BORN TO KILL - versão Clove escrita por Mrs Delacour


Capítulo 25
Massacre Quaternário


Notas iniciais do capítulo

Essa é a parte em que eu mais gosto, é a que eu mato todo mundo. MUAHAHAH ~ não pera ~ é.



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SENHORAS E SENHORES, ESTÁ ABERTA A SEPTUAGÉSIMA QUINTA EDIÇÃO DOS JOGOS VORAZES!

A voz de Claudius Templesmith, o locutor oficial dos Jogos Vorazes, ecoa pelos meus ouvidos. Tenho menos de um minuto para me situar. E então o gongo soará e os tributos saíram em disparada de seus pratos de metal.

Tudo está fora de foco. Nada visível. Onde estou?, exijo de mim mesma uma resposta e lentamente o mundo começa a entrar em foco. A água azul. O céu azul com pequenas nuvens brancas. O sol quente batendo no meu rosto. A faixa areia espessa. A Cornucópia á uns quarenta metros de mim. Numa círculo que parece ser uma ilha.

Pego um punhado de água e cheiro. Em seguida, encosto a ponta do meu dedo molhado na língua. Como eu suspeitava, a água é salgada. Como as ondas que eu e Cato encontramos em nossa breve turnê na praia do Distrito 4. Mas pelo menos é limpa.

Estou em alto mar. MAR. A Cornucópia está no meio do mar, e está atrapalhando a minha visão impedindo que eu veja os outros tributos. Diferente do ano passado, os pratos de metal não tem o detector que te faz explodir se você tirar o pé para fora do prato antes de o gongo soar.

Não há barcos nem cordas, nem mesmo algum pedaço de madeira á deriva em que se agarrar. Não, há apenas uma maneira de se alcançar a Cornucópia. Assim que o gongo soa, não há outra escolha a não ser pular na água. Todos nós pulamos em direção á Cornucópia, mas alguns parecem estar tentando acordar de um mundo onde se vê o paraíso de uma ilha afrodisíaca. Ou então mortífera. É uma distância maior do que a que estou acostumada, e cortar as ondas requer um pouco mais de habilidade do que nadar em minha tranquila piscina no Distrito 2, quando eu ia treinar junto á muito outros adolescente, mas meu corpo parece leve e avanço na água sem muito esforço. Talvez seja o sal.

Sou a primeira a chegar na Cornucópia e um estojo de facas me espera. Eu o agarro com força e junto á ele está uma mochila, eu a abro e vejo que há uma garrafa de água vazia, um cobertor térmico, cordas, uma barraca e só. Ano passado, os suprimentos foram bem espalhados ao redor da Cornucópia, sendo que os itens mais valiosos ficavam bem próximos do chifre. Mas esse ano os objetos parecem estar empilhados na boca, que fica a sete metros do chão. Ao olhar para trás vejo que os outros já estão se aproximando, menos Johanna. Ela permanece intacta no mesmo lugar, com pavor. Finnick já está no meio do caminho quando percebe que Johanna ainda não saiu do seu prato de metal. Ela praticamente está agarrada no prato, tentando não cair na água. Finnick diz alguma coisa á ela que a faz se desgrudar e pular nos braços dele. Cato já está ao meu lado e eu nem percebi. Me junto á ele e ficamos olhando os outros tributos se arrastando pela areia até chegar no Grande Chifre. Facas apontadas. Finnick carrega Johanna até a Conucópia, Mags já está novamente em posição normal e procura por alguma coisa, Cashmere e Gloss acabaram de alcançar o chifre. Johanna se recupera e logo acha seu machado, sua marca.

Na tensão do momento todos pegam suas armas. Eu me distraí por um segundo, só um segundo. Então sinto alguma coisa se chocar contra a minha cabeça com muita força e caio novamente no mar, desacordada.

Não sei durante quanto tempo fiquei desacordada, mas ainda estou viva. Acho que alguém tenta puxar alguma coisa que esta dentro de mim, entalada na garganta. Água. Muita água. Alguém salvou a minha vida por algum motivo. Me apoio na areia e deixo o  líquido sair por completo de dentro da minha garganta liberando a passagem para o ar vindo do pulmão.  Abro os olhos e a visão turva não me permite ver quem me salvou, consigo ver apenas algo borrado por completo. Puxo todo o ar possível e tento respirar normalmente. Agora sim consigo ver quem está apoiado sobre mim, me encarando para ver se estou bem.

- Oi.

- Peeta? – digo

Ele balança a cabeça ligeiramente em concordância.  O brilho do sol pelos seus fios agora castanhos. E um sorriso bem grande em seu rosto. Um sorriso sem motivo algum, além do mais ele mesmo tinha me dito que me deixaria morrer.

- Cashmere bateu na sua cabeça com uma maleta e você caiu na água. Cato queria pular e te tirar da água, mas aí apareceram vários tubarões brancos de no mínimo uns dez metros, e eu podia ver o quanto estavam famintos, Finnick não o deixou pular na água e o levou para o outro lado da praia junto com a mulher velha do distrito dele. Eu percebi que você ainda estava viva porque uma pancada como aquelas não mata e também por causa das bolinhas de ar – ele sorri - E pulei na água conseguindo te livrar dos bestantes. Pelas minhas contas treze já morreram.

- Então agora somos só nós dois? – pergunto

- Sim, pelos menos até chegarmos até eles – diz ele.

- Porque? – pergunto.

Peeta sabe do que eu estou falando. Porque ele não me deixou morrer?

- Eu preciso de uma aliada – diz ele

Então o seu olhar está focado no meu pescoço. Passo a mão para ver se tem algo no meu pescoço e encontro o pingente de madeira do Tordo.

- Então foi por isso? – pergunto

- Em parte – ele responde. Um breve silêncio ocupa o lugar das palavras e dos sorrisos sem motivo.

- Suas facas caíram na água, o que significa que temos que voltar na Cornucópia e pegar mais. Há várias delas espalhadas pelo chifre – diz ele.

- Mas e os tubarões?

- Eu descobri que existem vários pedaços de vidro cortados em formato de um retângulo bem pequenos que ligam á praia até a Cornucópia. Eu as descobri da pior forma possível, tombando nelas – diz ele.

Sorrio. Ah, Mellark! Só você para me fazer sorrir numa hora como essa.

- Se a gente tiver que fazer isso, temos que ir e fazer agora – diz ele.

- E como vamos chegar lá do outro lado? – digo

Raciocínio lógico.

- Provavelmente há vários outros tributos na espreita esperando na praia para que algum idiota chegue e eles possam matar – digo.

Ele respira fundo e parece pensar. E pensar, e pensar, e pensar...

- Não tem outro jeito a não ser ir até Cato, Finnick e a mulher velha sem passar pela praia. Não sei o que nos espera na floresta, e coisa boa é que não é – diz ele – É por isso que precisamos de mais armas. Além do mais o que é a Garota das Facas sem as facas.

Contenha-se menina, nada de sorrir. Momento de seriedade e foco. Buscar as minhas facas.

- Você disse só Cato, Finnick e Mags – digo – E Johanna?

- Eu não a vi depois que Finnick tirou-a do prato de metal – diz ele – Ela até conseguiu chegar na Cornucópia, mas depois sumiu. Só sei que ainda está viva.

Só de me dizer que ela está viva já me tranquiliza, eu cumpro as minhas promessas, sempre cumpri. Se eu prometi a Finnick que cuidaria de Johanna caso alguma coisa acontecesse, eu vou cumprir mesmo que eu tenha que matá-la depois para que Cato seja o vitorioso. Todos tem que morrer. Eu. Peeta. Finnick. Johanna. Mags. Wiress. Beetee. Todos nós.

- Vamos – digo.

Minhas facas, minha mochila... Tudo caiu na água junto comigo e desapareceu. Eu tenho que buscar mais. Peeta vai na frente. De longe vimos que não há ninguém na Cornucópia, ótimo sinal. Agora eu tenho um aliado. Cato corre perigo estando com Finnick que não sei se ele é confiável. Todos acham que eu morri e á noite saberão que estou vivinha da silva.

Chegar até a Cornucópia não é tão fácil como pensam. Há milhares de tubarões brancos que são umas cinquenta vezes maiores que eu, nadando por aí. A trilha de retângulos de vidro que ligam á praia até o pequeno círculo de areia no meio do mar é praticamente invisível dentro d’água. Peeta pisa de vidro em vidro e eu o sigo até chegarmos na Cornucópia. Eis que surge o bêbado do Distrito 5 de trás do chifre dourado.

- Abaixa-se! – ordena Peeta com uma voz tão poderosa, tão diferente de seu costumeiro ronronar doce, que obedeço na hora. Uma lança voa por cima da minha cabeça e acerta o bêbado. Ele cai de joelhos enquanto Peeta tira a lança de seu peito.

 – Nunca confie em ninguém. Seu melhor amigo pode tentar te matar!

Peeta Mellark acabou de me dizer que não devo confiar nem mesmo nele, foi isso mesmo?

- Cada um para um lado? – digo.

Ele balança a cabeça em concordância. Disparo em volta da pilha. Procuro por algo que sirva e me mantenha viva.

 - Alguma coisa útil? – Peeta grita.

Vasculho cada canto do chifre e só encontro maçãs, facas, espadas, lanças, flechas, machados, tridentes e coisa que nem sei dizer o nome porque nunca vi na vida...  e nada mais.

- Armas! – grito de volta – Só armas!

- Aqui também – ele grita – Pegue o que quiser e vamos embora daqui.

Chaff, o homem enorme do Distrito 11, mergulha na água e some. Logo depois eu o vejo já na areia quase nos alcançando. Eu não sou muito boa com arco e flecha, mas é a única que acho além das facas e atiro uma flecha que acerta sua panturrilha, ela dá meia volta e se joga na água de novo sem nem temer os tubarões. Onde eles estão?  Estavam aqui á mais ou menos uns cinco minutos. Será que o Snow manda os Idealizadores liberá-los apenas quando estou dentro da água? Possivelmente sim.

- Tubo bem? – pergunta Peeta

Balanço a cabeça em concordância. Ele olha para as minhas mãos. Eu olho em seguida e vejo o arco de metal em minhas mãos. A aljava de flechas está nas minhas costas. Eu apertei tanto o arco que cortei a mão e dela escorre muito sangue. Prendo as facas e um furador em meu cinto. Mais uma vez eu o faço lembrar da Everdeen, com seu arco e flecha.

- Nossos cintos também servem como boia – diz ele.

- Ótimo – digo.

Chegar até o outro lado da praia não vai ser fácil, nada aqui é dado em nossas mãos. Mais uma vez eu dificulto tudo. Já sabemos da aliança entre Cashmere, Gloss, Chaff e Seeder. Porque os dois Carreirista do 1 querem os dois vitoriosos do 11, ainda não sei. Só sei que eles estão perto da praia nos esperando passar e procurar os outros, esperando a hora certa para nos matar.

Os Idealizadores dos Jogos querem mesmo que tudo aconteça rápido demais, querem ver mortes e gritos e agonias, e fazem a noite chegar rapidinho. Eu vou passar uma noite com Peeta. No meio da arena. Na praia. Só nós dois. Eu estou pensando no que mesmo? Ele me pede para não acender a fogueira e diz que vai procurar água e comida. Digo á ele que não quero ficar sozinha e vou com ele para dentro da selva. Achamos alguns bichos, mas eles são estranhos e tentam nos atacar de qualquer jeito. Ok, sem bichos. Sem comida. Peeta sobe em cima de uma árvore. Um coqueiro, típico de praias. Traz vários cocos e os chacoalha para ver se estão cheios de água. Pelo menos temos algo para beber. Ao voltar para a praia me ofereço para pescar algum peixe e aproveitar para mergulhar. Eu quero mergulhar e esquecer onde estou e o mais importante com quem estou. Ele me permite ir, mas pede para eu tomar cuidado e qualquer coisa era só gritar. Pego um pedaçinho de fio de metal e um pedaço de corda, que encontrei na Cornucópia dentro da minha mochila, e faço um anzol para poder pegar um peixe descente. Sem sucesso, a única coisa que eu encontro são uns bichinhos do mar avermelhados e esquisitos demais.

- Olha o que eu achei – digo. Caminho até ele e ele os examina.

- É um siri – diz ele – A carne dele é deliciosa.

Dou um sorriso triunfante. Pelo menos consegui achar alguma coisa e não vamos passar fome. É inevitável não acender uma fogueira. Se eles nos acharem estaremos armados e antes que cheguem até nós já vão estar com uma flecha ou uma faca no corpo. O que? Eu tenho uma mira ótima. Nunca erro. Um siri é pouco, mas conseguimos dividir. O suficiente para uma noite. Peeta faz um buraquinho no coco para poder beber a água e em seguida o abre para poder comer a carne branca e deliciosa.

- Nós não temos muito o que comer no Distrito 12. Eu sou uma das poucos crianças que conseguem se alimentar todos os dias e tem um pouco de peso. A maioria passa fome – ele diz. Eu sinto uma pontada de culpa por reclamar da minha vida sendo que sempre tive tudo o que quis e sempre tive o que comer – Meus pais tem uma padaria. Sei fazer pães ótimos – sorri.

Não hesito em dar o pedaço de siri que estava preste a por na boca e dou para ele.

- Não, você precisa comer – diz ele.

Balanço a cabeça na negativa.

- Pegue – digo – Depois do que disse, me sinto culpada até por estar comendo e aquelas outras crianças não. Não tem porque eu continuar comendo. Sempre tive tanta comida que chegava a jogar fora. Enquanto as crianças do 12 não tinham o que comer. Aceite, você precisa mais do que eu.

Um sorriso enorme se forma nos lábios dele. Talvez eu não seja tão ruim assim como penso ou como os outros acham que eu sou.

- Clove, eu não passo fome – diz ele – Se você não comer quem passa fome é você – ele me estende o pedaço da carne do tal siri e eu o devoro.

Apagamos a fogueira rapidamente para que ninguém nos encontre. A fumaça não fica muito visível á noite.

- O Tordo – ele diz, apontando para o meu pingente de madeira.

- É – digo – O Tordo. Eu nunca pensei que isso pudesse se tornar tão importante para mim.

- Foi você quem fez?

- Não – digo – Maysilee Donner quem fez.

Um minuto de silêncio. Por mais que Peeta desvie o olhar, sei que ele está chorando por causa da Katniss. Eu nunca vi homem nenhum chorar. Tanto meu pai quanto meu treinador diziam que homens fracos choram e que homens fortes matam. Tudo isso para nos incentivar a sermos melhores que os outros. Eu deixo Peeta ter o seu momento de choro. Sei que isso não é uma atitude para fracos e sim para quem tem sentimentos de verdade.

Ele se levanta e some dentro da selva. Eu fico obsevando para ver se ele volta. Penso que ele me abandonou aqui sozinha para eu morrer. Será que eu fiz algo de errado? Será que eu falei algo de errado?

Para a minha alegria, ele volta com as mãos cheias. Com a ajuda das folhas de bananeiras, que além do mais pegamos várias bananas depois que ele me levou até as bananeiras para pegarmos mais folhas, fazemos uma cama. Bem confortável até. Me deito nas folhas e observo a lua, as estrelas, as lembranças...

- Estrelas – diz ele com o tom de voz mais puro e doce do mundo.

- Eu gosto delas – digo.

- Eu também – ele diz – Porque as pessoas tem que partir?

- Um dia todos temos que partir – digo.

- Porque as pessoas que mais amamos tem que partir? – diz ele.

- Simplesmente porque as amamos – digo – Elas nos fazem sofrer.

Na hora me lembro do meu avô. Eu adorava quando ele me contava história e coisas engraçadas. Quando ele me dizia detalhes e mais detalhes sobre estrelas.

- Elas viram estrelas – diz ele – Elas nos acompanham por onde andamos.

Por um momento eu olho para ele. Ele tem razão em dizer que elas nos acompanham. Elas nos protegem e nos guardam. Elas nos amam.

- Eu odeio o Snow – diz ele.

Eu dirijo o olhar para o céu e fico esperando um raio cair sobre a cabeça de Peeta. Morte certa. Ás vezes a verdade tem que ser dita, Presidente Snow. Por mais que isso nos traga problemas graves como a morte. Me arisco em responder:

- Eu também, Peeta. 


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Notas finais do capítulo

Beijos pra vocês e até mais.



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