandro está em sua casa e eu na minha. Não haveria beijo. Não nesse final, porque ele não precisava de nenhum. Eu poderia ser mais por mim mesma.

Minha história não teve outro clímax senão a felicidade.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, eu sei... Ficou MUITO romântico, né? Também não gostei disso... Porque, sinceramente, é meio (ok, totalmente) impossível dessa cena acontecer na vida real, não é verdade?
Mas como aqui não é a vida real... Ai, eu quis abusar *risos* Porque acho que é um dos meus sonhos, que isso ocorra comigo. E como eu sei que não irá... Fiz meu sonho se realizar com Kate, de certa forma.
Enfim... O que acharam? Gostaram? Odiaram?!!!
Ah, eu sei que essa última frase pareceu ser o final... Mas não é, ok? Ainda tem o epílogo e quem quiser ver o Vitor de novo.... vai ter que ler. MUAHAHAHAHA - nossa, como sou bad.
E quem irá postar o epílogo não será eu... Mas sim meu amigo. A autora aqui estará beeeeeem longe do Brasil.
"OMG, Cris, você vai pro Japão?!" - esses não vocês.
Nãããããão, Apple Pies! (menos o guerreironobre... Ele não quer ser chamado de Apple Pie... Aliás, como você quer ser chamado? Porque eu tenho que te dar um apelido ú.u) Eu vou para os Estados Unidos.
"Disney?" - de novo, são vocês.
SIIIIIIIIIIIIM! E para Miami... Awn! Vou sair do país!
Então... Eu não vou poder postar, mas o Vini vai! Dia 8 ele está aqui postando. Já escrevi tudo, até as notas finais.
Ah, e sabe a próxima história que eu irei postar? Está quase concluída... Mas não está curta como Adorável Depressão. Enfim, isso significa que as postagens não atrasarão!
Agora eu me vou. Já falei de mais e eu to com fominha.
Beeeeijos :3