Ângulos

Oh sim, ele adorava vê-la daquele ângulo. Parecia ainda mais perfeita do que era. Natsu sabia que não deveria observá-la de forma tão descarada, seria no mínimo constrangedor se fosse pego, se fosse pego especialmente por ela. Mas não conseguia fazê-lo discretamente. Como conseguir desviar os olhos daquele corpo que parecia ter sido feito especialmente para o pecado?

Impossível.

Natsu Dragneel não sabia exatamente quando ficara tão “observadoramente” pervertido. Talvez fosse a convivência com Gray, ou, fosse apenas seus instintos dracônicos se manifestando. Finalmente. Mas de todo, não fora tão ruim perder o fervor de sua inocência, pois apenas assim, pôde começar a observar “coisas” deliciosamente tentadoras, como Lucy Heartfilia.

Ele havia aprendido a observá-la de diferentes formas, de diferentes ângulos e todos eram simplesmente adoravelmente tentadores. Tinha suas dúvidas sobre qual era o seu preferido, mas gostava especialmente daquele em que ela se encontrada no momento:

De frente para ele, sentada de pernas cruzadas — oh sim, aquele ângulo dava uma bela visão de suas pernas longas, torneadas e alvas, e suas coxas então... Céus! —, a mão apoiando o queixo de forma preguiçosa, tão típico dela, e os lábios rosados e carnudos entreabertos, convidativos e parecendo molhados. O cabelo loiro solto — o que era raro — escorrendo pelos ombros nus.

E cara!

Aquele vestido decotado, colado e vermelho não ajudava em nada! Pensou que deveria proibi-la de vestir aquilo, mesmo que tecnicamente não tivesse nada a ver com isso.

— Definitivamente ela não pode usar aquilo em público — murmurou para si mesmo, pensativo.

E ah! Com toda certeza aquele era o seu ângulo preferido. Ou não... Estava em dúvida entre esse e o de perfil, pois o de perfil... Uh! Aquele bumbum empinado... Deus! Estava virando um pervertido mesmo!

Sorriu com isso.

Continuou observando Lucy, que estava totalmente alheia ao seu olhar, conversando com Levy. Por um segundo, os olhos castanhos tão vívidos o miraram e os dois se encararam.

Ela abriu um sorriso tímido, que ele retribuiu, e acenou levemente antes de retomar a conversa com Levy.

O Dragneel pensou que nada no mundo era tão belo quanto ela.

Durante a noite, invadiu o apartamento da loira como de costume e não a encontrou no quarto, provavelmente no banho, ele pensou. Esperou pacientemente sentado na cama dela; minutos depois, Lucy saiu do banheiro apenas de toalha e se assustou com a presença de Natsu.

Deixou a toalha com que secava o cabelo cair no chão.

Ela o encarou, estática. Em outro dia teria berrado com ele por invadir seu apartamento, mas havia algo diferente no olhar de Natsu, algo calorosamente quente e excitante. Lucy manteve-se em silêncio e parada no mesmo lugar.

“Por que não?”, ela pensou antes de soltar a toalha que cobria seu corpo.

Natsu Dragneel sorriu maliciosamente.

Estava errado.

Aquele definitivamente era o melhor ângulo de todos!