O Feiticeiro Parte I - O Livro de Magia escrita por André Tornado
O livro de matemática resvalou das suas mãos abertas. Um arrepio fê-lo tremer, os olhos fitaram o vazio, os lábios entreabriram-se-lhe. Saiu um murmúrio:
- Piccolo-san…
Videl ouviu-o. Encarou-o e o rosto vago dele assustou-a.
- Gohan, passa-se alguma coisa?
Ele repetiu:
- Piccolo-san…
Gohan levantou-se do cadeirão, sonâmbulo.
- Piccolo está em perigo.
Videl apareceu à sua frente e ele despertou.
- Do que é que estás a falar?
No horizonte longínquo, havia o choque de energias gigantescas que se agitavam por entre as sensações que ele percebia do mundo. Combatia-se, nesse sítio longínquo. Desde o final da tarde do dia anterior, que sentira que alguma coisa não estava bem. Parecera-lhe ter percebido a aura de um terceiro saiya-jin na Terra, mas fora uma perceção tão repentina, que se esfumara num pulsar indefinido, que julgara ter percebido mal. No entanto, a madrugada fora agitada e no início daquela manhã, desfizera as suas incertezas – combatia-se de verdade, num qualquer sítio da Terra.
Chamavam por ele, Piccolo precisava da sua ajuda. Voltou-se para a mulher, engoliu em seco.
- Piccolo está em perigo – repetiu.
- Em perigo? Porquê?
- Ele… está a combater.
Videl franziu a testa. E percebendo-lhe as dúvidas no olhar preocupado, Gohan acrescentou:
- O meu pai está com ele. E Vegeta-san também. Julgo que Trunks e Goten também os acompanham.
- O que é que se passa, Gohan?
- Não sei – e abanou a cabeça.
Correu para o quarto, ela seguiu-o, repisando os ciúmes. Gohan continuava demasiado ligado a Piccolo, sentindo o que se passava com o namekusei-jin, mesmo que este estivesse nos confins do mundo.
Videl ficou pasmada quando entrou no quarto. Gohan acabava de vestir o seu dogi, guardado há uma imensidão de anos no armário. Pousara os óculos na mesa-de-cabeceira.
- Gohan!
- Piccolo está em perigo. Devo ir ajudá-lo.
- Não sabes o que estás a dizer…
Videl agarrou-o por um braço quando ele passou por ela.
- Tu não estás a falar a sério, pois não?
Gohan olhou-a.
- Vais combater?
- Se for necessário… – e o olhar dele entristeceu.
Videl perdeu as estribeiras.
- Estás louco? Tu não podes ir!
- Mas Piccolo está em perigo.
- Já sei!
Videl acalmou-se, para que ele não percebesse como estava amedrontada e para fazer passar melhor a sua mensagem.
- Escuta, Gohan… Se estiverem a combater, como tu dizes, não deves interferir. Serás um empecilho… Tu não te treinas há séculos, não estás em condições de combater com quem quer que seja. Nem com a tua filha Pan!
Ele soltou o braço da mão dela com delicadeza.
- Nada do que me possas dizer vai impedir-me de ir ter com eles – disse.
Gohan encaminhou-se para a porta. Videl não desistiu.
- Não estás em forma!
Ela ultrapassou-o, pôs-se à sua frente para o obrigar a parar, agarrou-lhe os dois braços e suplicou:
- Diz-me, pelo menos, para onde vais.
- Eu não conheço o sítio. Vou para onde estou a sentir o ki de Piccolo.
- E onde é isso?
- É muito longe.
Gohan sorriu para tranquilizar Videl que tremia, agarrada a ele.
- Porquê?
- A paz está novamente ameaçada, Videl.
- Existem outros guerreiros. Já não precisam de ti para protegeres o planeta. Tornaste-te num académico, dedicaste-te ao estudo… Não foi o que sempre quiseste ser? Um académico? Nunca gostaste de lutar.
Acariciou a face da mulher, olhou para o fundo dos seus lindos olhos azuis que brilhavam, marejados de lágrimas. Ela tinha medo por ele e isso tocou-lhe o coração. Sentiu remorsos por ir embora daquela maneira, mas havia também aquela voz dentro dele que o empurrava para algo que lhe era superior. E murmurou, como se fosse uma resposta definitiva:
- Eu sou um saiya-jin, Videl.
Voltou a sorrir e acrescentou:
- Prometo-te que voltarei, são e salvo.
Abriu a porta e partiu, a deixar pelos céus um rasto luminoso.
- Só que tu já não és um super saiya-jin… teimoso…
Videl teve de morder o lábio inferior para não desatar a chorar.
No seu quarto, Pan fechou a porta com cuidado para não darem por ela. Tinha ouvido a conversa toda.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Próximo capítulo:
Mistérios por desvendar.