1º dia: Diga isso para as baratas.

"É melhor trabalhar, você deveria saber

Ficará horrível quando a câmera parar de rodar

E você descobre que seu tratamento não valeu a pena

Elas são todas as mesmas, todas elas querem o dinheiro

Elas são insanas, elas vivem pela fama,doçura

Elas riem de você quando você nem está sendo engraçado"

Senti alguém me chocalhando, meu corpo era balançado de um lado pro outro e o filho de uma mãe não parava.

–Me solta caralho – resmunguei.

– Okay, não precisa ser um monstro sempre, sabia? – Disse Carol com uma voz brincalhona, enquanto Kath apenas procurava alguém pelo pátio, bufando e batendo o pé impaciente de tempos em tempos. Estávamos no intervalo, sentados em um dos bancos da escola. Eu agradecia por nenhum dos meus mais novos “fãs”, como a morena ao meu lado apelidou carinhosamente, estarem por perto.

Não que eu não gostasse de nenhum dos dois, meu medo era gostar de um deles, eles eram do tipo de pessoa que me irritavam profundamente. Entenda, eu nunca gostei realmente de uma garota, não era e nunca iria ser o menino fofo que todas querem, na verdade, essa fantasia de menino bobo e apaixonado é uma besteira para mim. As meninas que me agradam tem opinião, mas aquelas que me agradam de verdade, que eu gosto da companhia e, se eu der sorte, até viram minhas amigas depois que me atraísse por outra.

Só para constar, esse nunca foi o caso entre as minhas duas amigas aqui, Caroline e Katherine sempre foram minhas amigas, isso foi um fato inédito na minha vida, mas nunca fui atraído por nenhuma delas, nem elas por mim.

Mas elas tinham personalidade, por isso conseguiram ser minhas amigas, ou eu consegui ser amigo delas. Vou narrar elas em algumas palavras, e tentar não ser muito boiola nessa parte. Caroline é uma garota bem decidida, com a pele branquíssima e cabelo loiro repicado totalmente liso que chega um pouco depois dos ombros, tem olhos verdes e bem, não sei se tenho controle dos meus pensamentos o suficiente para falar do físico de minhas amigas, vamos apenas deixar com o “legal”, sua principal expressão era de uma menina sapeca, meia trolladora, se você me entende. Esta sempre do lado de Katherine, as duas são as amigas mais unidas que eu já vi nessa escola, sem aquela frescura chata de fingimentos e aquele doce todo. Não, elas eram autenticas, deve ser por isso que me identifiquei com aquelas doidas.

Katherine é uma menina muito inteligente, daquelas que sabe a resposta na ponta da língua, um amor que as duas têm é o de ler muito, mas o que eu mais apreciava em Kath era que ela é uma daquelas peças raras aqui no Brasil que lê e assiste mangas e animes. Assim como Beatriz, a nossa loira do grupo, mas falo sobre ela mais tarde. Katherine tem cabelos castanhos bem claros, com fios loiros aqui e ali e mexas chocolates em contraste, seus cabelos são lisos com ondas nas pontas e bem grandes, chegando ao meio das costas. Seus olhos são de um castanho escuro puxado para o mel, sua pele é branca, mas não tanto quanto a de Carol, as duas são bem bonitas, o que me faz questionar do porque nunca fui atraído por nenhuma delas, talvez fosse o destino.

Apensar de não ser conhecido em acreditar em destinos.

O recreio estava monótono, como sempre, as meninas estavam procurando a Savanna, a menina mais “nerd” da sala, melhor amiga de Kath, e eu acabei solitário por minutos até que elas voltassem.

– Ah, conseguiu sobreviver sem a gente? – debochou Carol com um sorriso brincalham, ao longe, pude perceber os irmãos Stolls olhando fixamente para as minhas amigas, me fazendo da um sorriso maldoso enquanto passava meus braços no ombro das duas, que sentaram a minha direita e a esquerdas. ‘

Elas logo me olharam do jeito “que merda você pensa que esta fazendo?”, eu apenas ria internamente, enquanto materializava um sorriso malicioso e sentia o olhar raivoso dos dois irmãos, eles nunca gostaram de mim pois sempre estava perto das meninas, e como somos amigos, tínhamos intimidade que faziam algumas pessoas que não me conhecia pensar que namorava alguma delas, o que sempre nos rendia muitas rizadas. Elas olharam ao redor, percebendo o olhar dos meninos e de outros quatro olhos que perceberam a cena.

– Olha lá, parece que seus novos ‘fãs’ não estão apreciando a cena. – disse Kath enquanto correspondia um sorriso perverso com Carol, por isso eu adorava aquelas duas, elas eram apenas... Diabólicas.

Carol fez um leve bagunçar nos meus cabelos, enquanto Kath apenas continuava a sorrir e fez um leve carinho na minha mão que estava em seu ombro, podíamos ver pela visão periférica os olhos raivosos dos quatro ciumentos, aquilo estava sendo hilário.

– Nós somos maquiavélicos – disse Kath deixando uma risada escapar enquanto unia nossas mãos, a sua esquerda e a minha esquerda que “abraçava” seu ombro. Ficamos um tempo assim, conversando sobre como os quatro estavam fervendo de ciúmes, sem deixar, é claro, de debochar deles enquanto fingíamos que erámos um casal. O que era muito engraçado, já que algumas pessoas olhavam e outras apenas estranhavam os três estarem daquele jeito.

O sinal tocou, nos fazendo voltar à aula, felizmente era a aula de inglês pelos últimos dois tempos, o que significava que não faríamos nada até a hora de ir embora. Mudamos nossos lugares para o fundo, sentando os três em uma pequena roda, e enquanto as duas ouviam musica compartilhando o fone, eu podia ouvir o som auto de Slipknot saindo dos fones, quase estourando os tímpanos das duas (e ai esta um outro fato, como encontro garotas que gostam de rock como essas duas gostam?), eu apenas rabiscava alguns animes nas ultimas folhas do caderno.

Kath estava me ajudando a fazer o olho da Lucy de Fairy Tail quando os gritos finos de Jessica foram ouvidos por toda a escola, ela se levantou desesperada, correndo até os braços de um dos boiolas da sala, que se aproveitou colocando ela em seu colo. Suas cópias seguidoras fizeram o mesmo, saindo dando gritinhos irritantes enquanto corriam para meninos aleatórios.

– Cuidado, Kath, abriram os portões da fazenda e as vacas estão fugindo – Comentou Carol com veneno, enquanto eu e Kath apenas riamos, a professora tampinha foi rapidamente ver o que acontecia, quando elas se acalmaram soubemos o que causou aquele reboliço todo. Uma barata.

– Porra, não acredito que é apenas uma baratinha de merda – resmungou Kath, e concordei com ela, você pode achar isso estranho, mas a baixinha podia ter uma língua muito afiada quando queria (alias, ela nunca pode saber que eu a chamo de baixinha).

– Ainda sinto arrepios quando você xinga, Kath, isso ai e influencia do cabeça de alga – Eu e a baixinha rolamos os olhos, enquanto eu desarrumava os cabelos de Carol em vingança e recebia um dedo do meio pintado em preto. Rimos enquanto víamos de camarote a Bitch Mor (apelido original de Caroline) dar seu showzinho de vitima e reclamava da escola.

– Como assim, eu pago caríssimo por essa escola e ainda sou obrigada a viver esse terror? – sua voz final era um terror para os nossos ouvidos, ela pode ser bonita e gostosa, mas é só abrir a boca que estraga tudo.

– Morre que passa! – respondi alto fazendo até a professorar rir, ela rapidamente ficou sem graça enquanto me lançava um olhar raivoso.

– Isso mesmo, não reclame, alias, as baratas não são suas amigas? – Perguntou Carol com falsa confusão, enquanto seus olhos brilhavam em malicia, ela se virou para Kath, que fingiu estar pensando e logo um pequeno sorriso apareceu em seu rosto. De repente, todos olhavam para nós assistindo as provocações.

– Não, Cah, tenho quase certeza que as amigas dela são as vacas e as galinhas, certo Just? – Outra que também se virou com uma cara inocente.

– Bem, diga isso para as baratas, elas estão crentes que são amigas da Jessy... – então me virei para a garota que antes estava dando aquele escândalo – Só você pode responder.

Ela apenas nos encarou furiosa, e voltou para o seu lugar junto com suas seguidoras, os cochichos começaram enquanto a professora tentava de forma inútil chamar a atenção dos alunos para a matéria. Havia apenas uma única razão para termos feito aquilo, além do fato de que não gostávamos de pessoas como ela, foi para que ela parasse de divulgar por ai que eu era dela. Isso mesmo, eu nunca nem dignei uma hora inteira de atenção para a guria e ela pensa que sou uma propriedade?

Por isso eu prefiro as meninas que tenha um mínimo de cérebro.