Apesar do cansaço de seu corpo e de sua mente, Elena não conseguia dormir. Todas as suas lembranças tumultuavam a sua mente ao mesmo tempo em que a imagem de Alec invadia a sua mente. Levantou-se da cama sem olhar para o homem deitado ao seu lado. Saiu do quarto caminhando sem rumo pela casa ate chegar a cozinha, onde se sentou na bancada e olhou para o nada.

-Porque ele apareceu agora? – se perguntou na penumbra da cozinha. Ao dar asas a seus pensamentos não viu que mais uma pessoa encontrava-se vagando pela casa. Jacob olhou para a mulher sentada na cozinha e sorriu.

-Serás minhas e o dinheiro também – sussurrou consigo mesmo. Aproximou-se dela silenciosamente e ao passar os braços em volta de seu pescoço, sorriu diante do susto que ela levara

– Sou eu.. – murmurou em seu ouvido – esta sem sono? Porque eu também. Não consigo tirá-la de minha mente. O que devo fazer?Elena manteve-se parada, quieta com a respiração ritmada. Ela tinha consciência que Jacob apenas estava jogando com ela, só não imaginava que o motivo fosse tão banal.

-Talvez deva saciar o seu desejo e se esquecer de mim – disse com o olhar perdido no nada – talvez.. seja o melhor a se fazer.

-E se eu não quiser esquecê-la?

-Isso será um problema – tornou ao pousar a sua mão sobre os braços dele. – porque posso começar a me apoiar em você e isto poderá ser perigoso.

-Se eu estiver ao seu lado.. tudo ficará bem – sorriu.

Elena assentiu levemente com a mente conturbada pelas lembranças e pela imagem de Alec, seu primeiro amor. 

***

Alec retirou o paletó, desafroxou a gravata e deixo-se cair na cama de seu quarto do hotel. Seu coração ainda não havia se acalmado do reencontro. Sua única vontade era de vê-la sofrer e lhe implorar por clemência. Levantou-se e caminhou ate o banheiro onde tomou um longo banho, saindo com uma toalha enrolada em sua cintura.

-Senhor Lorenzi? – Peter disse atraindo a sua atenção em frente a porta aberta – consegui o que havia me pedido. 

-Estais cada dia mais eficiente – sorriu para o homem a sua frente – diga-me... o que pode falar sobre Nicole Piatti?

-Bem... ela é uma mulher determinada sempre estudou e trabalhou com a ajuda de seu irmão, Alexander Piatti. Separou-se a três anos, não tem filhos, mora sozinha. Seus horários...

-Um momento – o interrompeu – quem era seu ex-marido?

-Fernando Jones. Um homem de negócios com empresas em Los Angeles.

-Interessante. Deixe o relatório e pode ir descansar.

 -Sim, mas como foi a festa?

-Melhor do eu esperava

.-A viu?

-Passeamos juntos pela casa, ela me reconheceu e agora deve estar se perguntando o motivo de eu ter aparecido. 

Peter assentiu e retirou-se sem nada dizer. Para ele aquela vingança não teria um final feliz. Alec sentou-se na beirada da cama e começou a ler os relatórios calmamente. Pegou uma foto dela e sorriu ao olhar para a fotografia.

-Parece que nos encontraremos esta semana, Nicole – disse sorrindo. 

*** 

A galeria encontrava-se tumultuada pelos novos quadros que haviam chegado para a exposição do novo artista, um notório e renomado pintor da Noruega. A responsável pela galeria goddes andava apressada de uma lado e para o outro a medida que via os encarregados chegarem mais quadros. O saguão já encontrava-se uma confusão.

-Ninguém pode ir arrumando isso? – gritou no meio do saguão sendo respondida pelos sorrisos gentis de seus empregados. Nicole suspirou ao passar a mão pelos seus cabelos loiros ondulados bagunçados pelo seu dia anormal. – isso está ficando uma loucura - constatou nervosa. Escreveu algumas coisas em sua prancheta e logo voltava para a sua sala no segundo andar da galeria. Nicole era uma mulher alegre, havia optado pela carreira em artes na faculdade desde aquela época sonhava em ter uma galeria, algo que ocorreu assim que se formou. Sua galeria era conhecida como uma das melhores de Nova York apesar do tamanho e do pouco marketing empregado nela. Espreguiçou-se em sua sala antes de retomar o trabalho.

A sua semana estava mais cansativa do que imaginava. No final da noite foi a ultima a sair do edifício. Trancou tudo e ao caminhar pelas ruas sentia-se livre e relaxada. Apertou o casaco contra o seu corpo ao  mesmo tempo em que olhava em volta a  procura de seu carro.

-Tenho certeza que estacionei aqui em frente – murmurou para si mesma confusa. Continuou procurando sem sucesso ate perceber algo – eu.. eu fui roubada – constatou lamuriosa. – droga – praguejou ao caminhar na direção inversa. A rua vazia lhe dava uma sensação peculiar, pois não sentia medo, pelo contrario. Sentia-se bem. Andou pela calçada tranquila em direção a estação de metro mais próxima até escutar um barulho vir em sua direção. Olhou para trás ficando surpresa ao ver um carro esportivo caro como aquele passar pelas ruas tarde da noite a aquela velocidade. Ao passar por ela acabou passando pela poça de água, sujando-a. – Isso é alguma piada? – indagou ao olhar para o céu – eu lhe fiz algo hoje? O que? Matei uma formiga e esta me punindo? Muito bem.. tenho medo do que acontecerá comigo quando eu comer um frango. – olhou para si mesma com lamentação. Já estava dando de ombros quando avistou o carro parar, metros a frente, dar ré e estacionar ao lado dela. Nicole ficou parada, esperando a reação do motorista, mas ao ver o homem abrir a porta e sair com segurança, surpreendeu-se.

 “Lindo” pensou.

-Me perdoe, está bem? Estava dirigindo como um louco. Eu sei, quer que eu a leve para algum lugar? É o máximo que posso fazer – Alec disse solicito. Ao avistar Nicole sair da galeria tarde da noite, percebeu que tudo seria mais fácil do que planejara. Bastou ser ele mesmo. Estrategista, charmoso e frio. 

-Não  precisa se preocupar. Foi apenas um pouco de água suja no casco. É bobagem – sorriu – pode continuar seu caminho. Não se atrase por mim.

-Estava indo para casa, mas deixe que eu a leve para algum lugar.

 -É muito gentil, mas não.. obrigada. 

-És desconfiada, certo? – sorriu ao colocar a mão no bolso de sua calça e retirar sua carteira de motorista – pode ficar com ela, enquanto estiver em meu carro. Prometo não lhe sequestrar, matar ou algo similar. 

Sem perceber Nicole sorriu abertamente ao pegar a carteira de motorista dele.

– Alec Lorenzi – leu em voz alta extraindo um sorriso do homem a sua frente – Sou Nicole Smith.

“Então não usa o nome de sua família” Alec pensou ao escutar o seu nome. 

-Aceitará o meu convite?

-Acho que sim, já estou suja, molhada e esgotada. O máximo que poderá acontecer será eu morrer, certo? – disse sorridente ao lhe entregar o seu documento. Nem ela mesmo entendia o que estava fazendo. Sabia que o melhor a se fazer seria dar as costas ao homem a sua frente e ir embora, mas não conseguiu. Ela desejava saber mais sobre ele. Há anos não se interessava por alguém. 

Alec esboçou um sorriso vitorioso ao vê-la entrar em seu carro. Não demorou muito para estarem conversando e o seu plano seguir facilmente. Ele já tinha Nicole Smith Piatti em suas mãos, bastava querer.