A Casa Dividida escrita por Redbird


Capítulo 22
Em cada casa, um soldado


Notas iniciais do capítulo

Oi gente
Então, eu não morri. Desculpem mesmo a demora. Juro que a fic não estava em Hiatus, é que eu realmente não tive tempo, nem criatividade nem nada para postar. Mas enfim... aqui vai mais um capitulo. Espero que gostem



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Durante as próximas duas semanas que se seguiram São Francisco viveu em um estado de ansiedade. Peeta viu milhares de jovens sendo alistados, muitos deles com menos de 18 anos haviam inclusive sido seus alunos.   Os assassinatos na cidade estavam ficando cada vez mais frequentes, as pessoas iam para casa mais cedo, todos na cidade sentiam a atmosfera pesada. Desde a invasão dos confederados, a guerra era uma parte cada vez mais presente da vida em São Francisco.

Peeta não conseguia saber por que, mas Katniss estava cada vez mais distante.  E ele nem tinha tempo de se preocupar com isso por que eles estavam sempre com Haymitch, treinando ou trabalhando.  Ele ainda não acreditava no que ela fizera na biblioteca.  Ele tinha que admitir, a raiva ainda vinha em ondas toda vez que ele se lembrava disso. E Katniss parecia cada vez mais determinada, o que só fazia com que Peeta indagasse o que ela estava planejando. 

Quando ele falava com Haymitch o velho bêbado apenas dizia que não tinha como adivinhar o que a pilantrinha estava armando.  Peeta ficava cada vez mais enraivecido com essa situação. Ele já tinha perdido uma mulher, não poderia suportar perder Katniss também.

 Toda vez que ele lembrava o jeito como a abandonara sua ex- esposa quando estava doente, mergulhando cada vez mais no trabalho e a deixando sozinha, era como se a culpa pudesse consumir cada pedaço do jovem professor.   Melanie ainda era um fardo pesado, mesmo depois de dois anos. Peeta havia sido covarde, dessa vez a história seria diferente.  Ele não deixaria Katniss sozinha, não deixaria ela cometer a loucura de se arriscar no antro de Snow.

 Ele passara as duas semanas pensando num jeito de deter Katniss, de fazer com que ela percebesse que se arriscar desse jeito era loucura. Da última vez os dois tinham tido uma discussão feia ela simplesmente parara de conversar com ele.  No entanto, ao pensar em tudo  ele tinha chego  à  uma conclusão.  Ele pensou em Katniss se arriscando, pensou em tudo o que eles já tinham passado.   Não seria como antes, agora ele sabia exatamente o que estava fazendo.

-Peeta você precisa se concentrar- disse Haymitch pela milésima vez, em um dia em que eles estavam treinando no quintal.

- Desculpe Haymitch- disse Peeta como sempre fazia- A verdade é que não consigo entender por que temos que treinar arco e flecha.

-Por que, caso você esteja sem munição, sozinho, ou precise abater seus inimigos de longe  essa arma será perfeita.  Eu sei que você não gosta de guerra.  Acontece queridinho que ela é uma realidade. Se você quiser sobreviver, tem que aprender a lidar com ela.

-Não é isso, é só que...

-Ah Peeta, eu sei que você está preocupado com Katniss. Mas, pelo amor de deus, se você não percebeu a garota sabe se cuidar.

-Haymitch eu não sei, ela...

-Se candidatou para se infiltrar no antro de Snow? Fugiu de casa com um quase desconhecido?  Disse não para o homem mais poderoso de São Francisco na frente de toda a elite  da cidade?  Está vendo? Eu disse, a garota tem bom senso.

- Haymitch, estou falando sério.

-Eu também.  Se quiser tanto protegê-la, primeiro aprenda a se proteger.

Peeta odiou admitir, mais Haymitch tinha razão. Então, ele fez todo o possível para entrar de cabeça no treino. Era o mínimo que ele poderia fazer. Todos estavam extremamente focados em sobreviver. 

Além disso, ele sabia que ele tinha que dar o seu melhor, as coisas não estavam nada boas.  A última noticia que eles tinham tido era de que os Estados confederados e a União  estavam recrutando a força negros para as batalhas.  Peeta já achava ruim o suficiente recrutarem jovens, mas em um dia em que ele e Katniss estavam voltando do trabalho e viram um homem de mais de 60 anos sendo recrutado, sem chance de escapar, ele sentiu como se o mundo tivesse virado de cabeça para baixo. 

Ele percebeu os olhos de Katniss brilharem de ódio e o pior e que ele sabia que isso só aumentava sua determinação em se arriscar.  Sem dizer uma palavra, eles foram para casa, como o silêncio pairando entre eles, como a fumaça das fábricas de Nova York.

-Haymitch- disse Peeta, lembrando-se daquela noite com um leve tremor- E se Tresh  for intimado para lutar?

Haymitch não respondeu de imediato, pegou uma flecha e acertou bem no alvo.

-Então, é melhor ele e vocês estarem preparados não é mesmo?

Os dois terminaram o treino silenciosamente depois disso.  Quando já estava entrando na pequena casa, Peeta ouviu Haymitch chamar.

-Peeta,  todos serão intimados a lutar, você sabe disso não sabe?

Peeta anuiu, mesmo que tentasse ignorar aquela verdade.

-Ótimo, então encontre algo pelo que lutar. Só assim você vai conseguir sobreviver. 

Haymitch,  percebeu Peeta, era o bêbado mais sóbrio que ele já tinha visto na vida.    Antes que ele pudesse entrar na casa, no entanto, ele vislumbrou uma carruagem negra se aproximando.  A casa vivia cheia de gente, mas nunca tinha recebido visitas.   A primeira coisa que eles perceberam é que não era qualquer veiculo. Era o veiculo de um grande figurão de São Francisco, por que apenas os magnatas da cidade teriam um coche tão luxuoso como aquele. E ele vinha seguido de outro veiculo que parecia abarrotado de pessoas.

-Não – disse Haymitch ficando pálido de repente- Peeta avise os outros.  Eles vieram buscar.

-Haymitch, o que está acontecendo?

-Eles vieram buscar Peeta, buscar soldados. Corra, avise os outros.

Sem pensar, guiado por um instinto que ele não entendia, ele correu direto para a sala de leitura onde Katniss estava.

- O que foi Peeta?- Perguntou ela sobressaltada assim que ouviu ele gritar o nome dela

-    Estão convocando soldados. Estão aqui em casa.

-Tresh!- disse Katniss largando o livro no chão subitamente.

Os dois foram para os fundos onde ele estava cuidando da horta que haviam plantando nas ultimas semanas esperando pela primavera.  Mas Tresh não precisava do aviso. Não mais. Perto dele, estavam cinco soldados. Haymitch estava vermelho, eles, mesmo antes de terem chegado até onde os amigos estavam podiam sentir a raiva de Haymitch.

-Vocês não podem convocá-lo- dizia Haymitch- Ele não está alistado no exército, é apenas um ex-escravo.   Os confederados já tem bastante soldados não tem?

-Não somos confederados. Trabalhamos com a União.

-Vocês o que? – Perguntou Katniss sem entender.

- A Califórnia está do lado da União. E precisamos de todos que pudermos ao nosso lado.- disse o soldado como se já tivesse decorado aquele discurso- Nosso amado presidente Lincoln precisa de nós.

- Eu não sabia que a União estava forçando as pessoas a se alistarem- disse Peeta.

-Guerra é guerra –disse o soldado que Peeta leu se chamar McKenzie em seu distintivo.

- Eu luto. Se vocês prometerem que meus irmãos não irão sofrer mais nenhum abuso.

-Você deve ser grato pela chance rapaz- disse McKenzie numa voz desdenhosa- por ter a chance de lutar por seu país.

-Tresh- O grito de Rue ecoou pelo jardim. Ela não precisou olhar para o irmão duas vezes para entender o que estava acontecendo.

Os soldados olharam a garota com curiosidade.

-Quem é essa?- Perguntou outro soldado que Peeta achou se parecer demais com um daqueles Trolls dos livros das histórias infantis, olhando com curiosidade para Rue.

-É a minha irmã- disse Tresh

- Hum- disse McKenzie- Ela e essa senhorita poderiam ser úteis cuidando dos soldados.

-Não-disseram Peeta e Tresh rapidamente.

Peeta sentiu como se o mundo estivesse caindo aos seus pés ao perceber o olhar determinado de Katniss começando a surgir.

-Se ele se recusar a ir?- Perguntou Haymitch. Ele estava tentando de todas as maneiras fazer com que os soldados desistissem de levar Tresh.

-Seremos obrigados a levá-lo mesmo assim. A União não pode se dar ao luxo de perder soldados- disse o oficial calmamente.

-Eu vou, mas minha irmã fica- disse Tresh resoluto.

-Tresh- diz Rue- Por favor não. Tem que haver um jeito.

Tresh abraçou a irmã.  O esforço que Rue estava fazendo para não chorar estava quase a consumindo.

-Não se preocupe, tudo vai ficar bem. Somos durões não somos?- Perguntou Tresh com um sorriso triste.  

-Ótimo- diz o Mckenzie como se tivesse acabado de cumprir uma tarefa rotineira  e não acabado de separar uma família- E você?- ele olhou diretamente para Katniss- Não é comum termos mulheres, mas seria útil ter alguém cuidando dos soldados.  Nosso acampamento fica a 5km daqui.  A senhora ficaria perto do seu marido.

Peeta olhou desesperado para Katniss, mas ele percebeu, com uma certa raiva que ela não lhe deu muita atenção.  Katniss estava pensativa, encarando diretamente Haymitch. Ele até podia sentir a troca de pensamento entre eles.

- Acho que devo isso pelo meu país- disse Katniss depois de alguns instantes.

-Katniss- Disse Peeta- O que, em nome de Deus, você pensa que está fazendo?

Katniss apenas se aproximou dele e lhe deu um abraço.

-Snow está com as tropas da União. Mas ele é um confederado do fundo da alma- sussurrou ela, para que apenas Peeta pudesse ouvir- Vou descobrir o que ele está tramando.

A quem visse de fora parecia mais um adeus apaixonado, a cara perplexa de Peeta ajudava a dar essa impressão.

-E então- perguntou o soldado entediado- vocês irão conosco?

Peeta não pode fazer nada. Não demorou nem quinze minutos e Katniss e Tresh já tinham juntado todas as suas coisas e estavam embarcando. Katniss na carruagem preta,  com os oficiais e algumas mulheres que como ela iriam ajudar na cura dos feridos,   e  Tresh com os outros soldados.  E Peeta ficou lá, sentindo toda a resolução que ele tivera durante a semana inteira e seu planos indo por água abaixo enquanto Katniss seguia naquela carruagem.  Ele não teve tempo de convencê-la a ficar. Não teve tempo de lhe mostrar o anel que ele comprara para ela. 


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Notas finais do capítulo

Olá eae? Querem me matar? por favor, sintam-se a vontade para me xingar nos reviews. Aliás, adoraria saber o que estão pensando. Eu tardo mas não falho. Não me abandonem hehehehehe. Bjuus