More Than Words escrita por DezzaRc


Capítulo 13
Ah, Edward!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/282264/chapter/13

Cheguei no segundo horário, perdendo a aula de biologia do primeiro. A aula de matemática foi uma chatice só, nem atenção Edward me dava. Mas foi engraçado quando a professora comentou sobre o desenho da praia de nudismo que Edward tinha deixado no quadro ontem, dizendo que a pior turma do ginásio tinha ficado em nossa sala e tiraram sarro do desenho dele. Porém, mais engraçado ainda, foi quando ela disse que os garotos de nossa sala abraçavam todo mundo, mas não pegavam ninguém. Nessa eu me acabei de rir, e não tive como não pensar em Edward. Eu iria usar essa frase ao meu favor futuramente.

Peguei uma foto de Lauren quando era criança comigo na formatura da alfabetização que eu tinha trazido para mostrar as meninas, mas como nem Nessie, nem Jessica tinham vindo hoje, mostrei só pra Lauren mesmo. Havia mais duas com Irina, na segunda série. Sim, eu estudei com ela, na verdade estudo desde a primeira série, e nessa época éramos melhores amigas. Lauren ficou rindo da foto e chamou Irina para ver a dela, só que tumultuou a aula; todo mundo queria ver a foto, mas ela não deixava, até a professora ficou curiosa.

Depois da confusão, meus queridos colegas começaram a discutir sobre as férias, e entrei em estado de choque quando notei que só teríamos mais a próxima semana de aula, isto é, até quarta-feira, pois depois haveria um feriadão, e na outra seria apenas a semana das provas finais, no qual interação com Edward será praticamente zero. Decidi que não ia ficar me martirizando com isso. Eu ainda contava com um milagre na nossa festa de encerramento no dia 24.

Na terceira aula, enquanto pegava minhas coisas para ir à aula de inglês, Edward também estava arrumando as suas, com o celular na mão. Ele sorriu e disse:

— Você tem Instagram, né?

Ele já tinha me perguntando isso uma vez.

— Sim.

— Não vou te seguir. — Comecei a sair da sala, revirando os olhos.

— Você já me disse isso — repliquei.

— Ah, é...

— E eu não pedi para você me seguir.

E saí da sala. Idiota.

Na primeira vez que ele disse isso, foi a algumas semanas atrás, na festa de despedida do professor de filosofia. Estávamos em nossa sala nos preparando para a festa, quando ele chegou com seu celular na mão, dizendo que tinha achado meu Instagram. Olhei-o, desconfiada. Então quer dizer que ele ficava olhando minhas redes sociais no fim de semana? Depois de dizer a mesma coisa que disse hoje, de que não ia me seguir lá, mostrou sua foto do perfil. Lógico que eu esculhambei, ele estava com cara de garotinho de 15 anos, não tinha como não zoar.

Aula de inglês. Havia apenas quatro filas hoje, fui para meu lugar no canto, Eric sentou ao meu lado, depois Quil e Edward, por último. Ele olhou para as cadeiras perto de mim, mas ficou por lá a contragosto. Argh, que ódio.

O professor falou que o dia da estreia de Amanhecer parte 2 estava perto, mas eu disse a ele que não iria, pois não podia ir à noite. E, pasmem, ele me chamou de fã de araque! Que absurdo. Edward, lógico, aproveitou o bonde pra me zoar. Não depois de, claro, perguntar de onde veio a expressão “araque” e fazer um trocadilho estúpido com Iraque.

Às vezes eu me incomodava por ser a garota “Crepúsculo”, pois, qualquer menção do filme, todos gritavam logo meu nome, e isso não acontecia somente nas aulas de inglês, até nas outras mesmo. Por outro lado, amava quando Edward via algo de Crepúsculo na rua, porque instantaneamente ele se lembrava de mim, e isso é muito bom. E olha que já perdi a conta de quantas vezes ele já chegou para mim de um fim de semana e disse: “Crepúsculo passou em tal canal, assisti só para te zoar”.

O professor comentou que na segunda-feira seria nosso último dia de aula de inglês, e eu logo perguntei se haveria algo, e ele disse que não, porque nossa turma não fazia os trabalhos que ele pedia, e esse último seria levar comidas típicas de países de língua inglesa.

— Culpa de Edward — murmurei, encarando-o do outro lado da sala.

— Minha? — indagou divertido.

— Não faz os trabalhos que o professor passa.

— Eu?

— Sim, eu faço os meus!

O professor começou a dizer o que cairia no teste, e ficou em dúvida se teria discurso direto e indireto ou não.

— Só os idiotas têm verdades absolutas, então irei deixar vocês na dúvida — disse o professor, escrevendo a revisão no quadro.

— Viu, Edward... — provoquei.

Sim, hoje eu estava atacada.

— E eu falo verdades absolutas? — rebateu rindo.

— Não sei... 

Depois ele disse algo ao professor, que lhe deu uma cortada, e eu fiquei vários minutos seguidos fazendo “pxiiiiiiii” com a boca, até que ele se virou diabólico e pegou uma folha de seu caderno, amassando-a e jogando contra mim, que desviei facilmente.

— Iiiiiiiiiih, errou, besta!

Ele amassou outra e fez menção de jogar em mim, mas eu estava alerta. Por minutos ficamos nesse joguinho, esperando quem ia desistir primeiro. Eric, que assistia nossas provocações bobas, apenas balançou a cabeça negativamente, rindo. Acabei me distraindo olhando uma anotação em meu caderno, quando recebo um baque no meio peito. Virei lentamente para ele, com o rosto de puro ódio, e ele apenas ria, junto com Quil.

Peguei a bolinha no chão e preparei para lançar nele. Fiz que ia jogar, mas desisti de última hora, e depois lancei rápido, mas ele conseguiu pôr a mão na frente. Droga.

Hora ou outra eu fazia umas caretas para ele, mexendo a sobrancelha ou dando sorrisos tortos. Como eu os amava! Ele apenas ria e ficava me olhando fixamente. Ele começou a falar sobre um filme lá pesado, perguntando a todos se alguém já tinha assistido, quando chegou em mim nem esperou eu responder e já foi logo dizendo:

— Você eu sei que não assistiu.

Encarei-o, entediada.

— Nããããão — respondi, provocando-o mais uma vez. Ele soltou um muxoxo.

Logo após a sala se encheu em uma discussão sobre Adele, porque o professor pediu para Eric dizer um exemplo de uma frase no futuro simples. Enquanto pensava, Edward disse:

— Adele virá para o Brasil.

Eric concordou e disse a mesma frase.

Adel — pirracei, enrolando a língua no final para dizer o “l”.

— É Adel mesmo — concordou Eric. — Os brasileiros que dizem “Adele”.

Adel, parece marca de computador — brincou o professor.

Edward se matou de rir, e soltou uma de suas perolas:

— Imagine ela aqui num show, o povo gritando “Adele” e ela: “Que porra é Adele?”. — E se mijou de rir depois. Até nós tivemos que rir com essa.

A aula hoje estava mais um mangue que tudo.

Descobri que Edward gostava de duas músicas do The Wanted, e zombei de sua cara, lógico. O professor escreveu um exemplo no quadro para explicar o assunto, “I liked Ted” — mencionando sobre o filme Ted —, e não tive como não rir na hora. Ted era o codinome de Edward. Um tempo depois, o professor escreveu um “eu gosto de pizza”, e não tive como não lembrar que meu avô chamava pizza de “pitz”. Claro, comentei isso com Eric, que estava ao meu lado, e depois li a frase no quadro quando o professor mandou. “I like pitz”.

Pitz! — repetiu Edward, dando aquela sua risada escandalosa de macaco engasgado.

Na hora de voltarmos para sala, ficamos comentando sobre os plágios do One Direction.

Quando voltei do intervalo para a sala com minhas amigas, vi Edward tirando sua cadeira que estava ao lado da mesa de Leah e meu sangue esquentou com isso. Eu não estava gostando nem um pouco dessa amizade deles! Ainda mais quando ele a abraçou pela cintura, e ela me olhou com um sorriso sem graça, dizendo um sonoro “Aaaah, Edward!”. Vadia. Ela sabia que eu tava com ciúmes.

Lembro-me um dia em que estávamos na sala, eu fingindo me entreter com Nessie, e Lauren e Leah ao meu lado, Edward parado conversando com elas. Ele estava enchendo o saco de Leah, quando ela disse:

“Edward... pare, porque alguém aqui vai ficar com ciúmes”.

Segurei o sorriso de vergonha que queria brotar em meus lábios. Como ela pode dizer isso?!

Ele continuou.

“Edward... já disse que alguém vai ficar com ciúmes...”.

“Quem é?”, disparou ele.

“Não sei...”, respondeu, mas não sei porque, senti os olhos dela caírem em mim.

“Quem é, Lauren?”, insistiu ele para minha amiga.

“Leah que sabe”.

Quando pedi para Leah me contar essa história depois, ela disse que na hora que falou que alguém iria ficar com ciúmes, ele olhou para mim. Ele com certeza já deve desconfiar de meus sentimentos, não é possível.

Tivemos que mudar de sala na aula de química, e para minha infelicidade, Edward sentou do outro lado da sala, perto do ar-condicionado, um lugar que minhas amigas nunca sentariam. Acabou que ele ficou em uma ponta da sala, e eu em outra. De vez em quando, eu dava uma olhava disfarçada para ele, e apenas duas vezes o peguei me olhando também. Quando Irina entrou na sala, pediu para que eu mostrasse novamente a foto a ela, e eu lhe passei. Edward estava prestando atenção em nossa conversa lá. No meio da aula, Irina o chamou para sentar perto dela, isto é, no bolinho do fundo, no qual Tânia e Kate vadia estavam presentes. Ele, lógico, foi correndo.

Quando o sinal bateu, tudo o que eu via era minha casa, então não tardei para sair logo com minhas amigas.

A parte cômica do meu dia viria a seguir. Fui embora com Lauren caminhando lentamente, para que Edward nos alcançasse em algum momento, isto se ele fosse sair agora. Enquanto estávamos paradas esperando o sinal fechar para podermos atravessar, fiquei falando a Lauren o quanto o cara que estava sentado ontem no ônibus — o que pegamos para ir para casa depois de passar na gráfica — era bonito. Eu comentava algo como rico e com olhos verdes, quando sinto um puxão no meu rabo-de-cavalo e tomo um susto, porém, já sabendo de quem se tratava. Edward.

Puxei meu cabelo de sua mão, ainda de costas, e quando virei a cabeça, ele estava praticamente já no meio da pista, quase em cima do carro que passava, sorrindo diabólico para mim. Um instante e ele já estava no outro lado da pista, quase correndo, pois seu ônibus já estava no ponto. Xinguei-o mentalmente, planejando como me vingaria de sua pessoa. 

— Argh! Como você acha que eu devo triturar Edward? Dar um chute em sua canela ou descontar o puxão no cabelo? — perguntei furiosa para Lauren, soltando a xuxa e ajeitando-a de novo. 

Ela riu.

— Um chute na canela é interessante.

Mas ele entrou no ônibus antes que chegássemos perto. Como estava engarrafado, seu transporte permaneceu parado no meio da rua. O vi caminhando e onde se sentou, no meio do veículo, do lado esquerdo, na janela. Ele também me viu, e como uma garota pirracenta, mostrei minha língua para ele. As mulheres que estavam logo na janela perto de mim acharam que era para elas, e me olhavam feio, mas pouco me importava. Edward me mostrou o dedo do meio, com aquele sorriso irritante brincando em seus lábios.

Continuei andando, fazendo careta para ele, que apenas se virava no banco, acompanhando-me com o olhar e fazendo gestos com as mãos. As pessoas na rua já estavam achando que eu era louca, e Lauren apenas se matava de rir ao meu lado. Quando parei com minha infantilidade, escutei um “psiu”. Imediatamente procurei de onde vinha, e notei que era um cara que estava sentado no fundo do ônibus que Edward tinha pegado. Ao olhá-lo, ele sorriu e balançou a mão para mim. Eca, ele era feio! Se possível, Lauren riu mais ainda.

Ah, Edward! 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aaaaah, a aula deles está acabando =[ Tenho mais dois capítulos prontos depois desse, já estou no penúltimo dia de aula deles. Espero que Edward faça alguma coisa!
Leitores que andam seguindo e favoritando a história, comente pessoinhas, pois não tenho apenas a Fabi e a Ana como leitores (meninas, amo os comentários de vocês, me divirto lendo!).
O próximo sai na quarta-feira! Beijinhos :)