Os olhos azuis dele estavam fixos no corpo dela, ainda arfava, não se importou em ver Thresh indo embora, mesmo que fosse uma grande chance de derrotá-lo, mesmo que estivesse com sua mochila, nada impediria Cato de chegar até ela naquele momento, nem mesmo sua sensatez que dizia para ir atrás do outro tributo, ou da garota em chamas que devia estar próxima.

Naquele momento Clove precisava dele, não podia deixá-la morrer.

– Clove! – Gritou em desespero, alcançando o corpo dela, sentiu os olhos lacrimejando, mas não se deixou chorar, engoliu o choro, era muito bom nisso, em não sofrer, ou fingir não sofrer. Segurou a mão dela em desespero. – Não me abandone, por favor. – Suplicou, nunca fizera isso, mas precisava, precisava dela, vencer com ela. Ele a amava e nem tivera tempo de dizer, não demonstrara nada, nunca. – Fica comigo. – Aquele momento ia contra a opinião que todos tinham de Cato, o garoto sem sentimentos que matava em um piscar de olhos qualquer um que estivesse em seu caminho, não se importava com nada além de si, mas ele se importava e estava assistindo a morte da pessoa que mais importava a ele, sem poder fazer nada. Katniss sempre o achou o tributo mais cruel, talvez realmente fosse, mas naquele momento era o mais vulnerável dos jogos. A garota do distrito 12 olhou de relance para trás enquanto corria, se tivesse olhado mais atentamente, veria quanta dor havia naqueles olhos azuis. Cato continuou ajoelhado por mais algum tempo, mesmo depois de Clove deixar de respirar. O aerodeslizador tinha que vir, ele tinha que deixá-la, estava confuso, a mente tão conturbada, perdera ela, nunca mais a veria sorrir, ou discutiria com ela, nada, nunca mais sequer a olharia nos olhos. Imaginou se as câmeras estariam o observando naquele momento, não mais, não estariam mais. Finalmente sentiu-se a vontade para selar seus lábios nos de Clove.

– Me desculpe. – Sussurrou mesmo sabendo que ela não podia escutar, que ela nunca mais poderia, o canhão já havia soado.