POV CLOVE

“Nós abrimos a porta quando...”

Ele apareceu. Isso mesmo, ele apareceu.

Plutarch.

-MEU DEUS! Como ele fez isso?--a Johanna perguntou olhando para mim, que sussurrei um “não sei” e ela continuou, agora falando com o Plutarch-- Em um momento o urso estava aqui e depois, você apareceu. Eu prefiro ver você do que aquele bicho estranho que saiu correndo atrás de nós.

-Espera um momento. Urso? Do que vocês estão falando? Só vim avisar vocês do perigo das Teleguiadas- O Plutarch soltou tudo de uma vez só.

 -Nós sabemos dos problemas das Teleguiadas Plutarch.- A Annie se meteu na conversa.

-Do que vocês estavam correndo mesmo?

-De um urso ou um bestante. Não sabemos qual dos dois- respondi

-Vocês se lembram de quando a Johanna viu o urso?

-Quando a Clove estava desmaiada- A Katniss respondeu.

- Johanna vem cá, por favor. - o Plutarch a chamou e ela foi até ele.

Ele pediu permissão para abaixar um pouco a blusa dela, somente nas costas. Johanna ia hesitar, mais cedeu. Ele abaixou a blusa dela até um pouco na metade das costas, o que a deixou desconfortável. Ele soltou um “achei!” e depois voltou a falar:

-Temos aqui como prova a Johanna. O que ela viu não foi um urso. Creio que nesse momento vocês já entenderam não é mesmo?- ele perguntou e nós assentimos.

-Cato olha aqui.- Passei a mão perto do meu pescoço e senti uma bolha.

-Clove me deixe terminar.-- o Plutarch pediu.—vocês foram até onde a Johanna indicou, naquele lugar tem um ninho de teleguiadas. Sim, vocês foram picados. Eu não acredito que vocês acharam mesmo, que teria um bestante em um Acampamento!

-Mais Plutarch...todos os casos de Teleguiadas do Distrito 4—O Finnick parou um pouco para pensar—geralmente quem era picado...morria ou ficava uns três dias em coma. Eu acho.

-Mais você acha...HAHAHA!- ele riu com seu próprio pensamento—que nesse acampamento com crianças, ia ter alguma ninho de teleguiada que fizesse algum mal a vocês? Por favor, falta mais estudo nesses distritos.

-Então...nós nunca ficamos em perigo real? E a minha faca? Como fica? E quando nós chegamos aqui e o urso ficou batendo na porta com todas as suas forças?- perguntei.

-Bem...vocês não me contaram essa parte...pode sim, ter--ele riu nervoso—um ou dois bestantes na nossa mini-floresta...

-Mini? A por favor, aquilo não é mini, nem aqui e nem no Distrito 7 ! – a Johanna olhou para o Plutarch e abaixou até a marca de uma picada.—O que é isso então?

-Pode ter outros bestantes na mini-não-mini-floresta...- ele disse para uma turma de adolescentes tão nervosos...sem contar que tinha cinco carreiristas e três inúteis que uma hora poderiam ser úteis!

-E você só fala isso pra gente agora? Que lindo. Esse acampamento é tão limdo com M de Merda! Mais que porcaria que minha vó me meteu. Primeiro eu quase morro afogada e segundo, o diretor, idealizador, não sei, do acampamento não sabia que tinha bestantes na própria propriedade. Isso ficou meio estranho mais faz sentido!- a Johanna falou...

Mais quando o Plutarch se deu por vencido e ia embora.

Ouvimos um estrondo na porta. Cato pegou sua espada, eu minhas facas e a Johanna o machado.

E dessa vez, o bestante não esta pra brincadeira. E  muito menos, para perder. Ele queria sangue e nós também. Sangue dele e não nosso ia derramar por esse acampamento. E não ia demorar tanto assim...

-No três. - A Johanna cochichou.

-QUE TRÊS O QUE MENINA? DEIXA ELE TENTAR ENTRAR! Vai, coloca as camas de novo na porta, rápido seus molengas!

-Nossa Plutarch, por um momento achei que você era legal e não como o Seneca.- o Peeta deu sinal de vida.

-Ah que legal, obrigado. Espera ai... O que, você não me acha legal Peeta?-o Plutarch ficou vermelho, não sei se era de raiva ou de vergonha. Aposto em raiva, ele não é muito bom em segurar os nervos. Igual eu! Se ele morasse no distrito 2 tenho certeza absoluta que ele ia se dar muito bem comigo!

Quando voltei a realidade todas as camas já estavam amontoadas na porta igual antes, com os colchões em cima da cama encostada na porta. E novamente e inutilmente a Annie tentava colocar os travesseiros em cima da cama de cima, já que ela percebeu que pela janela, o bestante não passava...Crianças...Perdão, eu errei...Annie.

-Vamos lá! Todos em seus postos! Quem tem arma fica aqui do lado da porta. E quem não tem, fica em cima da segunda cama para dar apoio aos colchões. Entenderam?- o Plutarch mandou. Nós assentimos, tínhamos entendido muito bem. Ele é bom nisso. Tenho certeza que um dia ele será um Idealizador dos Jogos. Um não. O Chefe dos Idealizadores.

Antes de pensar eu dei um berro. Queria soltar tudo que estava sentindo. Era horrível ter que brincar de Jogos Vorazes com um urso. E olha que ele pode até ser um bestante... Não duvide do Snow, ele pode fazer qualquer coisa para ferrar a vida das pessoas. Da Capital e dos Distritos . De acordo com meus cálculos, que podem estar errados, não sou bom com matemática, já morreram mais de 1600 adolescentes, só com esse joguinho do Snow. Ele é sujo, tem um monte de mulheres para ele. Ele tem coragem de cortar a língua das pessoas. Eu preferia morrer do que ficar sem falar, ou pior, sem língua. O Snow é cruel e nada pode mudar ele. O Snow só quer uma coisa: SANGUE. E tenho certeza, que esse sangue que ele quer, não é dele. E sim, de crianças e adolescentes inocentes. Como eu.

 Meditei agora. Estou até pensando em desistir de me voluntariar. Mais o que é isso? Eu estou pensando bobagens, só pode. Eu treinei minha vida toda para isso. Não é um pensamento bobo que vai me fazer mudar de ideia. Eu tenho que vencer os jogos para me vingar do Snow.           

Ele matou meu irmão.

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Eu tinha 10 anos, já treinava para aquela coisa horrível que chamavam de Jogos Vorazes.

Foi a primeira vez que meu irmão foi para Colheita. Meus pais, pela primeira vez, tiveram que ir para Colheita e não ficar com seu nome dentro da bola de vidro. Meu irmão tinha começado a treinar com 11, ele não estava preparado. Mais a sorte, nem sempre esta ao nosso favor.

Ele foi sorteado, ele não tinha chance nenhuma de vencer. Meu irmão era estranho. Ao contrario de muitos carreiristas ele tinha medo. Medo do que a Capital podia fazer para ver ele morto. Ele, ao contrario de muitos carreiristas, pensava diferente. Ele não queria trazer honra para o nosso distrito , fama, glória e fortuna não importavam para ele. Meu irmão só queria ter a família. Acordar todo dia, sentir o cheiro de bacon com ovos que a minha mãe sempre fritava. Ele amava minha família e só queria o bem dela. Mais nenhuma pessoa da família Fuhrman poderia imaginar que meu irmão—Klaus Fuhrman—faria uma coisa tão horrível e tão triste ao mesmo tempo.

Quando ele foi sorteado seu mundo desceu por água abaixo. Pude sentir isso lá de casa, do meu sofá, eu estava chorando muito. Chorando como um bebezinho que acabou de ser abandonado pelos pais. Eu não queria ir a Colheita, tinha medo, muito medo, daquele lugar. E como eu não era obrigada, optei por não ir. Mais quando a mulher de Verde falou o nome dele, do meu irmão, não consegui segurar, chorei, mais logo enxuguei minhas lágrimas, desliguei a TV e fui até a praça central, onde ocorria a Colheita. Minha mãe estava chorando muito e meu pai também.  

Me lembro muito bem do que meu pai dissera pra mim naquele dia.

“-É por isso que você tem que treinar Clove, se você for sorteada, vai ter chance de ganhar”

Esse foi um dos piores Jogos Vorazes da historia do Distrito 2.

Uma menina de 17 anos foi sorteada, todos acharam que ela seria a salvação do nosso distrito. Mais Não. Foi bem pior o que aconteceu.

Quando tive meus três minutos a sós com meu irmão, já que eu tinha implorado para minha mãe me deixar ficar sozinha ele. Não foi uma coisa muito boa o que ele me disse. Eu já tinha pensado nisso, mais na minha cabeça oca de 10 anos, meu irmão não faria isso.

“-Clove, você sabe que eu não quero morrer pelas mãos de um desconhecido, de um assassino, não sabe”?

E eu sabia muito bem o que ele iria fazer.

Na primeira noite na capital, ele pegou uma faca na cozinha do segundo andar, o andar do nosso distrito, e se matou. A menina de 17 anos sabia que isso ia gerar muita confusão para nossa família. O que eu não sabia é que essa menina, era a menina que um dia me salvara do incêndio que ocorreu na minha casa quando eu tinha uns três anos. E nesse dia ela prometeu a minha mãe e a mim que nunca deixaria ninguém me matar, ela só não poderia fazer isso nos Jogos, mais eu qualquer outra ocasião ela me ajudaria. E nesse dia, minha mãe me falou da promessa que a menina fizera para ela. E ai eu entendi o que aconteceu naquela noite, na Capital. Que as redes de noticia tanto falavam.

“O assassinato dos tributos do 2”

Me lembro até hoje desse jornal que eu li.

“Klaus Fuhrman foi brutalmente assassinado, a suspeita é que a sua parceira, Helena Kowaleski, os dois foram encontrados mortos no quarto de Helena, a janela estava aberta. A suspeita era que Helena tenha tentado se jogar, mais com o campo de proteção ela foi jogada novamente para o edifício dos tributos. A pais de Helena viraram Avox e seu irmão, a pedido de seu pai, foi morto. A família de Klaus não sofrera as consequências, porque ele não se matou, ele foi assassinado.”

Depois desse dia eu treinei muito mais para ir para os Jogos. Eu vou me vingar. Vou dar minha vitória ao meu irmão. Eu o amava.

Sou Esperta. Sou Corajosa.

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-Clove?- a Annie me tirou dos meus pensamentos.

-Clove você também? Clove você esta chorando?- a Johanna pressionou de leve no meu rosto, onde caia uma lágrima. Meu irmão me deixava muito triste. Mais eu tenho que ser forte. Eu sou forte.

-Pequena?- o Cato me chamou.

-É o Klaus, Cato!

-Klaus é o seu ex-namorado Clove?- a Annie fez a pergunta mais idiota do Mundo e a Katniss soltou uma coisa parecida com : “burra”.

-É o meu irmão Annie.- tentei manter a calma.—ele morreu nos Jogos. Na realidade, antes dos Jogos.

-Mais eu vou acordar do que eu estava pensando e esquecer meu irmão.E o bestante?-perguntei.

-Ele deu um tempo, não esta batendo mais tão forte na porta. Mais a Annie já olhou lá fora e confirmou que ele está lá!-a Katniss me respondeu.

E ouvimos mais um estrondo. Estamos todos em nossos postos. Eu com duas facas em cada mão, Cato com sua espada e a Johanna seu machado.

Ele abriu a porta com apenas um chute. Vai Clove, atira a faca na cabeça. Ele tem que morrer e não você. Você é corajosa Clove. Você consegue.

Atirei uma. Acertei no pescoço. Ele gritou de dor e arrancou a faca do pescoço. Ele andou meio cambaleando. Era a hora do Cato agir. Ele foi com tanta força para cima do bestante. Ele rasgava cada pedaço daquela coisa que nem bestante parecia mais.

Morreu. Acabou. O sangue dele estava em todo o nosso quarto. Virei de costas para ver o estrago e que por incrível que pareça, não estava tão destruído como eu achei que estaria. Só alguns respingos de sangue e algumas camas fora do lugar. Enquanto nós tentávamos matar o bestante, a Annie e a Katniss arrumavam as camas. E os meninos não faziam nada. Inúteis, incompetentes. Finnick tinha que fazer alguma coisa. Ele é carreirista.

Pensando bem, eu sempre chamei a Johanna de carreirista mais ela é do Distrito 7. A por favor, ela vencem os Jogos Vorazes. Ela matou os carreiristas enquanto eles dormiam. Ela é cruel. Também combina comigo. Ia ser legal ter ela lá no Distrito 2.

-Clove eu tenho duas perguntas para você. A primeira é: como se fala, Catorze ou Quatorze?- a Annie me perguntou.

-Eu não sei. Agora, qual é a segunda pergunta?

-Como se chama o Batman durante o dia?- ela me perguntou novamente. Quem é Batman?

-Por favor Annie. Quem é Batman?-a Jojo perguntou e a Annie explicou.

Infelizmente falta uma semana e meia para acabar o Acampamento. Vamos passar o ano-novo aqui com meus amigos.

E esse final de Acampamento promete!