3 de novembro de 2010

Não me recordava de nada nesse dia, porém, possivelmente, se Edward me contou que era seu aniversário, eu devo tê-lo desejado parabéns despretensiosamente.

16 de junho de 2011

Gincana da escola. Depois, férias. Rá! De quebra, meu aniversário. Pelo menos não seria como os demais anos, fazendo prova de matemática, ou outra qualquer. É, eu não queria estar aqui no dia do meu aniversário. Não mesmo. Mas tinha seu lado bom. Tudo que eu queria era que Caio me abraçasse, e me desejasse “Feliz Aniversário”, mas que sabia que isso não ia rolar. Estudávamos juntos há seis meses, e nunca trocamos um “oi” sequer. Meu pai era amigo dele, sendo taxista, já havia feito muitas corridas para sua mãe. Porém, nada disso influenciava a atitude de Caio vir falar comigo.

Estúpido.

Minhas fieis amigas, Lauren, Jessica, Nessie e Leah tinham um plano, juntamente comigo. Elas me desejariam parabéns perto dele, talvez o garoto se tocasse quando visse tantas pessoas me abraçando e tentaria se juntar, mas, assim como a maioria de meus outros planos, isso não aconteceu. Eu mal o vi na gincana, estávamos em equipes diferentes.

Em vez disso, Edward estava em minha equipe. Aquele menino lunático que, de algum modo, resolvera encarnar em mim, com suas piadas estúpidas e seu jeito superior de ser. Argh, por que ele não saía do meu pé mesmo?

Eu estava sentada em nosso “QG”, quartel general — onde guardava os materiais de nossa equipe —, Lauren ao meu lado e as meninas espalhadas por aí. Edward parou em minha frente, vindo de não-sei-onde.

— Feliz aniversário! — disse, sorrindo daquele jeito idiota-debochado.

Não quero seu parabéns, quero o de Caio! Argh.

— Obrigada — respondi, sem graça.

— Não vai dar nem um abraço na amiga? Que isso? — intrometeu-se Lauren, repreendendo a frieza de Edward.

Olhei para o seu rosto, e com um sorrisinho de lado, levantei e parei em sua frente, estendendo meus braços para rodearem em sua cintura, num abraço desengonçado. Ele fez o mesmo. Mal nos encostamos e eu já estava me separando dele.

Fitamo-nos sem graça, e voltei a sentar.

No dia seguinte, segundo dia da gincana, ia ser declarado o vencedor da prova principal do evento. Estávamos no “QG”, esperando ansiosamente o resultado, todos juntos. O líder entrou, olhou-nos e comunicou que tínhamos ganhado. Começamos a pular, animados, quando senti alguém me abraçar por trás, e uma cabeça sendo encostada em minha nuca.

Edward.

Confesso que me assustei com sua atitude e, quando ele percebeu, soltou-me imediatamente. Aquilo foi muito, muito estranho.

3 de novembro de 2011

Aniversário de Edward. Todo mundo abraçando-o animadamente na sala, desejando-lhe feliz aniversário. Ele chegou, foi para o fundo da sala, e lá ficou. Estávamos meio que brigados. Como sempre. Ele não estava falando comigo. Eu queria abraçá-lo também. Minha vergonha era maior. A oportunidade perfeita nunca chegou.

Em casa, fitei sua página do facebook. Não, eu não ia fazer isso, seria muita idiotice. Eu o vi hoje, pela manhã, não iria mandar um parabéns muxoxo por uma página do facebook. Só demonstraria minha vergonha. Fechei sua página e fingi que não era seu aniversário. Se ele quisesse pensar algo de mim, que imaginasse que eu não me importava mais com a sua pessoa, e por isso, não lhe desejei parabéns.

Eu ainda sairia com uma atitude superior.

Como eu era infantil.

Nem ao menos me convidara para a sua festa de aniversário...

16 de junho de 2012

Sábado. Entediante sábado. Todos meus planos para um aniversário perfeito foram pelo ralo. Ninguém me mandava parabéns pelo facebook. Eu tinha me tornado tão insignificante assim? Saí com meus amigos. Depois de afogar minhas mágoas com um copinho de refrigerante, descobri que minha privacidade tinha ocultado meu aniversário na minha página do face. Ninguém sabia que hoje era meu aniversário.

Que tapada, Senhor.

Assim que cheguei em casa, corri para mudar isso. Logo os parabéns foram aparecendo, Edward online desde cedo. Parabéns, parabéns, parabéns. Nada de Edward. Nem Caio. Mas, por incrível que pareça, eu estava pouco me importando para o parabéns de Caio. Isso me cheirava a uma boa lição de vida. É, era uma lição de vida mesmo.

Nada de parabéns de Edward.

Segunda, primeiro dia de gincana. Lá estava eu abandonada em uma cadeira, no “QG”, minhas amigas por aí. Edward estava rodando pela sala quando parou em minha frente. Fitei-o e senti uma sensação de déjà-vu.

Ele iria me abraçar?

Eu queria o seu abraço. Ah, como eu queria.

Mas ele não veio.

— Seu aniversário foi sábado, não é? — perguntou, como quem não queria nada.

— Sim. — Fiquei em silêncio, mas emendei, sem pensar: — E você nem me deu parabéns — choraminguei.

Que tom meloso era aquele, Senhor? Aff!

— Eu estava na emergência, deixei o face aberto. Tive ataque de alergia, tenho que tomar meus comprimidos — explicou, tirando um embrulho do seu bolso, um papel amassado, e abriu, mostrando pílulas brancas minúsculas enroladas ali.

— Vish — foi tudo o que eu consegui dizer.

E por que você não me dá parabéns agora, seu idiota?

Saiu de lá. Nossa relação era mesmo muito estranha.

3 de novembro de 2012

Prova da UCC. Pobre Edward, belo presente de aniversário. O garoto já tinha anunciado previamente a semana inteira do seu dia. Mas eu não daria parabéns pelo facebook. Pretendia fazer isso pessoalmente, assim que nos encontrássemos na escola. Só esperava que desse certo, pois seria uma ótima desculpa para abraçá-lo.