More Than Words escrita por DezzaRc


Capítulo 8
Mim ser Tarzan, tu ser Jane


Notas iniciais do capítulo

Muitas conversas Edward-Bella nesse capítulo!



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Quarta-feira. O que eu esperava para ela? Bem, altos risos com minhas amigas, patadas de Edward, ciúmes ao vê-lo beijar as vadias de minha sala e... perder um teste valendo 2.5 de geografia. Não, eu não esperava a última coisa, mas isso realmente aconteceu, as outras também, né, mas ok. Eu e minha linda mania de chegar no segundo horário, perdi o teste que foi aplicado logo no primeiro. Vou sobreviver a isso.

Entrei na sala de aula e logo meu coração se encheu de felicidade ao ver Edward sentado em meu lugar, bonitinho, escrevendo algo em seu caderno, concentrado. Nessie e Lauren também estavam lá, porém só focalizei nelas depois, não me culpem por isso.   

— Sério que teve teste de geografia? — perguntei sem fôlego, ainda tentando me recuperar da caminhada de minha casa até aqui. Quando cheguei na escola, um dos garotos da minha sala me avisou sobre o tal teste.

— Sim, 2.5 — confirmou Nessie, entregando o módulo a Edward, que até então folheava com Lauren. 

Falto uma aula e coisas estranhas acontecem.

Marchei até a cadeira atrás dele e joguei minha mochila lá. No caminho dei uma espiada no que ele fazia, o dever de sociologia que a professora tinha passado. 

Nessie sentou em cima da mesa de sua carteira, e eu fui me sentar na mesa de Leah, atrás de Lauren — que estava em seu lugar.

— A professora de português não veio — avisou-me Lauren.

Fiquei um tempo assistindo a galera jogando dominó na mesa da professora, e hora ou outra olhava Edward de soslaio.

— Vim de calça, olha — falei, um tempo depois, mostrando minhas pernas as meninas, depois de lembrar de nossa aposta.

— Aaaaah! Se lembra o que apostamos? Vai ter que cumprir agora! — acusou-me Nessie, maliciosa.

Essa aposta foi uma brincadeira que fizemos ontem antes de nos despedirmos de Nessie. Eu falei que estava querendo vir de bermuda por esses dias, mas que não tinha coragem o suficiente, então ela e Lauren apostaram comigo ontem que se eu não viesse de bermuda hoje, eu teria que mostrar meu texto a Edward, “Good Things to My Broken Heart”.

— Não vou fazer nada, não apostei nada! — eu disse, tentando sair daquilo.

— Aaaaaah, você vai sim! Ela não apertou minha mão ontem, Lauren?

— Apertou e eu estava de testemunha!

Eu mereço.

Nessie saiu de cima da mesa e foi até minhas coisas, para pegar o texto.

— Isso é invasão de privacidade, Nessie — eu disse, rindo.

— Eu posso, querida — ela disse.

Edward continuava fazendo seu dever, mas eu sabia que nos escutava.

— Não sei quem te deu essa liberdade!

Ela veio até mim com o texto e eu puxei de sua mão, escondendo no meu bolso.

— Aposta é aposta, você vai ter que mostrar — insistiu.

— Agora não, ok? Se acalme!

Elas esqueceram por hora disso, mas eu sabia que não me deixariam sair hoje daqui sem mostrar a Edward. Que vergonha, Senhor, e pensar que tudo que estava escrito ali era uma reclamação sobre ele! Conversamos animadamente até que Edward levantou com sua garrafinha na mão e parou próximo a nós.

— Você está com problema nos rins, é? — indagou Lauren, e soltei um riso pelo nariz. Ela não prestava!

— Não, é porque estou tomando suplemento, aí se eu não me hidratar pode dar cálculo renal.

Aaaaah, agora estava tudo explicado. E eu pensando que ele tinha começado a trazer aquela garrafinha para me seduzir! Ok, não pensei, mas fantasiei inúmeras vezes...  

Ele foi fazer alguma coisa no lixo e eu murmurei para as meninas:

— Ele não está bem hoje, está quieto demais.

Elas riram e ele se virou para nós novamente, parecendo ter escutado o que eu disse e sentou em seu lugar, retornando a tarefa.

— Edward é um exemplo — disse Nessie, em voz alta. — É o único que está fazendo o dever.

— Não é pra hoje — eu disse, falando com ele.

— Eu sei, mas quero me livrar logo.

Ele se concentrou na atividade e propus a minhas amigas que ficássemos lá em baixo. Enquanto escutava Lauren tagarelar sobre alguma maluquice da rua dela, fiquei relembrando de uma certa ocasião no ano passado, com Edward. A aula de química tinha terminado e estávamos pegando as coisas para voltar a nossa sala, afastei-me de minhas amigas e fiquei próxima à porta, esperando elas se arrumarem logo, quando Edward parou ao meu lado. Eu não me recordei exatamente o motivo por ter dito aquilo a ele, talvez por vê-lo chamar alguém assim na hora...

“Edward, você me considera sua brother?”, indaguei sorridente. 

“Não”, respondeu grosso, e minha expressão desmoronou um pouquinho, mas logo tratei de escondê-la. Quando ia quase saindo, Edward continuou: “Não, porque eu te considero minha sister”.

Awnnnnnnn!”. Eu tinha quase certeza que estava corada. Saí de lá e fui contar animada a minhas amigas o que ele tinha me dito.

Confesso que naquele momento eu fiquei feliz. Por meses seguidos fiquei feliz. Até um dia desses aí, eu estava feliz, mas agora, lembrar disso me trouxe a memória uma conversa que eu tive com Alice a um ou dois meses atrás, quando ela disse que do jeito que brigávamos e conversávamos, ele parecia me tratar como uma irmã. Será mesmo o real motivo do seu comportamento comigo? Ele me considerava sua “irmãzinha”? Eu não gostava nem um pouco dessa hipótese.

Para esquecer isso, eu me agarrava a outras lembranças, como a de quando ele costumava soltar indiretas nas aulas de inglês que não tinha meu MSN, e que iria me adicionar, mas depois falava com seu jeito estúpido “é melhor não, não quero te aguentar por lá também”. Estava claro que ele queria que eu passasse meu MSN, mas era idiota demais para simplesmente deixar de historinhas e me pedir diretamente. Cansada de esperar por sua atitude que nunca veio, pedi a Dean — um dos meus melhores amigos que estudou comigo no primeiro ano —, que tinha o email dele, que me passasse. Não me lembro qual foi à desculpa que dei por adicioná-lo, talvez uma atividade de inglês que eu precisava passá-lo, ou algo assim. Só sei que costumávamos conversar besteiras por lá, trocando farpas através de emotions. Eu me acabava de rir nessas conversas. Pena que isso não acontece mais.  

Outro acontecimento inusitado no MSN, dessa vez antes de eu adicioná-lo, foi quando Edward começou a insinuar que eu e Dean éramos namorados. Tudo começou em um plano armado por mim, ano passado, para que Edward dissesse o que achava de mim. Como Dean tinha Edward no MSN, pedi que ele perguntasse como estava às aulas de inglês do colégio — já que Dean fazia inglês conosco no primeiro ano —, se estava mais badalada ou o quê. Edward caiu que nem um patinho no baratino, dizendo que tinha apenas eu e ele na aula, e que adorava ficar me enchendo. Olha, que traste! Foi então que Dean fez uma de suas piores burrices na vida: PEDIU para que Edward parasse de me abusar, porque eu não gostava. Edward defendeu-se dizendo eu não ficava muito atrás, e então a conversa morreu por aí... entre eles, porque para nós...

Edward me contou o ocorrido no dia seguinte, e pelo menos não desconfiou da real intenção da conversa deles. Ele começou a debochar, dizendo que Dean gostava de mim, e que eu devia dar uma chance ao menino e blá, blá, blá... De fato Dean era apaixonado por mim, ainda é, eu acho, mas nunca quis nada com ele. Até hoje Edward tirava sarro de minha cara por isso, dizendo que éramos namorados, mesmo eu desmentido tudo. Menino chato!

Resolvemos voltar para a sala. Edward terminou o dever e saiu, retornando minutos depois. Eu estava encostada na parede, perto da cadeira de Lauren, quando ele entrou de novo e fingi não tê-lo visto, mas notei quando ele me olhou e parou ao lado de Nessie. Ele disse algo a ela e só escutei quando falou meu nome e os dois riram. Olhei para eles.

— O que tem eu? — perguntei.

Ele veio andando até mim, sorrindo, e parou ao meu lado.

— O que é um ponto branco e preto parado? — indagou-me, sorrindo.

Eu e minha blusa da escola, lógico. Mas para curtir com sua cara...

— Você — respondi, e logo uma explicação plausível veio em minha mente. — Sua blusa branca — expliquei, tocando na gola de sua farda que aparecia por baixo de seu casaco. — E seu casaco preto — cutuquei dessa vez seu peito.

Notei que ele olhava para minha mão, com um meio sorriso.

— Devia ter cota para branquelos — disse, cutucando minha testa. Bati em sua mão.

— E devia ter cota para doentes mentais — rebati.

— Devia ter mesmo — sorriu e saiu andando, eu fuzilando suas costas. Nessie riu de nós dois.

Era aula de sociologia agora e tivemos que trocar de sala. Não sentei perto de Edward, apesar de ter tido a oportunidade. Nessie até sentou próxima a ele, tentando fazer o esquema, mas eu apenas neguei com a cabeça. Ainda estava com raiva dele por causa daquela aula de história, quando se afastou de mim.

No intervalo, depois de termos enjoado de ficar no lado de fora tomando sol, sugeri que passássemos o tempo lá em baixo, sentadas em um banco perto da cantina. Era onde Edward costumava ficar. Arrependi-me de imediato ao entrar no pátio e vê-lo deitado no banco, com a cabeça no colo de Kate, ele acariciando a ponta de suas madeixas. Aquela cena me doía profundamente, mas fingi que não me afetava nem um pouquinho e sentei afastada deles, ignorando-os.

Não demorou muito para ele nos notar ali, e depois saiu, com sua turma. Suspirei aliviada, era melhor do que ser obrigada a assistir aquilo. Eles eram muitos amorosos um com o outro para simplesmente não rolar!

Quando o intervalo terminou, subimos para a aula de física. Edward estava rondando entre nós, e então foi até a mesa da professora e se deitou sobre ela. Ele costumava fazer isso. Estava sentando em minha cadeira quando Nessie disse:

— Me lembrei daquele dia que você disse que ia passar a mão nele de propósito — falou, passando a mão no meu braço para imitar meu gesto. Jessica riu do outro lado.

— Eu passo mesmo, e várias vezes.

Essa conversa tinha rolado no dia que Edward faltou. Tinha acabado o intervalo, então subimos para a sala e Nessie sentou na mesa da professora, com a cabeça de Jessica em seu colo. Não pude evitar comentar que se Edward estivesse ali, seria ele quem estaria deitado na mesa.

“... e aí, quando eu passar aqui, vou tocar no cabelo dele de propósito e fingir que minha mão bateu sem querer“, expliquei, passando a mão no cabelo de Jessica, fazendo o teatro. “Igual no dia que ele veio colocar o dedo na minha testa e ao invés de eu apenas empurrar sua mão, deslizei a minha pelo seu braço”.

Elas se acabaram de rir.

“Você não presta, Bella!”, murmurou Jessica, por entre risos.

Edward sentou na mesa e nos olhou, não tinha nos escutado, até que pareceu se lembrar de algo e sorriu levantando, vindo até Nessie.

— Nessie, vou te contar uma piada — disse, e procurou por cima do estojo dela uma lapiseira e não encontrou. — Espera aí que vou pegar um piloto lá fora.

Ele saiu e foi pegar um piloto dentro das caixas de materiais que as tias do corredor deixavam por lá.

— Ele dá essa volta toda só para contar uma piada — disse Lauren, rindo.

Edward voltou com as mãos vazias.

— Você não tem uma lapiseira aí não? Não tem piloto lá fora.

Nessie abriu o estojo, e então, por baixo de suas trezentas canetas, pegou a lapiseira, entregando-o. Logo ele começou a escrever um monte de “Cl” entre traços na mesa.

— O que é isso? — perguntou ele, quando terminou.

— Um ônibus — disse ela.

— Um ônibus? — comecei a rir. — Aff, nada a ver.

— Deixa eu ver — pediu Lauren de sua cadeira, tirei o estojo da frente do desenho para ela ver.

As duas começaram a chutar coisas, até que ele respondeu:

— É uma clorofila — e riu.

— Clorofila? — indagou Nessie, e Lauren estava com a mesma cara confusa. Edward começou a explicar um negócio complicado, e eu disse, sem rodeios:

— Uma fila de cloro. “Cloro-fila”.

— Aaaaah — disse Lauren, e as duas se entreolharam, enquanto Edward ria.

— Nossa, Edward, foi engraçadíssimo, olha como estamos rindo — zoei com sua cara, e ele voltou a sentar na mesa da professora.

— Agora você começa com os seus muxoxos... — disse, fazendo estalos com a língua. As meninas riram. 

— E o pxiiiii — completou Lauren, se acabando de rir.

— Esse daí eu só faço para cortes — defendi-me, fuzilando-a.

O professor entrou na sala e Edward saiu de cima da mesa e foi rodar no fundo da sala.

— Você vai mostrar a música, tá ouvindo? — relembrou-me Nessie.

— Vamos fazer um plano pra isso. É o seguinte: vou fingir que estou lendo, e aí você vai puxar de minha mão e começar a ler, daí vou tentar puxar de você de volta, e por brincadeira, você vai mandar Edward ler também.

Ela me olhou, entediada.

— Não gostei, tá muito na cara.

— Não tá nada!

— Vou pensar em algo melhor — prometeu.

Ele veio para o seu lugar atrás de Nessie. Tirei a música do bolso, cruzei minha perna formando um “quatro” e coloquei o texto em cima do meu joelho, próximo ao final da carteira de Nessie. Edward poderia querer puxar de mim, por curiosidade.

Enquanto o professor escrevia o assunto no quadro, Nessie pegou o papel da minha perna.

— Que papel é esse? — indagou, e logo soube que estava dentro de um plano.

— Um texto.

— Quem escreveu, você?

— Não.

Ela me fuzilou com os olhos.

— Foi — corrigi, sorrindo.

— Pra quê isso? — continuou ela.

Lauren começou a rir de sua cadeira e eu olhei para ela, não conseguindo segurar o riso também.

— É uma música.

Seu corpo já estava quase todo virado para Edward e eu sussurrei um “pare com isso”, morrendo de vergonha. Ela fingiu estar tentando colocar um ritmo na música, até que se virou completamente para ele e pediu:

— Edward, tenta colocar um ritmo nessa música.

Naquele momento alguém poderia colocar uma frigideira em minha bochecha com óleo que conseguiria fritar um ovo, de tão quente que se encontrava. Meu coração deu um salto quando Edward olhou confuso para o texto, e seus olhos passaram sobre as letras, lendo-as. Olhei nervosa para Nessie, que apenas sorria, satisfeita.

Edward, ao invés de ler a canção para ele, começou a traduzi-la em voz alta. Fiquei mais ainda envergonhada, à medida que ele ia dizendo:

— Por favor, não brinque comigo, estou tão cansada de games... jogos... Eu te... beg? — Escutei-o indagar, mas estava ouvindo Lauren tentar dar ritmo a música também.

— Ele tá perguntando o que é beg — disse Nessie, chamando-me. Argh, eu não queria escutar ele traduzir aquilo na minha frente!

Olhei-o.

— Eu beg? — repetiu.

— Eu imploro, beg é implorar — expliquei-o, vermelha. Ele continuou:

— Eu te imploro. Por que isso dói tanto? Eu não mereço isso... — Juro que tinha notado um risinho sair dos seus lábios. — É porque você escolheu errado, escolha melhor da próxima vez. Twice é o quê? Duas vezes, né? — Assenti. — Pense duas vezes antes de olhar diferente para alguém.

Senti um relampejo quando ele leu essa parte, a mesma coisa que o professor de inglês tinha lido na sala naquele dia, e que talvez ele estivesse escutado. Edward, se você soubesse que isso era para você...

Graças a Deus ele parou de ler por aí. Imagine quando chegasse na parte do “Beijos não se pedem, se rouba”? Aí sim minha cara iria parar no chão de tanta vergonha!  Depois da sessão torturante, ele começou com as perguntas:

— Isso aqui é o quê? Uma música?

Tentei disfarçar.

— Escrevi para o meu primo, pra ele fazer uma música.

— Dê um ritmo — disse Nessie.

— Ele vai fazer algo rock — eu disse.

— Isso aqui daria uma música pop — concluiu ele.

— Não quero algo pop, quero algo romântico — defendi.

— Tá faltando um monte de coisa aqui. Cadê o refrão? Tem que ter as estrofes separadas, as pontes...

— Isso dá muito trabalho — eu disse, pegando a música de sua mão e colocando sobre minha mesa.

— O refrão pode ser essa parte aqui — intrometeu-se Nessie, pegando a música de volta e mostrando a ele à parte de “Just saying… I just wanted to write good things to my broken heart”.

— É tipo a preparação para o refrão — completei.

— A ponte — corrigiu-me ele. — Mas ainda tem que separar as estrofes, ter o refrão. — Ele deu uma pausa e voltou a falar: — Essa letra daria uma dessas musiquinhas famosas como Call me maybe, Boyfriend... — provocou-me, com desdém.

— É bom que eu ficaria famosa — rebati.

— E quem vai cantar essa música, você? — provocou novamente.

— E o que tem se eu cantar? Minha voz é linda — eu disse, gabando-me. — Eu ficaria famosa e sua banda iria ficaria com ciúmes.

— Ciúmes? — riu com desdém. — Eu ganhei como melhor cantor no campeonato de bandas tocando bateria.

— Então você não ganhou como melhor cantor, porque você toca bateria.

— Um músico do mesmo jeito.

— Mas não cantor, baterista.

— Cantor.

— Baterista — repeti.

— Cantor — insistiu.

Ignorei-o.

— Isso nem parece uma música.

— Não é uma música, é um texto.

— Você falou que era uma música — rebateu ele. — Ela não disse, Nessie?

— Eu não disse nada — defendi-me. Não queria que ele achasse que estava escrevendo uma “música” só porque ele tocava em uma banda e poderia ser uma forma de eu me aproximar.

Nessie nada disse, deveria estar com medo da gente.

Virei para frente e voltei a copiar o assunto. Hora ou outra eu reclamava dos meus desenhos mal feitos.

— Onde vai ser sua prova do UCC? — indaguei a ele, de repente.

— Na UCC — gabou-se. Sortudo, eu queria fazer lá também. — Minha futura faculdade, concorrente — disse, frisando o “concorrente”.

— A-há! Eu que vou passar lá, você vai para a Fasar — brinquei. UCC era uma faculdade federal concorridíssima aqui no estado, e Fasar era uma particular, não era ruim, só não era uma federal mesmo!

Ele me olhou, sorrindo.

— Eu posso passar na Fasar e você na UCC, eu posso passar na UCC e você na Fasar, os dois podem passar na Fasar ou na UCC — ele deu uma pausa, e eu degustei de suas palavras “Nós podemos...”. — Ou nenhum dos dois passar em nenhuma das duas.

Ficamos em silêncio por um tempo. Quando eu ia falar a ele “imagine te aguentar mais cinco anos...”, ele se virou para falar alguma besteira a Jessica e eu fingi que ia começar a cantar, para ele não notar que tinha me deixado no vácuo.

Terminei os últimos desenhos do quadro e comentei distraída com Nessie:

— A gente ainda vai à sorveteria depois da aula?

— Tomar sorvete pra ficar gorda — intrometeu-se Edward. Ignorei-o. Viu como ele prestava atenção em tudo o que dizíamos?

— Vamos, por que não? — Nessie respondeu.

— É que não vamos mais ter a última aula vaga, a professora veio.

— Nós vamos.

Sorri e comentei:

— Edward disse que ia pagar para a gente.

Olhei para ele e voltei a escrever.

— Vou pensar — disse. Por um momento fiquei esperançosa.

— Você escutou o que ele disse? — cutuquei Nessie, ela balançou a cabeça. — Eu falei que ele ia pagar pra gente, e ele disse que ia pensar.

— Não — respondeu, irônico. — Sou pobre, .

— Pobre — murmurei, mas ele deve ter escutado.

A aula de física terminou e como a professora de português não tinha vindo — tínhamos outro horário dela agora —, a professora de matemática resolveu adiantar a atividade pontuada que tinha preparado para nós. Metade da sala resolveu ir embora, então sobraram poucas pessoas, que se juntaram para adiantar logo.

Duas pessoas ficaram encarregadas de procurar a resposta das questões na Internet; sentei em uma cadeira que estava ao lado da mesa da professora, e esperei as respostas para copiar. Todo mundo estava em volta da mesa.

Irina começou a conversar com a gente sobre Internet, e logo o papo se estendeu à sala toda. Edward pegou um dos pilotos e começou a desenhar no quadro. Primeiro um coqueiro, depois um cara que mais parecia Tarzan, com tanga. Comecei a copiar as respostas que iam saindo, agora em pé, ao lado de Nessie, tendo ciência que Edward estava atrás de mim. Como eu não era besta nem nada, dei um passo para trás, fingindo me esbarrar nele. Fiz isso umas duas vezes.

Edward desenhou uma mulher do outro lado do quadro, também de tanga e uma tarja tapando os seus peitos. O povo começou a perguntar se ele estava desenhando putaria no quadro, e logo começou a baixaria. Ele ignorou as pessoas e desenhou em outro lugar a metade do rosto de um garoto de anime, e depois completou com a metade do rosto de uma menina.

O povo terminou as questões e Edward deixou o piloto lá, e foi copiar o dever. As pessoas iam saindo um a um, até sobrar eu, minhas amigas e alguns gatos pingados. Visualizei a figura no quadro, e notei que em ambos os desenhos a garota tinha os cabelos um pouco abaixo do ombro — assim como os meus —, e o cabelo do garoto era extremamente parecido com o de Edward, todo bagunçado para cima. Antes de sairmos, Nessie disse:

— Edward e você. 


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Notas finais do capítulo

Coloquei alguns flashbacks aqui, os do aniversário que mencionei no capítulo passado será posto no capítulo de segunda-feira, pois será o aniversário de Edward, então fará mais sentido.
O que acharam desses dois hoje? Estavam até mais sociáveis, não é? Rs. Postarei mais um em breve, como farei o Enem esse fim de semana, não sei se irá rolar post no finde.
Comentem e recomendem, beijos :)