Saint Seiya Seitoushi escrita por Wyvern


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Pois é, tia Corva está fugindo do tipo normal de fic para algo mais animado e aventureiro, espero que seja uma boa mudança. q



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- Pai... – Daisuke disse em voz baixa enquanto saía do táxi puxando sua mochila e aquela mala consigo, tendo dificuldade em carregar a última. Agradeceu ao motorista e estendeu uma nota ao mesmo sem ligar para o troco, ajeitando as alças nos ombros e puxando com as duas mãos a mala já toda arranhada e amassada, que batia contra o chão pedregoso. O taxista o tinha deixado o mais perto que podia de seu destino, mas Atenas era uma cidade grande e suas ruínas só dificultavam o trajeto, ainda mais considerando que o garoto não sabia nem em que direção seguir.


Os turistas e guias olharam curioso para o jovem de cabelos castanhos e olhos escuros que lutava e xingava baixo enquanto carregava uma mala grande pelos caminhos acidentados, procurando alguma coisa ao final deles. Ninguém, afora os Cavaleiros de Athena, sabia a localização exata do santuário da deusa da guerra, mas tinha que encontroá-lo, entregar o conteúdo daquela mala em troca do paradeiro de seu pai. Assim sendo, ignorou as pessoas perguntando se precisava de ajuda ou se estava perdido, memorizando os lugares por onde já havia passado. Eram em torno de três da tarde quando tinha chegado em Atenas, mas mesmo assim o sol estava forte como se fosse meio-dia, fazendo gotas de suor pontilharem a pele de Daisuke pelo seu esforço.

As horas se arrastavam e a frustração do jovem aumentava, pois não encontrava nada como o desenho do Santuário que havia visto. Quando o pôr-do-sol chegou tingindo as ruínas de vermelho, resolveu encontrar um lugar onde passar a noite e recomeçar a busca no dia seguinte assim que o sol nascesse, e com ânimo renovado, foi para perto de um amontoado de construções do lado oposto de onde tinha vindo e não havia reparado antes. Conforme chegava perto, foi notando que havia uma miscelânea de modelos de moradia naquela cidadezinha, com ruas de pedras e uma fachada que fazia lembrar o século XIX, mas muito bem cuidada. Poucos postes estavam acesos, mas a lua estava cheia e dava uma boa iluminação da rua e as placas em alguns dos prédios baixos, sendo que nenhum deles era de hotel ou mesmo pensão. Com um suspiro, Daisuke largou aquela mala e sentou-se sobre ela, apoiando a face nas mãos para fitar o chão.


- Se eu soubesse que era tão difícil, teria pedido um mapa. – disse para si mesmo, erguendo os olhos para as estrelas. Se lembrava das palavras de seu pai, com instruções nada precisas e clara esperança de que nunca precisassem ser seguidas. E lá estava ele, sentado no meio daquele vilarejo sem lugar onde ficar, procurando um lugar que ninguém sabia onde ficava, olhando para as estrelas. Parando para pensar, elas estavam bem mais brilhantes e claras do que antes, e sem perceber, ergueu a mão e apontou para uma estrela conhecida, fazendo uma linha imaginária à outra, e a outra, seguindo o padrão da constelação de Sagitário, a constelação de seu pai. De alguma forma, isso o fazia se sentir melhor, de volta aos tempos em que seu pai estava consigo.



– Está vendo? Esta é a constelação do signo de sagitário. – o homem de cabelos castanhos e longos disse virando a face para o filho, que estava tentando desenhar as linhas entre as estrelas, afinal eram milhares e todas pareciam iguais.

- São as estrelas que protegem você, certo? – Daisuke recitou, era uma das bases de seus ensinamentos para cavaleiro. Estava com apenas oito anos, mas sua pele tinha muitas marcas roxas de seu treinamento árduo com o pai.

- Exatamente. – o homem assentiu com um sorriso e apontou para outra estrela, desenhando com o indicador as linhas entre os pontos brilhantes. – E essa constelação, sabe qual é?

- É a de Pégasus. – respondeu o garoto de novo, colocando as mãos na nuca e olhava as estrelas, sem ver a imagem de um cavalo alado ali, por mais que o pai insistisse. – Vai ser a minha constelação quando o treinamento acabar.

Parando para pensar, onde quer que seu pai estivesse, ele não gostaria de saber que tinha deixado de treinar para ser um cavaleiro quando ele sumira, ou o que pretendia fazer no Santuário. Mas o jovem tinha desistido de seguir a vida como cavaleiro depois do que acontecera. Não por ter medo dos perigos que correria, mas porque não queria que as pessoas próximas a si sentissem a tristeza e a preocupação quando sumisse ou fosse atacado, agora que conhecia o sabor amargo daqueles sentimentos. Aqueles pensamentos fizeram a irritação de Daisuke crescer, e sem outra forma de descontá-la, pegou uma pedra e seu caminho e atirou, indo se sentar de novo quando ouviu o som de vidro quebrando, e em seguida mais coisas quebrando, como se a pedra tivesse quebrado a janela e quebrado objetos dentro da residência atingida.


- Seu moleque!! Minha janela! – gritou um homem irritado enquanto abria a porta e percebia Daisuke olhando apavorado o estrago que tinha feito, até que agarrou a mala de novo e desatou a correr quando as luzes nas janelas em volta foram se acendendo, a última coisa que precisava era de uma multidão furiosa o seguindo por um acidente.


A mala pareceu não pesar nada enquanto corria, e as ruas de pedra pareceram lisas a cada passo, porque as vozes irritadas ficavam mais altas e próximas. Não soube por quanto tempo correu, mas quando se deu conta, ninguém mais o perseguia ou estava gritando, provavelmente o tinham perdido de vista. Em seguida, notou que tinha saído da cidade, pois ao olhar por sobre o ombro, um portão simples em arco de pedra demarcada o limites daquela cidadezinha, e mais irritado do que antes, largou a mala com força no chão, erguendo certa poeira. Sem ideia de onde ficar, deitou-se naquela mala mesmo, sentindo-se mais desconfortável do que deitado no chão pedregoso. Não tinha nenhuma esperança de dormir daquele jeito, mas ao menos suas costas ficariam alinhadas e podia ver o céu, prendendo os olhos escuros em uma estrela conhecida e que agora não gostava muito, tentando fazer o desenho do pégasus com as demais, sem sucesso.


- Isso é perda de tempo. – disse como se seu pai estivesse ao seu lado, tentando mais uma vez despertar seu interesse pela astrologia. Desviou os olhos dos pontos de luz cansado, reparando com um sobressalto em uma coisa que até então não tinha visto. Um pico rochoso e achatado na ponta, algo que com certeza teria visto de longe, mas não estava lá quando estava em Atenas ou no vilarejo. – Mas o que é isso?


Espantado, Daisuke se ergueu de um salto e andou alguns metros arrastando sempre aquela mala consigo, até que passou por um amontoado meio estreito de pedras e se viu diante da entrada de uma espécie de montanha baixa e achatada em dois pontos, repleta de construções gregas parecidas com as ruínas de Atenas, tirando o fato de que estavam preservadas. Havia um coliseu, pilares e construções que não sabia descrever se espalhando mais abaixo, para no espaço entre os dois pontos achatados, que era inclinado, estavam algumas – não conseguia ver quantas – construções magníficas que pareciam templos, que levavam até o topo. As imagens não eram tão detalhadas no desenho, mas sabia que tinha enfim encontrado o lugar que tanto procurava.


- Eu cheguei no Santuário! Finalmente! – comemorou esticando o punho para o céu como se socasse um inimigo imaginário. Feliz pela primeira vez em estar na Grécia, foi se aproximando daquela entrada, mas antes que pisasse no primeiro alicerce, uma faísca forte estralou e o fez recuar, caindo sentado no chão. – Ai, de onde isso saiu? – perguntou confuso, não parecia ter nenhuma instalação ou poste elétrico para dar curto e soltar faíscas.

- Como você ousa tentar entrar no Santuário, garoto? – uma voz feminina perguntou com um tom irritado, atraindo um olhar de Daisuke.


Das sombras na entrada saiu uma garota que devia ter sua idade – a média de dezesseis anos – e cabelos azuis que caíam até sua cintura, lisos e leves como águas fluindo. Sua pele era pálida mas tinha marcas onde era visível sob a malha preta que usava, quase se mesclando com as placas de metal de cor roxa em seu peito, braços e pernas. A única parte visível de seu rosto eram seus olhos azuis como os cabelos, tomados de indignação, pois o resto estava coberto por uma espécie de cachecol negro, abafando parte da voz. Mas o garoto não teve tempo de reparar em tantos detalhes, pois a moça ergueu a mão com unhas afiadas carregadas de estática, com intenções bem claras.


- Saia daqui agora e vou permitir que viva. – ela disse mais séria, mas não parecia querer deixa-lo ir. Daisuke também se irritou com sua atitude, tratando de se erguer e largando a mochila sobre a mala surrada.

- Vem cá, quem você pensa que é para sair me atacando? Eu nem fiz nada! – a estática na mão da moça se espalhou e contornou seu corpo, fazendo-o recuar e se arrepender do tom.

- Eu sou Maya, Amazona de Prata de Ofiúco, e estou guardando a entrada do Santuário de gente como você. – e sem dizer mais, ergueu a mão como se fosse a cabeça de uma cobra antes do bote. – Thunder Claw!!


Com a ordem, Maya avançou, movendo-se tão rápido que Daisuke nem reparou, e cada vez que as unhas afiadas tocavam o corpo, sentia uma descarga de energia percorrê-lo, segundos depois caindo vários metros ao chão, de onde não se ergueu. Satisfeita, a amazona fitou-o até ter certeza de que não faria nada e virou de costas para voltar ao Santuário, ouvindo a voz dolorida do garoto quando chegou e o encarou, mais irritada que antes.


- Você ainda está vivo?

- He... – Daisuke riu baixo antes de tossir e se erguer com o corpo esfolado. – Isso não vai me parar!


E ao dizer isso, fechou o punho e correu em direção à moça de cabelos azuis para lhe acertar um bom soco na face coberta. Concentrou-se e conseguiu fazer a mão ser coberta por uma luz azulada, fazia muito tempo que não concentrava seu cosmo ou tentava usá-lo, mas saltou para o golpe. Maya apertou os olhos e não se mexeu diante da aproximação até que este saltasse, erguendo a mão e lhe dando uma bofetada na face, projetando o corpo de Daisuke para mais longe, agora para o lado, em uma demonstração clara de que ele não tinha chances.


- Você sabe explodir o cosmo, mas não dar um soco... – ela ironizou, vendo-o rolar pelo chão acidentado, levando mais tempo para se erguer. – Quem é você?


Daisuke precisou de algum tempo para parar de ofegar tanto e foi cambaleante para longe da amazona, onde tinha deixado aquela mala. Chegando lá, atirou a mochila para o chão e a abriu, puxando a parte debaixo para que o conteúdo caísse. Para a surpresa de Maya, o que caiu rolando foram duas urnas de armadura, uma de bronze e outra de ouro, com nenhum arranhão apesar do atrito.


- Eu sou Daisuke, o filho do cavaleiro de ouro Saye de Sagitário. E eu vou entrar aí, você deixando ou não!



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