Alone In The Dark E A Ilha Das Sombras escrita por Cris Varella


Capítulo 9
Capítulo 8 – O Cavaleiro Negro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/285543/chapter/9

Felipe

De acordo com as instruções de Edenshaw, o caminho mais rápido para chegar ao forte seria pelos fundos da mansão, o mesmo lugar onde eu aterrissei. Isso não me trouxe boas lembranças. Afinal, foi lá que fui atacado por um cão horripilante. Desta vez eu estava com chave do cadeado que trancava o portão que dava acesso ao terreno além.

Bati de frente com uma criatura das trevas antes de chegar à porta dos fundos da mansão. Mas, felizmente, com as balas de magnésio que estavam em meu revólver, dadas por Edenshaw, ela morreu facilmente. Eu estou pegando o jeito disso, disse a mim mesmo.

Cheguei ao portão, destranquei o cadeado e passei. Havia uma estreita estrada para seguir, o que provavelmente levaria para o forte. Segui com cuidado, tremendo por estar sozinho no escuro, sem saber o que me esperava. Eu apenas torcia para que não aparecesse uma aranha gigante como aquela na mansão.

Continuei andando, mas conforme andava eu sentia uma sensação aumentar gradualmente pelo caminho – uma sensação de que alguém estava me observando. Conforme eu andava, olhava para os lados para ter certeza de que estava sozinho. Não conseguia ver ninguém, mas estava certo de que estava sendo vigiado.

Parei e mais uma vez olhei ao redor... Nada. E então gritei:

– Quem está aí? Mostre-se!

Ouvi uma risada abafada. Logo depois ouvi um som de cascos sobre o chão, como um cavalo galopando. Vi um vulto passar à minha direita, tão rápido quanto um foguete. Em seguida à minha esquerda.

Permaneci parado a fim de conseguir ver de quem se tratava. E então ele apareceu, bem à minha frente. Um corcel negro com abundantes olhos vermelhos se aproximou lentamente, e sobre ele havia um abrupto cavaleiro. Vestia um capuz que escondia seu rosto, ligado a uma couraça negra de guerreiro. Usava luvas de ferro que se estendiam até o antebraço, cheias de spikes.

O Cavaleiro Negro ficou me encarando, seu cavalo soltava fumaça quando respirava.

– Você não sabe contra o que está lutando, mortal – disse o cavaleiro, sua voz era assustadoramente rouca. – Sua tola e patética missão termina aqui.

O Cavaleiro Negro deu comando ao seu cavalo, que trotou, ganhando velocidade aos poucos. Eu não sabia o que fazer, fiquei estático, minhas pernas não obedeciam, ,meus músculos enrijeceram e larguei a arma e a lanterna, que caíram no chão. Lá vinha o atacante, eu podia sentir seu ódio fluir. Mas o que eu tinha feito a ele? Seria ele líder das criaturas das trevas?

Quando ele chegou a alguns metros de mim, porém, uma linha de fogo cruzou o chão, separando-me dele. O Cavaleiro Negro se assustou e o cavalo empinou. Pude vê-lo por cima da labareda.

– Zion – disse o Cavaleiro Negro, quase para si mesmo, e recuou alguns metros.

Ele olhou para cima a procura do agressor. Eu também olhei e vi outro cavaleiro, porém muito diferente. Ele parecia um anjo, cavalgando em um cavalo-alado, branco como a neve. Não tinha armadura ou couraça de batalha. Em vez disso usava uma capa azul-claro. Sobre o peito havia um brasão com o desenho de uma raposa. Seu cabelo também era azul, e terminava em seu ombro.

O anjo pousou no lado oposto ao Cavaleiro Negro, de frente a ele, ao meu lado.

– Sempre lutando contra seres inferiores a você, não é mesmo, Lothiel?

A parede de fogo agora se extinguiu.

– Zion, eu devia imaginar – disse o Cavaleiro Negro. – Sempre protegendo mortais. Nosso tempo está chegando, celestial, nem os sete deuses poderão impedir isso.

– Sua arrogância alcançou os meus ouvidos em Elendor, sombrio. O que está chegando é a prisão eterna que aguarda vocês, Sombrios, e a todas as criaturas das trevas.

– Vocês deuses da luz passam tempo demais se preocupando em manter a ordem e a paz no universo e se esquecem que vocês não são os únicos com poder. Nossos exércitos estão mais fortes do que você pode imaginar. Mas logo vocês poderão comprovar isso.

– Já chega – vociferou Zion. – Volte para o submundo, você não tocará no humano.

– Receio dizer que não posso fazer isso.

– Então não me resta escolha. Terei que expulsá-lo a força.

– Ora, vamos, Zion. Eu conheço todos os seus golpes. Preparei-me para esta batalha.

Zion nada disse, apenas desmontou de seu cavalo, e o sombrio também fez o mesmo. Os dois cavalos deram meia-volta e se afastaram. Um embate estava prestes a começar.

Zion olhou para mim e fez um gesto para me afastar. Obedeci no mesmo instante e me protegi atrás de uma árvore ao lado.

Eles estavam distantes uns vinte metros e se posicionaram na mesma linha. Fecharam os olhos e se concentraram. Logo após abriram os olhos e encararam-se profundamente. Parecia que os dois estavam tomados por uma espécie de transe.

                Eles dispararam, um contra o outro, a uma velocidade inumana. Eram tão rápidos que seus movimentos deslocavam o ar, produzindo um ruído igual às lufadas de vento. O rosto era como o dos predadores, pron­tos para destroçar o almoço.

                Quando chegaram perto o bastante para golpear, ambos saltaram bem alto, quase alcançando a linha onde as árvores terminavam. No espaço em que os dois se cruzaram, em pleno ar, sabiam que só teriam tempo para desferir um único ataque.

                E então atacaram.

                Nenhum barulho foi ouvido.

                Zion e Lothiel aterrissaram, com os pés firmes no chão, um de costas para o outro. Aparentemente nenhum deles tinha acertado a pancada, pois não pareciam feridos. Estavam como começaram.

                O deus da luz olhou para o punho fechado, como um carrasco fita a espada. Relaxou o corpo, certo de que havia concluído a tarefa. Deixou a linha de combate e caminhou em direção ao seu cavalo. Parecia já ter feito o que precisava fazer.

                Mas, ao perceber a evasiva, Lothiel protestou.

                – Pare onde está, covarde! O com­bate ainda não terminou.

                – Para você já, sombrio.

                O Cavaleiro Negro ia continuar praguejando, mas sentiu uma estranha dor no peito, como se uma agulha lhe apertasse o coração, e calou-se. De repente, to­do o corpo começou a tremer, e então eu consegui ouvir o barulho de uma rachadura no metal. Depois outra e outras. Estupefato, Lothiel percebeu que a couraça estava ruindo! Naquele ins­tante, Lothiel ficou sem açáo, apenas assistindo ao estilhaçar da fortíssima couraça, até que se reduzisse a minúsculas lascas. Ele denotou um terrível sentimento de derrota.

                A dor no peito parecia aumentar — ele não podia mais respirar. Ele fora atingido, e nem sequer vira o golpe. Foi tão potente, tão rápido, que um único soco destruiu a armadura, penetrou o tórax e explodiu em sua aura. A velocidade extraordinária do ataque desintegrou as moléculas do metal e despedaçou os átomos da carne, mas o efei­to foi retardado, pela celeridade do choque.

Lothiel tombou e permaneceu de joelhos.

– Co-como?

– Você é tão cego com sua ousadia e sede de vingança, que acha que conhece todos os seus inimigos. Como pode ver você não conhece todos os meus golpes, assim como disse.

– Impossível... Isso ainda não acabou, divino. Ainda hoje nós teremos nossa vingança.

Zion permaneceu em silêncio, assistindo o Cavaleiro Negro desaparecer em meio a uma névoa negra.

O deus da luz montou em seu cavalo e veio até mim. Explicou-me tudo sobre os deuses da luz, e como os Dois Sombrios, antes também deuses da luz, se rebelaram e foram expulsos para governar o submundo.

– Então preciso chegar logo ao forte para conseguir pegar a estatueta Abkanis.

– Suba – disse o deus. – Eu o levarei até o forte rapidamente.

– No cavalo? – balbuciei, e me dei conta quão idiota foi a pergunta. Mas não me parecia muito seguro voar num cavalo-alado.

– Não tenha medo. Suba logo.

Concordei, enfim, e sobrevoamos a ilha. A sensação era muito boa, era como andar de motocicleta pelos ares. O vento batia em meu rosto, e me fez esquecer de todos os problemas que me rondavam, apenas curti o momento.

Finalmente havíamos chegado ao forte. Desmontei do cavalo e agradeci ao deus.

– Seja forte e não desista, guerreiro. O Mundo precisa de você.

Ele alçou vôo e o vi sumir como uma estrela no céu.

Agora me restava achar a oficina de Jeremy Morton.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Alone In The Dark E A Ilha Das Sombras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.