Like Snow White escrita por giuguadagnini


Capítulo 6
Crash Your Party - Karmin


Notas iniciais do capítulo

Boa noooite, amores :)
Eu nem ia postar hoje, mas como recebi reviews lindos da Bella Weasley e da Aiko Hime, acabei ficando empolgada.
Esse está um pouco maior, então espero que gostem, ok?
Boa leitura e não se esqueçam da música, que por sinal está no título :D



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Acordei com o despertador berrando no meu ouvido. Passei a mão na frente dos olhos para melhorar a visão e quase caí da cama.

A não ser que uma equipe de produção de um daqueles reality shows que reformam partes da casa houvesse passado por aqui e transformado o cômodo enquanto eu dormia, esse definitivamente não era o quarto de Freddie.

As lembranças da noite anterior foram vindo aos poucos e então tudo fez sentido. Este não era o quarto de Freddie, mas sim o de Gus.

As paredes e o chão eram todos de madeira, dando-me a sensação de estar dentro de uma casa na árvore, e eu gostava disso - de algum modo. O edredom sobre minhas pernas era de um preto fosco, enquanto os travesseiros a minha volta eram brancos como papel.

Levantei da cama, meio atordoada, e não achei uma porta pela qual eu pudesse sair. Fiquei confusa por um momento, e então lembrei que Simon havia mencionado Gus havia reformado o sótão para fazer seu quarto lá. Um quadrado no chão, que não seguia as mesmas riscas do resto da madeira, me chamou a atenção. Era um alçapão. Era por ali que eu devia sair. Empurrei o quadrado para baixo e ele foi descendo, até uma pequena escada aparecer.

Era engraçado o modo como o chão do quarto de Gus virava o teto do corredor em uma fração de segundos, o jeito que as coisas tomavam novas proporções bem na frente dos meus olhos.

Segui para o banheiro e tomei um banho de mais ou menos quinze minutos. Saí de lá com uma toalha em volta do corpo e outra envolvendo os cabelos encharcados. A casa estava em um total silêncio, algo totalmente fora do comum para um lar de sete garotos tão diferentes entre si.

Simon era o inteligente, Freddie, o pervertido; Joe, o hipocondríaco; Louis, o tímido; Pablo, o mexicano fofo que não parava de receber ligações da mãe; Nate, o morto de sono, e também tinha o Gus, o garoto zangado que me odiava e que, ao mesmo tempo, se importava comigo.

Nesse meio tempo em que pensava, já havia voltado ao quarto-sótão, vestido uma roupa simples e descido as escadas até a cozinha. O silêncio era genuíno. Todos já haviam saído de casa, supus. Fui até a geladeira e peguei uma garrafa de leite.

Um relógio - que tinha a forma de um cookie gigante, com os números e ponteiros simbolizando pedaços de chocolate – ficava pendurado na parede e marcava 8h30min.

Se esqueci de mencionar, peço desculpas. Dentro de alguns minutos, minha vida de universitária estará prestes a começar. Meu estômago parecia ferver de nervosismo toda vez que pensava nisso. Acabei engasgando com o leite depois de alguns goles.

Ótimo. Belo começo, Becca. Você não podia dar início ao dia de uma melhor maneira, não é? Agora, para ficar mais perfeito ainda, você poderia imitar o Bus Lightyear e ir daqui para o infinito e além!

– Dios mío! – eu escutei alguém gritar lá de cima.

– Pablo? – eu larguei o copo de leite na bancada da cozinha e fui até o pé da escada. – O que você está fazendo? Nossa aula começa em uns dez minutos! Ninguém te acordou, foi?

– Como assim, ninguém me acordou? – ele veio correndo até a escada e desceu escorregando pelo corrimão – Eu fui o primeiro a acordar, Becca! Todos os outros ainda estão dormindo!

– Oh, meu Deus! Meu primeiro dia aqui e já vou me atrasar – eu bati o pé no chão.

Pablo me pegou pela mão e me levou de volta para a cozinha.

– Mas Pablo, nós precisamos acordar os outros.

– Tenho um jeito mais eficiente. Ir a cada quarto demora tempo demais. Hmm, segure isto – ele tirou de dentro de uma gaveta uma colher de pau e me entregou.

Ele foi abrindo alguns armários aéreos e retirando coisas de lá de dentro. Pegou duas tampas de panela e as bateu uma contra a outra. O barulho foi tão estrondoso que eu levei as mãos aos ouvidos. E ele fez de novo, mais uma vez e outra.

– Despierta pronto! Se nos hace tarde! – gritou ele em plenos pulmões, me entregando uma frigideira para batucar com a colher.

E assim o fiz, até que um corre-corre começou lá em cima. Pablo ainda estava de pijama, também precisava se arrumar.

– Ande, depressa! – eu peguei as tampas das suas mãos e o empurrei até a escada.

Assim que passei pela sala, vi Gus deitado no sofá, despertando aos poucos com uma careta. Ele havia deixado o quarto para mim e veio dormir no sofá. Mas por quê?

– Droga – murmurou ele, ao olhar as horas no visor do celular. – Merda!

Ele me lançou um olhar meio mal-humorado e subiu as escadas bem rapidinho, logo atrás de Pablo.

– Freddie, sai logo desse banheiro! – um deles gritou lá em cima. – Você está pior que uma noiva, homem!

Voltei à cozinha e guardei as panelas. Um minuto ou dois se passaram, e os sete garotos já rodeavam a bancada às pressas, abrindo sucos de caixinha e jogando barras de cereais e frutas uns para os outros.

Te garanto uma coisa: até a Guerra de Troia era mais organizada do que isso aqui.


– - -


Cheguei à sala de aula aos tropeços. Nem sabia ao certo a matéria que seria aplicada, mas de acordo com Freddie – que havia pegado meu horário na secretaria ás pressas-, eu devia seguir Louis e Gus, pois a primeira aula seria a mesma para nós três.

Louis foi entrando e se dirigiu a um canto mais isolado da sala. Como as mesas eram duplas, ele sentou-se ao lado de uma garota loira bastante branca, quase albina. Ela tinha algumas sardinhas nas bochechas, igual a ele.

Gus foi indo para o fundo da sala, onde cumprimentou uma galera que parecia bastante festeira. Uma garota, que vestia um uniforme de líder de torcida, acenou para ele enquanto mordia de propósito o próprio lábio emplastado de gloss.

– E aí, Megan – Gus beijou a bochecha dela.

Enquanto isso, eu ainda estava parada na porta, não sabendo exatamente onde sentar e com quem.

Gus falou algo e todos deram risadinhas. A tal Megan deu um tapa no seu braço e deixou a mão por ali, se atirando um pouco. Ótimo, uma tocadora de braços compulsiva. Sempre achamos uma dessas por aí.

O sinal tocou e um montão de gente entrou na sala, me empurrando para dentro ao mesmo tempo. Acabei por me sentar à mesa da frente, ao lado de um garoto que usava uma gravata borboleta e gel no cabelo dividido.

Olhei para trás por um momento. Louis estava absorto em seu caderno, e fazia sabe lá o quê. Quando ia me virando para frente de novo, notei o olhar de Gus. Megan falava com ele, mas ele não parecia prestar atenção.

Ele deu uma bufada e balançou a cabeça negativamente, levantou de onde estava sentado e foi vindo em minha direção. Ele parou ao meu lado e pegou minha mochila.

– O que você está fazendo? – eu tentei pegá-la de volta, mas ele se esquivou.

– Sentar na classe da frente no seu primeiro dia de aula é tortura – disse ele, colocando-a sobre um dos ombros. – Anda, vem comigo.

Olhei para o garoto de gravata ao meu lado, que fingia não notar a presença de Gus. Na mesma hora em que ia me levantar por conta própria – o gel no cabelo dele me dava certa aflição -, Gus deslizou seus dedos até minha mão e saiu me puxando para o fundo.

Deu para notar que Megan queria minha cabeça em uma bandeja só pelo modo que ela me olhou. Um olhar tão fulminante que seria capaz de desintegrar qualquer coisa que passasse pela sua frente. Ela virou a cara para Gus assim que ele colocou minha mochila na mesma mesa em que estava sentado. Ela girou a cabeça para o outro lado e seus lindos cabelos lisos artificiais grudaram no gloss grudento. Ha há.

– Bom dia, turma – disse uma senhora loira, com uma aparência bastante jovem para uma professora de faculdade.

– Quem é essa mulher? – perguntou Gus a um garoto da mesa ao lado. Ele deu de ombros, também confuso.

– Sou Jocelyn Brody – ela apresentou-se, sorrindo satisfeita. – Professora substituta.

A atmosfera pareceu mudar naquela sala. Passou de leve para densa e um pouco sufocante.

– O que aconteceu com a Sra. Dodds? – perguntou o garoto da gravata, lá na frente.

A mulher hesitou por um instante.

– Eu não devia contar, mas... Ela sofreu um pequeno acidente. Ligaram-me ontem à noite, pedindo que eu a substituísse e bem... Aqui estou eu.

Toda a turma entrou em murmúrios. Olhei para Gus, mas ele estava olhando para Megan.

– Bom... Prontos para a Física avançada? – Jocelyn bateu palminhas, animada.

Física avançada, a mesma matéria que meu pai lecionava. E além do mais, não era o primeiro dia apenas para mim, mas também para ela.

Jocelyn me lançou um olhar, seguido de um sorriso bem alinhado e branco.

Realmente, eram muitas coincidências.


– - -


A noite chegou rapidamente. Estava deitada no tapete da sala, terminando o dever de física avançada, enquanto os garotos assistiam um documentário no Discovery Channel sobre Sereias.

– Isso é a maior bobagem – disse Simon, apontando para a tela da televisão. – Sereias não existem!

– Como você pode ter tanta certeza? – indagou Gus, descendo as escadas com um livro de física igual ao meu nas mãos.

– Simples – disse Simon – Não existem criaturas metade humana e metade peixe. Dizer que elas existem dá no mesmo que falar que há um duende zangado morando em um bule de chá que flutua na via láctea.

Até eu levantei a cabeça do livro depois dessa. Todos o encararam, prontos para rir.

– Vou pedir uma pizza – anunciou ele, levantado do sofá e jogando o controle remoto no colo de Freddie.

– Becca, que letra você marcou na questão 18? – perguntou Gus, colocando o lápis atrás da orelha.

– Letra “c” – respondi.

– Claro que não, Becca. Você é tão burra caiu como um patinho naquelas pegadinhas da professora!

– Do que você me chamou? – eu grunhi, lançando-o um olhar mortal.

– De patinho? – ele franziu as sobrancelhas.

– Não!

– Ah sim, de burra – ele disse com a voz suave, mas cheia de provocação.

– Se eu sou tão burra, por que você perguntou para mim?

– Porque sabia que estaria errado – ele provocou.

– Claro que estou certa, demorei horas para fazer essa questão!

– Está errada!

– Que letra deu então?

– “D” – ele respondeu, inflando o peito.

– Então marque essa e não incomode mais!

– Certo, mas depois que errar não adianta pedir explicações!

– Jamais pediria explicações pra você Gus. Preferiria morrer com uma duvida.

Eu estava com raiva dele desde a manhã. Ele me levou para o fundo da sala e mal falou comigo. Não que eu me importasse com isso, mas ele pareceu se importar. Se não se importasse, por que me buscaria? E além do mais, quando o sinal tocou, ele saiu correndo atrás daquela tocadora de braços compulsiva, ou Megan, como ele a chama.

– Vai ser de Peperoni! – gritou Simon, abafando a saída de som do telefone.

Gus tirou o lápis de trás da orelha e, num movimento rápido, deitou em cima de mim. Só para deixar bem claro, eu já estava deitada, e quando ele se jogou por cima, meu corpo ficou totalmente esmagado no tapete.

Eu me revirei, dei tapas nas suas costas, tentei rolar para o lado, mas nada deu muito certo. Ele encaixou o rosto no vão do meu pescoço e passou o braço por cima do meu ombro. Eu não entendia o que ele estava fazendo, até o momento em que ele marcou um X na letra “d” do meu livro.

Ele riu, e sua barriga tremeu nas minhas costas. Sem dúvida era uma sensação estranha, como um pequeno terremoto humano. Gus rolou para o lado e pegou seu livro. Ficamos mais uns minutos fazendo o dever até que a pizza chegou.

Depois que todos estavam servidos, notei uma coisa. Cada um pegava um pedaço de pizza, colocava sobre um prato e ia para um canto diferente. Quero dizer, eles tinham uma mesa na cozinha para quê?

Peguei oito copos e servi o refrigerante. Deixei cada um na frente de cada cadeira da mesa.

– Becca! – gritou Freddie, com a boca cheia de pizza. – Você alcança o meu copo?

“O meu também”, “O meu também”, “O meu também” ecoou pela sala, seguidamente.

– Ah, por favor! Há quanto tempo vocês não comem na cozinha, todos juntos? Por que não vendem essa mesa para um brechó?

Eles trocaram olhares entre si, ponderando se deviam levantar ou não. Peguei meu prato de pizza de sentei em uma das cadeiras, nem me importando em olhá-los.

Alguns segundos depois, Louis puxou uma cadeira e sentou à minha frente. O mesmo com Nate, Pablo, Joe e Simon. Sorri para eles, orgulhosa. Olhei para sala e vi que Freddie queria vir, mas ficava por Gus. Voltei os olhos para a pizza e, uns dois segundos depois, um barulho de algo caindo no chão fez-me voltar os olhos para a sala.

Freddie havia derrubado Gus no chão e o arrastava até a cozinha pelo pé. Todos riram, inclusive Joe, que respirou seu refrigerante.

– Ah meu Deus, tem líquido no meu pulmão! Eu preciso ir para um hospital!

Freddie, que se encaminhava para seu lugar, deu um peteleco na cabeça de Joe.

– Sem estresse, mocinha. Curta sua pizza e esqueça as enfermeiras gostosas.

Com todos sentados à mesa, até mesmo Gus, eu me senti bem. Era uma sensação de algo completo, sem pedaços faltando. Tudo bem, talvez algo faltasse. Dentro de alguns minutos, a pizza já havia evaporado da caixa.

Depois que comemos, voltamos para a sala e assistimos o noticiário local. A maioria das reportagens era sobre basquete. Fora isso, uma velhinha havia recuperado seu cão desaparecido, Kirsten Stewart foi flagrada traindo Robert Pattinson com o diretor do seu mais novo filme ,“Branca de Neve e o Caçador”, e uma baleia azul foi encontrada na costa, onde com certeza não deveria estar.

“Interrompemos nossa programação para uma notícia de última hora” – uma apresentadora do noticiário irrompeu na tela no meio da reportagem sobre a baleia. – “Uma mulher foi encontrada morta em Bayfront Park nessa segunda-feira pela manhã. Uma testemunha que passava pelo local reconheceu o corpo como o de Felícia Dodds, professora do Columbia International University. Poucas informações foram liberadas sobre as condições da vítima, mas os médicos legistas acreditam em um possível assassinato.”.

Louis apontou o controle para a televisão e, com um clique, desligou-a. Em seu rosto, estava estampada uma expressão horrorizada.

– A mulher... – ele tropeçou nas próprias palavras. – Era a Sra. Dodds. Nossa professora de Física avançada.






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Notas finais do capítulo

Ok, pausa para respirar.
Hmmmm, aí tem coisa. O que vocês acham, hein?
Leitores novos, não se acanhem. Vamos, deixem um comentário e vamos ser amigos, que tal? hahahaha
É sério, vou começar a responder aos reviews, tenho que tomar vergonha na cara.
Que tal deixar o seu? Ia ser bem maneiro.
Certo, chega de apelar. hahaha
A propósito, é assim que eu imagino do Freddie, como o loiro do gif, hahaha.
Vou fazer dos outros personagens e vocês me digam o que acharam, ok?
Um beijo e até o próximo.
Giu ♥