Durante todo o percurso da viagem , o silencio se instalou no carro.

Dawn ainda não havia absorvido por completo o fato de Charles estar consciente, ela havia pensado que ele ficaria incapacitado o resto da vida, assim como deveria ter ocorrido com Heather. Isso a levava a pensar onde foram parar todos aqueles demônios que estavam presos no corpo dele.

Ela realmente não queria pensar sobre aquilo, porque até onde ela sabia, eles ainda poderiam estar dentro dele. "Não", ela afastou o pensamento "se eles estivessem dentro dele, eu conseguiria ve-los se locomover por seu corpo".Mas mesmo assim, ela sabia que havia algo errado e esperava que Royce pudesse dizer o que havia acontecido.

Sua crença se tornou mais forte ao perceber que o homem esperava por eles sentado na varanda de sua casa. Dawn e Charles trocaram um olhar significativo antes de descerem do carro e se encaminharem até o ancião.

– Charles - disse Royce casualmente .

– Não parece surpreso em me ver. - disse Charles.

– De fato,eu sabia que mais cedo ou mais tarde, você viria atrás de respostas.

– Como pode Charles estar livre dos demônios? - Questionou Dawn .

– Ora, não é obvio? Aqueles lá eram fortes demais para serem mortos. Se não estão em Charles, obviamente estão dentro de outra pessoa.

E então de súbito, ele compreendeu.

–Royce, onde está minha mãe?

O ancião olhou para ele tristemente , confirmando o que ele já suspeitava. Ficaram em silêncio por o que pareceu uma eternidade, quando Charles disse:

– Não acredito que minha mãe se sacrificaria dessa maneira para que eu pudesse viver.

Royce riu, Charles e Dawn ficaram perplexos, e então o homem disse:

– Ah , Charlie, acha mesmo que, se fosse apenas um capricho de sua mãe de querê-lo vivo, acha que eu realmente faria isso?

– Então por que o fez? - Indagou Dawn.

– Porque, Kate deu os poderes dela a vocês dois, o que a deixou sem nenhum! E infelizmente, para o bem ou para o mal, todo poder que dispusermos será necessário.

– Para combater o que?

– Balcoins, Charles. Eles estão na cidade e pretendem fazer seu próprio circulo. Se isso realmente acontecer, deveremos temer pelos nossos filhos. Por todos eles.

Ambos demoraram para absorver aquela informação. Então era por isso que seus filhos estavam tão desesperados.Algo devia ser feito e Dawn sabia.

– Se eles fizerem isso, se unirem o circulo, nós e incontáveis bruxos seremos mortos! - exclamou Dawn - os Balcoin's irão mata-los. Temos que impedi-los.

– Ah ,Dawn , se a questão fosse tão fácil. Para pode impedi-los, teremos que contar com a ajuda dos outros círculos!

– Deve haver outra maneira - disse Charles.

– Não ha! - esbravejou Royce- Blackwell sabia o que estava fazendo. Escolheu bem as famílias que iriam carregar sua prole. As famílias mais poderosas de cada circulo, aquelas que desde os tempos antigos mantém a tradição de se casar entre si, mantendo o seu sangue "puro". Sem a ajuda dos outros círculos, qualquer esforço que fizermos será inútil.

– Está dizendo que minha filha está fadada a fazer parte deste circulo e que ela não pode lutar contra?

Royce olhou para Charles de uma maneira solidaria. Ele entendia a amargura do homem com a ideia de que sua filha pudesse sucumbir as trevas. Mas a verdade não podia ser negada. Diana possuía magia negra e Royce sabia que, ela seria tentada constantemente, e as chances de não sucumbir seriam pequenas.

– Charles- começou o ancião- entendo que Diana seja uma boa menina. Mas não pode ignorar o fato de que o sangue Balcoin corre por suas veias! Existe sim, a chance de ela se recusar a se entregar as trevas , mas essa chance é minima e você deve ter consciência de que ela pode sucumbir.

– Você não conhece minha filha - respondeu- ela não ira se entregar a magia negra.

Royce achou melhor não discutir mais sobre aquilo, não convenceria Charles e estavam perdendo um tempo precioso com aquela discussão.

– O fato é que, com ou sem Diana, os Balcoin juntos são muito poderosos e somente os três círculos juntos serão capazes de derrota-los.

– Mas como faremos para que os outros círculos concordem em cooperar?- perguntou Dawn?

– Acho que eles não tem muita escolha. Por onde quer que John passe, ele deixa estragos e tenho certeza de que os outros sabem que se unir é a unica maneira de derrotar seus filhos. Convence-los disso não é a parte mais complicada.

– Então qual é ? - Perguntou a mulher.

–Ah Dawn- o velho riu- se você acha que os Balcoin são problema, você não faz ideia do estrago que os três círculos podem fazer, não, uni-los não é a parte difícil, o difícil mesmo é fazer com que, uma vez unidos, eles não se voltem uns contra os outros e causem sua autodestruição.