Into Your Arms escrita por AnaSabel


Capítulo 31
Capítulo 30




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/275200/chapter/31

– Abra o seu primeiro. – disse para tia Rose.

Um sorriso contornou seu rosto e ela pegou a pequena caixa que havia em minha mão estendida. Quando abriu o presente, seus olhos brilharam junto com o colar que eu havia comprado.

– É maravilhoso, Lissa!

Sorri com satisfação, enquanto tia Rose o tirava da caixa e o colocava em seu pescoço.

– Que bom que gostou. Eu não fazia ideia do que comprar. – falei, rindo.

– Mas você acertou em cheio.

Ela virou de costas para mim e fechei o engate de seu colar.

– Pronto. Agora é sua vez. Eu espero que você goste. Não sei se acertei na cor... – ela disse vagamente.

Pendurado em nossa árvore de Natal, tia Rose encontrou um pequeno saquinho. Se ela não tivesse me oferecido, eu não teria me dado conta de que aquele era meu presente. Peguei o embrulho e puxei o pequeno laço. Sobre a palma de minha mão, deixei a chave cair.

Fitei tia Rose, sem acreditar no que estava vendo.

– Você... – murmurei. – Isso é a chave de um carro?

Sorridente, ela assentiu.

– Você só pode estar brincando! Um carro de Natal? É muito.

Tia Rose se aproximou e pegou meu rosto entre suas mãos.

– Você merece. – sussurrou.

Joguei os braços ao redor de seu pescoço e a abracei com força. Ela era demais para mim. Eu nunca iria merecer alguém como tia Rose. Ela sempre esteve ali por mim e eu apenas a causei amargura.

– Deculpa, tia Rose. – murmurei.

– Por quê?

– Por termos brigado. – funguei. - Você é a única família que tenho.

Sem dizer nada, ela apertou seus braços ao redor de meu corpo e me aconcheguei na curva de seu pescoço e em seu cheiro que era tão parecido com o de minha mãe.

Como se tivesse lido meus pensamentos, ela disse:

– Eu sei que você queria que eles estivessem aqui. Eu também queria.

Lágrimas começaram a escorrer por meu rosto. Era o primeiro Natal que eu passava sem eles. Isso pesava em mim. A falta deles. Era tudo tão vazio sem as gargalhadas de minha mãe, as músicas de meu pai. Minha tia se afastou e secou minhas lágrimas com o polegar. Ela precisava ser forte, para me manter forte, mas pude ver seus olhos marejados através do sorriso cabisbaixo.

– Mas temos que lembrar que você está viva. – disse. - Temos que agradecer por você estar aqui. Apesar de terem os levado, você ficou aqui comigo.

– Você está certa. – assenti.

– Não seja ingrata com o presente que a vida lhe deu.

Abri um pequeno sorriso no meio das lágrimas que secavam em meu rosto. Só havia uma coisa que a vida havia me dado, ou melhor, uma pessoa.

Sempre imaginei que ser salva daquele acidente fosse um erro. Minha vida era um erro. Não deveria ter sido salva. Eu deveria ter morrido, assim como meus pais morreram. Porém, pela primeira vez, com as sombras turvadoras e a fraqueza extraídas de meus olhos, eu pude ver.


[ouçam:Lea Michele - Battlefield]

As luzes de Natal ainda brilhavam no meio da imensidão branca. A neve havia aumentado essa noite e formava uma grossa camada no chão. O frio estava ainda pior. Sentada no beiral da janela era como se estivesse exposta ao vento gelado com apenas um casaco fino. Tia Rose havia ligado a lareira antes de subir para seu quarto, porém eu ainda não conseguia sentir o efeito dela.

Quando me enrolei num cobertor a campainha tocou. Corri até a porta e a abri. O vento dolorido bateu em meu rosto e tremi por baixo de todas as roupas que vestia. Não havia ninguém. Olhei para baixo, fitando o pequeno pacote que havia sobre o tapete de entrada. O peguei, e antes de fechar a porta atrás de mim, observei a rua vazia.

Voltei a sentar no beiral da janela e encarei a caixinha com desconfiança. Havia um bilhete dobrado ao meio e colado na lateral. Descolei a fita que o prendia e desdobrei o papel úmido. As letras escritas à caneta preta estavam borradas, porém com cautela, consegui ler o que havia escrito.

Achei que gostaria de tê-lo de volta.

– A

Um calafrio percorreu minha espinha ao observar a última letra. Mordi o lábio e olhei para a estrada novamente. Voltei meus olhos para a caixa e a abri, lentamente. No seu interior havia um colar. Eu o conhecia. Tirei-o da caixinha, fazendo o pingente com a forma de uma mão tendo em seu meio um olho com contornos azul e branco, balançar no ar por alguns segundos.

“Significa proteção. Esse é o “olho que tudo vê”, dizem que é para combater o mal”.

Sua voz ecoou em meus pensamentos.

No primeiro momento, tive vontade de abrir a janela e jogar o colar fora, junto com as lembranças e deixar a neve esmagar ele, acabar com cada centímetro da prata. Andrew estava em algum lugar daquela estrada. Eu não podia vê-lo, mas podia senti-lo. Eu teria recusado o colar e ele teria visto, e então eu me sentiria vitoriosa. E depois, arrependida.

Fitei o pingente com fúria nos olhos, enquanto uma batalha se seguia em minha mente. Por fim, meus dedos passaram ao redor de minha nuca e fecharam o colar, deixando-o cair ao redor de meu pescoço.

Rolei o pingente entre os dedos e apoiei a cabeça no parapeito da janela, olhando para a rua. Eu poderia tentar dar uma de difícil, porém não mentiria para mim mesma. Nunca senti tanta falta dele, como sentia nesse momento. Algo sempre me traz de volta a ele. Não importa o que eu diga ou faça, ainda sinto Andrew aqui. E ter o colar perto de mim, tocando minha pele era como se eu ainda tivesse um pedaço dele comigo.


Eu estava relembrando milhares de memórias, pensando sobre tudo que nós já passamos. Talvez eu esteja voltando muito atrás ultimamente, quando o tempo parou e eu o tinha. Porém o frio veio, junto com os dias escuros, quando o medo se arrastou em minha mente. Sinto falta do calor de sua pele, seu sorriso doce, tão bom para mim, tão certo. E como ele me segurou em seus braços naquela noite. Eu estive o esperando desde que se foi. Talvez eu só queira voltar ao que éramos antes. Talvez eu só queira vê-lo de volta a minha porta.

É isso que eu andava pensando nos últimos dias.

As aulas voltaram. Tia Rose viajaria em breve. O frio já não era tão intenso.

Quando nossos olhos se encontravam nas aulas de biologia, eu sabia no que Andrew estava pensando, porque eu estava pensando exatamente na mesma coisa. A menos de um mês ele me salvara de Hunter e depois eu dormi em seus braços. Não era fácil esquecer um momento como esse, depois de tanto tempo sem mal nos tocarmos. Eu mantinha o colar por baixo da blusa, mas em algum momento de nossas aulas, eu notei pelo canto do olho, que Andrew o fitava.

Eu evitava Dave. Na verdade, evitada todo mundo. Eu ouvia o que todos diziam, mas simplesmente não conseguia emitir um som. Minha cabeça estava confusa, mas meu coração era pesado. O Natal havia me feito lembrar ainda mais de meus pais e em como aquilo ainda doía, acima de tudo. Agora, eu queria somente ficar deitada e me afundar no colchão até me tornar parte dele. Queria apenas me guiar no pequeno fio de esperança em ser concertada. Porém essa esperança é traiçoeira. Sempre haverá algo cutucando minha mente, me fazendo lembrar daquilo que eu mais quero esquecer. Eu fecho os olhos e tento segurar as pontas, porém alguma delas sempre acaba escapando e tudo desmorona mais uma vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu sei que demorei - mais uma vez - mas a notícia boa é que estou com alguns capítulos prontos!
Coloquei música e espero que tenham gostado do capítulo depressivo, já que a melhor coisa que eu sei fazer escrever é sofrimento hahahah
Já estamos no capítulo 30, vou entrar em depressão porque falta pouco para acabar :(
Comentem, por favor, vocês não imaginam como a opinião de vocês é importante. Beijos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Into Your Arms" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.