Eu não sabia o que dizer. Imaginem a cena, duas mulheres que pareciam ter chupado limão, de tão zangadas que estavam. Uma com uma criança no colo e a outra com uma raquete na mão, sentadas no sofá. Nem preciso dizer qual das duas é minha mãe, preciso?

- Bem... Antes de matar os dois, alguém pode me explicar como essa criança veio parar aqui? – disse minha furiosa mãe.

- Ehh... Ahh... Bem... diz você Sam! – disse esse medroso que eu chamo de namorado, antes de se esconder atrás de mim.

- O que? Sai daí criatura!

- Sua mãe vai me matar.

- E se você não sai daí ela não vai ser a única. – disse já irritada.

Ele voltou a ficar do meu lado e eu comecei falar.

- Ehh... não é nada disso que vocês estão pensando – falei tentando nos defender.

- A não, doce Samantha? – disse ironizando, minha ex-futura sogra, pois é bem provável que minha mãe mate meu futuro marido – Então, me explique como, eu entro em meu apartamento feliz da vida, por querer fazer uma surpresa pra meu filhinho que pelo jeito é um desnaturado, e me deparo com vocês dormindo abraçados na cama dele. E, ainda por cima encontro um berço com uma criança dentro?

- Mãe, nós podemos explicar.

- É senhora Benson, tudo tem uma explicação.

- Então Sam nos explique, antes que eu perca toda a paciência.

- Vamos, sentem e nos conte tudo.

Fomos nos esgueirando até o outro sofá, e quando nos sentamos eu comecei a falar.

- Bem... Tudo começou quando eu estava vindo pra cá, pra me despedi da Carly que viajou há quase um mês. Eu estava passando em uma rua e escutei um chorinho, então decidi ver o que era, e encontrei o Raphael lá, em uma lata de lixo todo sujo e fendendo.

- Quem é Raphael? – Perguntou minha mãe.

- Mãe, por favor, né! Raphael foi o nome que colocamos no bebê.

- Na verdade, eu queria Freddie Junior, mas...

- Cala a boca, nerd!

- Foi mal!                        

- Tá, tá... Continua Samantha.

- Ok... Eu decidi levar o bebê para o apartamento da Carly e vê o que a gente faria com ele. Mas a Carly já tinha viajado e eu fiquei sem saber o que fazer.

- Então, foi quando eu encontrei a Sam com o bebê, ela me contou o que aconteceu e deixamos pra pensar o que fazer com ele no outro dia. Mas ai...

- Não conseguimos mais nos separar dele, ele é tão bonzinho, tão lindo, não queríamos que ele sofresse mais. E levando ele para as autoridades, ele seria levado para um orfanato ou pior. E ele é como meu filho agora. – Nesse instante o bebê que estava quietinho no colo da Srª Benson, começou a falar.

- mama... mama... – disse balançando os braçinhos pedindo meu colo.

Nossas mães ficaram pra chorar com tamanha fofura e esperteza do Raphael. Então, eu o peguei, e ele ficou quieto de novo brincado com meu cabelo.

- Já entendi o que aconteceu, mas por que vocês mentiram pra nós? Nós poderíamos ajudar vocês. E Freddie por que você se meteu nisso com a delinquente?

- Mãe!

- papa... paPA! – Rapha disse quase pulando pro colo do Freddie, que sorriu pra mim.

- Isso responde sua pergunta mãe?

- OMG! Eu sou avô? – ela disse com uma expressão estranha parecia assustada, mas feliz ao mesmo tempo. Que louca!

- Então, Marissa, você vai ser avô sozinha, por que a Sam não é mãe desse garoto e eu sou nova de mais pra ser avô. – Disse minha jovem mãe que de jovem não tem mais nada, já se levantando pra ir embora – Vamos Sam, vamos pra casa, você ainda tem muito que se explicar.

- O que? Não! Eu não vou deixar o Raphael aqui, ele precisa de mim.

- Deixa disso garota! Você não é mãe dele, você é nova de mais pra isso. A Marissa vai saber o que fazer com ele, e você ainda tem que ficar de castigo.

- Castigo? Por que?

- E ainda pergunta? Por ter mentido e escondido que a Carly estava viajando e que você estava aqui com esse moleque esse tempo todo.

- Ei... Como assim moleque?

- Quer levar uma raquetada, quer?

- Não, não moleque me define muito bem!

- Mãe, você está passando dos limites já, eu não vou deixar o Raphael e muito menos o moleque... quer dizer o Freddie.

- O QUE? – disseram as duas juntas, minha mãe parecia que ia explodir e a Srª B. que saiu do transe, ficou mais assustada ainda.

- É isso ai, o Freddie me ajudou muito com o bebê, na verdade, foi o único que me ajudou. E... E... Eu gosto dele, pronto falei!

- Oh Sammy... Eu também gosto de você! – ele disse e se inclinou pra me dá um selinho, mas foi interrompido pelo desmaio da Sª B.

Isso mesmo ela desmaiou!

- Oh Meu Deus!

Fomos tentar reanimar ela, Freddie que até então estava com o Raphael no colo, colocou ele nos braços da minha mãe. Ela ficou petrificada e com a cara fechada, só deu uma melhorada quando o Rapha deu aquela gargalhada linda dele. Vocês precisavam ver, ela ficou com uma cara de boba admirando o bebê.

Enquanto isso, conseguimos acordar a Marissa, mas acho que seria melhor ter deixado ela desmaiada mesmo.

- Vocês iam se beijar? O que está acontecendo aqui? Eu estou tendo um pesadelo? Ohh não!

- Calma mãe! Tudo isso que aconteceu, fez com o que, a Sam e eu nos aproximasse mais. Não é, Sam?

- É verdade Sª B. O Freddie me ajudou muito, foi um verdadeiro pai pro Raphael e eu, sinceramente, gosto dele. Eu antes nem suportava ficar no mesmo lugar que o nerd, mas agora eu não sei o que fazer se ele não estiver do meu lado. E...

- Marissa, acho que esse bebê mudou a vida deles, e pelo jeito os uniu pra sempre. – me surpreendi pelo que minha mãe disse, ela não queria nos matar faz pouco tempo?

- Pamela você apoia isso?

- Não tem o que apoia mais, eles já tomaram suas decisões.

- Mas, eu não aceito isso. Vocês não podem ficar juntos e ainda, cuidarem desse bebê...

- Para mãe! Você não entende? Eu o amo, ele já é meu. Eu vou fazer de tudo pra ficar com ele. E, a Sam e eu vamos cuidar dele, porque eu a amo com todas as minhas forças e ela é a mãe do nosso bebê. Você querendo ou não, será isso que vai acontecer.

- Freddie?! – Eu fiquei de boca aberta. Como ele teve coragem de dizer tudo isso pra mãe?

- Isso é jeito de falar comigo?

- Desculpa mãe, eu só quero que você entenda que eu não vou me separar de nenhum dos dois. Eu preciso que você me apoie. Não me afaste deles.

- Tudo bem Freddinho. Eu só quero que você seja feliz!

- Obrigado mãe, eu sabia que você ia compreender. – ele disse e se abraçaram.

- Mesmo você mentindo pra mim e me dando um baita susto, eu entendi o que você quer. E se sua felicidade está do lado da delinq...

- MÃE!

- Tá... do lado da doce Samantha, eu apoio você. – Não imaginei que a Srª B. ia aceitar tão rápido, e pelo jeito minha mãe também já entendeu tudo, pois não tira os olhos do Raphael, que por incrível que pareça está quase cochilando mesmo com essa bagunça toda.

- Então, está tudo bem? – perguntei, mas pareci que essa pergunta tirou minha mãe do seu novo mundo.

- Não está nada bem... O que vocês pretendem fazer com bebê? Vocês não são os pais dele de verdade.

- Mãe, nós sabemos, mas eu não sei o que fazer. Não tem ninguém procurando por ele, já nos certificamos disso, e mesmo que tivesse eu não o entregaria. Quem me garante que não vão coloca-lo numa lata de lixo de novo? E, também, eu não quero que leve ele pra orfanato nenhum, ele é muito novinho e está bem melhor aqui com a gente.

- Você está sendo irracional filha, vocês não podem ficar com ele sem que ele seja realmente filho de vocês. Fora, que vocês nem são maiores de idade ainda. Tem que terminar a escola, vocês não têm emprego fixo, nem casa. Vocês não podem cuidar de uma criança. Isso não é uma brincadeira!

- Você fala como se fosse a melhor mãe do mundo. Nós sabemos que não vai ser fácil, por isso nós precisamos da ajuda de vocês.

- É Srª Puckett. Precisamos que vocês nos ajudem. Faremos dezoito daqui a pouco, eu posso continuar com meu emprego de meio expediente, já que eu sou um dos melhores vendedores de lá, e as duas poderiam cuidar do Raphel enquanto estamos na escola, terminamos esse ano e...

- E a sua faculdade filho?

- Veremos isso depois mãe, primeiro vem à situação do nosso bebê.

- Acho que vocês precisam de um advogado. Mas quem? – Disse minha mãe pensativa. Eu olhei pro Freddie e ele olhou pra mim.

- Spencer! – dissemos juntos e demos de ombro. O Spencer nunca foi muito sensato, mas os três dias de faculdade de direito dele, já nos ajudou e ele vai ter que nos ajudar agora.

- Depois vemos isso. – disse Marissa, acho que ela e minha mãe não gostaram da ideia – Preciso de um banho pra esfriar minha cabeça e guardar minhas coisas.

- Peraí. Tem uma coisa que ainda precisamos saber. Onde vocês vão morar?

- É verdade! Vocês não querem se separar do bebê, tudo bem. Mas não vou permitir que fiquem juntos, melhor dizendo, durmam juntos.

- MÃE!

Eu e o nerd nos olhamos novamente, assentimos com a cabeça e falamos juntos.

- Carly!