Esses últimos dois dias em que estive aqui foram os mais difíceis de toda a minha vida. Sempre achei que seria fácil achar comida na Arena, que seria fácil achar abrigo e que seria tudo tão simples. Pela televisão tudo é fácil até matar era fácil, era nisso em que eu sempre acreditei. Mas é tudo tão diferente. Estar aqui está sendo difícil para qualquer um, até para Cato “o destemido” é isso que ele acha que é. Na Arena você não tem como se esconder porque não há lugares para se esconder, tivemos que improvisar um esconderijo para ficar de tocaia e se algum outro tributo passasse por nós é certo que morreria. Aqui não tem dó nem pena, ou mata ou morre. Não há cervos para caçar, apenas esquilos, peixes e tordos. E com a morte da Glimmer percebi que meus dois aliados estão um pouco tristes demais.

– Vocês vão ficar se lamentando pela Glimmer o dia inteiro? – Eu perguntei

Agora eu vou dizer a verdade, achei ótimo ela ter morrido, pelo menos parou de me encher o saco e parou de ficar no pé do Cato, que estava gostando muito daquela fresca. Eles não falavam nada, só ficavam esperando algum idiota passar pra ser morto.

– Qual é o problema de vocês dois? Estão com a doença chamada Glimmerite falecite? Gente foi como com qualquer outro, se não fosse a Glimmer seria um de nós. Sorte que ainda estamos vivos, é isso que acontece aqui, é tudo na sorte. Viver para poder vencer, e dois de nós três também vão morrer, só um sai daqui vivo. E eu já estou perdendo as esperanças de ser a vencedora – Eu disse.

Ninguém falou comigo, eles só ficavam me olhando, pareciam duas moscas mortas.

– Não vão falar comigo? – Eu perguntei

Nada de respostas.

– Tudo bem. Já que vão ficar aqui moscando eu vou tentar sobreviver – Peguei as minhas facas e levantei.

Nós ainda estávamos no lago porque aquela era a solução de todos os problemas. Água. Qualquer um precisava de mais do que qualquer coisa.

– Clove espera – Cato finalmente falou alguma coisa – Não vai

– Me dê um bom motivo pra ficar – Eu olhei pra ele

– Aqui tem dois para te proteger – Ele sorrio – Juro que não vou mais falar da Glimmer, ou ficar triste por ela.

– Marvel?- Perguntei

– Concordo com o Cato, a Glimmer foi só uma coisa passageira. A gente está aqui para ganhar – Disse Marvel

Eu percebi que eles não estavam sendo muito sinceros comigo, mas eles estavam tentando superar a perda da frescurinha. Mas eles não se levantaram, continuaram sentados nas pedra olha para o lago.

– Eu não acredito que vocês vão ficar ai? Vamos levantem – Eu puxei o braço do Cato, mas ele é tão grande e forte que não moveu nada – Qual é, vamos. Levantem AGORA – Eu falei em um tom muito mais brava que o normal

Funcionou, eles levantaram rapidinho. Nós seguimos em direção à árvore em que Glimmer havia falecido a árvore em que a garota quente dormiu. Tentei mudar de lado, seguir em outra direção, mas aqueles fracotes queriam passar por lá. Não sei para que se eles já haviam tirado corpo dela de lá. Quanto sofrimento, tudo por aquela chata. Cena mais que patética, ficar olhando para o chão em silêncio. Eu fiquei de braços cruzados.

Quando eles perceberam que eu já não estava mais lá, vieram atrás de mim. Eles estavam realmente muito chateados. Cato me obedecendo? Incrível como a frescurinha mexeu mesmo com ele.

Passamos a noite procurando um lugar para descansar até que encontramos um tributo. Quero dizer, até que o tributo esbarrou em mim. Eu peguei a minha faca e apontei para o garoto.

– Cato! – Eu gritei, eles estavam anda tão lerdos que acabaram ficando para trás.

– Não me mata – Disse o garoto

Cato e Marvel vieram correndo e viram o garoto caído no chão.

– Por favor não me matem – Disse garoto

– Porque não devemos te matar? – Disse Cato

– Sou do Distrito 3, tecnologia. Sei fazer coisas incríveis como bombas. – Disse o garoto

– Bombas? – Perguntei

– Sim, bombas – Disse o garoto

– Nós nunca vimos bombas em nenhuma edição do Jogos, pelo menos os que eu vi – Disse Marvel

– Ele vem com a gente. Tive uma ideia e bombas vão servir – Disse Cato

– Mais que ideia? – Eu perguntei

– Quando amanhecer nós vamos pegar todos os suprimentos da Cornucópia e vamos empilha-los... – Disse Cato

– Um campo minado – Disse Marvel sorrindo

– Sim, quem tentar chegar perto dos suprimentos. Vai morrer. E como a garota quente está com a garota do Distrito 11, elas precisam de suprimentos como qualquer outro também precisa – Cato riu – Ei garoto do que você precisa para fazer as bombas?

– Tenho tudo o que preciso na Cornucópia – Disse o garoto

– Então nós vamos acampar lá – Eu disse

Fomos para Cornucópia. Eu não tinha mais a minha barraca para passar a noite. Com quem eu dormiria essa noite? Barracas armadas. Cada um tinha uma coisa nas mãos. Eu tinha minhas faca, Cato a sua espada, Marvel a sua lança e o garoto do Distrito 3 estava fazendo as bombas e aproveitou para ficar de vigia.

– Só tem duas barracas, ou você dorme comigo ou com o Marvel – Disse Cato

Eu olhei para as duas barracas. Da última vez que eu dormi com o Marvel foi terrível, ele ocupou a barraca inteira e roncava bastante.

– Eu vou dormir com você Cato – Falei levantado a sobrancelha esquerda.

Tanto eu quanto Cato estávamos sem sono. Achei um lagarto que estava me incomodando, aquelas patinhas passando pelas folhas me irritavam, parecia a Glimmer. Nós acendemos uma fogueira porque estava muito frio.

– Já está terminando? – Perguntou Cato

– Mais é claro que não, montar essas belezinhas é mais difícil do você pensa – Disse o garoto do Distrito 3.

– Estou vendo que isso não vai dar certo, esse garoto só está nos enrolando – Digo revirando os olhos

– Não! Eu realmente estou fazendo as bombas – Ele se levantou assutado

– Calma garoto, sente ai e continua seu serviço se não quiser morre – Disse Cato rindo do menino

O menino estava com uma cara pálida, acho que é de medo. Se eu aprendi alguma coisa enquanto estava no Centro de Treinamento é não se deve confiar nos Carreiristas, se fazem de bonzinhos e depois dão o bote. Prepare-se garoto, a hora do bote está mais perto do que você imagina.

– Acho que vou deitar, amanhã é mais um dia difícil – Me levanto e vou para barraca.

– Também vou – Cato se levantou – Se alguma coisa der errado, você já era garoto.

Nós deitamos na barraca, o silêncio tomou conta. Mas logo foi interrompido pelo ronco do Marvel que estava na outra barraca colada na nossa. Eu e Cato rimos muito com o ronco dele, até o ronco daquele garoto era engraçado.

Juntos na mesma barraca, sem a Glimmer. Parece um sonho dormir do lado do Cato. Como ele pode ser tão perfeito sendo tão ignorante bruto e egocêntrico? Eu não sei por que me apaixonei por ele. Deitados um do lado do outro sem falar um ‘a’, eu ficava olhando para o teto da barraca esperando que ele falasse comigo.

– Você está dormindo? – Ele perguntou

– Estava quase – Menti

– Desculpa, eu não queria te incomodar

– Não está me incomodando

– Mas está me incomodando – Marvel puxou o zíper da nossa barraca e só dava para ver o rosto dele.

– Marvel! –Eu sorri – Sai!

– Cortei o clima? – Marvel sorrio

– Não tem clima, vai dormi – Digo rindo

– É Marvel vai dormi – Cato riu

Droga, droga, droga! O Marvel cortou o clima.

Amanheceu mais rápido do que imaginava, obra dos idealizadores que querem nos ver mortos o mais rápido possível. Á noite enquanto eu estava dormindo senti um abraço e um calor corporal. Cato! Mas foi tão bom que eu nem liguei. Quando acordei Cato não estava mais na barraca. Me levantei e fui lá fora para ver o que estava acontecendo. Me deparei com uma pilha enorme de suprimento e o garoto do Distrito 3 cavando buracos na terra.

– Bom dia baixinha – Cato sorrio

– Bom dia Cato – Sorri

– Bom dia dorminhoca, nem levanto para nos ajudar a empilhar os suprimentos – Marvel fez bico

– Me desculpe Marvel – Digo me aproximando dos suprimentos – Não vamos ficar com nada?

– Deixei algumas coisas que iremos precisar dentro da mochila – Disse Cato

– Terminei – Gritou o garoto do Distrito 3

Serviço terminado, agora é só esperar para dar o bote. Quem viria primeiro se soubesse da pilha de suprimentos? O grandão do Distrito 11? A garota quente com a macaca do Distrito 11? Ou a cara de raposa?

– Olhem fumaça – Apontou o garoto do Distrito 3

– Vamos – Disse Cato

Eu, Marvel e Cato fomos em direção a fumaça. Aquilo é típico da Foxface, ela não é tão esperta como demonstra ou é! Quando chegamos ao local onde tinha a tal fumaça não vimos ninguém, procuramos, procuramos e nada.

– Ali em cima – Apontou Marvel

– É a macaca – Digo sorrindo

Todos nós demos gargalhadas ao ver a macaca pendurara na árvore.

– Meu nome é Rue, sou do Distrito 11.

– Grande coisa. Sobe nas árvores que nem uma macaca – Continuo rindo

– Desce daí – Gritou Cato

– Não! – Gritou Rue

Marvel começou a balançar a árvore e a macaca escorrega e cai no chão, a árvore não era muito grande, mas era cheia de espinhos impossível de subir. Ainda não sei como a macaca conseguiu subir. Vai saber, é coisa de macaca.

– Katniss – Rue gritou

– Pode ficar tranquila macaquinha, nós não vamos te matar. Ainda – Disse Cato

– Não? – Pergunto

– Não, a garota quente vai ter que vim tirá-la da rede. Ai a gente mata – Disse Cato colocando a rede sobre Rue

Ouvimos um estouro, um grande clarão tomou conta do céu.

– Katniss – Gritou Rue

– É a garota quente – Grito

– Ela já deve estar morta – Disse Marvel

Tinha comida, barracas, cobertores e armas para tudo quanto é lado. Mas nada da garota quente. Vimos o garoto do Distrito 3 sair de dentro da mata.

– Você deixou ela escapar? – Cato gritou para o garoto.

Nem deu tempo para o menino responder, Cato tomou a lança da mão do garoto e quebrou seu pescoço.

– Ela não deve estar longe. Vou atrás dela – Disse Marvel pegando a lança e uma flecha

– Tome cuidado – Grito

Marvel some dentro da floresta.

– Como aquele idiota deixou ela escapar? – Cato estava falando

– É por isso que ele deixou ela escapar – Eu respondo

– Porque? – Cato me olha

– Porque ele era idiota.

O canhão estorou duas vezes.

– Ele conseguiu. Matou a macaca e a garota quente. Ou será que a garota quente matou ele? – Eu paro de sorrir e fico preocupada

– Marvel é esperto demais para ter morrido – Disse Cato.

Marvel não retorna ao acampamento. Ele não iria se perder nem concordaria em ser alidados das duas chatas. Estar com o conquistador nem pensa.

– Ele não vai voltar né? – Digo chateada.

– Estou achando que não – Ele responde