Saint Seiya Seitoushi escrita por Wyvern


Capítulo 7
Capítulo 7




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                - Como vocês subiram as Doze Casas tão rápido? – o Grande Mestre olhou sem entender para a dupla que tinha emergido pela entrada.

                - Ué, pegamos o Atalho. – o moreno respondeu, dando de ombros.

                - O Atalho? Vocês sabem onde fica o Atalho? – o mestre gritou, muita mistura de raiva e surpresa.

                - Eu vi todas as plantas do Santuário que a biblioteca tem, eu conheço todas as passagens e o histórico deles pelos livros, além de histórias que envolvem...

                - Nerd. – a explicação foi encerrada pelo tom entediado do mestre. O ruivo ficou quase da cor dos cabelos com o comentário, e a temperatura da sala caiu alguns graus antes que o homem de túnica se erguesse e fosse até onde Daisuke e Maya estavam. Se abaixou, tirando o elmo e revelando que tinha as mesmas feições e os olhos azuis que o homem com quem discutira quando entraram, e a conclusão óbvia era que os dois eram gêmeos.

                Sem dizer palavra, o mestre tomou todas as folhas de anotação de Daisuke e jogou para o garoto ruivo de óculos. – Isso aqui são informações que Saye de Sagitário juntou durante esses dezesseis anos, dá uma olhada e vê se tem algo útil para fazer uma busca por ele.

                - O que vou ganhar pra fazer isso? – o ruivo, que Daisuke teve certeza de se tratar do Cavaleiro de Aquário que vivia naquela biblioteca, perguntou olhando os papéis amassados antigos e os recentes.

                - Acesso irrestrito à biblioteca. – dava para ver que o Grande Mestre não parecia empolgado com aquilo, mas a irritação abandonou o aquariano.

                - Vou fazer o mais rápido possível, mestre. – disse e curvou um pouco as costas, segurando aqueles papéis contra o peito enquanto olhava para o moreno, que só podia ser Gêmeos. – Você pode contar a eles da missão?

                - Claro... – pelo tom de Yusuke, era óbvio que era sempre ele quem tinha que fazer aquilo.

                E com um aceno em direção a Maya e Daisuke, o ruivo deu-lhe as costas e passou pela entrada do templo com os papéis nas mãos. O Grande Mestre ficou olhando-o descer as escadas para descobrir onde ficava o famoso “Atalho”, mas não conseguiu ver nada, resmungando alguma praga em grego antes de recolocar o elmo e obscurecer a face, sentando-se no trono. Só então se voltou para Gêmeos, movendo a mão antes de apoiar a face nesta. – Então, se quiser começar...

                - Sim, mestre. – o geminiano assentiu e respirou fundo. – O senhor nos mandou para Esparta e procuramos pelas ruínas da cidade... A princípio não achamos nada até notar que o chão parecia oco metros abaixo da superfície e fizemos uma passagem para lá. Havia... uma espécie de cidadela escondida no subterrâneo. – apesar de o elmo esconder a expressão, era óbvio que o mestre estava surpreso ao ouvir aquilo. – Entramos discretamente e usamos um guarda para nos mostra onde os cavaleiros sequestrados estavam. – e fez uma longa pausa.

                “A cidade era feita em torno de um prédio de onde vinha uma energia ameaçadora, e era para perto dali que os Lacedemônios de Ares levavam as pessoas. Dois servos de Phobos e Deimos chamados Torturadores tiravam o cosmo de civis e cavaleiros e mandavam para aquela construção. Eles estão fazendo isso a um bom tempo.”

                - Conseguiram investigar essa energia?

                - Não, senhor. – Yusuke negou, erguendo a face. – Havia guerreiros demais e preferimos vir avisar o Santuário do perigo antes de tentar atacar.

                - Se for só isso... Dispensado. Todos vocês. – o comentário do mestre era destinado à dupla até então esquecida por este. Yusuke assentiu, mas quando começou a se afastar, virou a face por sobre o ombro.

                - Tem mais uma coisa. – seu tom ficou mais sério. – Aquela não era a única cidadela. O lacedemônio que usamos disse que há mais doze.

                E sem dizer mais nada, saiu. Daisuke ficou olhando longamente para sua saída e teria ficado ali até o mestre expulsá-lo se Maya não agarrasse seu ombro e o erguesse, levando para fora. Tiveram que quase correr para ficar ao lado do geminiano. – Ei, vocês descobriram mesmo o Atalho? – a amazona parecia surpresa.

                - Na verdade o Sweden que achou, eu só segui ele. – Yusuke respondeu indo para o mesmo local por onde Sellon havia levado os outros dois para longe do jardim de rosas venenosas.

                - Por que você e o “Sweden” não querem mostrar o Atalho pra nós...? – Maya o olhou meio desconfiada, e Daisuke se lembrou do comentário que Jhoakin fizera quando passaram por sua casa.

                - Cara, eu achei que o Jhoakin tava brincando quando disse que vocês eram um casal. – disse Pégasus sem pensar, atraindo um olhar furioso do geminiano.

                - Nós não somos um casal!

                - Mas vocês dois...

                - NÃO SOMOS! – e com isso, Yusuke tomou um rumo totalmente diferente, e ninguém quis segui-lo, mesmo que fosse para o Atalho.

                - Eles têm um caso, não tem? – Daisuke perguntou virando a face para Maya, que cruzou os braços.

                - Com certeza.

xxx

                Um anjo da sorte iluminou seu caminho porque as Doze Casas estavam vazias quando desceram, inclusive a de Virgem e de Câncer. Foi muito mais fácil fazer a travessia sem esperar que algum louco aparecesse e tentasse mata-los ou pior por invadir a casa. O motivo de tal paz ficou claro quando chegaram na Casa de Touro, que estava abrigando todos os onze santos de ouro. O cheiro de churrasco fez seu estômago quase sair de seu corpo e avançar na comida, porque devido à adrenalina da luta e ansiedade em conversar com o Grande Mestre, tinha até esquecido da fome, que voltara mais forte que nunca. Entrou pelo corredor principal, fazendo o caminho inverso até o recinto central, com suas colunas e aberturas nas paredes.

                Deparou-se com o taurino movendo espetos maiores que seu braço naquela churrasqueira, enquanto Siegfried arrumava muitas garrafas de bebida na mesa longa que tomava muitos metros daquele recinto. O sofá e a tv de Katsuo haviam sido levados e colocados um pouco afastados, e assistindo um canal de esportes estava o leonino com Kouta e Drakon, berrando pragas em línguas que Daisuke nem entendeu, mas julgou que o jogo não estava bom. Na mesa, Aika discutia com Tiago sobre um desenho entre eles, os dois pareciam animados com o projeto de armadura retratado ali. E, numa poltrona afastada das pessoas, estava Kimberly com sua expressão assustadora, com Sellon colocado de lado sobre seu colo, evidenciando que ela mais alta que ele. Peixes parecia apavorado com algo que ela lhe dizia baixinho, mas se esforçava para manter uma expressão gentil. E, sentado no chão com as costas em um pilar, Swedenborg lia as anotações de Saye, tentando encontrar uma ordem nestas. Estava sem aquela poeira toda e com pequenos curativos onde estivera arranhado, nem erguendo os olhos quando passaram, concentrado na tarefa. Ver os Cavaleiros de Ouro sem aquelas armaduras deu um toque mais humano a eles, parecendo menos ameaçadores daquela forma.

                - Ei, chegaram na hora, tá quase pronto! – Jhoakin os saudou acenando com uma mão, e Daisuke sentiu-se deslocado naquele local.

                - Eu não sei se devia ficar aqui... – começou, mas quase caiu quando levou um tapa do taurino no ombro.

                - Nada disso, você tem que provar churrasco de verdade!

                E diante disso, Pégasus aceitou ficar antes que Jhoakin quebrasse seu ombro sem querer, resolvendo ir até o sofá e ficando atrás dele, com os braços sobre o encosto, para ver o jogo. Se tratava de um jogo de hóquei violento, porque os jogadores batiam-se um no outro e no muro, numa luta mais mortal do que as que havia no Santuário. Depois de algum tempo notou para qual time o trio no sofá torcia e começou a gritar também, como qualquer garoto ou homem faria. Atraiu alguns olhares confusos, mas a concentração no jogo era maior do que a vontade de saber porque Daisuke estava ali, ou expulsá-lo. Algum tempo depois, Yusuke desceu para a Segunda Casa, com alguns curativos nos arranhões e não parecendo mais ter saído de um desabamento. Deu um “oi” aos demais e sentou-se com Swedenborg, pegando alguns dos papéis deste. O olhar que os outros lançaram à cena deixou claro o que pensavam. Sem ter muito o que fazer, Maya sentou-se num banco mais afastado de Aika e se distraiu observando os demais, até que visse um copo estendido em sua direção.

                - É o seu preferido, ainda me lembro. – disse Siegfried, ainda com a bebida na mão, esperando que ela pegasse.

                - Não sei se é uma boa ideia. – ela retrucou com um tom cortante, mas ele não se incomodou.

                - Não vai fazer mal nenhum, relaxa. – o albino insistiu.

                Ao ver aquela cena, Kouta se ergueu do sofá e foi até eles, disparando qualquer senso de perigo de quem estava em volta. Escorpião levou menos de dois segundos para surgir ao lado de Maya, colocando a mão em seu ombro. – Vocês estão discutindo?

                - Não é nada... – a moça respondeu, olhando de um para o outro.

                - Só estamos conversando. – Capricórnio disse irritado, largando a bebida de lado.

                - Não pedi sua opinião. – alfinetou Kouta para este.

                - Não pedi pra você vir encher o saco. – o alemão o cortou no mesmo tom. O moreno então ergueu a garra vermelha no indicador, deixando perto da face, como se fosse atacar.

                - Você está passando dos limites, Capricórnio...

                - Tira isso daqui. – Siegfried bateu na mão do outro, deixando um gemido baixo fugir. Ao olhar para baixo, notou um furo na camisa, chegando ao peito, onde estava ferido. Levantou os olhos para o moreno. - Du bist gefickt...

                E com isso, fez aquela energia dourada cobrir o braço e o golpeou em diagonal. Kouta se desviou do golpe, mas atingiu duas pilastras, quase as cortando no meio, se o raio fosse mais longo. Surgiu no lado de fora, e o albino nem pensou antes de ir atrás dele, deixando uma Maya irritada olhando-os com uma gota enorme escorrendo pela nuca. Quando o albino deu o primeiro passo para a escadaria, outro daqueles raios vermelhos atingiu-lhe o tronco, fazendo outro furo dolorido. Com outro gemido, ergueu os olhos vermelhos e percebeu Escorpião no teto da Casa de Gêmeos, com aquela unha vermelha em riste. Furioso, Siegfried atacou de novo. - Seiken Ranbu! – o raio de energia foi o mesmo de antes, mas dividiu-se em milhares de golpes, lembrando um pouco o golpe que Katsuo mais gostava de usar. Mesmo sumindo de vista e desviando-se de quase todos os raios, alguns acertaram Kouta, que caiu da casa, mas no último momento se colocou de pé, apontando para o adversário.

                - Restriction! – ondas de energia foram em direção ao albino, que parou com os músculos tremendo, se esforçando para dar um passo. Nesse momento, Kouta avançou em sua direção e saltou, dando uma “voadora” no peito de Siegfried, jogando-o de volta para a Casa de Touro. Antes de bater na parede, entretanto, Capricórnio conseguiu virar o corpo e usou o impulso daquele golpe a seu favor, mirando as escadarias.

                - Jumping Stone! – quando o alemão caiu de pé contra as escadas, o impacto foi forte o bastante para quebra-las e lançar Kouta contra a Casa de Gêmeos. Escorpião quebrou um pedaço da fachada, mas logo se segurou e voltou a ficar de pé sobre o telhado.

                - Parem de destruir a minha casa!! – Yusuke berrou para os dois, vendo aquela briga. Na verdade todos os cavaleiros (tirando Maya e Swedenborg) estavam vendo os estragos que os dois faziam na escadaria.

                - O golpe dele se chama ‘Pedras Saltitantes’? – Daisuke reparou, estranhando. Mas ninguém deu atenção.

                - Eu vou parar eles! – Katsuo ergueu a voz e deu alguns passos concentrando o cosmo antes que Touro, Áries, Gêmeos e Libra o agarrassem berrando “NÃO!!”. Katsuo destruiria tudo se fosse pará-los.

                - Deixem comigo... – pediu Sellon se afastando de Kimberly para encostar uma das mãos no chão rachado de mármore. – Rose Vine...

                Segundos depois que o Cavaleiro de Peixes se ergueu, da rachadura começaram a sair vinhas que se esticavam rapidamente, indo em direção aos dois santos que lutavam. Brotos de rosas vermelhas apareceram, mas nenhuma desabrochou para mata-los com o veneno (embora tivesse o efeito de desnorteá-los). Não demorou muito, os galhos se enroscaram pelo corpo de Capricórnio e Escorpião, detendo seus movimentos e finalmente atraindo a atenção destes.

                - O que estão fazendo? – Siegfried se virou para os outros, tentando cortar aquelas vinhas.

                - Impedindo que vocês destruam tudo. – Aika foi até onde eles estavam, e mesmo que usasse máscara, dava para ver que estava irritada com aquela atitude. – Parecem suas crianças brigando.

                - Não estamos brigando. – Kouta retrucou, puxando as vinhas.

                Mas, antes que aquela discussão pudesse continuar, Swedenborg passou correndo pelo grupo reunido, ficando entre eles e os dois cavaleiros presos pelas vinhas. Estava carregando uma única folha amassada, e tinha uma expressão grave. – Temos sérios problemas.

                - Descobriu alguma coisa? – Tiago, que era o mais próximo, se voltou a ele.

                - Sim. – o ruivo respondeu, abrindo aquela folha e estendendo para que passassem um por um para ler. Com a briga acabada, Sellon soltou as vinhas, permitindo que Capricórnio e Escorpião pudessem se aproximar para ver também. As palavras estavam rabiscadas, pareciam ter sido feita às presas.

                Os Torturadores voltaram, tudo está acontecendo de novo, tudo! Pensei que tivéssemos acabado com Phobos e Deimos há 17 anos, mas acho que há algo mais poderoso do que eles no controle disso tudo. Não posso deixar que tudo se repita, perdi quase todos os meus companheiros na última vez.

                Vou tentar entrar em contato com os outros, apesar do que houve quando Daisuke nasceu. Falando nele, não sei como posso sair para cuidar disso sem que ele note, não quero deixa-lo sozinho. Verei o que posso fazer.

                - Olhe a data. – Maya disse a Daisuke, sendo que a amazona só tinha voltado quando tinha certeza que a briga tinha parado. Pégasus abaixou os olhos, e sentiu um aperto no peito.

                - Cinco semanas atrás. Quando ele sumiu.

                - Uai... O que isso quer dizer? – Jhoakin encolheu os ombros largos.

                - O que quer que esteja acontecendo agora, já aconteceu antes. – Tiago observou, sério. – E os antigos Cavaleiros de Ouro já lidaram com isso.

                - Ou seja, temos que falar com eles. – Swedenborg terminou. Um silêncio pesado e sério caiu por longos minutos.

                - Temos que ver todos os antigos? Não quero ver o puto do meu mestre de novo. – Drakon parecia incomodado, de braços cruzados.

                - Sim, e vamos o quanto antes.

                Nesse momento treze estômagos roncaram, e Daisuke olhou para a churrasqueira lá atrás, na Casa de Touro.

                - Mas a gente vai comer antes, né?


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