Minha Tortura escrita por Enid Black


Capítulo 1
Unique


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas LOL Essa fic é totalmente emotiva '-' Acho que nunca fiz uma one-shot mais melada que essa. Deve ser porque eu estava escutando kpop enquanto escrevia, e eles conseguem ter umas músicas bem deprês... Enfim, para as pessoas que estão lendo The Fear, é bom ler essa one para perceber que nem todos os anjos querem te comer (quer dizer, não como um nightwalker pelo menos, enfim -.-). Boa leitura!



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Eu queria desviar o olhar daquela cena, queria estar em qualquer lugar do vasto Paraíso que fosse longe dali, porém eu não podia, o meu dever fincava meus pés e me obrigava a ser a plateia da peça mais agoniante de minha vida.

– Eu disse para não se apegar a ela - disse Miguel, encostado em uma coluna perto de mim, suas asas brancas resplandeciam acima de seus ombros, movendo-se inquietas por seus nervosismo.

– E como eu faria isso? - disse, não querendo encarar seu olhar violeta repreensivo.

– Como todos fazem - ele respondeu irritado, e dando um grande suspiro, continuou: - Isso não vai adiantar, você sabe.

Miguel parou de se apoiar na coluna e deixou suas asas se erguerem em suas costas, preparando-se para o vôo que executou logo depois, fiquei olhando-o ir embora até que sua figura não fosse mais que um borrão no céu eterno.

Ignorei seu aviso e voltei minha atenção para minha atividade. Eu observava a Terra, mais especificamente uma pequena cidade nos Estados Unidos, onde minha protegida se preparava para sair de casa.

Isso não era justo. Ela tinha apenas 17 anos, tinha toda uma vida pela frente, não fazia sentido cortá-la repentinamente nesse momento. E a garota nem sabia que esses eram seus últimos instantes, nem o privilégio de poder aproveitar todos os momentos sabendo que logo estaria sem eles fora conscedido á ela.

Isso era algo que eu não entendia nessa estranha sociedade nossa, dos Protetores. Nosso dever era cuidar de tudo na vida de nosso Escolhido, estar com ele em todos os momentos, tomar as precauções que ele esquecera de ter, fazer as escolhas que ele não podia perceber. E tudo isso para quê? Para que em um dia qualquer os Maiores tomassem a decisão de trazer sua alma tão cuidadodasemente mantida para perto deles. Não fazia sentido.

E como alguém queria que nós não nos importássemos? Nós olhamos por essa pessoa durante sua vida inteira, seja ela longa ou curta. Partilhamos com ela suas tristezas, alegrias e sucessos, sentimos e vimos tudo o que ocorreu com ela, para no final termos que apagar tudo de nossas mentes eternas para começar uma nova jornada com alguém totalmente diferente, isso era loucura.

Porém parecia que apenas eu pensava desse jeito, todos os outros anjos á minha volta faziam seus deveres, ignorando seus protegidos que morriam lá embaixo. Quando chegasse a hora, eles falariam a palavra, e tudo estaria acabado, como se nunca houvesse existido. Por que só eu não consigo fazer isso?

Enquanto me revolto com as leis de um lugar tão puro quanto esse, ela percorre as ruas da cidade. Está atrasada para o centro de ensino (chamam isso de escola, certo?) novamente, como sempre acontecia quando ela esquecia de seu horário enquanrto ficava sentada á horas na frente de uma tela fina, que acho que seria um computador, ou uma televisão?, não sei, esses termos são muito novos para nós.

Um sorriso triste despontou por meus lábios quando as lembranças de todos os dias que seus criadores brigavam com a garota por ela não ter ido dormir, sua expressão aborrecida passou por minha mente, e não pude conter um riso de saudade.

Percebi que lágrimas molhavam meu sorriso sem vida. Não sabia que anjos tinham a capacidade de ter essa reação tão humana.

Eu chorava por ela, sem nem mesmo saber seu nome. Informações assim não eram passadas para nós, meros Protetores. Nossa função começava e acabava na manutenção da vida do escolhido. Senti-me triste por isso, eu nem poderia sussurrar seu nome em seus momentos se agonia.

Olhei para trás, os outros anjos me observavam, suas expressões eram estranhas, uma mistura de curiosidade com repugnância brilhavam em seus olhos violeta por ver minha estranha despedida.

Voltei a olhar para a garota, ela chegava em seu momento final, seus pés andavam pela calçada que depois seria manchada com seu sangue. De um beco não tão distante dela, eu podia distinguir a figura de seu executor, um garoto não muito mais velho que ela, mas bem mais forte que a frágil garota. Ele segurava seu punhal bem junto ao peito, para que ninguém notasse, percebi que suor frio escorria por seu rosto, esse deveria ser um dos primeiros trabalhos dele.

Minha protetora se aproximava da sua morte, e a tortura dentro de mim aumentou. Eu queria gritar, queria afastá-la dali nem que fosse a força, queria perguntar por que ela não ouviu os avisos de sua criadora quando esta disse que aquela rua era perigosa.

O garoto ficava visivelmente mais nervoso, percebendo que sua vítma se aproximava. Quis desviar os olhos, mas eu não conseguia, algo me obrigava a ver até o ultimo suspiro de minha amada.

Amada? Sim, acho que seria esse meu sentimento. Era a única explicação para o vazio que crescia em meu peito imortal enquanto ela se aproximava do beco, mesmo que isso pareça tão estranho para um Protetor.

O garoto saiu da parede que o cultava e se revelou para a garota, segurando o punhal com firmeza na direçaõ da garota, mesmo que em seu interior um pânico de falhar naquela missão começasse a crescer. Minha protetora olhou para aquilo com espanto, não percebendo o que acontecia. O vento sacudiu seus cabelos negros, quis gritar para ela aproveitá-lo, era a última brisa que a atingia. Seus olhos se esbugalharam quando ela entendeu o que acontecia.

Ela negou com a cabeça, algo que eu sabia que ela faria pela sua personalidade, ela não entregaria todos os seus pertences a ninguém. O garoto sacudiu o punhal, querendo intimidá-la. Ela moveu-se para trás, esse foi o único movimento que evidenciava seu medo.

O seu executor aproximou-se dela, gritando com ela, chegando a loucura. A garota começou a chorar, uma força avalassadora me dominou para que eu descesse até lá, limpasse suas lágrimas e a embalasse em meu abraço, acalmando-a, mas as leis do lugar em que vivia não me permitiriam isso, era pedir demais eu apenas estar vendo seu fim.

O assassino chegou perto dela e a agarrou, ela tentou se debater, porém sua força era mínima naquele estado de pânico. Em um único movimento, antes que a pequena pudesse ao menos gritar, o garoto rasgou-lhe a garganta com o punhal, em um único movimento, todo o ar de meu corpo havia se esvaído junto com o golpe.

A garota caiu ajoelhada, seu sangue pingava pela rua, pintando figuras inespressivas abaixo de si. Seu olhar desfocado tentava se apegar a vdia que saia de seus dedos rapidamente, sua boca se abriu em um último pedido de socorro, porém ela encheu-se de seu próprio sangue, impossibilitando sua fala.

Seu executor pegara sua mochila, vasculhara-a inteira e pegara o que lhe tinha valor: os aparelhos modernos que eu me recuso a decorar o nome, sua carteira, e mais alguns ítens que lhe dariam sustento. Era isso, uma vida havia sido trocada por comércio.

O garoto saiu correndo, abandonando sua vítma agoniada.

– Chegou a hora - levei um susto ao perceber que Gabriel estava ao meu lado, sua expressão era a única que denunciava o mínimo de pena por mim. Eu assenti, e proclamei a tão amarga palavra.

– Amém.

A garota antes tão sorridente e cheia de vida se petrificou na calçada, seus espamos tendo finalmente cessado, sua tortura finalmente acabada.

O motivo de minha vida estava morto.



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Notas finais do capítulo

Ér, alguém me disse que quando o anjo da guarda de uma pessoa fala 'Amém' a pessoa morre, só pra quem tiver brisado nesse final entender k Ah, e eu não quis criticar nenhuma religião, nem Deus, nem nada do tipo, ok? Só quis escrever mesmo sobre a agonia de um anjo que vê a pessoa amada morrendo. Ideia louca, né? Costumo ter várias ideias assim k Enfim! Mandem reviews, queridos! Xinguem, elogiem, tanto faz, mas falem! E até domingo com o próximo capítulo de The Fear ^^