SAPHIRA detestou ser chamada de mimada por um dragão que não parecia muito mais do que ela. Mas depois que ele saiu, a vontade dela era bufar, mas ela apenas se virou e voou até o barco ainda "congelado" no tempo. Ela só não nadou por medo de outra "coisa" aparecer por ai. Vai saber, né?

Logo que ela tocou as patas no barco, ele começou a andar novamente e Saphira teve de contar tudo o que aconteceu. Mas assim que o fez, fechou a mente para todos, exceto para Eragon. Ele, por sua vez, preferiu não discutir e a deixou ficar quieta. Sabia que ela precisava ficar um pouco sozinha, mas nem por isso eles afastaram as mentes.

Eragon foi cuidar de uma coisa qualquer enquanto Saphira pensou...

Primeiro, pensou para o lugar que estavam indo: um exílio. Já começava pior do que ela pensara antes... Estavam indo para um lugar onde quaisquer criaturas que estavam lá eram exiladas. E, repare bem, "quaisquer criaturas" o que significa que poderiam haver todo o tipo de mal.

Mas logo em seguida pensou no dragão. Parecia mesmo um dragão selvagem. Apenas pela expressão. Mas era tão novo... E tinha um olhar tão desolado... Saphira achava isto muito estranho.

E o que mais a intrigava, com toda a certeza, eram os tais ovos quebrados... Que um dragão e seu cavaleiro haviam quebrado por ai, sem saber que eram de dragão. Ela não sabia o pior: de alguma forma haviam acabado com duas vidas ou não perceberam o que eram os ovos que eles haviam quebrado.

Porém, ela ficou muito aliviada ao notar que o dragão verde-água não parecia ter sentido os ovos de dragão e nem os Eldunári. Pelo menos parecia... E ela pensava com todas as forças para que esse parecia fosse real.

Claro que Saphira também pensou na última frase do dragão "Não perguntamos nome em Skort" , mas mesmo assim ele disse o seu "Mas você pode me chamar de Bluyk " . Ela também pensou em como o dragão havia a poupado. Poderia ter simplesmente a matado e ferido o coração do cavaleiro dela para sempre, como era de se esperar. Mas... Não. Mesmo tendo a pata cortada ele não a matou.

Sim, ela ficou muito feliz por estar viva, mas por isso ela não esperou...

Tantos pensamentos confusos fizeram-na adormecer.

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–Deu tudo errado - um dos elfos havia dito.

–Percebemos isso - outro havia retrucado.

E desse jeito uma discussão havia começado.

Foi Blodhgarm que a parou. Estavam todos lá em baixo.

–Precisamos agir juntos - ele disse, olhando fixamente para cada um deles - e não brincar como criancinhas tolas. Não começamos bem neste tal exílio. Mas isso é o que menos importa no presente momento. Precisamos pensar em algo diferente. A começar... Não me recordo de nenhuma língua em que exista esta palavra "Skort" , o nome deste lugar conforme Saphira nos contou. Alguém sabe?

Fez-se um silêncio.

–Qual é mesmo o significado? - alguém perguntou.

–Vergonha - Eragon respondeu - e coisas relacionadas a vergonha.

–É estranho nós, os elfos, não termos conhecimento desta língua.

–Mas... - uma súbita ideia veio a Eragon - E se esta língua fosse mais antiga que os elfos? E se ela pertencesse aos próprios dragões?

Blodhgarm ficou alguns instantes em silêncio, fitando um nó na mesa de madeira com seus olhos amarelos. Até que ergueu a cabeça e disse:

–É possível que seja - ele respondeu baixinho - e é possível que não. Como estamos indo para esta terra tão estranha, vamos acabar descobrindo, mas cedo ou mais tarde, querendo ou não.

E todos se retiraram da sala.

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Só isso? , Saphira perguntou quando Eragon se juntou a ela no casco do barco.

Ele apenas assentiu.

–O dragão não ficou muito furioso que arranquei a pata dele?

Só um pouco. Mas... Parecia amargurado.

–Pela pata?

Não... Por algo mais. Temo não encontrá-lo novamente, mas estou muito curiosa e gostaria de saber o que é.

Eles ficaram em silêncio enquanto observavam a névoa ao redor do barco, que se movia muito lentamente com um elfo cuidando do leme.

–Saphira - Eragon disse - estou com medo.

Eu também pequenino.