Cassie saiu do cemitério pensando no que Jack havia dito. E se de fato John ainda estivesse vivo? Aquela ideia lhe deu calafrios na espinha. “Não, não pode ser.” Se meu pai estivesse vivo, porque ele teria fingido novamente estar morto? Cassie refletiu por um segundo. Antes de conhecer pai, ela sempre havia fantasiado a respeito dele, sempre imaginara um pai cuidadoso e que a amava, que tinha tido um motivo real e profundo para ter abandonado à sua família. E se os outros Balcoins também pensassem assim a respeito do pai? Dessa maneira, o pai teria sido um mártir, um motivo a mais para eles se mudarem para Chance Harbor e colocarem seus planos em prática, seja lá qual forem. Talvez John tenha planejado isso o tempo todo. Talvez ele soubesse que a morte dele seria mais proveitosa para reunir os seus filhos do que se ele estivesse vivo.

 Cassie ficou com raiva pela primeira vez em muito tempo. Com raiva de verdade. Pela primeira vez em muito tempo, ela sentiu alguma coisa, que mexeu verdadeiramente com algo dentro dela, ao invés daquele sentimento entorpecente que reinava havia semanas. Aquela raiva antes dormente, enterrada dentro dela foi liberada de uma vez só. Tudo que ela estava guardando dentro dela nos últimos meses, a morte da avó, o término com Adam, a descoberta de que fora enganada mais uma vez pelo pai, a descoberta de que havia sido traída por Dawn e Charles, tudo aquilo foi liberado de uma vez só e ela sentiu que não foram apenas sentimentos que ela colocou pra fora.

Ela olhou ao redor, para a vegetação morta ao redor dela, formando um perfeito circulo ao seu redor e ela sentiu que tinha algo pelo qual lutar, um objetivo, uma coisa para fazer ela levantar da cama todos os dias. Ela tinha o ódio pelo pai o desejo de destruí-lo de uma vez por todas, e ela usaria aquilo para guia-la. Decidiu que faria o que fosse necessário para derrotar o pai, e que se fosse preciso morreria por essa causa. Ela parou para pensar sobre isso. O que faria quando tudo isso acabasse, caso sobrevivesse. Ela pensou um bom tempo, olhou ao redor para aquele cemitério, para aquela cidade, e percebeu que aquele não era mais o seu lar. Nem Chance Harbor. Muito menos Chance Harbor.

Ela decidiu então que quando tudo aquilo acabasse, ela iria embora de Chance Harbor, de uma vez por todas. Mas antes, ela tinha que voltar para aquela cidade que a fez perder tanta coisa, dar um jeito de atrair seu pai de volta para a mesma (apesar dela saber como fazer isso) e por fim, matar seu pai.