SAPHIRA abriu os olhos devagar. Quando fez isso, percebeu o sol que já havia nascido. Pela sua posição, ele estava no céu totalmente azul por cerca de duas horas, ou seja: já eram quase oito horas da manhã.

     Ela sentia a presença de Eragon sobre sua asa e sentia-se conformada com isso. Analisou o navio ainda com a cabeça baixa, meio sonolenta. Os elfos não faziam barulho. Blödgarm estava perto do leme, mesmo sem precisar disso, pois o barco tinha quase que vontade própria; outro elfo, Fyrey, estava escorado na amurada conversando com Sytvä, uma elfa; outro elfo, Aqüei observava o rio largo, que só aumentava de tamanho, pelo cesto da gávea no mastro principal; e outro ainda, Reimoudd estava olhando os ovos e Elunarí com Cuaroc, a estátua de homem com cabeça de Dragão.

     Tocando de leve na consciência de Eragon, Saphira constatou que ele ainda dormia profundamente, e sem intenção de acordá-lo, apenas arqueou o pescoço e bocejou, uma visão ameaçadora com aqueles dentes pontudos.

     Depois, com o pescoço um pouco alongado, observou os arredores. O rio estava um pouco mais largo e o que o margeava de um lado, eram pedras e cascalho. Entre eles, podia-se ver algumas ervas daninhas crescendo. Do outro lado, e com toda a certeza mais chamativo, estava uma gramínea baixa e verde, que, Saphira pensou, deveria atrair muitos animais (principalmente veados), tanto por estar perto do rio, como por a grama ser mais verde. Algumas árvores variadas eram vistas neste mesmo lado e também arbustos. Saphira até pensou ter visto um coelho indo de um para outro.

     Pensar em animais a deixou com fome e ela chegou a lamber os beiços. Mas na hora que iria levantar, lembrou de seu companheiro do coração-e-da-mente ainda dormia a seu lado, então resolveu esperar alguns momentos, controlando a louca vontade de voar em alguma coisa.

     E é incrível como uma coisa puxa a outra. Pensando em voar, Saphira percebeu que suas asas estavam um pouco dormentes por terem ficado tanto tempo na mesma posição e então, com muito cuidado, as ajeitou de leve, dando um alívio para o par de membros.

     Saphira lançou a mente com leveza até os Eldunári e cumprimentou-os, eles lhe informaram que logo teriam de achar algum lugar, pois os ovos poderiam ter seus filhotes com defeitos mentais depois de mais de século confinados e, de certa forma, adormecidos a força.

     Ela concordou e disse que fariam de tudo e iriam conseguir. Glaedr disse também que eles estavam disponíveis para qualquer coisa que fosse, até mesmo mover uma pedrinha do caminho. Claro, se precisarmos mover uma pedrinha do caminho, ele disse.

     Ela distanciou sua mente deles, mas não cortou a conexão. Um movimento à sua esquerda chamou sua atenção. Ela virou a cabeça instantaneamente na direção e viu um pequeno bando de veados pastando tranquilamente sobre a sombra de uma árvore não muito longe da margem do rio.

     Para provocar, Saphira rugiu de leve, fazendo-os correr. Tinha vontade de voar atrás e pegar um deles, deliciando-se com sua carne fresca e enchendo seu estômago, e revitalizando suas energias.

     Mas antes, ela esperaria seu Cavaleiro acordar.