Só mais uma história de amor escrita por Sali


Capítulo 26
Hospital


Notas iniciais do capítulo

Helloooooo, gente!
Eu juro que ia postar antes, mas essa manutenção do Nyah! me atrapalhou bonito ¬¬
Mas, finalmente, estou aqui, com um capítulo lindo e divo (para mim) e que vai, provavelmente, deixar vocês com vontade de me bater.
Sem mais delongas, só espero que não me matem. A Kim é bonita ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/281704/chapter/26

O primeiro som do qual eu tive consciência foi um bipe irritante e repetitivo que me remetia, por algum motivo, a hospitais.

Havia algo na minha testa e alguma outra coisa no meu cotovelo, além de algo envolvendo a minha mão. Minha perna direita, porém, doía e incomodava, além de parecer imobilizada. Com os olhos fechados, ergui uma mão para tocar a minha testa, sentindo na ponta dos dedos uma superfície que era como tecido – um curativo.

– Cuidado, os pontos foram feitos há pouco tempo.

Me surpreendi com a voz feminina que soou e, ao abrir os olhos, vi um par de olhos negros e levemente oblíquos sobre mim, junto a uma pele delicadamente branca, cabelos tão negros quanto os olhos, lábios vermelhos e feições delicadas e fortes, num rosto jovem e muito bonito que carregava leves traços orientais.

– Então você acordou!

Pisquei algumas vezes, dando um sorriso de canto meio distraído.

– É…

Ela sorriu.

– Mariana, não é? – Assenti. – Eu sou Kim, a enfermeira.

– Oi… – Respondi simplesmente, lutando para assimilar todas as suas palavras.

Ela sorriu outra vez, um sorriso de covinhas e dentes brancos perfeitos.

– Você sofreu um acidente e tanto, moça. Conduzindo uma moto? Depois de beber? – Sua voz tinha um tom preocupado e complacente.

Dei um sorriso pequeno, como se me desculpasse, lembrando de repente de tudo que acontecera.

– É, acho que sim. – Concordei. – Fiquei muito quebrada?

Ela riu.

– Mais ou menos. Você tem quatro pontos na testa, uma escoriação na bochecha, uma torção no pulso e uma bela fratura na perna. A moto caiu em cima dela, Mariana. Foi preciso uma cirurgia para colocar esse osso no lugar. Também tem pontos aí. Oito.

Ergui as sobrancelhas e arregalei os olhos.

– Sério?

A enfermeira deu uma risadinha, provavelmente achando graça da minha surpresa.

– Sim, é sério.

– Nossa. – Murmurei, recebendo como resposta outra risadinha baixa.

Enquanto falava, Kim analisava papeis, aparelhos e meus curativos. Depois pedir licença e tocar meu braço esquerdo – enfaixado até pouco antes do cotovelo –, começou a tocar e apalpar minha coxa direita, logo acima da faixa que envolvia uma parte da minha perna. – Está sentindo alguma coisa, Mariana? Alguma dor, tontura...

Pensei um pouco.

– A minha perna está doendo… E a testa, também. E… Não sei. Minha cabeça está meio confusa.

Ela sorriu.

– Relaxa, é assim mesmo no início. Você acabou de acordar, e estava sob efeito de anestesia. E sobre a perna, bom, você vai ter que se acostumar com isso. Até cicatrizar e tirarmos os pontos, vai doer um pouquinho.

Assenti e dei um sorriso pequeno, sem saber ao certo o que responder. Me manti em silêncio enquanto Kim examinava meus olhos e a boca, até que ela voltou a falar.

– Você tem quantos anos, Mariana? – Perguntou, enquanto media a minha pressão sanguínea.

– Vinte. – Respondi. – Quase vinte e um. E você?

– Vinte e quatro.

– Sério? – Ergui as sobrancelhas.

– Sim. Por que a surpresa?

– Não sei. Você é jovem e…

– E estou cuidando de você? Tem algum problema com isso? – Ela deu um sorriso torto, e eu quase tive a impressão de ver um leve ar de desafio nas suas palavras e no movimento dos lábios.

Dei um sorriso largo e balancei a cabeça.

– Pelo contrário.

Kim sorriu abertamente, me fazendo reparar novamente em sua beleza.

– Está com fome? – Perguntou, quando finalmente terminou a série de exames.

Mordi o lábio, sentindo de repente uma fome que eu não havia percebido antes. Com um sorriso sem jeito, confirmei.

– É, estou.

– Imaginei. Quer que eu lhe traga o seu jantar?

– Jantar? – Franzi a testa. – Que horas são?

– Agora são exatamente… – Ela olhou para o relógio em seu pulso. – Nove e vinte e sete da noite.

– Sério? – Perguntei, levemente surpresa.

Kim sorriu.

– Você passou um tempinho na cirurgia e mais um tempinho dormindo. Para se recuperar da cirgurgia. Bom, vou buscar a comida. Qualquer coisa, é só apertar esse botão verde ao seu lado, e eu venho, tudo bem?

Assenti novamente e Kim sorriu, saindo dali logo depois. E então, me vi sozinha naquele quarto imaculadamente branco e esterilizado, acompanhada de uma pequena bolsa de soro presa com uma agulha à minha mão direita.

Antes de mais nada, olhei à minha volta. O quarto se resumia à cama, um armário na parede direita, uma grande janela coberta por persianas na parede esquerda, duas poltronas, uma mesa pequena, uma porta – que provavelmente levava a um banheiro – e a porta de entrada. Tudo entediantemente branco.

A única coisa que quebrava aquele marasmo era a cor verde-clara da minha camisola de hospital, assim como o lençol que cobria minhas pernas – e também os hematomas perfeitamente visíveis na minha pele branca, principalmente ao longo da perna direita.

Distraidamente, comecei a mexer na faixa que envolvia meu braço e a mão, passando por entre o polegar e o indicador e deixando apenas meus dedos livres. Toquei também o curativo colocado pouco acima do meu cotovelo, e depois levei os dedos ao rosto, sentindo o curativo pequeno que cobria os pontos dados na minha testa – segundo a enfermeira dissera – e também outra escoriação na minha bochecha. Definitivamente, aquele acidente havia deixado belas consequências.

Soltei um suspiro, tentando imaginar se aquilo poderia ter sido evitado se eu simplesmente ficasse com Nina, sem pensar em Júlia.

Júlia…

– Com licença. – A voz de Kim interrompeu meus pensamentos, sorridente. – Eu trouxe o seu jantar. E você tem visita.

Desviei o olhar para a porta, e, vendo a enfermeira entrar equilibrando uma bandeja nas mãos, meu primeiro impulso foi tentar levantar pra auxiliá-la, até eu me lembrar que estava impossibilitada até de me manter de pé sozinha.

– Mariana, meu Deus!

Logo atrás de Kim, quem entrava no quarto era Dona Ângela.

Dei outro sorriso pequeno, como se me desculpasse.

– Oi, mãe.

Depois de elevar um pouco mais o encosto da cama e colocar a bandeja – um tipo de mesinha – no meu colo, Kim deixou-nos a sós.

– Mariana, minha filha! Você é doida.

Sem conseguir evitar, dei uma risada enquanto pegava a colher sobre o guardanapo.

– Do que está rindo, posso saber? Ah, Mariana. Você poderia ter morrido.

Olhei para baixo, suspirando.

– Me desculpe, mãe.

– Não é para me pedir desculpas, minha filha. Olha só como você está. Isso foi inconsequente, absurdo, irresponsável e… – De repente, minha mãe se calou, me olhando e suspirando.

Se aproximando de mim, ela me abraçou, apertando minha cabeça contra o peito.

– Ah, minha filha. Me desculpe. Você aí, toda quebrada e eu gritando na sua cabeça. Mas é que, você não imagina, eu quase morri do coração quando me ligaram dizendo que você tinha sofrido um acidente.

Mordi o lábio, ainda olhando para baixo.

– Não, mãe. Você está certa. Foi… Inconsequente, mesmo.

Ela sorriu complacente, acariciando meu cabelo com cuidado.

– Está tudo bem, meu amor. Não vamos pensar nisso, ok? Nem nos motivos. Agora precisamos nos concentrar na sua recuperação. E, para isso, você vai tratar de comer essa sopa toda. Não é a minha comida, mas vai ser bom para você.

Dei um sorriso pequeno e assenti, começando a tomar aquela sopa com sabor de água com corante enquanto minha mãe se sentava na poltrona.

– Seus amigos também estão preocupados com você. – Ela disse, depois de um tempo. – Ana me ligou hoje, preocupada porque você não dava sinal, e um tal de Gabriel disse que tentou bater várias vezes na sua casa.

– Droga. – Balancei a cabeça, sorrindo de canto. – Eu me esqueci de avisar para eles que ia sair.

– Estão todos querendo de visitar. A de cabelo vermelho, Ana, aquele seu amigo moreno, como chama mesmo?

– Pedro.

– Isso, Pedro. E Leo também. E o... Gabriel, não é? – Assenti. – E as meninas do Café também. Bruna, Esther e a gerente, que eu não me lembro o nome. E também… – Ela suspirou.

– Também…? – Arqueei as sobrancelhas.

– Bom, Júlia também soube do acidente.

Mordi com força o lábio, me concentrando na sopa.

– Ah, sei. – Respondi simplesmente, tentando aparentar o máximo de indiferença.

Depois de outro suspiro, minha mãe mudou de assunto.

– Espero que você saia rápido desse hospital, minha filha. Fico feliz em saber que não houve nenhum ferimento muito grave e que a cirurgia correu com tranquilidade. Ai, você nem sabe o quanto meu coração ficou aflito por não poder te ver esse dia inteiro.

Dei um sorriso pequeno.

– Relaxa, mãe. Agora eu estou bem. E tenho certeza que não vai demorar para me tirarem daqui.

Ela riu e balançou a cabeça.

– Ah, minha filha. Até aqui você faz piada?

– É o jeito, né, mãe. Não tenho mais o que fazer.

Ela riu novamente e eu tomei as últimas colheradas da minha sopa, recebendo elogios da minha mãe, em forma de gracejos.

– Bom, minha filha. – Ela disse por fim, depois de algum tempo. – Está tarde e você precisa descansar. Eu já vou indo, e vou chamar a enfermeira.

Suspirei.

– Tudo bem, mãe.

Ela sorriu e me abraçou, beijando a minha testa, e então apertou o botão verde que Kim indicara-me anteriormente.

Demorou menos de dois minutos para que a jovem enfermeira chegasse, sorrindo.

– Me chamaram?

– Sim. – Minha mãe respondeu. – Eu já estou indo embora, e a Mariana já terminou de jantar.

– Ah, sim. Tudo bem, então.

– É… Você sabe informar por quanto tempo ela ficará internada aqui?

– Bom, a média do pós-operatório é pelo menos um mês, para a recuperação completa. Mas se ela conseguir se movimentar com muletas, pode sair em quinze dias.

– Ah, entendo.

Mordi o lábio.

– E a minha mãe pode trazer, sei lá, livros para mim, se eu quiser?

– Claro. – Kim sorriu. – É o que eu iria sugerir. Ela pode trazer livros, notebook, celular… O que for bom e que ajude a passar o tempo.

Dei um sorriso, pedindo à minha mãe que trouxesse o livro que eu deixara interminado e também o livro didático da faculdade e, depois de garantir que os traria, me dar mais dez abraços e beijos e dar a mim e à enfermeira diversos avisos e cuidados, minha mãe deixou o quarto e o hospital.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aeeeeeeee! o/ Tô de volta *-* E aí? Gostaram do capítulo?
Tentem não me matar, por favor. Até porque, agora as coisas (por incrível que pareça), vão melhorar para a Mari.
Muito, muito obrigada às moças que comentaram e que favoritaram, amo vocês.
E, sem mais delongas, vou almoçar.
COomentem! :D