A Casa Dividida escrita por Redbird


Capítulo 38
Reencontros e despedidas


Notas iniciais do capítulo

Hey lindos
Primeiro... ah vocês sabem desculpem a demora. Aqui está mais um capitulo espero que gostem

Ps: Não me matem



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Prim, Katniss percebeu, era quase uma estranha para ela agora. A irmã vestia um lindo vestido azul com mangas, um pouco quente para o clima de meia estação de São Francisco. Seu cabelo loiro caia em ondas perfeitas debaixo de uma fita lilás. Sorte que a menina era magra, porque Prim provavelmente estava usando dois corpetes. Mesmerizada, Katniss se perguntou como ela conseguia respirar debaixo de toda aquela roupa e se deu conta de que Prim estava vestida exatamente como uma moça londrina, seguindo rigorosamente a moda vitoriana.

–Oh- Snow exclamou sorrindo como se tivesse visto uma obra de arte particularmente interessante-Senhora Matson, bem a tempo do café. Espero que seu marido não tenha se incomodado de vir até aqui.

O sorriso de Prim parecia o mesmo, radiante e estonteante. Adorável como todos sempre haviam dito. No entanto, havia algo de diferente, algo que Katniss não havia conseguido distinguir.

–Obrigada senhor Snow. Não, não absolutamente. Estamos ocupados com a mudança o senhor sabe. Ele achou bom vir me despedir da minha irmã.

Ao ouvir a voz da irmã a garota saiu do transe e se apressou para abraça-la. Apesar de nunca terem sido muito próximas, Katniss se surpreendeu com a falta que sentira de Prim. Ela nunca tinha pensando muito nisso, mas, ao vê-la depois de tanto tempo, foi difícil desfazer o abraço. No entanto, ela teve que fazer isso, já que não queria preocupar a menina nem dar a Snow o gostinho de ver como ela estava assustada. Sorrindo, apenas conduziu Prim até a mesa.

Katniss sentiu como se tivesse vivendo em uma daquelas pinturas surreais, ou em uma daqueles romances que ela achava um tanto toscos. Ela sabia que Snow tinha contato com sua mãe, mas ela não conseguia imaginar como Prim acabara na mesa do café com os dois. Snow parecia sempre conseguir afirmar seu poder sobre ela.

A conversa foi animada, Prim contou que o Marido era John Matson. Um inglês que viera a Califórnia para ajudar a construir uma das inúmeras ferrovias do estado. Era um rico empresário, que enriquecera muito nos últimos anos. Katniss não estava surpresa, sempre sabia que a irmã faria um bom casamento. “Com um inglês, Prim realizou todos os sonhos de nossa mãe”, pensou. Ela poderia estar enciumada, mas, depois de tudo o que vivera, ela agradecia aos céus que Prim estivesse bem e feliz.

–É muita gentileza o senhor permitir que minha irmã fique em sua casa-comentou Prim bebericando uma espécie de chá- O senhor é realmente um anjo.

Katniss engoliu o comentário mordaz e sorriu para os dois. Não tinha como imaginar o que o homem havia contado a Prim ou o que ela sabia, havia apenas uma certeza, suas chances de proteger todos eles seriam bem maiores se ela continuasse fingindo normalidade. Até quando a encenação ia funcionar, ela não sabia.

– Com certeza, senhor Snow sempre foi muito gentil com nossa família- Respondeu Katniss encarando o sorriso ameaçador de Snow. Ela podia perceber o olhar de deleite, como se ele estivesse tirando o máximo proveito de toda a confusão que Katniss sentia.

Surpreendentemente ele não falou muito. Comentou com Prim como sua fazenda estava indo, como admirava o marido dela, segundo o intendente “ um homem que sabia fazer negócios” como ninguém”.

Katniss não sabia o que Snow pretendia. Será que ele apenas pretendia torturá-la trazendo Prim para uma visita comum? Será que ele a deixaria sozinha com a irmã? Ela tinha certeza de que ele não ousaria fazer nada com ela, mas ela se perguntou que mensagem ele queria passar e o que ele pretendia com todo aquele teatro.

Prim decididamente estava evitando falar sobre a mãe. Embora Snow perguntasse sobre ela, a moça deliberadamente dizia que fazia muitos dias que não a via e com a guerra, sua mãe se trancara em casa e não recebia muitas visitas. Snow apenas acenou e disse que tinha sido um acerto de Agnes casá-la logo.

Pelo que pareceu a mais torturante das horas os três mantiveram um diálogo cordial, finalmente o intendente levantou dizendo que precisava encontrar alguns dos soldados. Todos estavam voltando para a batalha daqui a alguns dias e não podiam ser deixados muito soltos como especificou.

– Espero que tenham uma ótima manhã. Voltarei para o almoço. Espero que possa nos acompanhar senhora Matson.

– Infelizmente não senhor. Meu marido retorna e irei encontrá-lo.

Snow faz uma mesura educa e, apesar de sua expressão branda, Katniss conseguiu ver a ameaça por de trás dos olhos dele.

–Tenham uma ótima manhã. Espero que tenhamos notícias de seu marido durante esta tarde senhora Mellark.

O Ar em volta de Katniss ficou mais denso assim que ele mencionou Peeta. A ameaça era tão clara como a geada que cobria os campos no inverno. “Jogue meu jogo e ele não se machuca”. Katniss só podia rezar para que Darius tirasse o professor o mais depressa possível da casa. Prim, alheia aos anseios da irmã apenas sorriu quando a figura de Snow foi diminuindo pela porta.

Assim que ele saiu no entanto, a garota abandou totalmente o ar despreocupada e se virou com um olhar triste para a irmã.

–Oh Katniss! No que você se meteu agora- Falou a menina dando um abraço na irmã- Como você veio parar aqui, justo na casa do Snow?

–É uma longa história- suspirou Katniss- Mas como você soube que eu estava aqui?

–Eu não sabia. Fui até a casa do professor achando que a encontraria. Haymitch estava lá, me disse que não sabia onde você estava, mas que estavam procurando. No entanto, Snow me encontrou e avisou que você estava aqui, esperando seu marido voltar da guerra.

O ouvido de Katniss zumbiu e ela teve dificuldades em focar a irmã bem na frente, seu coração batendo descompassado.

– Haymitch... então eles estão nos procurando.

Katniss tentou não ter tantas esperanças. Ela não podia se dar ao luxo de acreditar em milagres, não agora.

–É verdade que você está casada?- Perguntou Prim, olhando curiosamente para a irmã.

–Não- Katniss sentiu suas bochechas ficando quentes enquanto ela respondia- Não somos casados de verdade. Foi uma maneira que ele encontrou de me proteger.

A expressão de Prim estava impassível.

–Ah Katniss, por que você não poderia se conformar com uma vida normal como todos nós?- suspirou Prim.

–Como... está mamãe?- Indagou Katniss depois de um tempo.

Não estava preocupada com Agnes, a única coisa que ela sentia pela mulher a que havia gerado era um estranho distanciamento e curiosidade. “Você se desfez de quaisquer laços que tenha comigo”. Era incrível como palavras podiam queimar. Aquelas ainda ardiam como se tivessem sido queimadas a ferro na pele.

–Bom, a guerra a deixou em mal lençóis você sabe. Não ajudou muito ela ter feito meu casamento uma cerimônia para a cidade inteira.

–Bom... ela tinha que fazer, sabe como é, depois o que fiz.

–Senti sua falta na cerimônia, mas mamãe...

–Eu não era mais a filha dela, eu sei. Mas você está feliz, como uma mulher casada. Você... sabe...

Uma risada gostosa saiu de Prim.

–Se eu o amo?- disse ela olhando para Katniss como alguém olha para uma criança que está fazendo uma coisinha fofa- Ah Katniss, e as pessoas sempre consideraram você a irmã mais prática. Amor não tem nada a ver com isso.

Katniss sentiu como se estivesse olhando para a caçula pela primeira vez. Observando o jeito decidido, o modo confiante como ela sabia que era bonita, e a maneira como ela sabia exatamente seu lugar e seu papel. Ela não era só sua irmãzinha, não era apenas a garotinha bonita que ela tinha sido impelida a proteger a vida inteira, era muito mais que isso. Era uma sobrevivente. Uma mulher inteligente, com uma sensibilidade impar para descobrir a melhor maneira de vencer.

–Então ... você está feliz? É só isso que preciso saber.

Prim sorriu, e finalmente Katniss percebeu o que estava por trás daquele sorriso que ela não havia reconhecido antes. Era determinação, o sorriso de alguém que lutara por algo e conseguira, um sorriso calculista.

–Podemos dizer que sim. Ele é um bom homem, me trata bem. É rico. É tudo o que uma mulher poderia sonhar.

Tudo o que uma mulher poderia sonhar. Katniss pensou em Peeta lá embaixo, atormentado por ela. Nos beijos, na noite na casa de Lisbeth, no jeito como ele sorria quando estava perto dela. Imaginou que talvez ele nunca fosse rico como Matson, nunca desse uma vida tão segura para ela como a de Prim, no entanto, se surpreendeu percebendo que essas coisas não tinham importância nenhuma. Seu coração doía só de pensar algum mal acontecendo com ele ou de se imaginar ao lado de outro homem. As pessoas tinham sonhos muito diferentes.

–É, acho que sim- observou simplesmente.

–Katniss, eu sinto muito pela nossa mãe, sinto por tudo o que ela disse- falou Prim de repente.

A garota apenas levantou a mão e deu de ombros como se isso não importasse muito.

–Não se preocupe, não é sua culpa. E já não importa tanto agora-desconversou.

–Eu queria poder ajudá-la, não pense que não percebi que você está aqui contra vontade.

Katniss pegou as mãos da irmã.

–Você não pode, mas não importa vou dar um jeito de sair daqui-assegurou- Tenho que dar.

Apesar das duas estarem sozinhas, Katniss sabia que não poderia falar livremente com Prim, tinha plena consciência de que, apesar do falsa candura com a visitante, Snow tinha dado ordens para manter Katniss bem vigiada. Era estranho conversar nessa situação, mesmo assim, a garota estava feliz de ter essa oportunidade.

Elas não puderam conversar muito no entanto, um estranho barulho como um zumbido distante foi enchendo a casa. Era como uma onda que ia se aproximando lentamente da praia. Prim arregalou os olhos para irmã. Um nó se formou na boca do estômago de Katniss. Prim nunca estivera nem perto de uma batalha. A porta se abriu de supetão, deixando o ar do fim da manhã entrar. Sem pensar, Katniss se colocou na frente da Irmã e ficou cara a cara com Darius.

– Temos que tirá-la daqui, está na hora de vocês saírem- disparou ele.

–Darius...

–Os abolicionistas- disse ele, percebendo a pergunta que ela queria fazer- Não temos tempo para conversas.

–Leve- a daqui.

Darius fez menção de puxar Prim para fora, antes que pudessem sair da sala no entanto ela voltou e se lançou nos braços de Katniss que já estava pronta para sair do local.

–Katniss...

–Prim, vai ficar tudo bem, vá com ele- apressou Katniss.

–Estou indo para Londres, estou...

Katniss entendeu a implicação das palavras da irmã. Elas não se veriam mais, pelo menos por um bom tempo. Prim. Sua Prim que sempre seria diferente dela, que nunca entenderia suas atitudes, mas que sempre seria sua irmãzinha. Não era hora para isso, mas Katniss não pode lutar contra as lágrimas que surgiam por trás dos seus olhos.

–Fique bem Prim. Mande notícias assim que puder. Seja feliz!

Prim apertou ainda mais seu abraço. Com os olhos marejados ela apenas teve forças para acenar.

–Você também- disse ela depois de alguns segundos.

Katniss mordeu os lábios e ficou aliviada ao perceber que sua voz saiu firme quando pediu a Darius que levasse a irmã direto para casa.

Os próximos segundos foram um borrão do qual ela mal conseguiu se lembrar, uma correria para lá e para cá. Homens fardados lutando contra homens fardados. Alguns amigos abolicinonistas. Katniss reconheceu Rue e Haymitch no meio deles.

–Rue!- gritou Katniss-

Rue apenas deu um sorriso para ela e se apressou para dar um coronhada em um soldado que via em direção a ela. Quando Katniss percebeu alguns tiros ela correu em busca de alguma arma que pudesse usar também.

Foi quando ela viu. Um soldado estava de costas para ela, com sua carabina apontada para Haymitch que acertava outro alvo. Foi como se o corpo de Katniss se mexesse por vontade própria. Ela se atirou contra o soldado. O homem deixou a arma cair e ela aproveitou para pegar. Sem se dar ao luxo de ficar ali, ela correu procurando por Peeta.

Ela não sabia onde iria encontra-lo. Ela suspeitava que ele estivesse nos andares inferiores da mansão mas, mesmo assim, era quase impossível encontra-lo naquele labirinto. O desespero venceu a cautela e ela começou a gritar por ele. O barulho era ensurdecedor. Seus amigos lutavam com vontade. Ele nunca a ouviria, ela precisava encontra-lo, mas ele jamais a ouviria.

–Katniss- O grito veio da porta mais distante do corredor.

Primeiro ela achou que fosse sua imaginação, sua mente criando truques para que o coração recebesse aquilo por que implorava. Sem esperar resposta ela gritou pelo namorado mais uma vez e ouviu a inconfundível voz dele por detrás da madeira.

Ele estava bem resguardado é claro. Três soldados lutavam em frente a sua porta. Havia uma pessoa lutando ali também. Com uma passada descompassada do coração ela se deu conta de que era Finnick.

Os guardas já tinham o encurralando. Ela deu dois tiros a esmo e gritou para que o amigo se afastasse. Um dos soldados que, diferente dos outros dois não havia corrido para longe, apontou a arma para ela. Foi numa fração de segundo. Se Finnick não fosse tão rápido, ela jamais teria sobrevivido. Ele atirou na perna do soldado que caiu gritando no chão.

Katniss correu para a porta, ela abriu com um supetão e deu de cara com Peeta, o rosto lívido, os olhos arregalados. Por um instante Katniss sentiu que todos os seus sentidos estavam focados em Peeta e que o mundo lá fora havia emudecido.

–Deus!- Disse ele depois de alguns segundos- Você tem que parar de me salvar dessa maneira.

Katniss não conseguiu evitar uma risada e no segundo depois estava atirada nos braços de Peeta.

–Vamos- acelerou Katniss.

Os dois saíram do quarto, Finnick estava a espera deles no corredor. A casa era uma confusão de gritos e barulhos de lutas. Os três correram e depois de alguns minutos chegaram até a saída. Infelizmente, não havia tempo para verificar os feridos. Uma carroça dos abolicionistas já os esperava do lado de fora da Casa Grande.

Houve um barulho, um pequeno barulho e o mundo se tornou em chamas. Katniss olhou para entrada da casa e observou paralisada Snow com arma diretamente apontada para ela. Incrédula ela observou uma pequena faixa de sangue nascer em sua saia. Ela segurou o braço de Finnick enquanto Peeta continuou correndo

–Vá-foi a única coisa que ela disse.

Finnick arregalou os olhos antes que ele pudesse reagir Katniss e o empurrou para longe.

Ela ouviu Peeta gritar o nome dela quando percebeu que ela já não estava mais do seu lado. Ela o encarou e notou seus olhos perdendo o brilho e sua face perdendo a cor a medida que ele entendia o que Katniss estava fazendo e o pequeno rastro de sangue que escorria em sua saia.

–Não atire neles- Disse Katniss se virando para encarar Snow- eu vou ficar. Já estou ferida mesmo.

Ela sentiu o intendente lhe puxar pelo braço silenciosamente enquanto o mundo todo explodia em barulhos e gritos e fechar uma enorme porta atrás deles. Ela ouviu Haymitch gritando, ouviu os passos de Peeta correndo e Finnick tentando conté-lo. Ela podia ouvir tudo isso em sua imaginação, através da dor. Ela sentiu a carroça indo embora, levando os gritos de Peeta com ela. A última coisa que ela pode ver antes de a escuridão tomar conta dele foi Snow dando ordens e gritando com os soldados remanescentes. Ela duvidava que Darius estivesse entre eles.

–Eu disse a você... as coisas poderiam acabar mal, muito mal. Por que você nunca escuta Katniss, por quê?

Sem suportar mais a dor e a infelicidade por estar completamente sozinha Katniss encarou mais uma vez o intendente, um último ato de desafio e seus olhos fecharam a levando para uma bem vinda escuridão.


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Notas finais do capítulo

Er...Oi. se você está aqui é por que leu todo o capitulo então muito obrigada. Por favor não me matem. Eu tento ser boazinha com os personagens mas... não. Eles insistem em se meter em confusão. Anyway... eu realmente espero que tenham gostado do capitulo. Por favor, lembrem que a opinião de vocês é tudo para mim nesse mundo então, me deixem saber o que acham da história. Se quiserem me xingar... fiquem a vontade nos reviews... eu amo vocês de qualquer jeito. Beijooos seus lindos.