Um toque francês escrita por lufelton


Capítulo 1
Capítulo 1- Sem Defeitos


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Londres.

A mais eletrizante, fantástica e inspiradora, Londres. Amo esse lugar. Você deve estar pensando, como essa maluca pode gostar tanto de um lugar que vive há mais de 16 anos? Nem eu sei. Apenas não me defina como maluca, porque orgulho, amor e valorização são o que caracterizam o meu sentimento pelo lugar onde vivo e digo mais, não sou a única nesse grupinho de orgulhosos. Ou você realmente acha que os americanos não sentem orgulho por serem americanos, ou os franceses por serem franceses, ou até os japoneses por serem japoneses? Então, eu também sinto isso e é super normal.

Mas lógico, tenho que concordar com você que esse amor não surgiu por nada e, creio que a minha vida seria a melhor resposta para isso. Ela é simplesmente maravilhosa, nunca tive e não tenho do que reclamar. Sempre foi assim. Vivo com meu pai e minha mãe em Talbot Square, em um condomínio de casinhas coladas uma ao lado da outra, repletas de flores coloridas em suas paredes, como se fossem pinturas planejadas e, logo materializadas perfeitamente nas duras paredes de concreto que fariam Michelangelo chorar por nunca terem saído de suas mãos uma beleza tão distinta como essa. Dentro desse pequeno pedaço de perfeição que se chama casa, moramos eu e meus pais. Meu pai é publicitário, passa quase o dia inteiro trabalhando com comerciais. Já minha mãe é médica e também passa a maior parte do tempo trabalhando em seu consultório. Entretanto, não me importo muito com isso, aprendi a me virar sozinha e sempre quis ser independente.

As razões por eu ser tão feliz não acabam aqui. Não. Estão ainda um pouco longe de terminar, até porque já faz 3 anos que decidi trocar de escola e estudar em uma das melhores do país, onde conheci os amigos mais fantásticos que poderiam existir. Consequentemente, toda essa mudança fez com que eu quisesse me olhar de forma diferente, então decidi me transformar. Pintei meus cabelos lisos para um tom de castanho escuro, os quais sempre quis ter, pois sempre soube que se destacariam com meus olhos absurdamente azuis. Não gostava nenhum pouco de meu sorriso aos 12 anos, era como se pudesse passar uma bola de futebol entre o buraco dos meus 2 dentes incisivos. Por isso, pus aparelho imediatamente e aos 14 anos, alguns dias antes de entrar para a nova escola, era como se eu estivesse com uma placa dentária nova. Mas, voltando ao que realmente interessa, minha vida não é nenhum pouco difícil. Pelo menos, eu não considero pegar metrô e ônibus uma coisa muito complicada. Até que é confortável e isso nunca me enjoou. Tudo porque Londres é insaciável para mim. Interminável. Irresistível. Insubstituível, Londres.

Pelo menos, era isso o que eu achava.

Então, finalmente me apresento: Meu nome é Drew Kimberley e, como deu para notar, sou inglesa e tenho 17 anos (farei 18 em Setembro). Estudo na Westminster School, onde me encontro com Amber e Peter todos os dias. Amber não é inglesa e sim americana. Seu pai é diplomata, por isso ela e sua família viajam para vários lugares do mundo para morar a cada 3 anos. Esse é o último ano dela aqui em Londres e logo ela terá que parar de ser uma pessoa normal e viajar para um novo lugar como se tivesse que começar tudo de novo. Sim, é muito triste para ela, mas não tanto quanto é para mim. Pois ter que ver sua melhor amiga partir é uma das piores sensações do mundo. Amber é fantástica e sempre digo a ela que o fato disso é por ela ser diferente de todas as outras meninas da escola. Estilo, jeito, gostos diferentes. Costumo chamá-la de Vagance, por ela ser extravagante. Temos várias coisas em comum, mas o vício pela dança sempre foi o que mais nos caracterizou. Nós duas fazemos dança na academia da escola, onde Amber é a capitã do time. Competimos em vários países e até hoje, ganhamos apenas medalhas de ouro, graças à nossa determinação e dedicação às aulas.

Foi pela dança que conhecemos Peter, ele é o nosso professor. Amigão, inteligente, lindo, brilhante dançarino e gay. Apesar de tudo isso, vivemos nos desentendendo. Vagance sempre começa a rir com as nossas brigas o que sempre é o motivo final delas, pois acabamos sempre rindo juntos. Nem parece que daqui a 2 meses teremos a competição do ano e a triste despedida de Vagance. Vou sentir muita falta disso. Claro que sempre terei Peter comigo, mas nunca será como é com Amber.

Hoje, tivemos que escolher a música final para a nossa coreografia que será apresentada dia 16 de Outubro. Ficamos entre On the Floor e Toxic e, no final, escolhemos a última, da Britney Spears. Não será tão difícil dessa vez, pois depois de já ter apresentado 2 músicas dela, os passos se tornam cada vez mais fáceis de acompanhar. Vagance me perguntou se eu queria almoçar em sua casa depois do treino, mas não pude aceitar. Não dessa vez em que Michael me convidou primeiro. Nem que ele tivesse me convidado depois, não dava para recusar. Ele é lindo, mais velho e trabalha na lanchonete do lado da escola. Todas as meninas vão lá só por causa dele, mas ele nunca dá atenção para elas. Afinal, desde que demos nosso primeiro beijo, não paramos de sair para almoçar, jantar ou pegar um cinema. O que me fez concluir que estamos namorando. Após ter dito o motivo à Vagance pelo qual tive que recusar, ela me entendeu perfeitamente e me desejou toda sorte do mundo com ele hoje.

Um dos motivos pelo qual a amo muito.

Ela sempre me entende.

Peter não ficou muito feliz, pois vive dizendo que estou trocando eles pelo Michael. O que é uma bobagem.

Tudo bem que nunca gostei tanto de um cara como gosto de Michael, mas meus amigos são insubstituíveis.

Quando saí do banho, olhei imediatamente o relógio e vi que já estava atrasada. Ótimo, vou ter que sair correndo e ficar horrivelmente suada e fedorenta de novo. Isso tudo para, pelo menos, não chegar uns 30 minutos atrasada. Saí correndo da academia e fui direto à estação de metrô mais próxima e peguei a linha azul em direção ao Green Park. Quando cheguei ao pub, lá estava ele. Incrivelmente lindo, sentado, guardando o lugar ao seu lado para mim.

Só para mim.

– Oi, desculpa a demora!- ofeguei. O treino atrasou hoje. - Pus a culpa na dança novamente, afinal não dava para dizer que fiquei pensando nele e perdi o horário.

– Ainda bem, pois já estava pensando que tinha desistido de me ver hoje.- ele disse, olhando para mim, com seus olhos verdes como duas pedras de esmeraldas e seu sorriso esbranquiçado que tanto amo.

–Você sabe que não tenho escolha sobre a questão de sair com você. Ri um pouco para não ficar tão óbvio que sou perdidamente apaixonada por ele.

Ele sorriu e empurrou o cardápio para o meu lado quando me sentei. Pedimos fish and chips, como sempre. Depois ele ficou fazendo algumas perguntas, como: se já tinha decidido a música para a nossa próxima coreografia e também como tinha sido a minha aula. Contou também que provavelmente passaria as férias em Orlando, nos EUA, como presente de aniversário de 18 anos. Fiquei esperando o momento em que ele fosse reclamar, por eu não poder estar junto ou até me convidar para ir.

Mas esse momento não chegou.

Por quê?

Sou sua namorada e ele sabe que meus pais têm condições suficientes para me pagar uma viagem aos EUA. Talvez seja porque ele não queira que eu vá, afinal são suas férias. Temos o ano inteiro para passarmos juntos, 1 mês não fará diferença.

A comida não demorou muito para chegar e atrapalhar meus pensamentos e, quando foi posta à mesa, ninguém mais falou. Estávamos devorando tudo que tinha pela frente. Fiquei pensando enquanto comia: acho que formamos um belo casal, comemos muito e não conversamos durante a refeição.

Nossa, que péssimo motivo, pensei.

Ao terminarmos, ele pagou tudo. Quase nem acreditei quando ele negou que eu pegasse o meu dinheiro. Mas desde quando é fácil de acreditar em tudo isso que está acontecendo comigo e com ele? Ele me acompanhou até em casa e ao chegarmos, deu-me um abraço de leve e um beijo em minha testa. Deu um sorriso de lado e foi embora. Fiquei ali parada, observando-o sumir pelas avenidas, até minha mãe abrir a porta e tomar um susto por eu estar tão perto da porta.

Parada.

– Ai meu Deus, Drew. O que está fazendo aí? Vamos, entre. Tenho que falar mesmo com você. Uma notícia espetacular está diante de você.


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