Wanted escrita por Maar013


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Imensa demora. Gomen, e espero que este capitulo agrade.



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Minha cabeça latejava. Eu mal conseguia abrir meus olhos. A claridade os feria,  a cada brecha entre minhas pálpebras hesitantes. Onde eu estava? Eu não sabia... Porém o cheiro daquele local não me era estranho. Isso. Cheirava a jasmim. Assim como ele.

 

Meus pulsos estavam presos por algo, que eu podia supor que eram cordas. Quase certeza, naquelas alturas minha cabeça me tirava de qualquer linha de raciocínio decente. Meus tornozelos também eram presos pelo que eu também supunha que seria o mesmo que circundavam meus pulsos, tomados por uma ardência leve. Grunhi ao ajeitar meu corpo melhor naquela superfície macia. Era a cama dele, só podia.

 



You are not alone
   I am here with you
  Though we're far apart
  You're always in my heart
  You are not alone 


Eu não me recordava muito dos últimos acontecimentos, mas tinha certeza que ele havia me capturado. A musica que ecoava pelo cômodo era a nossa música. Ousei abrir meus olhos, e a claridade não mais os machucava como antes. Leve ardência e vermelhidão, apenas. E eu estava vestido, ele havia me vestido. Com minhas roupas preferidas! Ele ainda se lembrava...

 

 

Desajeitado, me ajeitei de forma que pudesse me sentar contra aquele lençol branquinho que sobrepunha superfície tão macia, que era seu colchão. Meus orbes negros correram por cada pedaço daquele cômodo, já que a porta fechada ocultava todo o resto. Ele não estava ali, isso era fato. Aquela maldita música se repetia! De novo, de novo e de novo!

 

O que ele queria? Me torturar? Acabar comigo?

 

Bom, o que ele não sabia era que já tinha feito isso. Já tinha acabado comigo.

 

A porta se abriu e então ele se revelou por trás desta. Lindo, como sempre. Minha vontade real era puxá-lo para mim e enchê-lo de caricias, confessar o quanto eu o amava. Porém a medida que ele se aproximava, eu rosnava. Tentava o afastar da única maneira que me era cabível no momento. Porém em momento algum ele recuou. Ele apenas se aproximou mais e mais. E, DROGA, aquela música tinha que parar alguma hora! Mas não parava. Fazia horas que ela estava tocando, supunha eu. Maldito Kou. Nunca, em todo esse tempo que convivi com ele, pude imaginar que ele seria capaz de tanto.

 

- Yuu, você quer comer algo? Quer? – ardiloso. Seus olhos oblíquos me fitavam enquanto sua voz soava serena e doce, ocultando toda a sua perversidade.  Porém não de mim.

 

Nada respondi. Me mantive quieto apenas encarando aqueles olhos que um dia me cativaram.

 

- Yuu, não seja assim! – ele pediu ao cerrar os olhos, ocultando assim os orbes amendoados, e suspirar. Um suspiro pesado. Então uma de suas mãos, delicadas, e macias, tocaram as minhas. Céus, elas ainda possuíam a mesma maciez! Porém afastei minhas mãos da dele. Grunhi por sentir a corda que, com certeza, circundava meus pulsos, arranhá-los. Dor. – Yuu! – repreendeu-me ao capturar minhas mãos novamente. Eu não podia fugir. Ele me tinha... amarrado ali. Ele me tinha.

 

- Por quê não me mata logo, Kouyou? Por quê não me destrói, uh? – eu indagava. Minha voz grave, e alta mais do que consideravelmente, ecoando pelo cômodo onde havia apenas eu e ele.  – Ahh, já sei! Esta me mantendo aqui pra pedir recompensa, não é mesmo? Só porquê sabe que eu tenho um caso com o chefe da máfia, não é? – bem, eu tinha um caso com o chefe da máfia. Isso foi bem depois que ele se foi. O único também que tocava em mim.Velho nojento! Eu apenas aturava suas mãos asquerosas em mim porquê recebia muito para servi-lo na cama.

 

- O QUÊ? – ele forjava muito bem. Sua face fora dominada por uma falsa surpresa. Falsa demais, para mim. Bem... eu duvidei apenas alguns instantes, pois percebi quê de seus olhos brotavam lágrimas, que acabaram por deslizar por seu rosto tão delicado. Ele era ardiloso, mentiroso e perigoso... Porém era lindo. Lindo e mexia comigo. Muito. Era irrevogável, eu o amava. – Yuu... – ele pendeu a face, a escondia por entre seus fios claríssimos. E por mais que eu soubesse que era tudo um grande teatro, fingimento, eu não conseguia não sentir aquela dor no peito. Tão incomoda, tão insuportável.

 

- É, Kouyou. Não finja-se de idiota! Eu e o chefe temos um caso. Não foi por isso que me capturou? – eu não conseguia ser firme. Mas precisava. Estava por um fio de me quebrar porém este fio resistia brava e admiravelmente.

 

- Você é um idiota, Yuu! – ele gritou. Sua voz suave e doce arrastada por um tom choroso, o qual nunca presenciei. Nunca. E então ele ergueu sua face, tomada por linhas negras feitas pelas lágrimas e pela maquiagem forte que delineava seus olhos. – Você se entregou para aquele velho? Você..? Eu não te capturei coisa alguma! Eu te salvei. Te tirei de lá... Yuu, eu busquei você... pra viver comigo.

 

Ele só podia estar louco. Ou eu estava, era mais provável. Minhas pálpebras se movimentaram freneticamente, colidindo uma contra a outra, enquanto eu tentava processar bem suas palavras. Que espécie de mentiroso e traidor ele era? Agora, queria que eu também fosse procurado? Que eu também fosse um traidor? Confusão. Eu estava realmente perdido. Não! Jamais poderia acreditar naquelas palavras. Jamais.

 

- Kouyou, não seja ridículo. Por quê não me mata de vez, uh? Você traiu a organização. Me traiu e me abandonou. Não acredito em uma palavra sua. – as palavras abandonaram meus lábios carnudos em um turbilhão. Rápidas e ágeis. Além de certeiras. Ele novamente pendeu a face, provavelmente se encontrava envergonhado pela sua traição.

 

- Yuu... – dor, pura dor. Eu podia sentir em sua voz antes doce. E meu peito novamente doeu. Céus, eu rezava para não estar cometendo uma injustiça com ele. Eu não podia estar errado. Ele era um traidor! Não podia sentir pena dele, não podia. -  Eu não traí a organização... – ele murmurou ao novamente revelar a face, os olhos já inchados pelo choro e pela maquiagem que os invadia e causava irritação. Era mentira! Ele não iria me convencer. Não iria me enganar. – Eles me deram um trabalho, o qual não pude cumprir! – minhas mãos foram apertadas pelas suas. Uma força absurda, a qual nunca imaginei que pudesse pertencer ao frágil Kou. Porém ele não era meu Kou. Não aquele Kou que fingiu ser. – Yuu... Eu nunca trairia a organização e muito menos você. Porquê eu... – ele estava prestes a dizer as palavrinhas pelas quais tanto esperei. Tanto desejei. Pelas quais, antigamente, eu morreria. Antigamente, eu morreria por ele. Porém ele não disse. E aquela súbita euforia em meu peito desapareceu. Era assim que tinha que ser. -  Do que adianta eu dizer? Você não acredita em mim. Você não confia em mim. Prefere acreditar naquele bando de corruptos e ladrões. Você se quer sabe qual foi minha traição! Ou sabe?

 

Eu nunca havia pensado nisso. Nunca havia se quer parado para pensar nisso. Fui tão egoísta que me privei a pensar ao fato de que Kou me abandonou e o juntei a essa suposta traição. Confusão! Pendi minha cabeça e cerrei meus olhos. O que estava acontecendo? Será que... Kou era inocente? Não! Não poderia! Eu não podia estar errado. Eu estava acreditando naqueles para quem eu trabalhava e deixando de acreditar naquele... que eu amava. Silêncio.

 

- Sai daqui, Yuu! – ele gritou ao passo que desamarrou as cordas que circundavam meus pulsos e meus tornozelos. Dor. Grunhi. – Sai! Você me acusa por algo que nem sabe se eu realmente cometi! Eu não pude ir atrás de você. Não pude procurar você. Você estava cercado por eles. Precisei de muito tempo para arranjar alguma forma de conseguir chegar até você, como hoje. Mas eu vejo que me arrisquei atoa!  Coloquei minha vida em risco duas vezes por uma pessoa que se quer acredita em mim! – sua voz ainda chorosa ecoava pelo cômodo. E a cada nova palavra sem sentido, para mim, que abandonava seus lábios meu peito doía. E uma sensação estranha me tomava. Remorso. E... o que ele queria dizer com duas vezes? Confusão.

 

Ele se levantou. Leve como uma pena e se pôs parado frente ao lado da porta.

 

- Eu sabia que não seria fácil fazer você acreditar, Yuu. Mas nunca pensei que fosse assim. Vai embora. Você está livre. O ‘traidor’ e suposto ‘sequestrador’ está te libertando. Volte pro seu amante. Volte pra sua vida... – as ultimas palavras abandonaram seus lábios doces em um murmúrio doloroso. E ele novamente tinha a cabeça baixa. Os fios loiros voltaram a esconder sua face que eu tanto amava.

 

 

O que estava acontecendo? Estava tudo desmoronando. Eu não conseguia o entender. E nem me entender. Céus, se eu estivesse errado, o que parecia ser o obvio naquele momento, eu havia machucado Kou. O homem a quem eu amava, meu Kou. O homem a quem eu sempre quis confessar meu amor porém nunca tive a coragem. O homem que quase, pensava eu, chegou a confessar seu amor por mim. A confissão que tanto esperei. Ruínas.

 

 

Me levantei. As pernas bambas e a mente tão confusa e perdida. Eu não sabia mais no que acreditar. Eu precisava pensar em tudo aquilo, raciocinar. E ali não conseguiria. E se ele estivesse apenas querendo me enganar? E se..?

 

- Vai logo, Yuu! Ou vai querer me matar? Eu sei que estava me procurando pra isso. Então me mata. Me mata, Yuu. – Kou chorava. Chorava compulsivamente agora e não demonstrava vergonha alguma em expulsar aqueles soluços e lágrimas.

 

Era vergonhoso, porém foi o que eu fiz, eu corri. Corri o mais rápido que pude. Eu era um covarde. Estava fugindo dali. Fugindo do suposto erro cometido por mim. Eu não tinha certeza. E assim que abandonei seu apartamento, a ultima coisa que pude enxergar fora o numero de seu quarto, 78. Não ousei esperar pelo elevador. Desci pelas escadas, correndo, sempre correndo. Vez ou outra, em meio aos lances daquela enorme escadaria, eu me desequilibrava. Porém não caí vez alguma. Meus olhos estavam tomados por lágrimas, muito bem contidas na frente de Kou, e que agora abandonavam meus olhos em turbilhões. Deslizavam-se pela minha face. Ofegos. A cada novo lance, mais e mais ofegos.

 

Não foram gastos mais do que cinco minutos naquelas escadas, eu ainda era ágil, mesmo depois daquele turbilhão de pensamentos e sensações e... Confusão! 

 

Não demorei a dar de cara com um dos membros da gangue. Estavam todos a minha procura. Ordens do chefe. Pensaram que eu havia sido capturado por Kou, o que de fato aconteceu. Porém eu neguei. Eu não sabia mais o motivo de minhas ações. Eu não o matei, não consegui. O deixei me pegar de surpresa, como pude? Eu sempre fui mais forte. E eu não estava acreditando nele. E eu não havia revelado seu esconderijo. E... não queria mais pensar em nada, por agora. Adentrei o carro que esperava por mim.

 

xXx

 

Assim que adentrei meu apartamento, corri os orbes por todo o espaço que eu podia enxergar. Não sei bem porquê, mas me permiti sonhar que poderia encontrá-lo novamente ali. A minha espera, para me capturar novamente. Que idiotice. Ele não estava ali. Joguei meu corpo contra a superfície tão macia que recobria aquele estofado. Meus olhos se cerraram e então eu grunhi. Cansaço e...  Kou! Ele me veio em mente, do nada. E todas as suas palavras ecoaram em meus ouvidos. Abri meus olhos e ele não estava ali, estava alucinando. E... Eu não podia acreditar no que eu havia feito! Eu não acreditei nele. No homem em que eu amava. Preferi acreditar naqueles corruptos e ladrões, como Kou dissera. E novamente aquela sensação e sentimento. Remorso.

Me levantei e abandonei aquele apartamento, conseqüência de uma das transas com meu chefe.

 

Pelas ruas, já tomadas pela escuridão da noite e pela iluminação dos postes, eu corri. Juntei forças para me empenhar naquela corrida. Eu estava voltando para meu ‘cativeiro’. Estava voltando para meu Kou. E durante todo aquele percurso, me vinha na mente suas palavras e sua imagem. Sua imagem magoada por mim! Dor. Remorso. Não gastei menos do que meia hora.

 

Eu me lembrava bem do caminho e do prédio no qual ele estava hospedado. E até do apartamento, 78!

 

Eu tinha que me desculpar! Eu tinha. E meu maior temor, naquele instante, era não receber seu perdão. Porém eu tentaria, de qualquer forma.

 

Parei um dos funcionários do hotel para lhe perguntar em que andar se encontrava o apartamento 78, e assim que obtive resposta esperei pelo elevador. Quinto andar.

 

Assim que as portas do elevador se abriram, eu abandonei seu interior. Agora, me encontrava parado naquele corredor. Vazio e sem sinal algum de vida.

 

Caminhei lentamente e então encontrei, finalmente, seu apartamento, numero 78. Bati diversas vezes na porta. Porém ninguém atendeu, ele não me atendeu. 

 

Invadi. Sem medo ou receio algum. Não precisei arrombar a porta, ela estava destrancada. E então fui tomado pela surpresa. Estava tudo escuro e aparentemente desabitado! ...  Não!

 

A medida que eu caminhava, o som se tornava mais audível. Eu estava naquele quarto. No quarto em que horas atrás eu estive com ele e que agora estava vazio. E aquela musica novamente! Aquela maldita musica se repetindo. Provavelmente, desde aquela hora, em eu me encontrava amarrado e deitado sobre aquela cama.

 

 

Vasculhei seu guarda roupa e nada. Não! Ele não estava ali. Corri e vasculhei todos os outros cômodos da casa. E nada! Nada dele. Nada. Ele havia ido embora! E a única coisa que havia deixado para trás fora o cd que tocava naquele aparelho de som do hotel.

 

Estava eu, novamente, naquele quarto. Meus olhos tomados por lágrimas, as quais eu expulsava sem conseguir, e sem vontade de, conter.

 

Ele não estava mais ali. Ele havia fugido. Ele, provavelmente, deveria estar longe agora! Ele corria riscos e ... Eu não estava por perto para ajudá-lo. Porquê eu fui idiota e não acreditei nele. Não acreditei em meu Kou.

 

DROGA, que musica maldita. Por quê tinha que se repetir tanto? Por quê eu não conseguia desligar aquele aparelho? Ela me lembrava ele, era por isso.  Eu o havia perdido.

 

 

“ Not alone
   You are not alone, you are not alone...

   You just reach for me girl
   In the morning in the evening
   You're not alone, not alone
   You and me, not alone, oh, together, together... “

 

 

 

Continua…

 


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Notas finais do capítulo

É, demorei muito pra postar a continuação desta. Gomen. E a música do Yuu e do Kou é: You Are Not Alone - Michael Jackson.



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