Mulholland Drive escrita por Oh Carol


Capítulo 2
Extra 1


Notas iniciais do capítulo

Fim? Mais ou menos... Tem ainda esse lindo e cheiroso extra do futuro deles que eu escrevi! Na época que postei a fic eu enviei pra algumas pessoas que comentaram.

Tem alguma cena que você gostaria de ver? Me diz aí no comentário! Quem sabe eu faço...



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— Bella. - Edward chamou pela milésima vez naquele dia.

— Não se mexe! - ela respondeu, compenetrada no que fazia.

— Mas essa posição não está confortável. 

— Você já falou isso. Agora cala a boca, já estou acabando. 

— Bellaaa. - ele choramingou dessa vez. 

— Shh! 

Sua mulher não estava dando a mínima para suas súplicas. Então ele resolveu apelar ainda mais. Quebrou a regra novamente e esticou o pescoço bem rápido para sussurrar alguma coisa no ouvido da criança sentada em um de seus ombros, enquanto segurava-o com um braço. O garotinho riu e começou a delatar o que ouviu.

— Mamãe, o papai disse que tá com o braço dormente, e que vai me deixar cair no chão. E... o que mais mesmo? - falou baixinho para o pai, que voltou a sussurrar o resto. - Ah, e aí eu vou cair e abrir minha cabeça. Depois todas as minhas tripas vão sair e eu vou virar um zumbi. 

Bella abriu um sorriso em seu semblante antes tão sério, mas chamou a atenção de novo.

— Fiquem calados os dois. Já estou acabando. 

— A gente tem que ficar mesmo tão parado? - perguntou o menino. - Isso não é foto. 

— Eu já expliquei. - ela respirou. - Estou desenhando vocês em várias posições, depois vou passar pro computador e animar. Vai ficar legal, mas vocês tem que me ajudar.

 Bella preparava seu mais novo projeto de férias: um curta experimental de animação contando a história de um pai com seu filho na cidade. Em um mês estaria viajando para filmar seu segundo longa metragem no Canadá, e usar os modelos vivos que tinha tão perto para fazer os desenhos era também uma forma de passar um tempo a mais com eles antes de embarcar por três meses. A saudade já apertava seu peito, embora eles tivessem achado um esquema legal para quando ela precisava viajar; ao menos veria o filho e o marido a cada duas semanas enquanto estivesse fora, sem contar as ligações via Skype para vê-los pela internet todos os dias.

 O cenário escolhido para sua sessão de desenhos tinha sido o parque, num domingo à tarde. A árvore frondosa atrás deles fazia um jogo de luzes perfeito para que ela captasse os momentos que precisava.

 — Pronto. - falou, finalmente terminando o último desenho e fechando seu caderno.

 Edward colocou Ryan no chão assim que as palavras saíram da boca de Bella.

 — Argh! Como esse garoto cresceu tanto nessa última semana? - ele reclamou, alongando o ombro dolorido. - Tá ficando pesado demais.

 — Não to não, você que tá ficando um velho fracote. - Ryan se defendeu. Estava com quase seis anos, mas sua língua já se mostrava afiada e a personalidade forte. Bella dizia que ele tinha puxado a Edward na aparência, mas o humor ácido tinha sido toda herança sua.

 — Olha só, moleque, vou te mostrar quem é que tá velho aqui. - Edward abaixou-se e agarrou o menino. Ambos caíram no chão enquanto o pai fazia cócegas, e a criança esperniava. Bella assistia a tudo enquanto guardava seus materiais na mochila e caminhava de volta até eles.

 O ataque durou pouco, porém, pois o ombro lesado deu as caras novamente e fez seu dono rolar no chão de dor.

 — Aii!

 — Que foi agora? - perguntou Bella, começando a sentir pena dele.

 — Acho que fiquei com uma cãimbra eterna no ombro.

 Ryan, sem ligar para as reclamações do pai, logo levantou-se, estendendo a mão para a mãe.

 — Me dá dinheiro pra comprar sorvete?

 — Como é que se fala, hein?

 — Me dá dinheiro pra comprar sorvete... agora! - ele disse e abriu seu sorriso travesso que agora tinha uma janelinha, sabendo que estava tirando uma com a cara da mãe.

 — Engraçadinho. - ela retorquiu bagunçando o cabelo dele, mas mesmo assim tirou uns centavos do bolso e pôs na mão do garoto. Ele correu para o carrinho de sorvete do outro lado do campinho.

 Bella sentou-se no chão ao lado do marido que resmungava, fazendo carinho onde doía.

 — Vamos, eu tenho aspirina pra dor na minha bolsa.

 — Você está me devendo uma por essa.

 — Estou mesmo. E agradeço. - falou, ajudando-o a se erguer. Quis rir das caretas que Edward fazia, mas se refreou. Ao invés disso, deixou um beijo no ombro dele e outro na boca. - Vocês foram ótimos. Obrigada por me ajudarem.

 — Só me aguarde, vai ver só o que eu vou fazer pra você pagar.

 — Posso dar uma sugestão?

 — Você vai dar de qualquer jeito, né.

 Bella pegou em seu braço e chegou mais perto para falar em seu ouvido.

 — Mais tarde eu faço uma massagem... Aquela massagem.

 — É? - aquilo tinha ficado mais interessante do que ele esperava.

 — Uhum. Com óleos, na banheira, só a gente.

 — Me parece bom...

 — Vai ser mais do que bom. - ela sussurrou, deixando-o arrepiado. Pretendia continuar a flertar com o marido, mas parou quando viu uma cena a alguns metros dali.

 Seu andar então travou, parando Edward junto.

 — Que foi? - ele perguntou alarmado.

 — O que aquelas garotas estão fazendo com meu filho?

 Ele enrugou os olhos para enxergar melhor de longe. Três meninas rondavam o pequeno Ryan.

 — Acho que estão dando um sorvete na boca dele?

 — Edward! Elas estão molestando meu bebê!

 Ele riu. - São crianças, Bella. Estão só brincando.

 — Brincando? - ela tentou arrancar para sair atrás deles, mas Edward a prendeu no lugar.

 — Deixa eu ver o que eles vão fazer.

 — Elas são mais altas que ele, devem ter pelo menos uns dois anos a mais. Não gosto que ele brinque com crianças mais velhas.

 — Por que não? Que bobagem. - seu marido começou a rir. - Ah, olha só agora.

 — O quê?! - Bella viu boquiaberta o que seguiu. - Não acredito qu-que aquela biscatinha beijou meu menino na boca!

 — Para de drama, foi só um selinho, coisa infantil. Nunca brincou assim quando criança? Vem, vamos acabar com isso antes que apareçam netos em nove meses.

 — Nem brinque com isso, Edward Cullen. Nem brinque!

 Eles chegaram devagar e chamaram Ryan para ir embora. Sem relutar muito, ele deu tchau às amiguinhas e voltou todo contente para os pais.

 — Quem é aquela menina loira, filho? - Bella perguntou quando se encaminhavam para o carro. Edward rolou os olhos, mas deixou que ela fizesse seu papel de mãe zelosa.

 — Ah, é a Julie.

 — Julie? De onde vocês se conhecem?

 — Ela é filha da professora Selma.

 — Ahm... E o que vocês estavam fazendo ali?

 — As amigas dela me deixaram provar o picolé delas. Aí ela tava tomando um picolé que faz estalinho, mas era o último que tinha no carrinho do tio. Aí eu queria provar, só que ela tinha acabado de comer todo e aí eu pedi pra provar, aí ela falou pra eu provar na boca dela porque ainda tava fazendo estalinho.

 Bella achou suspeita a forma apressada como ele falava, mas não disse nada para envergonhá-lo.

 — Entendi.

 — Foi engraçado, fez cosquinha.

 — Cosquinha, é?

 — Uhum.

 — Tá bom. Mas não repete isso não, tá?

 — Por quê?

 — Porque... porque é coisa de adulto e você pode pegar sapinho.

 — Um sapinho na boca, mãe? - ele gargalhou, achando graça ao imaginar um pequeno sapo pulando em sua língua.

 — É o nome de um dodói que dá na boca, filho. Acontece quando você... beija outra pessoa.

 — Ué, mas você o papai vivem se beijando. Tem sapinho também?

 Edward interveio.

 — Não, a gente só beija entre a gente. Já estamos acostumados com todas as porcarias que tem na boca do outro, entendeu?

 — Que nojo, Edward. - Bella suprimiu uma risada, perdendo um pouco a compostura.

 Ryan ficou em silêncio por um tempo, até entrarem no carro. Os pais sabiam que o menino estava refletindo sobre alguma coisa quando ficava assim calado, e não deu outra.

 — Pai. - chamou.

 — Hm?

 — Isso quer dizer que eu tava beijando a Julie na boca, como namorados fazem?

 Bella lançou um olhar reprovador a Edward para inibir qualquer besteira que ele pensasse em falar. Ela não queria encorajar nenhum tipo de comportamento precoce do filho. Felizmente ele entendeu.

 — Não, filho. Você só tava provando o sorvete, né?

 — É. Ufa. - o ruivinho deu um suspiro exagerado. - Pensei que ia ter que contar pra Susie.

 Bella virou-se rapidamente em seu assento.

 — Quem é Susie? Contar o quê?

 — Susie é minha namorada, ué. O papai conheceu ela.

 — O papai conheceu? - ela perguntou entre dentes.

 — Ah... É. Conheci outro dia na escola, você estava viajando. - ele tentou disfarçar a gafe de ter esquecido de contar esse detalhe a ela. - Mas fala pra sua mãe, Ryan. Fala o que você me prometeu.

 — Sobre o que mesmo?

 — Sobre a Susie e o namoro de vocês.

 — Ahm bem. Eu prometi que... - ele coçou a cabeça. - Que eu ia esperar crescer até depois da oitava série pra poder beijar a Susie na boca. Isso.

 Bella olhou com suspeita entre os dois rapazes. Se isso era uma prévia do que ela iria enfrentar no futuro, tinha que começar a ficar preparada desde já. Maldito gene sedutor desses Cullens.

 — Prometeu, foi?

 — Uhum.

 — Que bom. Continue assim.

 A casa que construíram há dois anos ficava a poucas quadras da praia. Eles aproveitaram o final do dia para jantarem ao ar livre, no quintal. Brincaram algumas horas com Ryan, deram banho no garoto e o colocaram na cama com os devidos beijinhos e chamegos de boa noite. Um pouco depois das dez já estavam todos na cama - lógico, depois de Bella ter feito a prometida massagem no marido.

 Enquanto terminava de passar seus cremes noturnos, entretanto, ela ainda não havia tirado da cabeça aquele acontecimento no parque.

 — Oitava série, Edward? - perguntou, retomando o assunto do nada. - Suas esperanças foram altas demais, hein.

 Ele a esperava na cama, lendo um livro que ela havia recomendado. Aos 38 anos já precisava de óculos para ler, mas Bella estava adorando aquela novidade - ele ficava mais deliciosamente atraente a cada dia.

 A vida menos estressante na ensolarada Los Angeles tinha feito bem para ele nesses quase dez anos desde que se mudara de Nova York. Tinha saído da Weber's Construction ano passado e estava agora trabalhando em projetos autônomos para diversas empresas, podendo muitas vezes trabalhar em casa - o que acabava sendo beneficial a todos da família.

 E Edward não pensava em ter outro estilo de vida. Sentia-se mais feliz do que nunca.

 — Ryan vive comentando sobre os adolescentes, acha eles o máximo. Então falei aquilo pra ele pensar que é uma coisa que só os mais velhos fazem, e só naquela idade. - ele deu de ombros. Bella aquiesceu, concordando com a lógica do marido.

 — E o nosso primeiro beijo foi na oitava série. Você escolheu essa faixa de idade de propósito, né?

 Ele virou para ela.

 — Bella, a gente se beijou no início do ensino médio.

 — Claro que não! - ela sentou-se na cama, e ele abaixou o livro. - Vai me dizer que você não lembra?

 — Eu lembro, você é que tá esquecida. Não foi na oitava, foi no primeiro ano. A gente tinha quinze.

 — Catorze.

 — Quinze, Bella.

 — Você é tão teimoso.

 — Eu? - ele riu debochado.

 — E está errado, ainda por cima. - ela falou deitando ao seu lado, e ligando a televisão. Edward a contemplou ao seu lado. Ela portava o mesmo bico que sempre fazia quando era contrariada. Era irritante às vezes, mas ele amava de qualquer jeito.

 — O importante é que aconteceu, não é? - disse ele.

 Bella suspirou.

 — É.

 — E foi tão bom...

 — Você lembra mesmo?

 — Claro que sim. Como eu ia esquecer da primeira vez que tive uma ereção na escola? - ele brincou, apesar de ser totalmente verdade.

 — Você teve? - os olhos dela arregalaram. - Ai meu Deus, foi por isso que você saiu correndo pro banheiro logo depois?

 — Foi. 

Bella estava gargalhando a essa altura.

 — Desculpa, mas é engraçado. E eu nem sabia o que estava fazendo direito... Como você conseguiu ficar excitado?

 — Você não percebeu que eu peguei na sua bunda por uns cinco segundos?

 — E isso foi o suficiente?

 — Isso e os gemidos que você ficou fazendo.

 — Ei, eu não gemi. A gente estava na escola, fala sério!

 — Você que não prestou atenção, mas eu prestei. E muita.

 Edward escorregou para dentro do edredon, e automaticamente levantou seu braço para que Bella se encaixasse ali. Ficaram em silêncio vendo a abertura de um filme antigo que começava naquele momento, até que a voz sonolenta dela soou novamente.

 — Obrigada.

 — Pelo quê?

 — Por ter tomado a iniciativa e ir atrás de mim. Eu era tão encanada com essas coisas...

 — Eu tinha que ir atrás de você, Bella. Não tinha jeito.

 Ela virou o rosto para cima e o encarou. Como era possível ainda amar tanto uma pessoa depois de tantos anos, e só querer mais e mais dele? Considerava isso um verdadeiro milagre da natureza.

 — Promete uma coisa pra mim? - ela pediu.

 — O quê?

 — Nunca pare de me beijar.

 Edward sorriu e abaixou-se. Beijou-a lentamente, do jeito que ela sempre gostou, e enquanto mordiscava seus lábios ele sussurrou.

 — Nunca.


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Notas finais do capítulo

TE DESAFIO A DEIXAR UMA RECOMENDAÇÃO NA FIC SE VC GOSTOU!
Desafio facinho, hein? :)

Lembra: tem alguma cena que você gostaria de ver? Me diz aí no comentário!

Até a próxima!
Beijos



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