Vi o bebê se mexendo na barriga dela, sim, ele era um zumbi, estava comendo a carne da própria mãe.

Gabriel gritou.

- Isso é só um pesadelo, não está acontecendo – tentou se acalmar.

Owen e eu nos entreolhamos. Ele colocou uma luva e pegou uma faca e enfiou na cabeça do bebê. Eu fiquei completamente enjoada.

- Que nojo – comentou Gabriel.

Fernanda voltou a se mexer, mas se mexeu normalmente.

- Fernanda, agüente firme – disse Owen.

- Não aguento mais, me matem, vão embora.

Iria ser a terceira pessoa que eu faria isso, eu não podia. Peguei dentro de uma gaveta anestesia e dei à Fernanda.

- Tome, vamos costurar sua barriga, isso é para você não sentir dor.

- Vai me dar isso só agora? – perguntou ela.

Por fim ela tomou. Passou alguns minutos e ela havia dormido. Owen começou a costurar cuidadosamente a barriga dela.

Gabriel se sentou enjoado.

- O que você fez para ir à cadeia? – perguntei novamente a ele.

- Matei uma pessoa – ele respondeu – ela havia sequestrado a minha mãe e a matado, por fim, eu matei.

Fiquei me perguntando o motivo de ter sequestrado a mãe dele. Gabriel tirou uma foto do bolso da calça e me entregou.

- Ela era minha mãe – ele disse.

A mãe dele era linda tinha cabelos loiros na altura do ombro e olhos verdes felizes, ela parecia ser uma pessoa que trabalhava e tinha uma boa família.

- Ela era linda – eu disse para Gabriel entregando a foto para ele.

Owen avisou a nós que já havia terminado. O bebê havia sido tirado da barriga de Fernanda. Deixamos ela descansando e fomos ver o bebê.

- Quanto tempo será que ele ficou infectado? – perguntou Owen.

Eu também pensei nisso, e também em como ele foi infectado. Se o bebê estava infectado, provavelmente Fernanda também estava.

Ela se levantou da cama.

- O bebê morreu? – perguntou ela.

Eu assenti com a cabeça. Eu a sentei em uma cadeira de rodas e começamos a levá-la para fora do hospital.

Não havia zumbis na rua, o que facilitou nossa saída. Entramos no carro mais próximo e saímos. Fomos para um posto de gasolina e abastecemos. Eu estava cansada e dormi um pouco. Owen me acordou.

- O que foi? – perguntei.

Eu olhei e vi que estávamos em uma praia.

- O que estamos fazendo aqui? – perguntei.

- Vamos agora por mar – respondeu Gabriel.

Olhei para Fernanda, ela estava do mesmo estado que Sam estava antes de virar um zumbi.

- Tem um barco ali, colocamos nossas coisas lá e saímos – falei.

Começamos a sair da terra firme. Tinham se passado horas e Gabriel e Fernanda foram dormir.

- Sua família morreu? – perguntou Owen.

Eu havia desejado que ninguém perguntasse isso ou então eu choraria.

- Se não quiser responder...

- Não, tudo bem – eu disse limpando minhas lágrimas – eles morreram com zumbis.

Ele me olhou com ar de preocupação.

- A minha família ainda está viva, eu acho – ele respondeu, mas parecia não se preocupar muito.

Ficamos revezando na hora de remar. Ficamos horas no mar quando avistamos uma cachoeira.

- Nós temos que sair daqui – avisei.

Mas não tinha lugar para irmos, não tinha terra. Começamos a remar para o lado oposto, mas a correnteza não estava ajudando.

Ficamos a poucos centímetros da cachoeira. Nós íamos cair, sem dúvidas.