Ella - A Verdade Por Trás Da História escrita por Ayelli


Capítulo 35
Capítulo 34




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Nas primeiras semanas, incertezas e uma pitada de tristeza instalaram-se na casa. A chegada em Mora havia trazido consigo promessas de paz e harmonia que ameaçavam se desfazer diante desse novo evento.

A gravidez de Ella havia deixado a todos ansiosos e teria, certamente, desestabilizado a casa, não fosse a habilidade que ela desenvolvera em contornar situações como aquela demonstrando sua grande força interior com otimismo e tentando passar a todos que aqueles momentos deveriam ser aproveitados ao máximo para que restassem boas recordações. Afinal, até bem pouco tempo atrás para ela, esse ciclo de vida era considerado absolutamente natural.

Haig fingia aceitar seus argumentos, pois queria que ela tivesse uma gestação tranquila e se sentisse bem e amada, mas, com a desculpa de viajar a trabalho, ele saía em busca da mesma bruxa que o pai, séculos antes, havia procurado incansavelmente após seu nascimento na tentativa de que sua amada Iandra não envelhecesse e morresse como um ser humano comum.

– Isso é só uma lenda, Haig. – disse George – Esquece que eu estive com seu pai nessa busca frenética? Andamos por praticamente toda a extensão da Rússia e Mongólia, se houvesse alguma coisa de real nisso nós teríamos encontrado! Não há o que fazer, é o destino das Is, é o nosso destino!

– Desculpe, amigo, se eu não aceito isso com tanta facilidade! Enquanto ela viver eu vou tentar encontrar uma maneira e vou procurar em cada pedaço de terra desse planeta e, se alguém disser que está sob o oceano, lá também eu irei!

– Tá, nesse caso não me resta alternativa, vamos lá! Pelo menos dessa vez não estaremos viajando em lombos de cavalos e acampando em florestas e campinas, nunca pensei que fosse dizer isso, mas viva a modernidade!

Kuzma que estava quieto até então fez menção de falar e Haig, como se lesse seu pensamento, adiantou-se:

– Não, amigo! Preciso de você aqui! Você é experiente, inteligente e rápido, além de conhecer todos os negócios, precisa ajudar Jason com isso e cuidar das mulheres. Não creio que a agência saia atrás de nós tão cedo, mas é preciso manter-se alerta.

– Boa hora para o maricas do Carlos ter se mandado, não é?! – disse Kuzma num misto de deboche e irritação – Sacanagem!

– Qualquer hora ele aparece, ele é assim mesmo, mas eu sei que não teria deixado vocês na mão se soubesse que você não seria capaz de trazer Doroty e Évenice para Mora em segurança – disse George.

– Eu sei!

Mais uma vez, Haig fez as malas dizendo a Ella que precisava ir a Estocolmo resolver um problema com a exportação do aço, e que talvez demorasse mais tempo para voltar do que a antes. Ella não gostava de ficar longe dele, só sentia-se em segurança quando ele estava em Mora, temia que ficasse muito exposto quando tinha que viajar para tão longe.

O primeiro lugar onde Haig decidiu desembarcar foi justamente na região que hoje é conhecida por Amur Oblast, no leste da Rússia, onde seus pais se instalaram após Zirgov ter resgatado sua amada das garras de Androv, há 453 anos.

George ficou impressionado ao constatar que as coisas não haviam mudado tanto assim depois de tanto tempo, pelo menos nos lugares mais remotos onde eles haviam se instalado no passado.

– Como pretende começar essa busca, Haig?

– Não sei, vamos percorrer as vilas e cidades e seus botecos, é onde se contam as melhores histórias! – respondeu Haig.

Realmente ouvia-se muita coisa nesses lugares e muitas dessas coisas eram tão absurdas que eles ficavam imaginando se as pessoas realmente acreditavam naquilo ou se apenas se divertiam inventando histórias.

Ainda assim, decidiram seguir qualquer pista que parecesse razoável o que os levou a lugares onde Haig nunca imaginou estar, mas que no fundo não lhe causavam espanto ou repulsa de qualquer espécie, pois de alguma maneira sentia-se familiarizado com todos aqueles lugares, como se fosse o tipo de coisa que fica impresso no sangue de geração para geração. Certamente seus antepassados mais remotos já andaram por todos aqueles lugares, viveram lá, escondidos ou coisa do tipo.

Todas as cavernas onde se dizia viver uma bruxa, uma criatura, ou qualquer coisa sobrenatural, foram visitadas por Haig e George e, pasmem, em uma delas eles encontraram vestígios de que alguém havia vivido ali. Quando retornaram, quatro meses depois, Doroty os identificou como “artefatos de bruxaria” que não pareciam estar por lá há tanto tempo assim, o que significava que uma bruxa poderia não apenas ter “passado” por ali, mas que aquele poderia muito bem ser uma de suas “casas” de trilha para onde elas vão ou para se esconder ou para estudar novos feitiços.

A única coisa que dava para ter certeza era que se tratava de uma bruxa antiga pela perfeição na elaboração do artefato e por suas características que eram parecidas com as figuras do livro de feitiços de Doroty. Tratava-se de uma espécie de cajado, mas que na verdade servia como um livro de registros, onde coisas importantes eram registradas em forma de símbolos e, claro, de tão antigo, Doroty não conseguiria decifrar com facilidade, seria preciso muita pesquisa. Seu livro de magias estava incompleto, algumas páginas foram perdidas e outras danificadas em virtude da fuga frenética de tempos passados de suas ancestrais.

– Eu tenho notado que vocês têm me deixado de fora dessas reuniões ultimamente – disse Ella entrando na biblioteca.

– Eu achava que estávamos conseguindo manter a discrição – disse Doroty agindo com rapidez e perspicácia. – Afinal, surpresas são elaboradas exatamente dessa forma, sendo assim, não podemos lhe contar o que estamos tramando para não estragar a “surpresa”!

– Sei! Por acaso o senhor meu marido não está programando mais uma viagem, está?

Haig levantou-se e foi em direção à mulher, abraçando-a. Sentia-se culpado por não estar com ela todo o tempo durante a gravidez, mas havia decidido que a partir de agora não se ausentaria até que o bebê nascesse, já que faltava apenas um mês para o nascimento.

– Não se preocupe, prometo que não vou a lugar algum até esse bebê nascer – então ele a beijou.

– Bom, acho que a reunião acabou – disse Kuzma rindo.

– Não, meu querido – falou Haig ainda com o rosto de sua amada entre as mãos – continuem sem mim, eu e minha linda esposa vamos dar uma volta pelo nosso paraíso.

Por Haig haver pedido, não tocaram mais no assunto pelo resto do mês. Ele dedicou-se totalmente a Ella, assim como Doroty e Marrie, que preparavam suas guloseimas preferidas, todos a mimavam.

Numa certa noite, quando voltou da mata, onde às vezes Haig ia caçar quando a necessidade de sangue não podia mais ser protelada, não encontrou Ella em sua cama e foi procurá-la pela casa. Quando não a encontrou na biblioteca ou diante da lareira onde às vezes costumava ficar, começou a entrar em pânico e o alto volume de sua voz gritando por Ella acordou Doroty e Évenice. Logo em seguida, surgiram Jason e sua esposa Meredith e, em seguida, tia Marrie com sua touca de dormir e arrastando as chinelas velhas.

– Mas o que é que está acontecendo aqui? – perguntou Marrie. – Ei, temos velhos dormindo na casa!

– Ella não está na casa, Doroty! – disse Haig com expressão desesperada. - Onde estão Kuzma e George?

– Eles foram até Orsa, naquele bar que vocês gostam de frequentar no posto de gasolina, aquele dos caminhões!

– Droga! – disse ele. – Eu vou atrás dela pela propriedade, se eles chegarem conte o que está acontecendo e peça para saírem por aí e ajudar a procurar.

Haig foi até o jardim, não tinha ideia de por onde começar a procurar, não conseguia imaginar onde Ella poderia ter ido, no que estava pensando, será que havia saído atrás dele? Se ela tivesse ido atrás dele, só poderia ter atravessado o vale porque sabia que ele costumava caçar veados do outro lado das colinas.

Sem alternativas e pensando no quanto ela era maluca em sair atrás dele com aquele barrigão, seguiu pelo vale e quando chegou ao alto da colina, conseguiu ouvir gemidos que vinham do outro lado. Desesperado, olhava para todos os lados, mas só quando percebeu que seu desespero não o ajudaria parou, respirou profundamente e então soube exatamente que direção seguir.

Quando ouviu barulho de galhos se quebrando, Ella também sabia que era Haig quem se aproximava e ele mal pôde acreditar no que via, sua amada estava em trabalho de parto, no meio da floresta!

Como ele a levaria para casa? Não queria que seu filho nascesse ali!


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Notas finais do capítulo



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