Tom Riddle: Set Fire. escrita por RitaSkeeter, WithLoveRamona


Capítulo 18
O Impossível.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/278312/chapter/18

A noite gélida na torre de astronomia fizera Hermione passar por profundas reflexões. Já não entendia mais o por que de estar tão obcecada com o futuro de Tom Riddle, com seu silêncio incômodo ou o par de olhos aterrorizantes. Era um mistério excessivo, agonizante, louco. Simples e ao mesmo tempo capaz de lhe despertar a curiosidade, fazendo sua mente trabalhar incansavelmente em busca de uma solução plausível. Afinal, ela era Hermione Gaunt e não havia nada que ela não fosse capaz de descobrir, sendo a garota genial que era.

Então, quando resolveu percorrer o caminho de volta ao salão comunal da Sonserina naquele amanhecer, ela se aproximou das masmorras, que dormiam numa calmaria tão profunda que a deixara mais tranquila. Era quase como se estivesse de volta ao lar. Porém, tal calmaria havia de ser quebrada por um ruído lento e baixo, que parecia estar surgindo como pano de fundo daquela cena em especial. Era um lamento, Hermione concluiu. Seria o fantasma da Sonserina a perambular pelos corredores frios de pedra polida?

Amedrontada e curiosa, como havia de ser por sua natureza, Hermione parara brevemente antes de seguir em passos demorados na direção do som. A cada passo dado lhe falhava uma batida do coração, deixando a tensão aflorar em sua pele, inundando cada centímetro paupável ao lado dela. E tal tensão apenas se intensificara após andar alguns poucos corredores, quando ela avistou uma figura ali.

Era um menino, isso estava claro, e tinha a cabeça escondida entre os braços desnudos. Seu rosto não era possível ver, mas o som do seu choro era tão penoso que Hermione sentiu a necessidade de se aproximar. Mais um dos impulsos que ela tinha às vezes e que sempre lhe colocavam em apuros, além de ela nunca os entender de fato. Mas ela estava ali, demonstrando compaixão pelo desconhecido como se ele fosse seu melhor amigo. A cada passo ela se sentia mais conectada ao garoto, como se o lamento dele fosse seu. Uma estranha conexão que tinha nome: Tom Riddle.

Hermione avistou o rosto tristonho dele pela primeira vez naquele momento após alguns minutos. Ele levantara a face, percebendo a presença de alguém, e se pudesse dizer algo naquele momento ele teria dito que já imaginava ser ela por ali. Não por algum sexto sentido ou premonição do gênero, mas porque a única pessoa que poderia se aproximar dele em um instante como aquele, era a própria Hermione Gaunt. Seria devido à inocência juvenil dela, um ano mais nova? Não teria ela escutado as histórias horríveis que as pessoas inventavam e espalhavam por Hogwarts, sobre ele e a família que deveria ter tido?

A verdade é que ela não se importava com nada daquilo, então continuou se aproximando até sentar-se ao lado dele no chão frio de pedra. Havia uma tocha fraca a iluminá-los, mas ela não trazia todo o conforto que era esperado de si, permitindo que o ambiente fosse frio como o coração rancoroso de Riddle. Então, ao vê-la ao seu lado, ele sentiu o calor da compaixão que emanava do coração dela. Um contraste tão grande que lhe deixou com medo, porque afinal, ele era Tom Riddle e sentimentos bons não haviam sido feitos para alguém como ele.

— O que faz aqui? — Ele questionara, a olhando nos olhos.

Ele desejara que a frase tivesse soado num tom mais severo, mas isso era impossível para alguém que havia se desfeito em lágrimas há pouco. Porém, Hermione temeu a pergunta do mesmo modo, talvez sentindo nela o modo que ele gostaria de ser ouvido. Mesmo assim, a sonserina não se afastou ou abaixou o rosto. Estava firme, convicta.

—  Você não deveria se sentir tão triste, é o melhor aluno de Hogwarts. — Respondeu, sem na verdade dizer o que ele gostaria de saber. Às vezes enfretá-lo era mais fácil quando ela conseguia inverter as regras do jogo.

— De fato, o sou. — Tom rira, o sarcasmo flutuando pelo ar. — Mas isso não é o suficiente.

E então o orgulho que se instalara sempre no olhar dele se transformara em mágoa visível. Sim, revelou-se o que ela já sabia: ele era daquele modo devido aos maus tratos dos colegas em Hogwarts. Porém, Riddle não deixara a máscara cair por muito tempo, logo voltando a sua pose de auto-suficiência infindável. Ele não se permitia ser frágil, nem quando necessitava sê-lo.

— Ignore o que as pessoas dizem sobre você. — Hermione falou sem pudor, sentindo a respiração dele tocar sua pele arrepiada. Estava com medo, não havia como negar isso. — Você é melhor que tudo isso.

— Sabe Gaunt, todas as pessoas que já debocharam de mim, um dia irão sofrer amargamente por isso. — Citou sem receio algum, empunhando a máscara que se tornara tão natural a ele. — Tenho cuidado pessoalmente para que isso aconteça. 

Um arrepio frio percorrera o corpo de Hermione ao ouvir as falavras daquele garoto. Era tão novo... Como podia estar preenchido pelo ódio daquele modo? Deveria haver uma solução para a tamanha tristeza que jazia em seu peito. Hermione sentia a necessidade de encontrar essa solução, ainda que nada daquilo fosse do seu interesse. A razão de tanto desejar salvá-lo, porém, lhe era desconhecida. Talvez Riddle estivesse certo; Era tudo obra de sua inocência juvenil, sua eterna mania de querer enxergar algo bom nas pessoas.

O problema é que não havia nada de bom para se ver em Tom Riddle, pelo menos aos olhos dele. Ele tornava esse pensamento claro a cada vez em que trocava breves frases com aquela garota. Estava confuso em relação a ela e por tal motivo se levantara, deixando-a ali sozinha a pensar nas palavras dele. E é claro que ele também pensara nas palavras ditas por ela.

Ele queria saber quem era aquela garota. Queria saber por que ela se interessava tanto em sua angústia. Mas, acima de tudo, ele queria se ver livre de todos aqueles que o cercavam dia após dia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!