I Miss The Time When You Missed Me escrita por Jade Lima


Capítulo 11
Capítulo 10 - You can call me romantic if you want




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Continuo encarando Elena, sem reação. “Sim, você está. Do babaca aqui,” pensei, mas essas palavras não chegaram a sair de minha boca. Confirmar só a faria ficar assustada. Confusa. Talvez louca, não sei. Para Elena, o tempo não passou... Éramos bons amigos, somente isso. A ideia de nós namorarmos naquela época – coisa que eu sempre sugeria – era um absurdo para ela. Não posso soltar do nada uma bomba dizendo, “sim, em breve casaremos, só falta você se lembrar de que você me ama.”

– Seu café... Vai esfriar – eu digo, sem responder sua pergunta. Tá, eu sei, eu fui lesado. Mesmo que ela tenha assentido e descido as escadas, Elena é teimosa. Ela não vai tirar isso de sua cabeça nem tão cedo... Pelo menos tenho algum tempo para pensar.

– Espero que você tenha me deixado orgulhosa – diz Elena se referindo ao café. Ela deu uma pequena risadinha, aquela que ainda não deu para eu matar as saudades de. Eu sorri, descendo as escadas com ela.

Elena sentou-se no sofá e tomou seu café. Eu só fiquei a observando. Cada detalhe dela. Ela deve ter achado um pouco assustador, já que ela franzia o cenho de vez em quando.

– O que você está olhando? –ela me perguntou, dando um último gole de café.

– Apreciando, seria a palavra. E a resposta seria você – ela sorriu tímida.

– Não sei por que concordei de dormir aqui. Acho que havia me esquecido desses seus flertes propriamente irritantes – ela disse, colocando a xícara na mesinha de centro. Eu, que antes estava em pé, sentei ao seu lado no sofá. Ela fez uma careta por causa da minha proximidade.

– Diga que você sentia falta disso. Não minta! – Ela apenas me empurrou e riu. – Cretina! – brinquei.

– Babaca – ela retrucou.

– Criança – eu revirei os olhos, fazendo-a rir. Eu levantei do sofá e estendi a mão para ela. Ela simplesmente se levantou de lá sozinha. Eu, que mantinha minha mão estendida, fiz uma careta pra ela, e coloquei minha mão dentro do bolso, procurando minhas chaves. Quando achei, mostrei para ela, balançando-as freneticamente.

– Aonde vamos?

– Para um lugarzinho ali... Você verá – eu disse, seguindo para a porta da casa. Fui ao estacionamento com Elena atrás de mim resmungando coisas como “Damon, curiosidade mata” ou “Damon, eu mesma vou te matar...” e me perguntando mais de 40 vezes “aonde vamos?”. Eu sorria e revirava os olhos com suas birras. Não falei nenhuma palavra, o que a deixava tremendo de raiva.

Cinco minutos silenciosos dentro do carro e chegamos.

Elena costumava adorar esse lugar. Caminhávamos aqui nessa praça constantemente antes do acidente. Era simples, um pouco deserta, até. Elena comentava o som das ondas que batiam em pedras do lado direito da praça. Ela achava confortante.

– Assistir o pôr do sol? Sério? – ela disse, franzindo o cenho.

– Pode me chamar de romântico, se quiser – eu disse. Ela colocou a mão acima dos olhos, avistando o horizonte. Eu encarava sua boca em linha reta, que se abriu em um sorriso logo depois de bater um vento em seu rosto, que jogou seus cabelos para trás.

– Inacreditável – ela disse antes de me abraçar. Parei um momento para sentir o cheiro de seu perfume, o cheiro de seu cabelo... Que, por acaso, deixava-me anestesiado. Ela parou de me abraçar e me olhou, com os olhos semicerrados. – Você estava cheirando.

– Não, não, não estava! – eu menti, descaradamente.

– Sim, você estava! Damon! Você estava cheirando! – ela riu, empurrando-me pela segunda vez no dia.

–Olha, acho que vou acordar com meu peitoral roxo pela manhã.

– Merecido, Salvatore. Merecido – ela disse, semicerrando os olhos novamente.

Olhei para o horizonte, certificando-me que o pôr do sol estava em seu início. Por impulso, quase virei Elena de costas, para que o assistamos com minhas mãos em sua cintura. Mas, me contive. Felizmente ou infelizmente. Coloquei as mãos no bolso, sorrindo enquanto observava ela se deliciar com a vinda da noite.

Após o sol desaparecer no oceano, eu e Elena comemos silenciosamente cachorro quente em uma barraquinha que tinha ali. Trocávamos olhares discretos um para o outro. Elena fala o tempo todo - ou falava, não sei - que não flerta comigo. Eu quero saber quem ela engana com isso. Eu poderia a sentir olhando para mim. Mas, quando eu levantava meu olhar para ela, ela fingia que estava interessada demais no cachorro quente para papo. Foi uma refeição um tanto engraçada, para mim, pelo menos, foi.

Depois de comermos, não demoramos a voltar para o carro para mais silenciosos e torturantes cinco minutos.

Chegamos a casa e Elena deu um pequeno sorrisinho para mim antes de subir as escadas freneticamente.

– Aonde você vai? – perguntei antes que ela chegasse aos últimos degraus.

– Dormir? – ela respondeu em pergunta.

– Cedo? Ruim – eu disse. Ela olhou para mim como “e...?” e eu fiz um movimento com a cabeça. – Está bem! Mas, espere que eu vou com você.

– Você está insinuando que vai dormir comigo? – ela disse descendo as escadas que ela havia subido. – Salvatore... Sofá.

– Você deve estar brincando... A casa é minha! – provoquei, mesmo que minha cabeça estivesse contradizendo a exclamação. A casa é nossa, mas, como você não lembra...

– E eu acabei de sair de um coma! Se não se importa... – ela disse, estendendo a mão para o sofá. Bati os pés, mas dei um sorriso falso, que serviu como um assentido. Ela sorriu vitoriosa, e subiu as escadas novamente.

Odeio como ela tem um poder sobre mim. É irritante. Encolhi-me no sofá, fechando os olhos... Começo a pensar em tudo desde o acidente. Eu simplesmente recuso-me a pensar que Elena fora de um coma e lembrando-se de mim como amigo, seja culpa do Bonovan. Não importa o quanto que ele acredite que é o Mágico de Oz, ou sei lá o que, ele não é. Ele é só um daqueles caras loucos, ou bêbados... Ah, sei lá. Ele não é do tipo curador. Aliás, nunca acreditei nessas coisas, mesmo. E o que ele tá fazendo nos meus pensamentos? Ele não importa, ele é só um psicopata. Se eu acreditei nele por um instante, foi porque estava sem opções nenhumas. Aí me lembro do médico falando que não havia explicação para o caso de Elena. Deve haver uma explicação, com certeza... Aquele esquisito que não procurou fundo o suficiente. É nisso que irei acreditar.

Tá. Eu não consigo dormir.

Virei para um lado. Virei para outro. Ai, insônia, você não tem coração. Abri os olhos. Elena já deve estar dormindo... Não ouço nada, somente as batidas angustiantes do relógio da cozinha. Decido que vou subir e me encaixar ali na cama com Elena. Ela vai me matar quando acordar, mas, pelo menos, agora eu tenho uma desculpa... Quer dizer, não consigo dormir. Isso deve ser saudade do quarto, não é? Ou saudades dela... Minha desculpa será a primeira opção, porque a segunda deve assustar ela um pouco. Não se pode dizer que saudade do quarto é uma razão ruim, não é?

Subi as escadas e a porta do quarto estava fechada. Abri-a silenciosamente e encontrei uma Elena deitada de lado, de costas para mim. Seu rosto virou delicadamente para a porta. Ela olhou para mim, sem expressão, o que me fez pensar que ela não estava conseguindo dormir, também.

Joguei-me na cama ao seu lado, de modo que eu ficasse de cara a cara com ela.

– Não consegue dormir, também? – ela disse.

– Não... – eu respondi. Pensei naquela desculpa que eu tinha formado lá no sofá, mas agora, ela só parece estúpida. – Vem cá, Elena... Posso te perguntar uma coisa? – eu disse e ela assentiu. – Porque você quis dormir aqui?

– Porque não querer dormir aqui? – ela disse.

– Não sei... Você nunca quis passar a noite comigo, antes...

– Não sei... Talvez eu só sentisse sua falta – ela disse, fazendo-me olhar para ela, duvidoso. – Eu tive uns sonhos enquanto estava em coma... – falou, enfim.

– Comigo? – eu perguntei, sorrindo.

– Com você... Nem pense que eu vou dizer como foram. Seria humilhante. – ela falou, colocando um travesseiro na cara. Eu continuei sorrindo e tirei o travesseiro, aproveitando para tirar uma mecha de cabelo de seu rosto, também.

– Está bem... – falei um pouco envergonhado. – Porque não consegue dormir? Com medo de ter pesadelos? – eu brinquei, mudando de assunto e fazendo-a sorrir.

– Não... Só estou pensando – ela falou. Ai, Deus, eu já sei aonde isso vai dar. –Damon...

– Elena, por favor, não pergunte...

– Eu preciso perguntar. Damon, eu preciso saber... Pare de esconder isso de mim. – ela falou, mexendo no anel da mão direita como tinha feito mais cedo. Eu suspirei e disse:

– É uma coisinha que eu... – pausei. – Que eu te presenteei. Feliz, agora?

– Você me deu isso? – ela riu, descontroladamente. – Damon, isso é uma aliança!

– Foi... Uma brincadeira... Pro seu... – estalei os dedos. – Aniversário! – sorri, parecendo animado por conseguir formular uma frase.

– Tá bom então... – ela disse estranhando meu comportamento. – Deixe-me entender então, você me deu uma aliança... De verdade, uma aliança de verdade – disse ela batendo no anel, como para comprovar que ela não quebraria – de aniversário? É isso?

– Eu achei que... Eu achei que seria engraçado. – Eu sou o rapaz mais burro do mundo. E dos outros mundos também. E das galáxias. E do universo. Elena revirou os olhos, desistindo. Desistindo? Eu acho que sim...

– A propósito, Damon... Aquele foi um ótimo café – ela disse, virando o corpo para o outro lado. Se eu tivesse sorte, ela não perguntaria mais sobre a aliança... Se eu tivesse sorte. Eu não tenho sorte. Continuei deitado ali, vendo as costas de Elena. Pisquei os olhos e eu já estava mexendo em seu cabelo. Eu precisava falar... Eu precisava...

– Elena... – eu disse, respirando fundo – Eu te amo pequena.

Enquanto não ouvia uma resposta, coloquei minha mão em volta de seu corpo. Ela respirava profundamente, o que indicava que ela já dormia...

Ainda com minha mão sobre a cintura de Elena, adormeci.


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Notas finais do capítulo

Provavelmente, esse é o último capítulo do ano! Ahhhh :(
Mas, em compensação, se vocês comentarem, eu posso dar um spoiler em resposta...
E vou logo adiantando que o próximo capítulo vai ser muito legal. Vocês vão descobrir uma coisa sobre Matt...... Hahah! Eu queria desejar um feliz Natal para todos vocês, leitores! E um ótimo e próspero Ano Novo!!!!!
Comentem, e recomendem! :)