Meu Amor Imortal escrita por LILIAN oLIVEIRA


Capítulo 30
Capítulo 30 - TEATRO DOS VAMPIROS




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/281726/chapter/30

PDV - NESSIE

Na manhã seguinte, fui acordada por Chelsea,que abria as cortinas no quarto, sem o menor cuidado. Deixando a luz entrar, ferindo meus olhos com o brilho que vinha da janela e reluzia em sua pele . Me escondi com o traveseiro na cara, me protegendo de toda aquela claridade inesperada. Mas ela não parecia se importar com meu lado humano, e falou com uma foz fria, num tom de desgosto e repúdio.

– Levante-se! Tome seu café, que já foi servido.

Apontou para uma mesa, que estava lindamente arrumada, com todo o tipo de iguarias. Pães, ometele, bolo! Me perguntava como podia ter tanta comida num castelo de vampiro. Mas me sobressaltei, quando olhei um fino cálice de ouro, cheio de um líquido viscoso, que identifiquei logo, como sanque. Ia jogar na pia do banheiro, mas Chelsea percebeu minha exitação e se adiantou.

– Não é sangue humano! É da reserva particular do próprio Aro. Uma cortesia, oferecida à convidados muito especias. É sangue de leão africano! Muito poderoso e forte! É diferente. Vai gostar, não seja tola desperdiçando a iguaria rara. Na simbologia, o leão é o "rei dos animais". Representa a luz, a soberania e a coragem! Uma superstição medieval, conta que os leões nascem mortos, e que três dias depois, são ressuscitados pelo sopro de seu pai... Claro que isso é uma mentira. Mesmo assim, é uma bonita estória, não acha?

Não respondi. Peguei o cálice, e respirei o cheiro forte.

– Espero que não tenham sacrificado o pobre animal. Por isso, leões Africanos estão na lista dos animais em extinção, e se tornam cada vez mais raros.

Bebi o líquido! Sem dúvida, era diferente. Mais grosso e denso. Diferente do sangue dos animais que estou acostumada a beber.

– Não se preocupe. Ele está bem vivo e muito bem alimentado, com carne fresca.

Um calafrio subiu na minha espinha, e fiquei tentada a vomitar o sangue no banheiro, quando imaginei que tipo de carne fresca era esta que ela estava se referindo. Ela sorria maliciosamente da minha expreção de choque. Não! Chega de bancar a boba nesta corte de vampiros. Não vou beber mais nada, enquanto estiver sobre este teto Volturi.

– Desça para a sala dos tronos assim que estiver pronta. Seus pais já estão lá, e te aguardam para uma reunião com os reis.

Ela saiu como um vulto. Aqueles vampiros eram muito rápidos. Muito mais que os da minha família. Constatei de má vontade, a inegável verdade. Procurei algo sóbrio para vestir. Nada que chamasse a atenção. Escolhi um vestido azul escuro, estilo balone. Havia uma mulher humana me aguardando na saída do quarto. Ela me cumprimentou em italiano, pedindo de forma muito educada, que a seguisse até a sala do trono.

Fui caminhando em sua velocidade calma e humana. Pude pela primeira vez, desde que cheguei, apreciar o castelo. À luz do dia, seus corredores de pedra com as paredes repletas de quadros antigos, de alguns pintores famosos, e outros que eu não saberia dizer. A mobília era escassa. Pouca, ou nenhuma em certos cômodos. Pesadas cortinas de veludo vermelho em todas as janelas do castelo. Fui tentando me distrair com os detalhes arquitetônicos e de estilos, para controlar a apreensão, que já se instalava no meu coração. Ele estava batendo nervosamente, e eu pressentia que o motivo daquela reuniãozinha não podia ser boa coisa. A mulher parou em frente à uma enorme porta. Sem presisar bater ou fazer qualquer movimento, ela foi aberta de forma quase que assustadora. Percebi dois soldados na parte interior, que deviam ter aberto a porta. A humana fez um sinal para que eu entrasse, mas não me acompanhou. Olhei o interior da sala. Era diferente! Era uma sala em formato redondo, com os três tronos no centro. Lembrava um formato de coroa. Meus pais estavam sentados em cadeiras, e percebi qua a sala estava cheia de vampiros, e todos me olhavam. Estavam todos lá! Me vi totalmente confusa com a cena. Aro olhava contrariado para Alec. Minha mãe, com uma expressão de dor e confusão nos olhos. Meu pai, tinha uma expressão pensativa. Parecia uma estátua de Rodin, O Pensador! Marcus olhava o vazio, com uma expresão indecifrável. Caius parecia furioso. Mas foi Nahuel, que me chamou mais atenção. Ele tinha uma postura de ataque, como se a qualquer momento fosse desmembrar alguém. A multidão dos vampiros desconhecidos murmuravam coisas inteligiveis, num burburinho de várias vozes falando baixo ao mesmo tempo.

– Aqui está ela! A causadora desta balbúrdia insana!!!

Jane falou com toda a sua fúria e cólera. Mas o que era isso afinal? Serei executada?Enfim! Olhei para meu pai, que finalmente se mexeu, quando enviei meus pensamentos a ele. Ele se levantou, mas se manteve no mesmo lugar. Pediu a palavra, num gesto com as mãos. A sala ficou finalmente, em total silêncio.

– Minha filha, a principal interessada, ainda não foi consultada Aro. Está confusa e assustada. Permita que eu esclareça o que está acontecendo aqui.

– Não! Não é você que tem que explicar o que está acontecedo aqui. Esta é a sala dos reis, e só é permitido aos reis falar ou dar a palavra a quem quer que seja.

Caius tinha o olhar firme no meu pai, demonstrando que ele tinha desrespeitado as regras de etiqueta do castelo. Eu só pensava o quanto tudo não fazia o menor sentido. Caius preocupado com a etiqueta de quem falaria o que pra quem, e eu me contorcendo de agonia e curiosidade. Quanta besteira!

– Chega!!! Paz irmãos! Não estamos aqui para isso, e sim para decidirmos o que é melhor para a nova e futura geração. Minha doce criança, penso que seus encantos estão causando alguns conflitos em todo castelo, nos tirando da nossa costumeira paz. Tinha um plano muito bem determinado para você Renesmee, mas ele caiu por terra, e me vejo tendo que tomar novas decisões.

Aro pronunciava cada palavra com cuidado, como se tivese escolhendo cada uma para ter o efeito esperado. Me olhava, prendendo meu olhar no seu. Ele queria penetrar na minha alma. Pude até sentir ele tentando, forçando minha mente, sem nem me tocar com seu poder. Eu era um mistério para ele. Pude perceber claramente isso naquela hora. Por alguns segundos, ele se desarmou e eu pude ver a verdade em seus olhos. Ele temia o que eu representava. O desconhecido! O não saber! Olhei institivamente em direção ao meu pai, para saber se eu estava certa, ou se começava a delirar. Ele me olhou e franziu os olhos, confirmando minhas suspeitas. Aro se concentrou novamente, e voltou à sua expreção sarcástica e cínica.

– Nahuel quer se casar com você minha bela Renesmee. Fez seu pedido pessoalmente aos seus reis, perante toda a corte de Volterra. Mas há condições pare ele, caso seu pedido venha a ser aceito. Não só a ele, mas a qualquer um que deseje desposa-la minha doce criança. E ele concordou sem pestanejar, prontamente. Sem dúvidas, está enfeitiçado por seus encantos.

– Diga logo Aro, o que será oferecido em troca do consentimento desta união.

Caius parecia impaciente.

– Qualquer um que queira desposa-la, terá que entregar seu primeiro filho aos reis de Volterra. Somente será aceita a união, se esta condição for cumprida.

Aro novamente me encarava, e eu comecei a sentir algo muito estranho dentro de mim crescer. Uma fúria incontrolavel tomou conta de meu corpo naquele momento. Eu avancei como uma onça selvagem, tentando agarrar a jugular de Nahuel. Mas fui impedida a poucos centímetros, por uma parede de gelo e mármore. Olhei para cima, e vi Felix, que apenas segurava firme meus pulsos, sem me machucar. Era como usar algemas e brigar com uma parede. Meu pai pedia para que ele me soltasse. Minha mãe, estava em posição de ataque e eu comecei a gritar para Nahuel, que agora estava se esquivando, se colocando mais afastado de mim.

– ORA SEU ANIMAL INSANO! DE ONDE SAIU A IDÉIA DOENTE, QUE TEREI AGUM FILHO SEU? ENLOUQUECEU DE VEZ?

A minha ira era tanta, que por alguns momentos, esqueci onde estava e de tudo o mais ao meu redor.

– VOCÊ É UM SER DOENTE, DESPROVIDO DE INTELIGÊNCIA OU COERÊNCIA. ANTES DE ME JUNTAR A VOCÊ, SAIBA QUE EU PREFIRO A MINHA MORTE.

Fúria e ódio, saiam de meus olhos. Eu estava no meio do salão, proferindo todos os insultos que eu conhecia, para aquela criatura monstruosa. Alguns incoerentes, uma vez que somos da mesma espécie. Mas o que eu ia fazer? Eu estava descontrolada, e ninguém veio a meu auxílio. Todos me olhavam com total espanto. Até alí, eu tinha me comportado como uma lady. Mas realmente, eu já estava no limite das minhas forças. E ouvir aquilo? Foi o fim para mim. O próprio Aro, pasmem, veio ao meu auxílio.

– Sei que é difícil ouvir esta revelação. Eu não tinha nenhuma inteção de revelar tal condição, minha querida, até que realmente o momento chegasse. Mas em virtude aos fortes sentimentos que anda despertando em meu tão estimado e amado general da guarda Volturi.

Disse isso, indo em direção a Alec, que parecia envergonhado de estar se expondo desta maneira perante seus mestres.

– Seu pedido é justo rapaz! É corajoso sem dúvidas. Mas o fato de servir ao seu mestre deveria te bastar-te .

A indignação na voz de Aro era indisfarçável. Ele estava irritado, vendo seu plano, que tinha sido tão bem elaborado, sair totalmente fora do contesto. Ele avaliava todas as possibilidades de recusa do pedido de Alec. Mas todas colocavam ele numa situação complicada. Meu pai tinha um sorrisinho intrigante no rosto. Eu olhei indignada para ele, e deixei um pensamento escapar. (- Como pode estar rindo disto?) A pergunta só serviu para diverti-lo ainda mais, pasmem. Mais ainda assim, de alguma maneira, a sua reação me acalmou, o que estava realmente acontecendo. Meu pai já sabia a resposta.

( - Precisamos coversar novamente. ) Enviei meus pensamentos. Ele assentiu com a cabeça, de maneira quase imperceptível para os presentes perceberem. Os ânimos foram se acalmando. Felix soltou meu pulso, e vi um sorrisinho no canto da sua boca. Que ótimo! Devo ter virado a piada do castelo pros vampiros assassinos. Ele voltou para sua posição na guarda, e minha mãe já estava sentada novamente, atenta aos movimentos dele.

– Minha filha e minha família deveriam ser informados de seus planos Aro. Uma vez, que estamos tratando de uma criança especial. No caso, meu neto. Um Cullen legítimo.


O semblante de meu pai era de total calma. Disse cada palavra sem demonstrar nenhuma emoção. Vi claramente o semblante de meu avô encarnado nele. Minha mãe tinha aparência assustada e de total confusão. Ela estava tão confusa, ou até mais do que eu.

– Meus queridos, entendam, que se tratando de Renesmee. Uma imortal, cheia de peculiaridades. Precisamos ter certeza, que tal criança não represente um risco para ela, pra todos os seres imortais e mesmo os humanos. A segurança, meu querido Edward, sempre se trata do bem maior. As leis tem que ser obedecidas.

Foi de maneira totalmente falsa e teatral, que ele disse cada palavra. Era óbvio o seu real interesse. Ele queria mais uma jóia para sua coleção.

– Eu assumo o mesmo compromisso de Nahuel. Se eu tiver um filho com Renesmee, o primogénito será entregue a você Aro.

A voz de Alec saiu de forma fria e dura. O seu semblante era firme, passando verdade em sua palavras.

Eu não acreditava no que estava acontecendo. Tudo estava se tornando um pesadelo sem fim. Meu destino estava sendo decidido perante meus olhos, e eu era uma figurante sem fala naquele teatro de horrores. Fechei os olhos. Era isto então! A morte, enfim, pois era isso. Nada que eu vivi teria importância. Meu amor! Minha família! Nada! Teria que encontrar uma maneira de me entregar aos braços da morte, pois nada fará eu me entregar àqueles homens. A morte era o caminho para mim, e nada iria me impedir de encotrar com meu destino fatídico.


– Minha filha não é uma mercadoria, Aro. Para ser leiloada em praça pública. E meu ainda inexitente neto, não será entregue à você como barganha de negociata. Seria uma afronta à minha família e um crime de sequestro. Uma vez, que a mãe está ignorante ao assunto. Seus sentimentos não estão sendo levados em consideração. Esta é a lei aqui em Volterra? É isso? Esse é o desfecho? Viemos amigavelmente aqui e seguimos as regras impostas pelos anfitriões da casa. Mas estamos sendo insultados de tal forma, que me causa repúdio.

Meu pai, meu herói. Lutava bravamente com suas palavras. Todos estavam em murmúrios e esperando o desenrolar do acontecimento. Aro foi pego de surpresa, com as palavras de meu pai. Ele tinha colocado as coisas como se fossem uma atitude ofensiva, e o fato de um futuro membro de sua família ter que ser entregue a ele, sem a prévia autorização de sua mãe. Poderia ser acusado de sequestro, o que não seria bem visto pelos clãs vampiros. E seus inimigos, poderiam se valer desta atitude arbritária.

– Meu amigo Edward, realmente não entendeu o que está acontecendo aqui. Estamos tentando entrar em um acordo meu caro. A criança seria entregue de boa vontade. Para ser criada como um príncipe ou uma princesa Volturi. Teria a melhor educação, os melhores tutores e o convite para que sua querida Renesmee se junte a ele, e conviva conosco no castelo, seria feito eu lhe garanto. E o pedido de Nahuel a mim, foi feito de forma respeitosa e querendo seguir as leis, por se tratarem de raças tão singulares, a qual não temos muito conhecimento. E aceitação da jovem Renesmee, seria consultada previamente, como a de sua família. Em um pedido mais formal. Mas agora, temos não um. Mas dois pretendentes ao posto de futuro companheiro.


Era uma peça de teatro! Eu não tinha mais dúvidas. Cada um tentando convencer seu público. Aro caminhava pelo salão, olhando cada rosto com cuidado. Era nítido, que agora ele se divertia com tudo que estava acontecendo.

– Sendo assim, peço a liberação, para que voltemos à nossa casa, e possamos compartilhar com o restante da família, as notícias. Minha filha precisa refletir as propostas e escolher seu futuro da melhor maneira.

Meu pai era em exímio jogador de xadrez. Sem dúvidas, tinha conduzido tudo para este desfecho. Enquanto eu esbravejava e gritava pelo salão como uma louca, ele tão friamente calculava suas jogadas. Brilhante, sem dúvidas. Só resta saber, se Aro veria tudo desta forma. Levar outra rasteira dos Cullen seria desastroso para sua imagem. Com certeza, algo que não seria perdoado.
– É isso que deseja minha querida Renesmee? Abandonaria seus pretendentes aqui em Volterra?

Que droga de pergunta é essa? Ele só pode estar de brincadeira. Olhei para meu pai em total desespero, em busca da resposta ou da jogada certa. Ele fez um gesto imperceptível com a cabeça, e as palavras que sairiam da minha boca, esperava que fossem as mentiras mais bem contadas.


– Sim, Aro! Preciso pensar no meu futuro.


Abaixei os olhos, tentando me fazer de tímida e confusa. Representando da melhor maneira que consegui, meu papel nesta peça ridícula. Bem, acho que adquiri um novo dom. Agora consigo mentir muito bem!



– Seus pretendentes, digamos assim, irão visita-la então, para que se conheçam melhor.


Foi Caius quem disse. E sua voz era fria, mas revelava que nada seria mudado. Eu teria que fazer uma escolha entre eles. Olhei em seus olhos. Os mesmos rubis de Alec, mas eram frios e mostravam total indiferença. Qualquer que fosse a minha decisão, o acordo de entrega do meu primogénito seria mantido. E o fato das visitas, eram somente para garantir que eu não fugiria. Verifiquei a expressão de todos na sala. Parei na de Alec. Seu olhar era vazito, com uma tristeza em sua face, a qual eu não entendia. Nahuel por sua vez, era um misto de revolta e fúria. Seus planos tinham fracassado, e ele teria que aceitar as novas condições impostas.


Meu pai fez uma leve reverência com a cabeça, indo em direção à saída da sala, acompanhado de minha mãe, que segurava sua mão. Estendeu o braço para que eu seguisse com eles. Limitei-me a copiar o gesto de meu pai, e segui com eles mais que rapidamente, antes que resolvessem que haveria outro pretendente a marido. Sairíamos de Volterra naquela mesma tarde. Eu rezava silenciosamente, para que nunca mais precisássemos voltar neste lugar.

.






Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu Amor Imortal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.