In My Sleep escrita por cecilya


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Esse é mais um prologo do que devidamente um capitulo, aqui temos o primeiro sonho de Alice.



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                Alice estava em um estado que podia ser chamado de “tedio mortal”. Um fim de semana em uma casa do campo com apenas livros e sua família, mas seus pais a deixaram sozinha aquela noite, pois ela se recusou a sair para jantar, em meio aquele tedio Alice começou a ler seus livros de fantasia e pensou que seria bem mais interessante viver em um mundo fantástico e sair daquele lugar tedioso, bem, às vezes se deve ter cuidado com os desejos, pois eles podem virar realidade.

                A garota ficou entretida com seus livros e dormiu sem perceber, mas um baque na porta a despertou, o ar entrava gelado na sala, a porta estava escancarada e fazendo barulho ao bater contra a parede, Alice levantou e foi até a porta calçando suas meias listradas que iam até metade das coxas, vestia um jeans curto e uma blusa azul com botões, olhou em volta da casa nada estava fora do lugar, mas a porta ter aberto sozinha ainda a intrigava.

- Será que me esqueci de trancar? – Ela se perguntou.

                Saiu, a noite estava gelada por isso fechou os botões superiores da blusa, a grama espertou seus pés mesmo com as meias, olhou em volta e viu algo se mexendo entre as arvores, estava distante, mas mesmo assim ela se aproximou, ela viu algo branco, não, não era algo, era alguém, a pessoa passou de relance entre duas arvores.

- Quem está ai? – Ela perguntou.

                A pessoa voltou e olhou para ela, o rapaz que aparentava ter vinte anos não era nem um pouco comum, além de trajar roupas sociais retro, tinha cabelos brancos e orelhas de coelho.

- Quem é você? – Ela perguntou, mas não obteve resposta.

                O rapaz novamente desapareceu entre as arvores, Alice pensou em voltar para casa, mas por um momento de loucura decidiu que seria mais interessante seguir o coelho branco do que ficar trancada a espera de seus pais.

                Ela voltou a seguir o garoto sem se preocupar em se armar, ele que já estava bem distante quando  percebeu que era seguido começou a correr, Alice correu o mais rápido que pode atrás dele, mas o perdeu de vista, ficou andando em círculos aleatoriamente, pois havia se perdido na floresta, até que avistou as orelhas brancas desaparecendo por entre as arvores, se aproximou do lugar e não percebeu o buraco em que acabou caindo.

                Caiu e continuou caindo, o buraco era escuro e parecia não ter fim até que aterrissou com um baque forte em um chão de madeira, tão forte que levantou toda a poeira, Alice bateu em seus shorts tentando se limpar e olhou ao redor, estava em uma sala cheia de portas e pouca iluminação e como previu não havia nenhum sinal do garoto, tentou a primeira porta, mas estava trancada e quando foi tentar a segunda a porta abriu antes que tocasse a maçaneta e se não tivesse dado um passo para trás sua cabeça estaria no chão agora.

- Quem é você que ousa invadir o Reino de Copas? – A voz no escuro perguntou.

- Diga seu nome invasor. – Outra voz continuou.

- Me chamo Alice. – Normalmente não teria respondido, mas sentia que se não respondesse as perguntas sua cabeça seria arrancada pelas duas foices que se mostravam fora da porta.

- Virá conosco. – A voz começou.

- Sem reclamar. – A outra terminou.

                E os donos das vozes saíram das sombras, gêmeos que não deviam ter mais que quinze anos, armados de foices maiores que eles, os trajes eram a única coisa que o diferenciavam, um usava vermelho e preto já o outro trajava azul e preto.

- Ele se chama Dee. – O de azul falou.

- E ele se chama Dum. – O de vermelho apontou.

- E você virá conosco sem reclamar, pois ninguém deve no reino andar sem a Rainha ordenar. – Eles falaram juntos.

- Vocês não deviam falar rimando isso é bastante estranho sabiam? – Alice finalmente falou.

                Eles ignoraram o comentário e agarraram seus braços com tanta força que deixaram marcas, a arrastaram pela porta da qual saíram, mas não entraram em outra sala, a porta dava para um enorme jardim, em alguns pontos a grama ficava mais alta que ela, em outro era rala e macia como algodão, uma ou duas vezes pensou ter visto o garoto coelho por entre os campos de floras, mas não se atreveu a falar com aquelas foices beijando seu pescoço.

                Chegaram ao enorme castelo, exageradamente adornado de enfeites em forma de coração e excêntricas esculturas em formas de cartas de baralho ou peças de xadrez, “o dono do lugar deveria gostar muito de jogos” – Alice pensou. E ela realmente gostava, no salão principal estava havendo uma festa à fantasia e lá também havia um enorme cassino, a rainha estava sentada em seu trono onde podia ver todos e logo avistou os gêmeos trazendo Alice e não desviou o olhar dela nem por um segundo.

- Oque trazem a mim meus queridos? – A jovem e bela mulher falou docemente, de perto ela não parecia tão assustadora e seu sorriso de certa forma acalmava Alice.

- Esta garota estava na sala das portas. – Dee começou.

- E não tinha autorização nenhuma. – Dum terminou e ambos se ajoelharam.

                Alice não se ajoelhou, ela nem se quer se dava conta de que a bela mulher era uma rainha, apenas pensou que seria uma ricaça excêntrica com gostos excêntricos em uma festa excêntrica, nada muito fora do normal, mas a rainha não se importou com os maus modos da garota.

- Levem-na para a lebre e mandem que algo apropriado para o baile seja dado a essa garota. – A rainha falou e seus cachos negros balançaram.

- Mas eu só quero ir embora, já é tarde e meus pais devem estar preocupados. – Alice teve coragem de falar agora que não estava mais na mira das foices e pensou que a rainha se compadeceria de seu pedido.

- Não me importo. – A mulher disse virando seu olhar para o salão.

                Os gêmeos deixaram Alice a porta de uma sala afastava da festa e riram.

- Talvez você devesse esperar. – Eles falaram – Mal não fará. – E riram.

- Fica meio difícil de entender oque querem dizer se falam assim. – Alice disse obviamente sendo ignorada novamente.

                Os gêmeos deixaram as foices encostadas na parede, Dee empurrou o corpo de Dum para um canto e lambeu os lábios de seu gêmeo. Alice corou ao ver aquela cena.

- Pensei que eram irmãos. – Ela disse nervosa.

- E somos. – Eles falaram sem olhar para ela.

                Dum colocou a língua para fora da boca e Dee tocou a do irmão com a própria língua e começaram um beijo tão intenso que Alice se obrigou a se virar para não corar ainda mais, os gêmeos não ligavam se tinham ou não uma plateia, pois estavam absorvidos pelos próprios desejos, as mãos passeavam pela pele e deslizavam para as partes intimas ora apertavam ora arranhavam, mas nunca paravam, era uma cena tão erótica que fez Alice se virar para olhar um vez ou outra. Um gemido alto escapou da sala onde Alice esperava para entrar e a garota levou um susto, como se não bastasse estar envergonhada por observar os gêmeos não é mesmo? Eles deram uma risadinha pegaram as foices e foram embora com os lábios vermelhos e as roupas amassadas.

                Alice respirou fundo e se obrigou a bater na porta e foi prontamente atendida por um gemido que dizia para que esperasse e esperou, muito ou pouco tempo ela não sabia dizer, mas pode dar uma espiada no baile que acontecia o qual agradeceu por não ser uma estranha orgia. A porta da sala abriu e de lá saiu um jovem com orelhas de coelho, mas não era o mesmo rapaz que ela vira anteriormente e atrás dele uma garota com feições pequenas e orelhas de rato.

Devem estar usando essas coisas na cabeça por causa do Baile” – Alice pensou.

- Eu sou Lebre de Março muito prazer, mas pode me chamar de March. e essa é minha pequena ajudante a Dormouse. – O homem coçou o cabelo.

- Ela veio para brincar mestre? – A garota disse com um sorriso cínico e um dedo sobre os lábios.

- Não querida, acho que veio para pegar um vestido. – Ele deu passagem para Alice e fechou a porta. – Por favor querida tire as medidas de nossa visitante.

                Dormouse tirou uma fita métrica de dentro do decote que quase não tinha seios e se pós a medir Alice de todos os modos, sem perder a chance de apalpar a garota.

- Você tem um belo corpo, como se chama? – Dormouse fingiu um tom inocente na voz.

- Alice. – Ela disse visivelmente constrangida.

- Queria que os meus fossem grandes também. – A garota de orelhas de rato apertou os seios se Alice com as mãos. – Tem certeza que não quer brincar? É sempre divertido com o mestre. – Ela lambeu os lábios esperando a resposta.

- Eu preciso ir para casa, estou aqui apenas a mando da rainha. – Alice disse forçando a garota a tirar a mão de seu seio e se forçando ainda mais para não parecer constrangida.

- Tenho o vestido perfeito para você Alice. – Lebre falou.

- Posso vestir ela mestre? – Dormouse perguntou.

- Acho que nossa convidada é um pouco tímida querida, mas logo poderemos voltar ao nosso jogo. – O homem disse entregando um vestido branco a Alice e se sentando em uma cadeira.

- Porque esperar? – Dormouse perguntou e subiu no colo de seu mestre e já começaram seu jogo novamente.

                Alice saiu o mais depressa que pode daquele lugar e procurou um banheiro para se vestir. “Todos aqui são loucos e se eu não agradar a Rainha pode ser muito pior” – Ela pensou. O vestido tinha um decote enorme e apertava Alice e todas as formas possíveis, era rodado e volumoso e quase tão belo quanto o da rainha, mas nada confortável, ela entrou no salão principal, ninguém pareceu a notar, mas a rainha a olhava e agora estava com um homem ao seu lado, ele usava terno e gravata em preto e branco e uma cartola cheia de enfeites na cabeça, a rainha cochichou algo no ouvido dele e ambos passaram a olhar Alice, que tentou não se incomodar com isso e passeou pelo cassino no salão.

- Então você é a garota que chegou hoje cedo? – Uma voz disse por trás de Alice.

- Sim, sou. – Ela se virou dando de cara com o homem que falava com a rainha. – E você quem é?

- Apenas um chapeleiro. – Ele disse sorrindo. – Me concederia uma dança?

                Alice olhou bem para aquele homem, que apesar de não usar trajes estranhos como as outras pessoas tinha uma aura sinistra, os olhos escondidos sob uma mascara e pintados de preto traziam a ela um temor, aquele olhar verde como jade era de um louco, louco como todos aqueles outros no salão, mas mesmo com todos seus instintos a mandando recusar ela aceitou.

                O homem parecia ter a dança na alma e conduzia Alice como se fosse uma boneca em seus braços, ela não precisou se esforçar para dançar, pois aquele homem sabia exatamente oque fazia e não era apenas dança que aqueles olhos verdes queriam, eles queriam seduzir a pobre Alice e quase conseguiram.

- Porque não vem aos meus aposentos privados? – Ele disse após rodopiar a garota.

- O que?! – Ela disse alto.

- Você sabe, podemos brincar um pouco. – O homem trouxe o corpo de Alice para mais perto e roçou os lábios no pescoço dela.

- Claro que não. – Ela disse ofendida e com falsos pudores, então tentou se soltar dos braços dele.

- Onde pensa que vai. – Ela a segurou firme pela cintura com uma das mãos e com a outra tentou toca-la por baixo do vestido.

                Antes que ele conseguisse tocar, Alice usou um golpe baixo feminino e seu joelho atingiu em cheio entre as pernas do chapeleiro que caiu no chão de contorcendo, Ela correu o mais rápido que pode do salão sempre sentindo o olhar gelado da rainha a suas costas, mas ela não mandou que os guardas a parassem e logo Alice já estava fora do baile.

                Ela tomou ar e olhou ao redor, para todos os lados era apenas escuridão não importava qual escolhesse direito ou esquerda pareciam péssimas opções, o aperto do vestido estava a deixando tonta e ela tirou o corpete que a sufocava, mas isso não clareou suas ideias e começou a se perguntar como tudo aquilo podia ser real.

- Uma jovem não deveria correr por ai sozinha. – Disse uma voz nas sombras.

- Qual é de novo isso, todo mundo gosta de se esconder por aqui?

- E por que se mostrar deveria ser divertido? – Um sorriso apareceu nas sombras. – Mas porque corres minha cara Alice? – O sorriso desapareceu e reapareceu em outro lugar.

- Porque todos daqui são loucos e quero voltar para casa.

- E onde seria sua casa? Ainda consegue lembrar? – A voz masculina questionou.

- Claro que sim! – Mas a pobre garota não tinha certeza de sua resposta.

- E como pretende voltar?

- Pela floresta, eu vim da sala das portas.

- E por acaso lembra-se de qual porta saiu?

                Alice ficou em silencio, de fato não lembrava de que porta havia saído, só lembrava-se de ter caído naquele lugar, e se tivesse que tentar em todas as portas e acabasse em outros lugares malucos como esse? Ou pior e se não conseguisse voltar para casa?

- Como pensei você não lembra. – O sorriso se aproximou. – Que tal eu te levar para uma amiga?

- E me convidarem para uma orgia? Não obrigada. – Alice se pôs a andar para o lado contrario a voz.

- Só porque todos aqui não em pudores não significa que não paremos de fazer sexo em algum momento. – O sorriso saiu das sombras e mostrou um rapaz de cabelos roxos e roupas em estilo punk, rasgadas e com taxas nas cores rosa, roxo e preto. – Me chamo Cheshire muito prazer Alice. – Ele se curvou.

- Como sabe meu nome? – Alice recuou.

- Eu sei de muitas coisas, como também sei que a rainha está apenas te dando tempo para fugir e que depois ela irá te caçar, então se quiser ficar viva é melhor vir comigo.

                Alice olhou em volta tentando pensar.

- Só para constar a sala das portas é para esse lado. – E ele seguiu para a esquerda.

                Alice seguiu o jovem mantendo uma pequena distancia, se ele a respeitou não poderia ser de todo ruim e só então ela reparou que ele também usava orelhas de animal, mas a dele era de gato e nas cores rosa e roxo como tudo que ele vestia.

- Porque usa essas orelhas? – Ela perguntou.

- Usar? Bem elas estão ai desde que nasci oras.

                A garota não resistiu à curiosidade, se aproximou com cautela e puxou as orelhas dele, que não saíram.

- Ei para com isso. – Ele a levantou. – Essas partes são muito sensíveis sabia?

- Pera ai você também tem uma cauda? – Ela ignorou o comentário dele.

                Quando saiu dos braços de Cheshire Alice passou a puxar a cauda dele.

- Não... Para... – O jovem gemeu.

                Alice se surpreendeu com a voz chorosa dele e com a face que agora estava corada.

- Então é realmente sensível. – Ela deduziu.

                Cheshire pulou sobre a garota e a derrubou no chão.

- Isso é culpa sua. – Ele disse rasgando a saia do vestido.

- Pare! – Alice tentou empurra-lo, mas não conseguiu.

                Cheshire rasgou a manga de um dos ombros dela e mordeu ali, depois mordeu o pescoço até que chegou aos lábios e a beijou, Alice tentou resistir, mas correspondeu aquele que foi o melhor beijo de sua vida até o mento, pararam para tomar ar, mas antes que recomeçassem foram interrompidos.

- Floresta... Escolha exótica para um casal.

                O garoto saiu de cima de Alice e olhou para onde vinha à voz.

- Cartepillar, finalmente apareceu. – Ele disse.

                A mulher morena desceu habilmente os cogumelos gigantes, seu vestido azul quase transparente esvoaçava com facilidade quando ela se movia, quando chegou perto de Alice soprou a fumaça do cigarro, mas a fumaça não cheirava mal, pelo contrario, ela tinha cheiro de chocolate e morangos frescos.

- Então, Alice, oque a trás a minha presença? – A mulher perguntou.

- Eu apenas quero voltar para casa.

- Casa você diz, mas não era tedioso aquele lugar? Não prefere ficar neste mundo que é bem mais interessante?

- Interessante, mas também esquisito.

- Esquisito não é ruim, normal sim, mas para voltar Alice primeiro terá de encontrar. – A mulher tragou o cigarro e depois soprou fumaça em forma de coração.

- Oque devo encontrar?

- Encontrar a si mesma minha cara, será que esta em minha frente é a verdadeira Alice? Ou será apenas uma farsa? – A mulher sentou sobre um dos cogumelos gigantes.

- Eu sou real!

- Se você é a verdadeira Alice então também terá algo a encontrar.

- Mas oque?! – A garota começava a ficar irritada.

- Oque lhe trouxe a este mundo é claro e oque te fez desejar vir.

- Mas como eu devo fazer isso?

                A mulher revirou os olhos e caminhou lentamente até Alice sempre soprando formas diferentes na fumaça do cigarro.

- A resposta está em seu coração jovem confusa. – A mulher apertou o seio esquerdo de Alice. – E você Cheshire não deveria perder tempo ajudando-a com essa tolice.

- Mas eu ajudarei. – O gato sorriu.

- Como quiser. – A mulher se virou. – Mas saiba que a rainha já começou a caçada. – Ela subiu com agilidade pelas arvores e desapareceu na noite.

- É melhor correr Alice. – Disse o gato.

- Mas para onde?

- Não escutou a lagarta? Para onde seu coração mandar, apenas siga seus instintos.

- Mas e você?

- Eu te ajudarei a ganhar tempo.

- Por quê?

- Porque eu te ataquei me desculpe.

                Alice abraçou o garoto e o beijou com doçura, só separou os lábios do dele quando precisou de ar.

- Obrigada. – Ela disse e então correu.

                Logo que a menina desapareceu na escuridão os olhos do garoto mudaram de negros para amarelos e longas garras cresceram de suas mãos, segundos depois os gêmeos já investiam com suas foices sobre ele.

- Diga para onde a garota foi. – Dee falou.

- E quem sabe poupamos sua vida. – Dum completou.

- Mesmo se eu dissesse jamais a encontrariam. – Cheshire se defendia facilmente dos ataques.

- Diga logo! – Dee exigiu.

- E poderemos brincar. – Dum falou lambendo uma gota de sangue do corte que Cheshire havia lhe feito.

- Ela seguiu o coração dela. – Cheshire riu.

                Já cansado da brincadeira daqueles três, um homem alto com tapa-olho e de barba rala se aproximou e rapidamente feriu Cheshire no ombro com uma espada.

- Pare de brincadeiras e diga para onde ela foi já conseguiu o tempo que ela precisava.

                O chapeleiro se aproximou.

- Vão encontra-la com o coelho, mas não tenho ideia de onde estejam. – O gato disse.

- Ótimo. – Chapeleiro chutou o garoto no rosto, que caiu inconsciente.

                Alice não parou de correr nem por um instante depois que se separou de Cheshire, tanto que suas meias já estavam sujas de sangue, terra e suor e de repente tudo a sua volta escureceu, alguém agarrou seu corpo, tapou seus olhos e sua boca.

- Não grite ou eles irão te ouvir, é a mim que você procura. – O coelho disse e só soltou a garota quando ela se acalmou e parou de se debater.

- A mulher... Ela disse que você me ajudaria a voltar para casa.

- É isso que seu coração diz?

- Sim, eu acho. – Alice pela primeira vez olhou diretamente para o rosto do garoto e se surpreendeu em como ele lhe inspirava confiança, ela queria confiar nele e até mesmo se entregar a ele, se perguntava como era possível desejar alo desse tipo naquele momento.

- O caminho de volta estará no ultimo lugar onde deseja estar. – Ele disse.

- Mas eu quero estar na sala das portas e foi de lá que eu vim.

- E por acaso lembra de que porta saiu?

- Eu apenas cai... – Ela finalmente se deu conta.

- Por isso que diga que a porta estará no ultimo lugar, pois apenas enfrentando seus temores poderá sair.

- Mas eu também não temo nada.

- Nem a rainha? Ou os caçadores que estão atrás de ti? Não tem medo nem mesmo de mim?

- Porque eu teria medo de você?

- Porque não me conhece, ou por acaso costuma confiar em estranhos? – Ele aproximou o rosto do dela.

                Alice ficou calada e o coelho pegou a mão dela.

- Deixe que lhe capturem e eu serei seu advogado.

- Mas...

- Se quer sair daqui escute oque eu digo.

                Logo os gêmeos, o chapeleiro, o valete e outros homens chegaram onde eles estavam, o coelho entregou Alice a eles se ajoelhou, eles algemaram a garota e a levaram de volta ao castelo, a floresta que antes era bela e encantadora agora a assustava como se fosse uma garotinha e temeu que com a Rainha o mesmo acontecesse.

- Então, minha querida Alice, lhe recebi tão bem em meus baile, lhe dei um belo vestido e um belo homem com quem dançar, sabia que todas as mulheres brigam por ele? Mas, foi assim que você retribuiu minha gentileza, fugindo de mim.

                Alice ficou calada.

- Majestade, se me permite falar, a garota estava apenas assustada, pois nosso mundo não é em nada parecido com o dela.

- Então que ela tivesse se adaptado oras. – A rainha falou irritada.

- Dê a ela uma nova chance, agora que ela conhece nosso mundo pode ser que consiga de adaptar.

                A rainha pegou seu cajado com um enorme rubi em forma de coração e o encostou no rosto pensativa, ficou assim por alguns instantes. Alice ficou a observar o lugar e avistou Cheshire acorrentado e com as roupas rasgadas e ao seu lado a mulher morena que não lembrava o nome na mesma situação “tudo culpa minha” ela lamentou.

- Que seja, mas ela terá de começar agora. – Ela disse com um sorriso maldoso. – Saiam todos, apenas eu, Alice e o coelho devemos ficar.

- Oque ela quis dizer? – Alice perguntou.

- Que você terá de se livrar da única coisa que te faz odiar esse mundo.

- E... Oque seria?

- Seus pudores. – Ele sorriu como se já soubesse que aquilo iria acontecer e ergueu os pulsos de Alice que ainda estavam algemados e a beijou no decote.

- Pare com isso. – Ela gritou.

- É melhor que não irrite a rainha. – Ele disse.

- Eu confiei em você!

- E esse foi seu maior erro minha cara, não se deve confiar em estranhos.

                O coelho rasgou os farrapos que restavam das roupas de Alice e começou a beijar o corpo dela. Alice pode ouvir em algum lugar daquele castelo Cheshire gritar, ou talvez fossem seus próprios gritos, se sentia quente, húmida e envergonhada, mas não tinha forças para lutar depois de tudo oque passou, o coelho sabia exatamente oque fazer, onde a tocar, onde a beijar e logo que o corpo de Alice estava fraco ele soltou os pulsos dela e a ergueu em seu colo, um instante depois  penetrou com força.

                Ela sentiu dor e fechou os olhos com força, mas quando os abriu tudo havia sumido e estava novamente no sofá de casa, a porta da sala estava escancarada e batia ruidosamente, a trancou, não cogitou sair de casa, tirou as meias que estavam banhadas em suor e poeira e foi se banhar.


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Notas finais do capítulo

Havia escrito este texto para publicação em uma antologia, mas desisti da publicação pois teria de cortar algumas cenas e agora pretendo transformar em uma historia maior, espero que tenham gostado da leitura e acompanhem. ♥