Um toque francês escrita por lufelton


Capítulo 14
Capítulo 14- Fonte dos Desejos


Notas iniciais do capítulo

Tudo bem, eu exagerei um pouquinho nas palavras neste aqui... Mas juro que foi necessário!
Em todo caso, agradeço mais uma vez aos elogios. Sim, são poucos, mas são maiores do que vocês podem imaginar! Estou me dedicando cada fez mais por causa disso. Ontem, por exemplo, passei a noite inteira escrevendo esse. Mas foi com muito prazer!
Enfim, espero que gostem..
Beijos e até as notas finais Hahahaha



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Muitos dias se passaram normalmente. Desi e Ed se desentendendo como sempre, os treinos incansáveis da dança, Sophie e suas implicâncias, Amber e suas intermináveis mensagens e o estranho comportamento de Morin em relação a mim.

É, posso dizer que isso vem sendo o normal de cada dia.

Já era final de Agosto e, na medida em que o tempo corria, a temperatura ia baixando. Em breve, fatalmente, estaríamos abaixo de zero. As semifinais estavam marcadas, coincidentemente, alguns dias antes de meu aniversário. Todas as equipes se reunirão em Amsterdã, capital da Holanda, para que as apresentações sejam ocorridas. E, por incrível que pareça, eu já não estava mais ansiosa para que isso acontecesse. Nada ligado à dança, mas tudo à Sophie. Ela estava cada vez mais insuportável e, quando a treinadora faltava, ela se abusava do poder. Eu era extremamente agradecida à Desirée e Margot por estarem ao meu lado, defendendo-me ou, impedindo-me de começar uma briga. Afinal, era muito injusto.

– Senhorita Kimberley, poderia conjugar esse verbo para mim em francês? – despertou-me a professora Robin.

–Bem... Não. –respondi.

– Então preste atenção na aula, assim você não irá passar nem no nível básico. – retrucou com aquela voz enjoada, fazendo-me revirar os olhos.

Aquela aula já era insuportável, só pelo fato de eu estar sozinha. Afinal, Morin, Desi, Ed e eu fomos separados pelo nível de vocabulário. Todos eles foram para o nível avançado.

Menos eu.

Uma risada nem tão desconhecida havia chamado minha atenção. Quando me virei para ver quem havia se exaustado, notei a presença de David em algumas classes mais distantes.

Sim, era ele quem havia rido.

Porém, eu apenas voltei a minha posição normal para que eu pelo menos tentasse prestar atenção em alguma coisa sutil e não em David. O restante da aula passou rápido. Ela havia apenas mostrado mais alguns cumprimentos básicos em francês para que nós praticássemos no quarto. Anotei o que devia e comecei a juntar as minhas coisas para que eu fosse logo embora. Notei que David estava vindo lentamente em minha direção, sorrindo maliciosamente. Por isso, comecei a por tudo de qualquer jeito em minha mochila e me virei rapidamente para poder sair dali.

Mas, infelizmente, ele havia me alcançado.

– Ei, você por aqui. – ele disse, como se já me conhecesse o bastante para dizer uma coisa dessas. Eu apenas o olhei e segui meu caminho novamente.

Pelo menos, tentei.

– Não vai falar comigo? – insistiu, rindo graciosamente.

– Nem conheço você. – respondi secamente.

– Ah, é claro... Meu nome é David e você é aquela amiga de Morin: a Dr... – disse, fazendo cara de quem havia se esquecido.

– Drew. Sim, sou eu mesma. – cortei-o, caminhando ainda mais depressa.

– Não precisa fugir de mim. Eu não mordo. – e sorriu maliciosamente.

– Eu não estou fugindo de você. Só estou... Com pressa. – disse, mas estava com mais vontade de responder o quanto ele me enojava com seus olhares e sorrisos.

– Ah! Que pena! Queria te conhecer melhor... Acho que começamos com o pé esquerdo aquele dia. – admitiu, pondo seu pé na porta do elevador, impedindo que elas se fechassem.

– É, uma pena mesmo. – disse, sarcasticamente. Ele apenas riu, tirou o seu pé e disse:

– Até mais, princesa. – e a porta fechou. Eu estava confusa: não sabia se sentia alívio por ele não estar mais ali ou, irritada por ele ter me chamado de princesa novamente. De qualquer forma, eu já estava indo para o meu quarto, depois de um dia longo de aula, treino e aula após treino.

Ao entrar em meu aposento, simplesmente, joguei-me na cama. Eu estava tão cansada que era capaz de ficar dias deitada, sem mexer um simples músculo. Até que meu celular de repente despertou e fui atrás para ver o que era.

“Amanhã é sábado, então não espere que eu aceite suas desculpas tolas de que não pode falar comigo. Fique atenta, francesinha!

Com saudades, Amber/Vagance.”

Sorri ao ver a mensagem. Eu sentia falta de Vagance, mas, como eu havia imaginado, estava cada vez mais difícil de responder os seus e-mails. Afinal, estou criando intimidade com Paris. A dança, os novos amigos, as novas responsabilidades me fazem focar no meu presente, que está aqui e não em Londres.

A batida que vinha da porta atrapalhara meus pensamentos, mas a voz que ecoava de fundo, automaticamente, reorganizara todos eles.

– Drew? – era Morin quem me chamava.

– Estou indo. – disse, levantando-me rapidamente para ir em direção à porta. –Droga! – um flash estourava em meu rosto ao lhe abrir.

– Tive que recordar esse momento, desculpe. – ele ria, entrando em meu quarto.

– Seu ridículo! Apaga isso. – disse, tentando alcançar seu Iphone. Porém, ele havia pegado minhas mãos de surpresa, impedindo que eu as tirasse das suas.

Não que eu realmente quisesse tirá-las, pensei.

– Calma, Drew. Daqui a pouco você consegue. – disse, referindo-se às mãos presas. Porém, quando finalmente consegui retirá-las de suas garras, peguei um travesseiro e joguei em seu rosto. Como revanche, ele veio atrás de mim novamente, pegando minhas duas mãos enquanto eu me afastava em direção à cama. O problema é que fomos capazes de tropeçar no caminho, caindo um em cima do outro em minha cama.

Um em cima do outro: Morin em cima de mim.

– Ah! – rugi de dor, pois ele havia caído com tudo em cima do meu estômago.

– Você mereceu. – levantou-se.

– Sem mais lutinhas pelo resto do ano. – disse, olhando feio para ele, enquanto mantinha minha mão em minha barriga.

– Nem foi nada demais... Afinal, o que vamos fazer hoje? – perguntou.

Espere aí: “Vamos”?

– Bem, eu não tinha nenhum plano para hoje. Você sabe, ando mui...

– Você já conheceu Paris? – interrompeu-me.

– Quê! Paris? Bem... Ainda não. – respondi.

– Como assim você não conheceu Paris? Não conheceu nada? Nada? Nadinha mesmo? – ele perguntava incrédulo com minhas respostas negativas. – Então hoje eu vou te mostrar Paris, pelo menos uma parte.

– Ah Morin, muita gentileza sua... Mas estou muito cansada. Aliás, tenho dever de francês para fazer. – fui sincera, por mais que o que eu mais quisesse no momento, fosse pegar sua mão e irmos em busca de algo novo em Paris.

– Ah, Drew! Por favor... Faça amanhã. Conhecer essa cidade é mais importante do que qualquer dever. Por favor! – insistia, insistia e insistia. Estava difícil não ceder, ele me deixava completamente boba. Mas o que mais me amolecia por dentro era o fato de ele insistir em me convidar e nem sequer referir-se à Claire.

– Você diz isso porque você fala francês fluentemente... Dési e Ed não querem ir? –perguntei, esperando que a resposta fosse não.

– Eles estão naqueles dias... Você sabe! Não dá para aguentar. De qualquer forma, eles já conhecem Paris, mas você, que é uma inglesa muito teimosa e orgulhosa, ainda não. Vamos, não vou oferecer de novo se não aceitar. – disse com aquele sotaque irritante que eu tanto admirava. Eu sabia que eu iria ceder, era impossível não ceder aos seus olhos. Azuis como duas amoras implorando para que fossemos juntos visitar Paris. Eu não podia jogar fora esse convite.

– Você é muito chato, sabia? – disse, indo em direção ao guarda-roupa.

– Isso significa um sim? –perguntou esperançoso.

– Não. Significa que você é chato mesmo... Tá, tudo bem! Eu vou. – disse, fazendo-o sorrir.

– Sabia que você aceitaria. – disse, orgulhando-se de si mesmo.

– Cuidado, eu ainda posso recusar. – disse firmemente. Fazendo-o revirar os olhos e sorrir ao mesmo tempo.

– Vamos então? – disse, apontando a cabeça para a porta.

– Quê! Você está brincando, não é? Ainda tenho que me arrumar. – disse indignada, como se fosse a coisa mais óbvia que eu faria se aceitasse o pedido.

– Tá bom, mademoiselle. Tá bom! Mas rápido, estou perdendo a paciência. – disse, sarcasticamente. Fazendo-me olhar feio para ele. Então, fui em busca de alguma roupa que fosse agradável para essa noite.

O problema era: Qual seria?

Eu ficava cada vez mais nervosa, enquanto tentava escolher algo para vestir, sabendo que ele estava me observando e também esperando por mim.

Até que meu celular, de repente, tocou.

– Que droga! Por que as pessoas decidem me ligar justamente há essa hora? – pensei em Vagance, batendo os pés no chão, enquanto ele me alcançava o celular que eu havia deixado em cima da cama.

E, quando estava com o celular em minhas mãos, levei um horrendo choque.

Não era Vagance.

Era Michael.

Por um momento, fiquei encarando o celular, perguntando-me se eu iria atender ou não. Mas só de pensar que há alguns dias tudo o que eu mais queria era receber uma ligação de Michael, deixava-me sufocada. Porém, o momento era inoportuno. Eu não iria atender, não com Morin aqui.

– Não vai atender? – perguntou-me Morin, estranhando minha expressão.

– Hã? Ah... O celular... É... Bem... Vou. – disse, sorrindo forçadamente e logo aceitando a ligação.

– A-Alô? – gaguejei.

– Achei que você nunca fosse atender. – era ele. Era Michael. Eu sentia uma sensação de conforto invadir meu corpo levemente. Mas isso logo havia acabado quando eu avistei Morin me encarando. Eu me sentia tão falsa por isso.

– O celular estava distante. – usei como desculpa.

– Não pode estar tão distante quanto você. Qual é? Mudou de nacionalidade? Virou francesa? Todos estão falando de você. – disse, alegrando-me com a importância de todos.

– Você sabe que não. Continuo a inglesa de sempre. –disse, desanimada, pois eu sabia mais do que ninguém que eu não queria mais ser aquela inglesa de sempre.

– Tem certeza? A inglesa que conheci não me abandonava.

O quê? Ele havia realmente dito isso? Ele disse que eu o havia abandonado. Como esse patético pode ter dito uma coisa dessas?

Sem perceber, eu fazia caras e bocas enquanto estava no telefone. E, muitas delas, faziam Morin rir baixinho.

– É ele. – sussurrei para Morin, apontando a cabeça para o quadro em que estava eu e Michael ao longo da mesa.

– Ah. – ele concordou.

– Drew? – chamou-me Michael.

– Ah desculpa, eu estava... Falando com Morin. – disse, fazendo Morin olhar para mim de repente.

– Morin? Quem é Morin? –perguntou desconfiado.

– Ele é meu amigo, ele vai me mostrar Paris daqui a pouco. – disse, piscando para Morin.

– Amigo? Por isso que você anda tão sumida... Arranjou um namorado francês.

– Quê! Não! Ele é só meu amigo. Aliás, ele tem namorada... Irá ser só uma saída de amigos, Michael. –disse, sabendo que tinha lhe informado mais do que devia.

– Tudo bem! Acredito em você. Aliás, liguei para você somente para dizer que estou com saudades e que gostaria de te ver, quando você voltasse para Londres. – e meu coração de repente despertou novamente. Fez-me ter que respirar longamente três vezes para que eu soubesse o segredo de se obter oxigênio.

– Ah... É... Também estou. – não menti.

– Melhor falarmos depois. Notei que não estamos com tanta privacidade assim. Até mais e me ligue! – disse, desligando a chamada.

E ele poderia ter certeza de uma coisa: eu não iria ligar.

– Seu namorado é ciumento? – perguntou Morin, propositalmente, rindo baixinho.

– Não, só é desconfiado. – respondi, voltando minha atenção às roupas. – E Claire? –perguntei.

– O que tem ela? – perguntou, secamente.

– Nada... Só queria saber como ela está ou, como vocês estão. – porém, ele havia apenas dado de ombros e eu sabia que ele não iria dizer mais nada fora isso. Portanto, peguei apenas uma camiseta com mangas compridas e fui até o banheiro trocar. Ao sair, notei que ele já estava na porta esperando por mim e, então, dei uma última olhada no celular, perguntando-me se seria necessário levá-lo, mas ignorei esse pensamento e fui até Morin, com um sorriso no rosto.

– Pronta, mademoiselle? – ele perguntou sorridente.

– Prontíssima, monsieur. –disse, acompanhando-o até o elevador.

Ao passarmos pela porta de entrada, sentimos aquela brisa de inverno penetrar-se em nossos corpos, capaz de nos fazer bater os queixos.

– Então... Aonde vamos? – perguntei mostrando curiosidade.

– Hoje não poderei te mostrar tudo, devido ao tempo. Mas juro que, na próxima vez, vamos conhecer toda Paris até abaixo de chuva, tudo bem? E para hoje, eu pretendia te mostrar algo diferente. – disse, deixando-me ansiosa.

– A torre? – perguntei alegremente.

– Eu disse: algo diferente. – e sorriu levemente.

– O que? Vai me mostrar igrejas?

– Não, hoje não. Para quem nunca conheceu Paris eu começaria por um lugar meio longe daqui, mas que vale a pena ir. Vale a pena ser o começo de tudo. E antes que você pergunte, não vou contar. – disse, fazendo-me revirar os olhos.

E lá estávamos nós, caminhando perante os chãos gélidos de Paris.

– Morin, o que é aquilo? – apontei para o tal lugar.

– Aquilo o quê? – seguindo a direção de meu dedo.

– Aquela... Aquela cúpula dourada. Eu sempre vejo esse lugar da janela de meu quarto, mas não sei o que é.

– Ah, você está se referindo ao Hôtel des Invalides.

– Repita.

Invalides. – soletrou.

In... Inva... Invelides? – tentei.

– Quase. –riu de minha deplorável tentativa- Os Invalides foram construídos, a mandato do rei Luís XIV, para dar assistência aos seus soldados inválidos do exército. Ele quem disse: “ceux qui ont exposé leur vie et prodigué leur sang pour la défense de la monarchie passent le reste de leur jours dans la tranquillité”, que significa: “Aqueles que expuseram as suas vidas e derramaram o seu sangue pela defesa da monarquia que passem o resto dos seus dias na tranquilidade”. – disse orgulhoso de seu bom francês.

– Então, foi daí que veio o nome. Soldados Inválidos para invalides. Meu deus! Eu consegui pronunciar direitinho, você ouviu? – disse, extremamente alegre com minha conquista: mais uma palavra em francês pronunciada.

– Ouvi sim! Parabéns... Logo, logo você estará falando francês fluente, como eu, Desi e Ed. - animou-me.

– Mais alguma coisa que eu não saiba sobre os Invalides? – disse e dessa vez pronunciei com gosto a palavra.

–Bem... Vamos ver... Ah, sim! Napoleão está enterrado na capela dos Invalides.

– Sério? Nossa, eu jamais poderia acreditar que Napoleão estivesse enterrado... Quero dizer, encontraram o corpo dele, o qual está preservado em um túmulo até hoje. Uma relíquia, eu diria. – impressionei-me com a pouca sabedoria que tinha sobre a história da França.

– Concordo. Uma grande relíquia! Sem ele, a França não seria a mesma. – opinou.

– Sim e tudo por causa da Rússia. Por que ele tinha que ter ido até lá? A França estava indo tão bem... – perguntei mostrando indignação.

– Naquele tempo não havia informações climáticas e muitos menos câmeras que mostrassem como a Rússia estaria naquele momento. Existia apenas coragem e um conhecimento básico de cada soldado, e era o que bastava para se continuar uma guerra. – explicou-me. – E veja bem, você está defendendo a França! Uma inglesa defendendo a França. Milagre!

– Não se exauste, afinal eu sempre gostei das batalhas da França, mas a Inglaterra sempre mostrou sua grandeza. E até hoje mostra. – disse orgulhosa de meu país.

– Estava demorando... – debochou de minha opinião. – Olhe! Naquela direção, um pouco mais distante, está o Museu Rodin, de Rod...

– François Auguste René Rodin, é claro! O escultor francês.

– Uau, esse você sabe pronunciar. – disse, fazendo me revirar os olhos enquanto ele ria. – Estou brincando! E você está certa, ele era um escultor francês muito famoso. Suas obras são reconhecidas até hoje.

– “O pensador” é a mais famosa, não é? – perguntei, enquanto ele concordava com a cabeça. – A arte, por mais simples e insignificante que seja para algumas pessoas, sempre foi uma de minhas matérias que eu mais tinha facilidade. Eu adorava estudar os artistas, as características de cada obra e o sentimento de cada um deles. Era muito empolgante.

– Eu sempre fui ligado à história. Costumo ler muitas histórias relacionadas às guerras, seja qual forem elas. – admitiu.

– Nem percebi! É capaz de eu apontar para aquele mísero pedaço de pedra e você começar a me contar toda a sua cronologia. – disse, fazendo-o rir.

– Estamos chegando, engraçadinha. Só precisamos atravessar a ponte. – apontou com a cabeça para a ponte que atravessava o Rio Sena.

– Está frio aqui. – disse, esfregando minhas duas mãos, para que elas pudessem se esquentar.

– Quer o meu casaco? – ofereceu-me Morin.

– Quê! Claro que não. Você vai morrer de frio. – respondi firmemente.

– Não se incomode com isso. – e tirou o casaco que o cobria, dando-lhe para mim.

– Não sei como agradecer. – disse, pegando o casaco de suas mãos e pondo sobre minhas costas gentilmente.

– Vai me agradecer quando chegarmos lá. Vamos! – disse, apressando o passo.

Quando chegamos, eu simplesmente paralisei. A noite caia sobre os ombros de Paris, mas as luzes amareladas não deixavam que ela caísse por inteira. Nesse lugar onde Morin havia me trazido, havia uma fonte extremamente requintada, em que nela se encontravam Deuses perante suas lindas bordas de um mármore preto. Próximo a ela, encontrava-se uma coluna fina e alta que me fez lembrar aquele prédio meio caído na Itália. Ao redor, encontravam-se prédios que aparentavam serem parlamentos, rodeados com as bandeiras da França, logicamente. Por perto, havia uma roda gigante, a qual me deu um grande aperto no coração, pois havia me recordado a London Eye, em Londres. O Arco do Triunfo podia ser visto e admirado à quilômetros dali e, por fim, a imperdível e insaciável Torre Eiffel, que completara a minha volta de 360°.

– Bem vinda à Place de La Concorde. Agora sim, podemos dizer que você está em Paris! – disse Morin, observando-me cada vez mais admirada. – Então... O que achou?

– Nossa Morin... Eu não tenho palavras pelo o que você fez hoje! É perfeito, tudo está perfeito! – eu sorria, dando mais voltas em círculo.

–Ainda não terminei! Venha ver a fonte. Ela é conhecida como “A fonte dos desejos”. – disse, guiando-me até ela. – Eu sei que, praticamente, todas as fontes que as pessoas olham pensam que todas elas realizarão os seus pedidos, mas essa é diferente. Ela realmente realiza os desejos. – disse firmemente.

– Como você sabe? –perguntei curiosa.

– Um pedido meu se realizou. – disse, ainda encarando a fonte.

– Ah... Então, vou tentar. – disse, pegando uma moeda de meu bolso. Ele repetiu o gesto. – Eu desejo...

– Não diga em voz alta! Você tem que dizê-lo somente em pensamento. – alertou-me.

– Ah, tudo bem! Desculpe.

Sinceramente, eu não sabia o que desejar. Há alguns dias, tudo o que eu mais queria era voltar para a Inglaterra, mas hoje eu já não sabia se queria isso. Desperdiçaria um desejo se pedisse isso, pois eu sabia que estava aprendendo a ser feliz aqui. E tudo por causa de Morin.

Morin.

O garoto o qual me encantou desde o primeiro dia, aquele quem me recuso a acreditar que amo, mas que na verdade, não sei mais o que sentir. Ele me deixou a vontade desde o começo, apresentou-me a seus amigos e, se não fosse por ele, eu não estaria aqui. Ele é lindo, inteligente, engraçado, talvez tudo que uma menina sonhe em ter, mas eu também não sei se o mereço. Ele tem uma namorada e isso me tornaria muito egoísta se eu o pedisse em desejo. E Michael, o garoto o qual eu gostei por tanto tempo. Lindo menino de olhos verdes como esmeraldas. Sinto falta de seu sorriso, de ver seus olhos todos os dias, de sentir o seu cheiro, mas o que ele havia feito eu não sei se suportaria perdoar. Então, pensei em um modo de fazer o pedido:

Para que, seja qual for a minha decisão, eu seja feliz. E joguei a moeda no poço. Quando abri os olhos, vi que Morin ainda me observava como se estivesse tentando decifrar o que eu havia pedido.

– Vamos? – disse cortando nossos olhares.

– Vamos. – e eu o segui até voltarmos para a ponte.

– Muito obrigada, Morin. De verdade! Eu amei o lugar. – disse, porém eu não havia percebido que estava sozinha. Quando me virei para procurar por ele, vi que ele estava literalmente paralisado, com os olhos focados em uma só direção. Assustei-me e fui rapidamente até ele.

– Morin? O que aconteceu? – disse. Vendo que ele não respondia, tentei olhar para o que ele tanto observava. Mas não havia nada, além de uma criança e um adulto atravessando a rua mais a frente. E do outro lado, duas garotas.

Aí minha ficha caiu.

Não era duas simples garotas.

Eram Claire e mais alguma amiga sua, que dialogavam elegantemente em francês.

Até que elas nos avistaram.

E eu também havia ficado paralisada. Eu esperava conhecer Claire, mas não assim, não agora, não nesse momento em que eu e Morin estávamos sozinhos. Ela caminhava elegantemente, vestida em um vestido curto vermelho que destacava suas pernas torneadas. Seu cabelo era de um loiro natural perfeitamente ondulado e o seu rosto era uma mistura de pinturas de Leonardo da Vinci e Éugene Delacroix, ou seja,

Mais bonita do que eu havia imaginado.

– Morin? Não acredito! – disse em um sotaque francês perfeitamente soletrado. E quando se aproximou, estalou um beijo em seus lábios.

Nos lábios de meu Morin. Nos lábios do homem que eu tanto sonho em ter um dia.

Ela havia o beijado

E eu havia visto.

– Claire, essa é Drew. Eu estava... Mostrando uma parte de Paris para ela. E Drew... Essa é Claire... M-Minha namorada. – disse, envergonhado.

– Prazer. – ela disse gentilmente, olhando-me de cima a baixo. – Meu namorado é muito gentil, estou impressionada. – disse, apertando-lhe as bochechas, fazendo com que eu virasse a cabeça rapidamente para que aquela cena, eu não visse novamente.

– O prazer é meu. Morin fala muito de você. – menti, fazendo-o olhar para mim de repente.

– Fala? –disse, olhando timidamente para ele.

– Você não sabe o quanto. – menti novamente. Eu não sabia por que estava fazendo aquilo.

– Você é um fofo. – disse a ele. - E acho que já está tarde demais para você voltar para Strangers Place, vamos... Tenho que te mostrar o flat em que estou morando. – e arrastou-o pelo braço, impedindo que ele, ao menos, se despedisse.

Porém, ele virou a cabeça para trás várias vezes, tentando me avistar e fazendo sinais de quem sentia muito. Eu apenas sorri para ele e fiz sinal de que estava tudo bem.

Mesmo sabendo que não estava.

Ele continuava tentando chamar minha atenção, mas eu simplesmente o ignorei e segui meu caminho em direção à fonte. Entristecida.

Não pelo o que havia acontecido

Mas sim por eu estar, novamente,

Sozinha.



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Notas finais do capítulo

É... Nem tudo é o que queremos, não é?
E como eu dizia... O amor pode ser lindo, mas para ele ser realizado exige suas barreiras.
E se Drew realmente quiser esse amor, ela terá que enfrentar essas barreiras. #fikdica
Muito obrigada por ter lido, beijos e que venha o capítulo 15!!!



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