Ele III: Com Ele escrita por MayLiam


Capítulo 74
Com Ele: jogo a la Gray


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Ontem fiquei sem net e não deu pra postar. Então, mais tarde, eu posto outro capítulo pra compensar.
Boa leitura!
p.s.: Priscila, sobre Damon não notar a cicatriz da cirurgia. Bem, tenha certeza de que ele faria de tudo pra se livrar da lembrança de ter passado por tal coisa, mesmo eu não colocando em espicífico na fic que ele realizou algum procedimento de remoção da mesma. De qualquer forma, foi uma ótima observação.



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Estou diante de um monte de papeis na minha mesa, na Salvatore. O que mais me impressiona é que sinto falta de estar em casa, com ela.

—Você vai para as apresentações de hoje? – Stefan invade minha sala ao perguntar.

—Agora você invade minha sala assim é?

Ele bufa ignorando enquanto senta.

—Vim te trazer o balancete que Miranda enviou. – Ele estende a pasta pra mim. – Está ótimo, ela realmente me surpreende como administradora. – Corro os olhos pelo papel e constato que ele está certo.

—Muito bom mesmo.

—Sério? Você vai as apresentações?

—Você sabe que sempre vou. – Ele ergue a sobrancelha.

—Não desde uns meses atrás. Deixar que Heitor veja todas elas nem é motivo para que eu reclame, mas quem se apresenta, às vezes, se irrita por ter que ser julgado por um adolescente e não pelo chefe que aterrorizava nas apresentações de antes.

Olho para meu irmão, que está rindo de mim.

—Stefan, quando eu comecei nesta empresa tinha a idade do adolescente em questão. Mesmo assim fui capaz de tirar ela da falência. – Ele sorri em acordo.

—Devo dizer que seu genro dá conta do assunto. – A menção genro me faz tremer um pouco. – Como você deu, baseado em Gray Dogs. – Ele sorri faceiro, e eu tenho a impressão de que há mais por trás do que ele fala, mas eu não sei bem o que é.

Claro que não é novidade que baseei o jogo inaugural de minha posse com as técnicas do meu astro de xadrez, mas ele fez parecer quase um carma, ou sei lá.

—Bem, nos vemos por lá? – ele nega.

—Tenho uma entrevista marcada, para promover o novo aplicativo da Nikon de março. – assinto. Tinha esquecido esse. Preciso me familiarizar rápido com os novos contratos.

—Certo, eu cuido de tudo por aqui. – ele levanta e bate continência antes de sair.

—Damon... – Eu olho para a porta e uma mulher, morena de olhos claros, acena sorridente pra mim.

—Posso ajudar? – Pergunto e ela sorri, revirando os olhos e vindo sentar diante de mim.

—Você está desviando de mim, Salvatore? –Ergo a sobrancelha e vejo um Alaric surgir na porta de minha sala, quase sem ar. Estava correndo?

—Hayley! – Ele praticamente grita, fazendo a moça dar um pulo para trás.

Ah! A tal nova amiga.

Isso explica a corrida dele.

—Ric?! – Ela vira pra mim sorrindo. – Não sabia que estava aqui hoje.

—Eu estava chegando no prédio, - diz ele esbaforido, - quando vi você entrar. Damon? – Me cumprimenta e eu aceno.

Eles se cumprimentam com beijo no rosto, antes de Alaric sentar ao seu lado diante de mim.

—Eu estava vindo aqui cobrar do Damon um novo ensaio. Ele tem desviado minhas ligações. Seu casamento é em uma semana e precisamos ensaiar mais.

—Claro. - Alaric fala e pigarreia pra mim. Eu o olho, depois encaro a moça.

—Pode ser no sábado, estou em casa no sábado. – Ela sorri.

—Claro que está. – Diz soltando pra mim um riso provocante enquanto morde o lábio inferior.

Ela é bonita de verdade.

—Desculpe ter sumido e não ter ido te ver depois de tudo. – Ela começa a se explicar, livrando-se da expressão sacana de antes e ficando mais séria. – Eu estava ocupada, mas por sorte Sofia me deixou a par de tudo. Que bom que você não morreu, Salvatore. Seu irmão certamente ficou radiante. Depois de anos te procurando pra depois você explodir no ar seria...

—Hayley! – Alaric grita e ela dá de ombros. Eu prendo o riso.

—É verdade. Podia acontecer sim.

—Podia. – Concordo e Ric revira os olhos.

—Não sei por que ainda me meto nessas coisas entre vocês. – Ele bufa e eu consigo notar em sua voz um certo tom de... ciúme?

—Bem... eu preciso mesmo ir agora. – Ela diz se erguendo. – Sábado então? Início da tarde?

—Sim, pode ser. – Ela pisca pra mim, estava um beijo pra Alaric, que retorce o lábio e depois se vai. Eu estou prendendo o riso.

—Eu nunca entendi por que você ficou amigo dela tão rápido, mas observando bem o jeito que ela fala e age, ela é sua versão feminina irritante e esnobe. – Gargalho.

—Você definitivamente sente ciúmes dessa mulher.

—Eu levei anos pra conseguir com você a confiança que você deu pra ela em o quê? Uma noite? – Dou de ombros e ela bufa. Me fazendo sorri mais.

—Não tenho culpa de você não ter aqueles olhos verdes lindos. – Brinco e ele cerra os olhos pra mim.

—Nem pense nisso. Elena já não engole ela muito bem.

—Não pensei em nada.  - Me faço de desentendido. – Só estou lidando com fatos. – Ele cruza os braços estalando os lábios num “tics” mal humorado. – Você entrou correndo aqui.

—De alguma maneira essa mulher te conhece demais. Fiquei morrendo de medo quando vi ela vindo pra cá. – ele explica ainda de mau humor. – Imaginei que ela notaria fácil.

—Não aconteceu.

—Mas poderia. – reviro os olhos.

—Tá, Alaric. Obrigado! – Ele assenti com ar orgulhoso, apertando mais ainda o cruzar de seus braços.

—Quer ir ver umas apresentações comigo agora? – Ele ergue a sobrancelha.

—Não te contei que isso agora é com Heitor? – Assinto.

—Stefan esteve aqui e falou que o pessoal não gosta muito de ser avaliado por um adolescente. Talvez tenham razão. – Falo me pondo de pé e colocando meu paletó. – Por que eu coloquei ele nessa função?

—Nas suas palavras, e eu vou repetir – ele ajeita-se e faz uma cara teatral tentando imitar minha voz ao dizer: - “O rapaz tem tanto potencial como eu nesta idade, e só mesmo eu posso afirmar isso, porque um bom profissional reconhece outro”.

—Bem, vamos ver isso, então. – ele sorri e fica de pé me seguindo.

—Vamos torturar o pessoal da produção hoje? – Sorrio.

—Certamente.

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Quando entro em minha casa, está tudo silencioso. Caminho até o bar, sirvo-me de uma bebida quente e ao sentar, escuto a voz de elena, vinda das escadas.

—Teremos ensaio neste sábado? – ela pergunta antes de qualquer coisa, sentando-se ao meu lado depois.

—Sim, Hayley foi até a empresa me pressionar pra marcar. – Ela morde os lábios.

—Ela foi? – Assinto olhando-a com curiosidade, por que, do nada, ela ficou calada, mexendo na barra do vestido longo que está usando.

—O quê? – Ela me olha, dando de ombros.

—Acredito que uma simples ligação resolveria.

—Eu estava ignorando as ligações dela. – Falo de maneira natural, tomando de uma só vez o líquido em meu copo e descansando o recipiente na mesa atrás de nós no sofá. Quando a encaro ela está me olhando.

—É? E por quê? – Quero dar risada.

—Bem, eu sabia que ela queria falar sobre o ensaio, e eu não estava afim de ensaiar. – Ela franze o cenho, meio confusa.

—Ela é sua amiga, e namorada de seu irmão. Talvez só quisesse saber como você estava. – A olho com desdém e dou de ombros.

—Eu não queria falar com ela. – Digo de forma direta.

—Ai, Damon. Isso é no mínimo estranho. Você adora falar com ela. Adora ao ponto de chama-la e se trancar com ela no seu escritório pra conversar. – Ela está falando em tom irritadiço e eu prendo o riso me aproximando dela. Quando meus dedos tocam sua face, sinto sua pele arrepiar.

—E você morre de ciúmes dela, não é? – Ela abre a boca pra responder, mas a voz que faz isso vem da escada, saltitante e risonha.

—Com certeza morre. – Sofia pula ao meu lado no sofá. Estalando um beijo em minha face.

—Não comecem. – Elena fala aborrecida, cruzando os braços e fazendo um bico infantil.

Sofia e eu prendemos um riso.

—Heitor me falou quer você foi tocar o terror na apresentação de hoje, pai. – Elena me olha erguendo a sobrancelha e dou de ombros.

—Stefan me falou que todos reclamavam por estarem sendo julgados por Heitor. Bem... Além de mostrar que uma decisão minha não pode ser contestada, creio, que eles a partir de agora vão se sentir gratos por ser ele e não eu.

Elena tenta conter o riso, me encarando incrédula e Sofia se contorce no sofá de tanto rir.

—Ele me contou o que aconteceu quando o senhor deixou a sala, eu realmente queria ter estado lá.

—Talvez fosse uma boa você passar a frequentar a empresa mesmo. Olho pra ela, que faz uma careta.

—Vou rezar muito pro bebê de vocês ser um garoto e pra você – ela aponta pra mim, - desviar de mim.

—Vocês dois são de matar. – Elena reclama e se coloca de pé. – Vamos jantar?

—Eu tenho uma proposta pro sábado. – Elena geme e eu seguro a risada.

—O que é? – Minha esposa pergunta e Sofia me encara com cumplicidade, eu apenas consigo observar.

—Depois do jogo faremos uma aposta. – Minha filha está com um olhar sinistro. – Elena  e eu.

—Que tipo de aposta? – Elena pergunta a encarando quase de maneira desafiadora.

—Vamos jogar xadrez. Se você ganhar peço pro Heitor convidar a April pra ser acompanhante dele na festa do Ric. – Elena deixa o queixo cair. – Se eu ganhar, você fica festa inteira como acompanhante do tio Robert. Pelo menos depois da cerimônia, o que deixaria Hayley e papai como único par possível. – Elena discorda no ato.

—Dos dois modos eu sio perdendo. – Sofia faz careta.

—April deu em cima do seu pai e se vier a festa será mais por ele que por Heitor. – Eu engasgo com minha saliva. Quê? – E eu não gosto de ver seu pai com Hayley por mais do que o necessário.

—Então o quê? – Minha filha cruza os braços irritada, e ambas ignoram a minha descompostura de segundos atrás.

—Se eu ganhar, Heitor fica solteiro durante toda a noite. Como se não fossem namorados.

—Acho difícil ele querer isso. – Digo.

—Calado! – Elas falam assustadoramente juntas e depois voltam a se encarar.

—Contra? – Minha filha exige.

Elena solta um riso tão sombrio que acho sinto um frio cortar minha espinha.

—O mesmo. – Ela diz convencida e vejo Sofia abrir um sorriso macabro.

—Apostado. – Elas apertam as mãos.

—Ei! – Ralho e elas me olham com breves olhares inocentes e confusos. – Estou bem aqui e não quero ser solteiro por uma noite.

—Tem certeza pai? – Sofia pergunta sorrindo cínica para Elena que a encara de olhos cerrados.

—Tenho sim.

—Não vai ser. – Elena nem sequer olha pra mim quando fala.

—Vocês são loucas. – Falo me retirando dali.

.......................................................................

Quase duas horas depois, estamos na sala de estar, diante de um jogo de xadrez, eu afastado numa poltrona, enquanto Elena e Sofia ocupam lados opostos da mesa de centro, sentadas no chão.

—Melhor de três. –Propõe minha filha.

—De acordo. – Sofia bate palmas e sorri.

—Isso vai ser demais.

As duas começam a jogar, ditando cada movimento com precisão. Cada jogada inicial demora uns dois minutos, e acho que isso pode se estender por toda a noite. Suspiro.

“São troféus do mundial de xadrez?”

“Nossa! Cinco anos seguidos...”

“Gray Dogs?”

Meu coração dá um salto e eu encaro Elena, Sofia bem a sua frente, jogando com toda a empolgação. Quando elena termina mais um movimento, ela me encara sorrindo.

—Você é filha de Gray Dogs. – Falo sem poder conter o fascínio na minha voz.

—Ora, muito obrigada! – Ela responde risonha e Sofia revira os olhos.

—Pode ser filha dele sim, mas não é ele não. – Ela reclama. – O senhor Gilbert era único. – Ela faz careta depois de falar isso e encara Elena que ficou contemplativa. – Desculpa, Elena.

Claro! O pai dela morreu.

Alaric não achou que deveria me contar que minha esposa era filha do maior ídolo de minha vida?

—Não tem problema. Você tem razão. – Depois ela solta um sorriso – Mesmo assim, não pode negar que está enrascada.

Sofia bufa e as duas sorriem enquanto minha filha concentra-se para fazer o próximo movimento.

Elena, filha de Gray. Uau!

Embora eu já tenha lembrado algumas coisas do pai dela, isso com certeza, foi o mais especial.

No fim de três jogos, onde Elena começou vencendo e Sofia ganhou o segundo para, no fim, Elena vencer, tudo ficou ainda mais coerente. Pois mesmo Sofia jogando muito bem, em minha opinião, Elena provou ser filha da lenda do xadrez com perfeição.

—Acho que Heitor terá um, passe livre. – Minha esposa diz esnobe e Sofia lhe mostra a língua nos fazendo gargalhar.

—Precisávamos de um fim de noite destes, pra elena poder esquecer um pouco que Hayley vem aqui no sábado. – Sofia solta e Elena estreita os olhos em sua direção.

—Tá legal! – Digo me erguendo da poltrona. – Fim de jogo, fim de noite. – falo estendendo a mão para Elena, que encara minha filha mortalmente. – Elena?!

—Má perdedora. – Ela acusa Sofia que pisca para ela e sai saltitando pela sala, indo de voltas às escadas.

—Vocês duas são terríveis. – Ajudo Elena levantar e ela me encara quando fica ereta.

—Adivinha a quem ela puxou? – Ela parece bem irritada, o que me faz gargalhar.

Sentindo uma alegria quase sem razão pra mim, a ergo do chão e ela agarra meu pescoço em puro reflexo, surpresa com meu gesto.

—Fico imaginando a quem a senhora puxou também. – Ela fica um pouco vermelha e beija meu rosto. Eu sorrio e então lá está, a vontade, a sensação de que não há nada tão certo quando isso.

Eu beijo Elena devagar, e ela se aperta mais contra mim, enfiando os dedos em meus cabelos. O arrepio que me corre o corpo é divino.  Quando nos afastamos, estamos ofegantes.

—Se eu não estivesse tão cansada, queria jogar outra com você.

—Mesmo? – Ela sorri assentindo.

—Sempre tenho vontade de jogar contra o cara que fez meu pai pedir ajuda a mamãe. – Arregalo os olhos e ela inclina a cabeça pra trás de tanto sorrir. Uau!

—Nem sabia que era tão bom. – Ela sorri e me dá um selinho.

—Eu sei. Você geralmente não espera tanto de si mesmo, mas sabe... – Ela aperta meus braços e depois descansa as mãos em minha nuca. Eu noto que ela adora apertar meus braços há um tempo. – É o seu maior erro.

Fico pensando sobre isso. Ela beija meu nariz e descansa a cabeça em meu ombro.

—Vai mesmo me dá carona até lá em cima, né? Mesmo tendo consciência de que estou mais pesada, adoraria que fizesse isso. – Sua respiração está aquecendo a pele de meu pescoço e me causando arrepios.

—Claro. – Digo.

Mais tarde me vejo encarando o teto o quarto, enquanto ouço a respiração serena de Elena, já adormecida.

Meu maior erro é não esperar tanto assim de mim mesmo.

As palavras dela ficaram vagando em minha mente por muito tempo. Até que tudo ao redor se tornou uma tarde de sol, onde Elena e eu estávamos diante de um campo vasto e florido, num piquenique, nos amando apenas com a campina por testemunha.

Na manhã seguinte, acordei com a sensação de ter tido o melhor sonho de minha vida.


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Notas finais do capítulo

Até mais!



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