Eu e Elena estávamos no carro. Era uma noite fria e, naquela estrada, não havia nenhum carro na rua. Iríamos nos casar no dia seguinte, então, estávamos a caminho da igreja, para checar tudo. Estávamos tão animados. Apaixonados. Eu dirigia naquela noite. Ela estava ao meu lado, no banco da frente, pensativa.

– Você acha que teremos filhos, algum dia? – ela soltou, olhando pra mim, com aqueles olhos cor de mel. Ela estava sorrindo! Aquele sorriso mais lindo do mundo. Eu sorri junto.

– Quantos filhos você quer ter? – eu disse nervoso. Era a primeira vez que falávamos de ter uma família. Eu já havia pensado sobre isso, considerando que íamos nos casar, mas nunca tinha falado para ela. Fiquei feliz ao saber que ela estava pensando em ter filhos comigo. “Sortudo esse Damon Salvatore. Olha só a mulher que ele tem ao seu lado.”, eu pensei, e sorri comigo mesmo. Elena desviou seu olhar de mim, e olhou para o teto do carro, pensando.

– Eu quero ter três filhos! – ela disse, com a alegria de uma criança.

– Três filhos? Ficou maluca, mulher? – eu disse, brincando. Ela riu – Não tenho condições financeiras pra ter três filhos! “Ah, pai, quero a nova edição da Barbie!” “Pai, não escuta ela, compra meu carrinho primeiro” “Papai, eu quero o novo X-Men” – imitei o nosso futuro, sorrindo.

– Um menino e duas meninas. Não, não, não! Dois meninos e uma menina. Garrett, Maxwell e Jenna. – Elena disse.

– De repente você já tem tudo planejado, não é? – eu olhei para ela. Ela assentiu. Olhei novamente para frente.

– A não ser que você queira quatro filhos, claro. – Continuei sorrindo, assim como ela.

– Não, louca.

– Chato. – Elena me bateu de leve com sua bolsa. Gemi um “ouch” e ela riu. Ela colocou novamente a bolsa no colo, e olhou para baixo. Olhei para ela, parando de sorrir por um momento. Ela olhou para mim de volta e, por um instante, tudo parecia certo. Estava tudo no lugar. Eu estava certo que estava apaixonado por Elena Gilbert. Que queria casar com ela, seguir minha vida inteira com ela. Os olhos dela me olhando naquele momento é uma coisa que nunca irei me esquecer. Inclinei-me para beija-la e ela ia corresponder, quando aconteceu. Ela virou a cabeça bruscamente para olhar para frente do carro e gritou. Ela escondeu sua cabeça no banco em que estava sentada, ou será que foi no meu braço? As coisas começaram a se torcer quando eu vi um cachorro no meio da estrada. Tentei frear, mas, estava perto demais. Tive que fazer uma manobra com o carro. Se tivesse dado certo, não estaria escrevendo tudo isso num caderno velho e empoeirado. O carro capotou. Vi Elena com a cabeça sangrando, aparentemente desmaiada. Fiquei tão cansado, de repente. Vulnerável, vendo-a assim. Estava tudo distorcido, tudo tremendo.

E, então, a minha visão ficou preta.