A Sobrevivente escrita por Belle Pimenta


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Bem, tecnicamente, já é sexta-feira, portanto eu estou meio atrasada, mas o capítulo está aqui. Nos encontramos nas notas finais. ;)
Boa leitura!



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— Então é verdade? – Ela ergueu o rosto e, por longos 30 segundos, ele desejou que não o tivesse feito, pois o desespero que viu naqueles profundos olhos chocolates quase o afogou. — Ele está mesmo morto?

— Sim, eu sinto muito que saiba desse jeito. – Disse sinceramente. — Sta. Swan, precisa entender exatamente com o que estamos lidando aqui. O homem que sequestrou vocês tem um histórico de pelo menos mais dez mortes oficiais, fora aquelas que são chamas de efeitos colaterais, pessoas que foram usadas para atingir algum fim e precisaram ser descartadas ou, apenas inocentes que estavam na hora errada no momento errado. Este homem é um assassino em série, o chamamos de Replay, pois ele recria crimes anteriores, os encena da forma mais precisa possível para atingir alguém, na verdade, para me atingir.

— Jake disse que não era pessoal. – Ela sussurrou.

— Desculpe, o que disse? – Como se só agora percebesse que havia pensado em voz alta, Isabella, de olhos arregalados, repetiu:

— No cativeiro, depois que o assassino saiu, eu e Jake conversamos, ele disse que desde que acordara, algumas horas antes de mim, estava analisando o... Replay? – Ele assentiu. — Disse que não era pessoal, ele não nos conhecia, nem parecia estar gostando de torturá-lo ou de ameaçar me... Violar. – O rosto dela estava ficando vermelho de raiva ao compreender que fora apenas um instrumento nas mãos de um louco. — Quando ele voltou, Jake prometeu dar-lhe o que quisesse com a condição de que libertasse a mim e a Claire. Mas o homem começou a dizer que o que lhe foi tirado não poderia ser devolvido, que lamentava por nós e não era nada pessoal, apenas estávamos no lugar errado, na hora errada e que nos encaixávamos no perfil. – A voz dela estava mais forte, ele percebeu. — Afinal, que diabos de perfil é esse? – Edward ponderou até onde seria seguro revelar a ela.

— Há alguns anos atrás, eu tive um parceiro. Seu nome era James. Nós estávamos investigando um caso internacional de tráfico de entorpecentes, conseguimos prender todos os integrantes da quadrilha, mas, uma complicação fez com que o chefe deles fosse solto por falta de provas. Para se vingar, ele torturou a mim e o meu parceiro durante dois dias, estuprou a mulher e a filha de 12 anos dele na nossa frente. Até hoje não sei explicar o que aconteceu, mas, com o ombro deslocado, três costelas quebradas e inúmeros outros ferimentos, principalmente na face, eu consegui me libertar, tomar dele a arma e... Bem, digamos apenas que ele foi neutralizado. Infelizmente, não fui rápido o bastante e os ferimentos delas eram muito graves. Ele não planejava nos matar, queria que vivêssemos sabendo que fomos os culpados pelas mortes delas. Três dias depois, meu parceiro se suicidou. Portanto, vocês se encaixavam perfeitamente nesse perfil.

— Meu Deus! – Foram as únicas palavras que ela conseguiu pronunciar, de forma sussurrada.

— Sta. Swan, como você conseguiu escapar com a menina? – Edward perguntou, tentando desviar a atenção de Bella do que poderia ter acontecido. — Vocês são as únicas vítimas de Replay já encontradas com vida. – Expressando nos olhos arregalados a confusão pela mudança repentina de tema, Bella demorou alguns segundos para responder.

— Jake... – Ela gaguejou. — Ele, mesmo gravemente ferido, assim como você, conseguiu romper com as amarras e atacar o homem. Não me lembro bem como eu consegui me soltar, está tudo muito confuso. Só sei que ele me bateu – disse, tocando o lábio inferior partido —, acho que isso fez com que a cadeira tombasse com força e se quebrasse, então eu já estava correndo pela floresta com a Claire no colo, não parei. Nem mesmo olhei para trás, quando ouvi um disparo, assim como havia prometido a Jake que faria. Não sei por quanto tempo corri, mas parecia ter sido menos de 10 metros, quando ouvi passos atrás de mim, eu sabia que não era o Jake, ele teria chamado por mim. Então, as lembranças acabam em um buraco, uma sombra cobrindo a luz do sol, está tudo muito borrado. Acho que era a silhueta de um homem.

— Sta. Swan, quando encontraram o celeiro e o corpo do seu noivo na segunda de manhã, fizeram uma vistoria em todo o Parque Nacional. Os gritos da sua enteada levaram os policiais de Forks até uma antiga armadilha para ursos cavada a 5 metros no chão, onde a senhorita estava com um edema cerebral, quatro costelas fraturadas e uma estaca perfurando sua coxa esquerda. A menina tinha apenas uma torção no tornozelo – ele se antecipou a pergunta dela —, os peritos concluíram que você a protegeu com o próprio corpo. A questão, senhorita Swan, é que o lugar onde a encontraram fica a quase um quilômetro do celeiro.

A surpresa no rosto dela durou poucos segundos, sendo substituída por urgência.

— Eu vi o rosto dele. – Ela disse rapidamente. — Não consegui me lembrar antes, na verdade, as coisas estão vindo para mim aos poucos. O rosto dele acabou de surgir. – Pela primeira vez em cinco anos, Edward permitiu-se sentir esperança de solucionar aquele caso.

— Vou procurar alguém que possa fazer um retrato-falado. – Antes de sair do quarto, ele dirigiu a ela um sorriso que era misto de gratidão, admiração e algo mais que ela não soube identificar, carinho, talvez. Se ela fosse julgar apenas pelos olhos dele, diria desejo, mas aquelas faíscas deviam ser de empolgação. Com toda certeza não eram de desejo.

Desde que ele entrara naquele quarto, Isabella sentiu uma conexão imediata, um tipo de magnetismo que nunca havia experimentado. Somente a sua presença era capaz de deixá-la tonta. A beleza impressionante, os olhos verdes vibrantes e expressivos e o jeito duro de quem já viu mais do que podia suportar, faziam dele o homem com o qual ela sempre sonhou. A culpa a atingiu em cheio ao lembrar que, menos de duas semanas atrás, seu noivo, o homem que ela devia amar, se sacrificou para que ela e a filha pudessem sobreviver. As lágrimas voltaram a transbordar de seus olhos.

Ao escutar o baixo rangido da porta, Bella tentou ao máximo enxugar o rosto, para que Edward não visse o quão abalada estava, ela não queria que ele a visse tão vulnerável assim, tinha medo de que ele pudesse enxergar suas emoções e percebesse o tumulto que causava na cabeça e no corpo dela. Entretanto, quem entrou pela porta não foi Edward, mas um homem alto de jaleco, um médico. Instantaneamente, Bella relaxou. Sem dizer nada, ele se aproximou e aplicou o conteúdo de uma seringa no soro dela. Estranhando a situação, Bella, tentou dizer alguma coisa, mas uma súbita leveza a atingiu. Sua língua e seus músculos não respondiam aos comandos de seu cérebro. Desesperada, Bella procurou o médico com os olhos, só então notando que, parado à sua frente, estava o seu pior pesadelo.

Replay, o assassino em série que matou Jake e quase a matara, estava ali agora para terminar o serviço. Buscando freneticamente um meio de sobreviver, Isabella tateou a lateral da cama em busca do botão que chamaria uma enfermeira.

— Na-na-ni-na-não, mocinha. – Ele disse, como se falasse com uma criança, afastando o botão dela. — Nós temos um assunto inacabado e ninguém vai nos atrapalhar. – Ele lhe sorriu de forma assustadoramente encantadora. — Sabe, eu realmente preferia que você tivesse morrido naquele buraco, claro que estragaria o padrão e o recado não iria diretamente para o Edward, mas, ter que matar você com as minhas próprias mãos não será prazeroso, acredite. – A voz era tão gentil que Bella tinha calafrios. Como um monstro como ele podia ter uma voz daquelas? — Na verdade, não obtive prazer de nenhum dos assassinatos que cometi, ao contrário do que Edward possa ter lhe dito.

Apesar da fala e dos movimentos de Bella estarem limitados, a mente dela funcionava a mil por hora. Ela rezava pela volta de Edward, rezava por uma morte rápida e rezava para que ele poupasse Claire. Enquanto seus olhos vagavam freneticamente pelo quarto e pelo homem que a assombraria para sempre, ela percebeu que a forma que ele tratava o agente Edward era pessoal demais. Ela se perguntava por que ele queria atingi-lo de forma tão incisiva.

— Desculpe-me, Bella, preciso me corrigir. A morte do seu noivo foi um pouco prazerosa, sim. Afinal, mesmo todo arrebentado aquele cara conseguiu me dar uns bons socos, fora que me fez perder você e a menina. – Ele conversava com ela de forma tão natural que beirava o bizarro. — Preciso confessar que não sei se seria capaz de matar a pequena. – Sua expressão era de pesar e Bella sentiu-se enjoada. — Mas, eu tenho que admitir que a culpa por você ter fugido foi minha, deixei que toda aquela situação me atingisse e fui negligente. – Ele parecia falar consigo mesmo agora. — É que ainda dói, sabe? Lembrar de tudo o que aconteceu, de tudo o que eu vi. – De repente, tudo fez sentido para Bella.

— J... Ja... Jam... – Ela tentava colocar em palavras o que seu cérebro já havia processado. — James. – Sussurrou por fim.

— Ahh! Então, Edward falou de mim para você? – Exclamou ele surpreso. — Bom saber que não fui completamente esquecido, isso torna tudo ainda melhor. – Alguém tentou entrar no quarto, mas James havia trancado.

— Bella? – Disse Edward do outro lado da porta, batendo. — Está tudo bem? – Ela tentou gritar, mas nenhum som saiu.

— Isso será divertido. Quer apostar que ele vai levar 10 segundos para arrombar a porta? – Sussurrou James com um sorriso macabro. — Olá, Eddie. Eu e Bella estamos resolvendo uma pendência, mas fique tranquilo, quando acabarmos, o corpo dela será todo seu. — Disse mais alto, para que Edward pudesse ouvir.

— James?! – Bella pôde ouvir a voz chocada de Edward logo após o baque do pé dele na porta, que, com um estrondo, bateu na parede. — O que... Como?! – James já tinha uma arma com silenciador apontada diretamente para Bella, o que fez com que Edward largasse imediatamente a sua.

— Ahh, me poupe dessa surpresa, você nunca viu o meu corpo, só acreditou no que ouviu sobre a minha morte. – As palavras estavam carregadas de escárnio. — Acreditou mesmo que eu deixaria você viver normalmente depois do que fez a minha família?! – Gritou.

— O que eu fiz? James, do que você está falando? – Edward tentou controlar sua voz, apesar da raiva que sentia ao descobrir que o seu ex-parceiro era Replay. Mas nada o deixava mais puto do que a consciência de que havia uma arma apontada para Bella.

— Você sabe exatamente do que estou falando! – Gritou novamente. — Você arruinou toda a investigação, foi por sua causa que Victor Sanchez ficou livre para se vingar na minha família. Você, seu viciadinho de merda, pegou toda a droga que nós apreendemos... Ficamos sem provas para mantê-lo na prisão.

Bella, que naquele momento era apenas coadjuvante, olhou para Edward em busca de respostas, será que ela havia se enganado com relação a ele? Será que ele era, na verdade, o pivô de todos os seus problemas, o assassino indireto de Jake, da família de James e de mais 10 desconhecidos? A expressão confusa, indignada e ao mesmo tempo apavorada de Edward, lhe dizia que a resposta para todas essas questões era grande “não”. Entretanto, suas palavras a surpreenderam.

— Eu sei, James. E sinto muito, muito mesmo. Lamento todos os dias da minha vida pelo que aconteceu. Mas, apontar essa arma para uma pessoa inocente não vai consertar as coisas. Eu estou aqui, não estou? Aponte-a para mim! Eu sou o culpado, não ela.

Bella pôde ver a indecisão no rosto de James, ele queria mais do que tudo a morte de Edward, mas também queria que Bella morresse por ter contrariado seus planos. Mas, ele sabia que se matasse Bella agora, Edward não teria mais motivos para se manter em seu lugar, imóvel. Quando ele finalmente decidiu matar primeiro Edward, porque Bella não sairia mesmo do lugar devido ao sedativo e afastou a mira dela, Edward avançou agilmente para cima dele. Com uma mão na mão de James que segurava a arma, Edward a mantinha longe do próprio corpo e de Bella, enquanto lutava pelo controle da situação.

Os dois caíram no chão e Bella os perdeu de vista. Depois de algum tempo em que só se ouvia o barulho de ossos se chocando e grunhidos, ela escutou um estampido abafado. O silenciador. Uma mão ensanguentada apareceu ao pé da cama, se apoiando para levantar. Bella estava tão assustada que praticamente se encolheu dentro do próprio corpo. Mas, quando a cabeleira acobreada de Edward apareceu, ela agradeceu aos céus por ele estar vivo. Suspirando de alívio, ela tentou sorrir, quando ele se aproximou e, com todo o cuidado, a suspendeu da cama, levando consigo somente o soro e deixando os aparelhos apitando feito loucos atrás de si.

— Vamos sair desse quarto, acho que já passou da hora de você ver a sua filha. – Disse ele sorrindo tristemente.

Uma semana depois, Bella atravessava os corredores do hospital numa cadeira de rodas, apesar de todos os seus protestos. Claire se divertia em seu colo fazendo “vruns vruns” e buzinando com a boca cada vez que alguém entrava na frente delas, arrancando gargalhadas das enfermeiras e médicos e também do homem que empurrava a cadeira. Edward fez questão de ir buscá-las no hospital e levá-las de volta à Seatle e, quanto a isso ela não tinha nenhum protesto. Após tudo pelo que passou, o agente tornou-se mais do que essencial para ela. Devia sua vida a ele.

Após tirá-la do quarto, Edward lhe explicou que James tinha problemas com drogas desde a adolescência, mas, quando se casou, prometeu a esposa que se manteria limpo, pela filha. Entretanto, a promessa não durou muito, em pouco tempo, Edward já o havia livrado de várias enrascadas. Quando eles solucionaram o caso de tráfico internacional, James insistiu em se responsabilizar pela droga, apesar dos protestos de Edward, mas ele acabou confiando no amigo, que dizia estar limpo há mais de seis meses.

Quando as duas toneladas de cocaína sumiram, Edward pediu a troca de parceiros. A confiança em James estava quebrada. Não havia volta. Mas, mesmo assim, ele foi ao auxílio do antigo parceiro quando Sanchez fez da família dele refém. Após toda a tragédia, James transferiu a própria culpa para Edward e assim, nascia Replay.

Bella não sabia o que sentia por Edward e ainda se sentia culpada por Jacob. Principalmente ao saber que assim que ele a pedira em casamento havia mudado o testamento, deixando para ela não apenas todos os seus bens como também Claire, o seu tesouro. Jacob não possuía nenhum parente próximo e confiava no amor de Bella pela filha.

Ela não sabia se aquela forte atração pelo agente algum dia se tornaria algo mais, mas esperava estar pronta para descobrir... Quem sabe, se apaixonar de novo. O que ela também não sabia era que Edward estava mais do que disposto a conquistar o seu coração, assim como conquistara sua confiança naquele quarto de hospital. Ele esperará as feridas se curarem. Esperará o gosto amargo daqueles dias sombrios ser esquecido e estará lá para preencher a boca de Bella de doçuras, quando ela estiver pronta. Quando ela o quiser.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas, =D
Então, antes de mais nada, eu gostaria de dizer que tenho pleno conhecimento de que este último capítulo está uma bela porcaria. Aliás, eu tiraria o "bela" e deixaria só uma porcaria mesmo. Os que leram as Notas da História, sabem que ela foi concebida para um concurso, portanto, quando comecei a escrever o final, o prazo para me inscrever já estava se esgotando. Foi uma correria só!
Desde então, eu realmente queria voltar e reescrever TUDO e o processo de revisão só intensificou essa vontade. Eu até tentei dar uma melhorada nesse último capítulo, dar uma "maquiada" nele para que não ficasse tão ruim, mas uma semana simplesmente não foi suficiente e, pra não fazer uma burrada ainda maior, deixei como estava.
Acho que eu não conseguiria expressar o quanto fiquei feliz com os comentários que recebi, com as favoritações e com o número de leitores... Foi uma surpresa muito gostosa. Claro que eu gostaria que os fantasmas aparecessem e comentassem também, mas, me contento com o que consegui até agora.
Entretanto, peço, encarecidamente, que aproveitem esta última oportunidade e comentem, me xinguem, briguem, enfim... Digam-me o que acharam, para que eu possa corrigir meus erros e otimizar meus acertos numa próxima história, ou até mesmo nessa!
Em breve, pretendo trazer novas histórias e espero que as recebam de braços abertos!
Aos que chegaram até aqui, OBRIGADA!
Beeijos, Belle.



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