A Casa Dividida escrita por Redbird


Capítulo 13
Promessas feitas com sangue


Notas iniciais do capítulo

Olá meu povo :) Enfim... mais um capitulo. A tão esperada (ou não) história do Hayhay. Espero que gostem. Eu não consegui revisar porque estou usando outro pc para escrever, não o meu, e minha ansiedade para postar estava me matando, então, por favor, sejam legais e perdoem meus erros de português. Obrigada e boa leitura!



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Haymitch tinha apenas 5 anos quando o pai o expulsou de casa junto com a mãe. A única lembrança que Haymitch tinha do pai era apenas a de um homem loiro, de olhos cinzetos, exatamente como os dele, de mão dadas com outra mulher na varanda da casa grande enquanto ele e a mãe começavam a longa caminhada até o centro da cidade, sem nenhum  tostão.

O pai de Haymitch era um homem rico, vindo de Granada para plantar açúcar no sul do continente.  Assim que descobriu a possibilidade do ouro em São Francisco, decidiu arriscar. Carlos  Rincón não era um homem que deixava uma oportunidade passar. Assim que chegou a cidade comprou uma casa que poderia ser considerada uma mansão e logo conseguiu dinheiro suficiente para uma boa vida.

Carlos se interessou imensamente por uma nativa Cherokee, chamada Nayely, que fugira da reserva e dos conflitos envolvendo o governo americano e os nativos e vivia na cidade sobrevivendo do artesanato.  Não demorou muito para que ele levasse a moça para sua casa e os dois começassem um tórrido romance.  Pode-se até dizer que foram felizes por algum tempo, pelo menos até uma americana aparecer e Carlos decidir que precisava de um casamento cristão.

O pai de Haymitch era um homem de negócios. Pesava riscos, media valores, comparava possibilidades. Portanto, quando Liza Watson apareceu, ele percebeu que sua indiazinha e a criança calada que vivia atrás dela, não eram um bom negócio. Apesar de São Francisco  ser uma cidade liberal, ele percebeu que precisava de uma esposa  que pudesse lhe dar um ar respeitável. Mais do que tudo, ele viu em Liza a parceira perfeita nos negócios. Embora fosse recatada como convinha a uma dama, Liza era uma mulher inteligente, com uma personalidade tão empreendedora quanto a dele.

Foi assim que, em um dia qualquer de primavera, ele chamou  a mulher que tantas vezes compartilhara a cama com ele e dissera que ela teria que partir com a criança. Sem discussões, nem justificativas, no escritório da casa grande, como se fosse uma transação de negócios.  Ela já havia cumprido sua utilidade, era hora de ele seguir em frente.

-Pelo menos diga adeus ao seu filho- disse  Nayely  com expressão impenetrável.

-Você sabe que ele não é meu filho – disse o homem friamente.

Haymitch podia sentir que a resignação da mãe era o que mais irritava o homem. Carlos tentou oferecer dinheiro para a amante, mas ela apenas jogou as moedas na cara do homem. Foi a primeira vez que Haymitch viu o pai tão desconcertado e sem palavras.

A mãe apenas pegou o filho pelo braço e deu meia volta, indo arrumar as suas coisas. Haymitch, pela primeira vez na vida,  chorou copiosamente. Aquela também foi a primeira  e a última vez que Haymitch  levou uma bofetada da mãe.

-Nunca mais chore por quem não merece! Lágrimas são sagradas. Só devem ser vertidas por aqueles que realmente se importam com você. Nunca as desperdice.

E assim os dois saíram da casa. Sobreviveram por um mês com os artesanatos, até que Nayely conseguiu um emprego  em uma fazenda, a fazenda de Snow.  Ali, Haymitch apesar de também trabalhar duro, pôde curtir sua infância e juventude em paz.  Ele tinha  amigos entre os escravos, os latinos que vinham sem nem um tostão  e os índios da tribo de sua mãe que ás vezes apareciam. Ele aprendeu a atirar, caçar, cuidar de feridas com os negros e até um pouco de álgebra  e inglês com um amigo improvável. O rico fazendeiro Everdeen.  Foi assim que surgiu uma grande amizade entre o bastardo mestiço e o filho mestiço do fazendeiro mais rico da região, o pai de Katniss, Peter Everdeen.

Na sua juventude, Haymitch se apaixonou por uma das negras de Snow. Ele se sentiu feliz por não se prender aos ranços raciais de São Francisco. Se alistou no exercito e assim que recebeu seu primeiro salário como soldado, comprou  Sarah do famigerado Snow, mesmo tendo pago o dobro do que ele havia pago pela escrava.

Os dois se casaram um mês depois que ele havia comprado sua liberdade. Viviam felizes, juntando dinheiro para comprar a liberdade do pai dela, que também era escravo. Tão apaixonados quanto só jovens de 25 anos podem ser.  Quando descobriram que ele estava grávida, um ano após o casamento , ficaram tão felizes que não parecia dificil acreditar que duas pessoas pudessem ser mais abençoadas no mundo.

 Faltava apenas um mês para eles conseguirem o dinheiro para comprarem a liberdade do pai dela.  Haymitch finalmente poderia ter uma família completa.  Na mesma semana que ele finalmente conseguiria a quantia para comprar o pai da esposa,  Sarah, a mulher de Haymitch voltou extremamente assustada. O pai dela parecia muito fraco.

Dois dias depois, o velho Zeferino não conseguiu se levantar. Haymicth  podia ver que a esposa estava cada vez mais apavorada, se ele não conseguisse trabalhar Snow provavelmente o mataria, ela sabia muito bem como a mente doentia dos donos de escravos funcionava. Eles eram apenas objetos, se não funcionavam mais, era hora de se livrar deles, sem mais questionamentos.

-E logo agora que estamos logo conseguindo comprar a liberdade dele-lamentou ela durante todos os dias daquela semana.

O que Sarah mais temia aconteceu  no domingo. Quando Haymitch voltou de sua ronda vespertina pela cidade, percebeu que sua casa estava estranhamente silenciosa e sua mãe estava apavorada.

-Sarah- ela disse simplesmente.

Sem pensar duas vezes, ele pegou o cavalo emprestado de um amigo e saiu correndo para a fazenda de Snow.

Assim que ele chegou lá ouviu os gritos daquela voz que ele amava.

-Pare!- implorava Sara, olhando para Snow que assistia o capataz surrar o pai- Por favor, pare! Ele não aguenta mais!

Snow apenas olhava a tudo impassível.

-Não posso fazer nada, ele não é mais útil. Está com tuberculose, não serve mais para nada

-Não! Por favor.

-Sara!-Haymitch tentou segurar a mulher, mas nem ele, que era um soldado, que era um homem forte, foi capaz de contê-la quando o capataz apontou a arma para o homem ensanguentado no chão.  Não houve força no mundo capaz de impedi-la de correr e se prostrar na frente do pai. Foram três tiros. Dois no peito de Sara e um na cabeça do pai da moça.  Haymitch  só teve tempo de correr e segurar a mulher enquanto ela sangrava.

Naquele momento a única coisa que Haymitch conseguiu fazer foi mostrar um pequeno bolo com dinheiro para a mulher.

-Eu consegui, eu vim trazer... agora ele é um homem livre, como você, como nosso filho.

Sarah sorriu pela ultima vez, enquanto Haymitch  depois de tanto tempo, chorava. Eles valiam a pena, valiam cada lágrima.

Depois disso, a guerra com os  Estados Unidos começou.  Haymitch não se importava com quem ganhasse a guerra. Com a morte da sua mãe, dois meses  depois da morte de Sarah, ele não tinha mais ninguém para voltar. 

Sua personalidade se tornou mais arisca  do que já era depois de tudo o que passou. Seu único consolo foi o álcool no qual ele se atirou com a gana  de  um naufrago a terra. Lentamente, com o passar dos anos,  ele foi se degradando cada vez mais.  A única pista de que havia um homem forte e guerreiro por trás do bêbado era seu parco envolvimento com o movimento abolicionista, o qual ele não queria admitir, era fruto mais de sua sede de vingança do que qualquer outra coisa.

As únicas coisas que moviam Haymitch  eram  seu ódio contra Snow e uma promessa.  Ele nunca contara a ninguém sobre a  guerra, ou sobre sua amizade com Peter Everdeen.  Mas a verdade é que ele salvara a vida inútil de Haymitch.

Houvera uma emboscada enquanto os dois estavam  de vigia no acampamento.   Numa de suas típicas atitudes, Peter Everdeen, ao  ver que não teria tempo de correr para avisar os outros,  se mantivera na linha de frente enquanto gritava para Haymitch ir correndo até os companheiros.

-Não  posso deixar você aqui!- Haymitch tentou argumentar, mas Peter simplesmente apontou a arma para ele.

-Você vai Haymitch! Você vai voltar e vai avisar os outros. Você sabe que é isso que tem que fazer, você sempre foi o mais prático!  Não seja molenga, se não   eu atiro em você, não vou deixar eles nos pegarem vivos!

- Eu não posso –  disse Haymitch teimosamente. Mas Peter já estava decidido. E ele tinha razão, ele tinha que ir. Era a única maneira de salvar os outros.

Ele pode ver os soldados inimigos cada vez mais próximos. Com um ultimo olhar apavorado para Peter ele saiu correndo. Não sem antes ouvir suas ultimas palavras.

-Cuide da minha garota Haymitch, cuide de Katniss!

Peeta e Katniss ficaram ouvindo boquiabertos enquanto Haymitch contava sua história.  Quando o velho  falou sobre o pai de Katniss,  Peeta sentiu a amiga tremer e logo percebeu as lágrimas caindo convulsivamente sobre o vestido que ela usava. Ele lutou contra o instinto de abraçá-la. Ele não sabia bem o porquê, mas sabia que esse não era o momento.

-Meu pai mandou você cuidar de mim?- perguntou Katniss num quase sussurro.

-Eu não posso deixa-lo ganhar. Não posso deixar ele machucar mais as pessoas como já fez- Disse Haymitch ignorando Katniss- E eu não vou deixar ele encostar em você. Prometi isso ao seu pai.

-Haymitch você tem uma família agora- disse Peeta

-Com certeza- disse Katniss- Nós somos sua família agora.  Os escravagistas não podem ganhar para sempre.  E quando eles perderem,  nos estaremos juntos para comemorar.

Os dois viram Haymitch sorrir, um feito quase impossível.

-Mas você vai ter que prometer que vai moderar na bebida- disse Katniss.

- O que... mas... ah eu sabia que esse papo de família era uma furada!

Os dois não tiveram alternativa se não rir. De repente eles ouviram passos apressados na escada. Tresh entrou arrombamdo a porta.

-Peeta...-Então ele olhou para Haymitch- Mas quem... espera, esse é o Haymitch?

-Sim, depois de um banho- disse Peeta se controlando para não rir.

-Nossa!- ele disse olhando espantando par o homem.

- Ei! Vai ficar me cheirando feito um almofadinha ou vai dizer por que veio aqui? - Perguntou Haymitch  indignado.

Tresh chacoalhou a cabeça, finalmente se lembrando do motivo urgente que o trouxera até  Peeta.

-Hum, Peeta, sua Tia Margareth. Ela chegou de viajem. Parece que veio conhecer sua nova esposa. 


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Notas finais do capítulo

Mazaa sobreviveram? Obrigada por terem lido. Ah sim, agradeceria se você fizesse a gentileza de me contarem o que acharam do capitulo.
Abraços!!!