Mulholland Drive escrita por Oh Carol
Notas iniciais do capítulo
Fim? Mais ou menos... Tem ainda esse lindo e cheiroso extra do futuro deles que eu escrevi! Na época que postei a fic eu enviei pra algumas pessoas que comentaram.
Tem alguma cena que você gostaria de ver? Me diz aí no comentário! Quem sabe eu faço...
— Bella. - Edward chamou pela milésima vez naquele dia.
— Não se mexe! - ela respondeu, compenetrada no que fazia.
— Mas essa posição não está confortável.
— Você já falou isso. Agora cala a boca, já estou acabando.
— Bellaaa. - ele choramingou dessa vez.
— Shh!
Sua mulher não estava dando a mínima para suas súplicas. Então ele resolveu apelar ainda mais. Quebrou a regra novamente e esticou o pescoço bem rápido para sussurrar alguma coisa no ouvido da criança sentada em um de seus ombros, enquanto segurava-o com um braço. O garotinho riu e começou a delatar o que ouviu.
— Mamãe, o papai disse que tá com o braço dormente, e que vai me deixar cair no chão. E... o que mais mesmo? - falou baixinho para o pai, que voltou a sussurrar o resto. - Ah, e aí eu vou cair e abrir minha cabeça. Depois todas as minhas tripas vão sair e eu vou virar um zumbi.
Bella abriu um sorriso em seu semblante antes tão sério, mas chamou a atenção de novo.
— Fiquem calados os dois. Já estou acabando.
— A gente tem que ficar mesmo tão parado? - perguntou o menino. - Isso não é foto.
— Eu já expliquei. - ela respirou. - Estou desenhando vocês em várias posições, depois vou passar pro computador e animar. Vai ficar legal, mas vocês tem que me ajudar.
Bella preparava seu mais novo projeto de férias: um curta experimental de animação contando a história de um pai com seu filho na cidade. Em um mês estaria viajando para filmar seu segundo longa metragem no Canadá, e usar os modelos vivos que tinha tão perto para fazer os desenhos era também uma forma de passar um tempo a mais com eles antes de embarcar por três meses. A saudade já apertava seu peito, embora eles tivessem achado um esquema legal para quando ela precisava viajar; ao menos veria o filho e o marido a cada duas semanas enquanto estivesse fora, sem contar as ligações via Skype para vê-los pela internet todos os dias.
O cenário escolhido para sua sessão de desenhos tinha sido o parque, num domingo à tarde. A árvore frondosa atrás deles fazia um jogo de luzes perfeito para que ela captasse os momentos que precisava.
— Pronto. - falou, finalmente terminando o último desenho e fechando seu caderno.
Edward colocou Ryan no chão assim que as palavras saíram da boca de Bella.
— Argh! Como esse garoto cresceu tanto nessa última semana? - ele reclamou, alongando o ombro dolorido. - Tá ficando pesado demais.
— Não to não, você que tá ficando um velho fracote. - Ryan se defendeu. Estava com quase seis anos, mas sua língua já se mostrava afiada e a personalidade forte. Bella dizia que ele tinha puxado a Edward na aparência, mas o humor ácido tinha sido toda herança sua.
— Olha só, moleque, vou te mostrar quem é que tá velho aqui. - Edward abaixou-se e agarrou o menino. Ambos caíram no chão enquanto o pai fazia cócegas, e a criança esperniava. Bella assistia a tudo enquanto guardava seus materiais na mochila e caminhava de volta até eles.
O ataque durou pouco, porém, pois o ombro lesado deu as caras novamente e fez seu dono rolar no chão de dor.
— Aii!
— Que foi agora? - perguntou Bella, começando a sentir pena dele.
— Acho que fiquei com uma cãimbra eterna no ombro.
Ryan, sem ligar para as reclamações do pai, logo levantou-se, estendendo a mão para a mãe.
— Me dá dinheiro pra comprar sorvete?
— Como é que se fala, hein?
— Me dá dinheiro pra comprar sorvete... agora! - ele disse e abriu seu sorriso travesso que agora tinha uma janelinha, sabendo que estava tirando uma com a cara da mãe.
— Engraçadinho. - ela retorquiu bagunçando o cabelo dele, mas mesmo assim tirou uns centavos do bolso e pôs na mão do garoto. Ele correu para o carrinho de sorvete do outro lado do campinho.
Bella sentou-se no chão ao lado do marido que resmungava, fazendo carinho onde doía.
— Vamos, eu tenho aspirina pra dor na minha bolsa.
— Você está me devendo uma por essa.
— Estou mesmo. E agradeço. - falou, ajudando-o a se erguer. Quis rir das caretas que Edward fazia, mas se refreou. Ao invés disso, deixou um beijo no ombro dele e outro na boca. - Vocês foram ótimos. Obrigada por me ajudarem.
— Só me aguarde, vai ver só o que eu vou fazer pra você pagar.
— Posso dar uma sugestão?
— Você vai dar de qualquer jeito, né.
Bella pegou em seu braço e chegou mais perto para falar em seu ouvido.
— Mais tarde eu faço uma massagem... Aquela massagem.
— É? - aquilo tinha ficado mais interessante do que ele esperava.
— Uhum. Com óleos, na banheira, só a gente.
— Me parece bom...
— Vai ser mais do que bom. - ela sussurrou, deixando-o arrepiado. Pretendia continuar a flertar com o marido, mas parou quando viu uma cena a alguns metros dali.
Seu andar então travou, parando Edward junto.
— Que foi? - ele perguntou alarmado.
— O que aquelas garotas estão fazendo com meu filho?
Ele enrugou os olhos para enxergar melhor de longe. Três meninas rondavam o pequeno Ryan.
— Acho que estão dando um sorvete na boca dele?
— Edward! Elas estão molestando meu bebê!
Ele riu. - São crianças, Bella. Estão só brincando.
— Brincando? - ela tentou arrancar para sair atrás deles, mas Edward a prendeu no lugar.
— Deixa eu ver o que eles vão fazer.
— Elas são mais altas que ele, devem ter pelo menos uns dois anos a mais. Não gosto que ele brinque com crianças mais velhas.
— Por que não? Que bobagem. - seu marido começou a rir. - Ah, olha só agora.
— O quê?! - Bella viu boquiaberta o que seguiu. - Não acredito qu-que aquela biscatinha beijou meu menino na boca!
— Para de drama, foi só um selinho, coisa infantil. Nunca brincou assim quando criança? Vem, vamos acabar com isso antes que apareçam netos em nove meses.
— Nem brinque com isso, Edward Cullen. Nem brinque!
Eles chegaram devagar e chamaram Ryan para ir embora. Sem relutar muito, ele deu tchau às amiguinhas e voltou todo contente para os pais.
— Quem é aquela menina loira, filho? - Bella perguntou quando se encaminhavam para o carro. Edward rolou os olhos, mas deixou que ela fizesse seu papel de mãe zelosa.
— Ah, é a Julie.
— Julie? De onde vocês se conhecem?
— Ela é filha da professora Selma.
— Ahm... E o que vocês estavam fazendo ali?
— As amigas dela me deixaram provar o picolé delas. Aí ela tava tomando um picolé que faz estalinho, mas era o último que tinha no carrinho do tio. Aí eu queria provar, só que ela tinha acabado de comer todo e aí eu pedi pra provar, aí ela falou pra eu provar na boca dela porque ainda tava fazendo estalinho.
Bella achou suspeita a forma apressada como ele falava, mas não disse nada para envergonhá-lo.
— Entendi.
— Foi engraçado, fez cosquinha.
— Cosquinha, é?
— Uhum.
— Tá bom. Mas não repete isso não, tá?
— Por quê?
— Porque... porque é coisa de adulto e você pode pegar sapinho.
— Um sapinho na boca, mãe? - ele gargalhou, achando graça ao imaginar um pequeno sapo pulando em sua língua.
— É o nome de um dodói que dá na boca, filho. Acontece quando você... beija outra pessoa.
— Ué, mas você o papai vivem se beijando. Tem sapinho também?
Edward interveio.
— Não, a gente só beija entre a gente. Já estamos acostumados com todas as porcarias que tem na boca do outro, entendeu?
— Que nojo, Edward. - Bella suprimiu uma risada, perdendo um pouco a compostura.
Ryan ficou em silêncio por um tempo, até entrarem no carro. Os pais sabiam que o menino estava refletindo sobre alguma coisa quando ficava assim calado, e não deu outra.
— Pai. - chamou.
— Hm?
— Isso quer dizer que eu tava beijando a Julie na boca, como namorados fazem?
Bella lançou um olhar reprovador a Edward para inibir qualquer besteira que ele pensasse em falar. Ela não queria encorajar nenhum tipo de comportamento precoce do filho. Felizmente ele entendeu.
— Não, filho. Você só tava provando o sorvete, né?
— É. Ufa. - o ruivinho deu um suspiro exagerado. - Pensei que ia ter que contar pra Susie.
Bella virou-se rapidamente em seu assento.
— Quem é Susie? Contar o quê?
— Susie é minha namorada, ué. O papai conheceu ela.
— O papai conheceu? - ela perguntou entre dentes.
— Ah... É. Conheci outro dia na escola, você estava viajando. - ele tentou disfarçar a gafe de ter esquecido de contar esse detalhe a ela. - Mas fala pra sua mãe, Ryan. Fala o que você me prometeu.
— Sobre o que mesmo?
— Sobre a Susie e o namoro de vocês.
— Ahm bem. Eu prometi que... - ele coçou a cabeça. - Que eu ia esperar crescer até depois da oitava série pra poder beijar a Susie na boca. Isso.
Bella olhou com suspeita entre os dois rapazes. Se isso era uma prévia do que ela iria enfrentar no futuro, tinha que começar a ficar preparada desde já. Maldito gene sedutor desses Cullens.
— Prometeu, foi?
— Uhum.
— Que bom. Continue assim.
A casa que construíram há dois anos ficava a poucas quadras da praia. Eles aproveitaram o final do dia para jantarem ao ar livre, no quintal. Brincaram algumas horas com Ryan, deram banho no garoto e o colocaram na cama com os devidos beijinhos e chamegos de boa noite. Um pouco depois das dez já estavam todos na cama - lógico, depois de Bella ter feito a prometida massagem no marido.
Enquanto terminava de passar seus cremes noturnos, entretanto, ela ainda não havia tirado da cabeça aquele acontecimento no parque.
— Oitava série, Edward? - perguntou, retomando o assunto do nada. - Suas esperanças foram altas demais, hein.
Ele a esperava na cama, lendo um livro que ela havia recomendado. Aos 38 anos já precisava de óculos para ler, mas Bella estava adorando aquela novidade - ele ficava mais deliciosamente atraente a cada dia.
A vida menos estressante na ensolarada Los Angeles tinha feito bem para ele nesses quase dez anos desde que se mudara de Nova York. Tinha saído da Weber's Construction ano passado e estava agora trabalhando em projetos autônomos para diversas empresas, podendo muitas vezes trabalhar em casa - o que acabava sendo beneficial a todos da família.
E Edward não pensava em ter outro estilo de vida. Sentia-se mais feliz do que nunca.
— Ryan vive comentando sobre os adolescentes, acha eles o máximo. Então falei aquilo pra ele pensar que é uma coisa que só os mais velhos fazem, e só naquela idade. - ele deu de ombros. Bella aquiesceu, concordando com a lógica do marido.
— E o nosso primeiro beijo foi na oitava série. Você escolheu essa faixa de idade de propósito, né?
Ele virou para ela.
— Bella, a gente se beijou no início do ensino médio.
— Claro que não! - ela sentou-se na cama, e ele abaixou o livro. - Vai me dizer que você não lembra?
— Eu lembro, você é que tá esquecida. Não foi na oitava, foi no primeiro ano. A gente tinha quinze.
— Catorze.
— Quinze, Bella.
— Você é tão teimoso.
— Eu? - ele riu debochado.
— E está errado, ainda por cima. - ela falou deitando ao seu lado, e ligando a televisão. Edward a contemplou ao seu lado. Ela portava o mesmo bico que sempre fazia quando era contrariada. Era irritante às vezes, mas ele amava de qualquer jeito.
— O importante é que aconteceu, não é? - disse ele.
Bella suspirou.
— É.
— E foi tão bom...
— Você lembra mesmo?
— Claro que sim. Como eu ia esquecer da primeira vez que tive uma ereção na escola? - ele brincou, apesar de ser totalmente verdade.
— Você teve? - os olhos dela arregalaram. - Ai meu Deus, foi por isso que você saiu correndo pro banheiro logo depois?
— Foi.
Bella estava gargalhando a essa altura.
— Desculpa, mas é engraçado. E eu nem sabia o que estava fazendo direito... Como você conseguiu ficar excitado?
— Você não percebeu que eu peguei na sua bunda por uns cinco segundos?
— E isso foi o suficiente?
— Isso e os gemidos que você ficou fazendo.
— Ei, eu não gemi. A gente estava na escola, fala sério!
— Você que não prestou atenção, mas eu prestei. E muita.
Edward escorregou para dentro do edredon, e automaticamente levantou seu braço para que Bella se encaixasse ali. Ficaram em silêncio vendo a abertura de um filme antigo que começava naquele momento, até que a voz sonolenta dela soou novamente.
— Obrigada.
— Pelo quê?
— Por ter tomado a iniciativa e ir atrás de mim. Eu era tão encanada com essas coisas...
— Eu tinha que ir atrás de você, Bella. Não tinha jeito.
Ela virou o rosto para cima e o encarou. Como era possível ainda amar tanto uma pessoa depois de tantos anos, e só querer mais e mais dele? Considerava isso um verdadeiro milagre da natureza.
— Promete uma coisa pra mim? - ela pediu.
— O quê?
— Nunca pare de me beijar.
Edward sorriu e abaixou-se. Beijou-a lentamente, do jeito que ela sempre gostou, e enquanto mordiscava seus lábios ele sussurrou.
— Nunca.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
TE DESAFIO A DEIXAR UMA RECOMENDAÇÃO NA FIC SE VC GOSTOU!
Desafio facinho, hein? :)
Lembra: tem alguma cena que você gostaria de ver? Me diz aí no comentário!
Até a próxima!
Beijos