Eu, Eu Mesma E A Voz escrita por caarolrafaela


Capítulo 2
Capítulo 2 - Por favor, me mate


Notas iniciais do capítulo

Uma garota triste e um livro misterioso. Quem será que escreveu?



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Acordei assustada com o toque escandaloso do meu celular, tudo parecia estar girando ao meu redor. Na identificação de chamadas estava escrito Ju, apertei em atender.

- Ju? - atendi com a voz meio sonolenta. Ela parecia estar chorando do outro lado da linha. - O que houve?

- Marta, eu não aguento mais isso.

- Isso o que? Respira e tenta me explica porque eu não estou entendendo.

- Meus pais, Marta, todos os dias, vivem brigando. E eu? Estou no meio dessa história toda, sem saber o que fazer. Tendo que escolher entre um e outro.

- Como assim escolher?

- Eles estão se separando.

Vários minutos se passaram em silêncio enquanto eu pensava em que eu diria a ela. Estava triste, claro! Mas me sentia bem, pois só assim ela viveria em paz.

- Ju, me ouve. Você não acha que é melhor assim? Tipo, agora eles não vão mais brigar. Além do mais, você vai continuar vendo-os.

Ela não me respondeu e acabou desligando o telefone na minha cara. Não fiquei sabendo se de propósito ou se tinha sido forçada por alguém. De qualquer forma, naquele momento eu já tinha perdido meu sono, então decidi ler um livro que encontrei na estante do meu pai. O título era Por favor, me mate, cujo foi o que mais me chamou atenção.

Logo nas primeiras páginas continha um aviso: "Qualquer semelhança com a realidade, não é mera coincidência." Achei estranho, mas aquilo não me impediu de ler.

Dois dias depois...

O livro continuava na minha bolsa depois de eu ter terminado de ler. A semana estava começando e encontrei minhas duas amigas conversando no corredor perto da nossa sala de aula. Fui me aproximando, não via a hora de contá-las sobre a incrível história cuja passei o fim de semana inteiro lendo.

- Oi meninas, como estão? - perguntei meio feliz, meio triste.

- Eu estou bem. - respondeu Tara. - Mas não se pode dizer a mesma coisa da Ju, não é?

- Ainda estou chateada por aquilo que me disse sábado. - disse Ju levantando a cabeça pela primeira vez desde que eu chegara e me olhando nos olhos. 

- Desculpa, não pensei que fosse ficar chateada. Afinal de contas, as coisas acontecem sem que possamos controlar, é inevitável. Você pensa que foi fácil quando minha mãe morreu? Não, mais eu tive que conviver com isso.

- Poxa Marta, eu sou uma idiota mesmo! - Ju parecia triste nesse momento. - Fico reclamando de coisas que nem interessam a ninguém, enquanto você está cheia de problemas bem mais graves. 

- Chega desse assunto, quero que façamos uma promessa. - interveio Tara. - Que tal se guardássemos nossos problemas em casa? Assim a escola, é só a escola.

- Que bom, porque tenho uma novidade, tipo muito tensa pra contar pra vocês. - não consegui me segurar. - Encontrei esse livro na estante do meu pai. - coloquei-o em cima de um balcão - É simplesmente incrível!

- O título dá medo. Fala sobre o que?

- Sobre mim.

As duas se entreolharam e percebi um ar de confusão.

- Não entendi. - disse Tara.

- Parece louco, mas conta a história da minha vida. E podem olhar, não tem nenhuma editora, foi impresso em uma impressora qualquer.

- Está dizendo que escreveu um livro?

- Eu não sei. Mas parece comigo, com o jeito que eu escrevo, sabe? 

- Marta, eu acho que você está enlouquecendo, só isso. Não tem como você ter escrito um livro que você não sabe que escreveu. É impossível! 

- Eu não sei o que está acontecendo, mas eu garanto que vou descobrir.



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