A brisa de outono acariciava os fios castanhos do cabelo do jovem Jeremy Gilbert. O cheiro das folhas ressecadas invadia seu olfato, sua respiração ofegante denunciava seu nervosismo. Mãos suando frio. Não se lembrava da última vez que se sentira tão ansioso. Seu coração pulsava acelerado, como se tivesse corrido uma maratona inteira. Sua cabeça explodia em pensamentos. Não conseguia parar de pensar nele.

Damon Salvatore.

Nos últimos tempos a convivência com o vampiro se fizera mais presente. O jovem Gilbert via Damon quase todos os dias. E nos últimos dias vê-lo era algo que satisfazia o mais novo, mesmo quando o ignorava ou o tratava mal e o chamava de pirralho. Quando Damon estava por perto o ar parecia escasso. O tempo parava. Seus sentidos se perdiam. Seu coração apertava. Era inexplicável.

Estava completamente apaixonado por Damon.

E ainda que seu cérebro lhe gritasse que era impossível, que Damon era apaixonado por sua irmã e que nunca pensaria nele de outra forma se não como o irmão problemático, seu coração contraía-se com a ideia do inalcançável. Era insuportável pensar que ele nunca seria seu, que Elena era a única que o teria.

Elena...

O que diria sua irmã se soubesse o que estava prestes a fazer? Provavelmente o advertiria dizendo que era “perigoso” e o proibiria de todas as formas.

Entretanto, precisava fazê-lo. Sentia a necessidade de olhar nos olhos azuis e penetrantes de Damon e dizer o que pulsava em seu coração. Mesmo que a rejeição viesse, estaria pronto para seguir em frente. Não poderia conviver com o “e se”. Precisava expulsar esse sentimento que a cada dia crescia mais e mais.

Seus passos diminuíram ao chegar à varanda da grande pensão da família Salvatore. Suas mãos tremiam. Segurou a maçaneta da porta de madeira maciça e a abriu. Sabia que se tocasse a campainha Damon o expulsaria dali. Fechou a porta com extremo cuidado e caminhou até a grandiosa sala de estar. Seu corpo tremia intensamente. Um nó se formara em sua garganta. A ansiedade dominara seu corpo por completo.

            Orbes azulados observavam o jovem esguio parado na sala de estar da pensão Salvatore. Por breves segundos Damon se questionou o motivo para Jeremy Gilbert estar parado em sua sala de estar. Não era por Elena, pois ela estava com Stefan. Só podia ser por ele, mas o que o trazia aqui?

            Permaneceu por mais alguns segundos observando o jovem Gilbert. Coisa que virara hábito nos últimos dias. Adorava observar o mais novo. Fitar meticulosamente aquele rosto juvenil. Os lábios finos; os olhos doces e melancólicos; o sorriso maroto que sempre o fascinava. Com o tempo o garoto irritante começou a chamar a sua atenção e a despertar desejos que há muito não sentia. Sua sede parecia amplificar-se quando estava perto do jovem Gilbert. Era tentador.

            Entretanto, algo o compelia a não atender aos seus desejos. Quando pensava em tomar a vida do jovem Gilbert, lhe vinha à mente aqueles doces olhos amendoados lhe fitando com horror. E isso era insuportável. Como ele, Damon Salvatore, não conseguia matar um simples adolescente? No começo pensara ser por Elena, pois não queria machucá-la. Contudo, agora tudo estava diferente, porque estava perdidamente apaixonado por Jeremy.

            Os olhos pardo-acinzentados do jovem Gilbert avistaram a silhueta do corpo de Damon se aproximar. A baixa luz das lâmpadas iluminavam o local e cada passo que o vampiro dava em sua direção fazia seu coração pulsar com intensidade. Seu corpo tremia excessivamente.

            – O que faz aqui, pirralho? – Perguntou Damon com motejo.

            – Eu... – Seu coração pulsava com extrema intensidade – Eu preciso falar com você.

            – Não tenho tempo para os seus problemas de puberdade, garoto – Zombou.

            Damon fitou Jeremy sisudamente, reparando que o mais novo tremia excessivamente.

            – Aconteceu alguma coisa? Por que está tremendo? Elena está bem? – Perguntou apreensivo.

            Jeremy mordeu seu lábio inferior com raiva. Lá estava Elena novamente. Sempre em primeiro lugar. Sempre Elena. Nunca mudaria, sempre seria assim. Damon sempre se preocuparia em primeiro lugar com Elena e não com ele.

            O jovem Gilbert meneou a cabeça e sorriu constrangido.

            – Foi um erro vir aqui.

            Jeremy se virou para partir, mas foi impedido pela mão alabastrina de Damon que segurara seu braço.

            – Jeremy, o que aconteceu?

            O jovem Gilbert procurou pelos olhos azulados do mais velho. A distância era mínima entre eles, quase inexistente. Impulsivamente Jeremy beijou os lábios de Damon. E por breves segundos deixou seus lábios selados ao do outro.

            – Estou apaixonado por você. – Jeremy sussurrou quase inaudível ao se afastar de Damon. – Sei que você não me ama e nunca vai me amar, mas eu precisava vir aqui lhe dizer isso.

            – Jeremy...

            Olhos cor de gris fitavam perplexos o jovem.

            – Acho melhor eu ir embora.

            Jeremy tentou se desvencilhar da mão de Damon, mas não conseguiu.

            – Eu não posso amar você, Jeremy.

            – Porque você ama a minha irmã.

            Os olhos amendoados de Jeremy umedeceram com tal afirmação. Engoliu em seco o nó que se formava em sua garganta.

            – Você está errado, eu não amo a sua irmã.

            – Então qual é o problema?

A voz fraca de Jeremy denunciava sua luta para segurar as lágrimas prestes a banhar seu rosto.

– O problema sou eu, Jeremy. Eu sou egoísta, perigoso, cretino e incrivelmente estúpido – Sorriu desanimado e continuou – Ficar ao meu lado é perigoso. Se alguma coisa acontecer a você eu não vou conseguir me perdoar, pois eu amo você.

– Eu não tenho medo de você – Afirmou.

Os dedos de Jeremy acariciaram suavemente a maçã do rosto de Damon.

– Pois deveria.

Os olhos azulados escureceram, envolvidos pelo tom rubro. As veias ruborizadas se revelaram junto com as presas alabastrinas.

Jeremy fitou os olhos rubros por breves segundos e disse:

– Eu sei que por debaixo desse cretino e idiota que você interpreta tem uma pessoa boa capaz de amar e ser amado.

– Você não sabe de nada, garoto – Disse ameaçador.

– Então prove que estou errado e me mate!

Por longos segundos Damon fitou os dóceis olhos do mais novo. Sabia que não conseguiria machucar Jeremy. Simplesmente não conseguia.

– Garoto idiota.

Damon puxou Jeremy pela cintura, prensou o corpo do mais novo ao seu e o beijou suavemente. Sua língua invadiu a boca do jovem Gilbert sem encontrar barreiras. Suas línguas se encontraram em uma dança afetuosa.

As pernas de Jeremy fraquejaram, seu coração estava em sua garganta. Estava completamente entregue aos braços do mais velho. O gosto adocicado dos lábios de Damon o inebriava completamente. Era perfeito.

Permaneceram ali por longos minutos. Totalmente entregues nos braços um do outro. Sem medos e sem receios, apenas entregues à paixão que os dominava.