A Última Chance escrita por BailarinaDePorcelana


Capítulo 50
Parte III - Capítulo 50 - Despedida


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!
Me desculpem pela demora, mas realmente não estava conseguindo escrever. Ah, só avisando, resolvi acelerar um pouquinho as coisas. Espero que gostem! :3



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Capitulo 50

Despedida

Não sei exatamente quanto tempo se passou, mas sei que foi muito. Mesmo assim, continuei na mesma posição desconfortável, meio encolhida, meu corpo sobre o de Ethan no espaço apertado. Não estava tão arrependida quanto imaginei. A maior parte de mim estava tão radiante quando o sol que despontava no horizonte. Mas o resto que sentia aquele aperto que dizia “devia ter sido mais difícil” também tinha seu belo espaço.

Olhei pela janela acima de mim e ela estava embaçada, e aquilo, sem saber o porquê, aumentou meu arrependimento. Respirei fundo aquele ar abafado e impregnado com nosso cheiro e isso chamou a atenção de Ethan, que também não devia ter dormido. Com uma ultima olhava á minha volta, peguei minhas peças de roupa – que achei jogadas até sobre o volante, e me perguntei como foi parar ali – e as vestindo com pressa. Não queria ficar mais ali e me sentir ainda pior.

- Hey, espera. – pediu enquanto eu abria a porta. Parei por um momento, ajeitando os cabelos, e o olhei – Isso significa que... Estamos bem?

E essa era a pergunta que eu temia. Passara pelo menos uma hora pensando no que responder, porque tinha certeza que iria me perguntar isso mais cedo ou mais tarde. Não tinha uma resposta definida, mas sabia muito bem o que fazer.

- Não. – tentei me controlar para não ficar evidente as várias mentiras por trás do que diria – Isso foi só... Uma noite. E você vai embora amanhã. Quando voltar nós conversamos sobre isso.

- Posso não voltar mais. Sabe disso, não é? – ele parecia magoado.

- Você vai voltar.

- Como tem tanta certeza?

Sem dar nenhum tipo de aviso, praticamente me joguei sobre ele novamente tentando alcançar seus lábios. Só nos separamos quando o ar faltou e estávamos arfantes.

- Eu volto logo. – falou ainda tentando recuperar o fôlego enquanto eu saia do carro sorrindo.

Não sabia exatamente para onde ir. Pessoalmente, não queria ir para nosso “acampamento”, não queria ver ninguém. Queria sair andando, sentir o vento gelado e se não estivesse frio adoraria nadar no rio. Queria ficar sozinha com meus pensamentos e meu coração apertado, minha vontade de chorar por estar confusa e não saber o que fazer. E, mais que tudo, queria simplesmente fechar os olhos e dormir, sem medo de pesadelos, esquecer um pouco um mundo á minha volta e não precisar ficar sempre alerta. Estava exausta. Exausta da vida, de acordar – quando eu dormia – e ver que não foi só um pesadelo e que teria que continuar lutando pela minha vida, pela de outras pessoas e contra meus próprios sentimentos. Antes as pessoas reclamava. de como a vida era difícil, mas não faziam a mínima ideia de com tinham sorte.

- Savannah, graças aos que não foram transformados em zumbis. – Lola veio correndo em minha direção – Pensei que tinha sido sequestrada por alienígenas sem mim! Nunca mais me abandone dessa forma.

Ela se agarrou no meu pescoço num abraço aperta, mas foi soltando parecendo incomodada com algo.

- Esse cheiro... – resmungou puxando a gola do meu suéter para seu nariz, e depois minha mão e meu cabelo – Você... Não, ta brincando!

- O que foi? – perguntei achando aquilo estranho.

- Com quem foi?- estreitou os olhos.

- Com quem foi o que, Lola? – perguntei novamente completamente confusa.

- Com quem você dormiu, sua idiota!

- O QUE? – gritei assustada. Como ela sabia?

- Você é surda ou burra? Estou perguntando com quem dormiu, que caso não saiba o significado, com quem fez sexo, noite passada!

Pega de surpresa, dei um pulo sentindo instantaneamente minhas bochechas queimarem.

- Mas... Eu não... Eu... – gaguejei tentando encontrar algo que fizesse eu me sentir menos culpada.

- Fala logo com quem, loira! – colocou as mãos na cintura irritada, mas sua expressão ansiosa denunciava que estava apenas curiosa.

- Ethan. – falei fechando os olhos e esperando uma bronca, que nunca veio.

- Não está muito feliz, não é?

- Porque acha isso?

- Posso ver nos seus olhos. – riu baixo e revirou os olhos – Está se sentindo péssima. Mas pudera, quem mandou dormir com o cara desse jeito? Céus, tenha mais amor próprio na próxima vez e dê um tapa na cara dele ao invés de dar outras coisas.

Abri a boca num perfeito “o” enquanto Lola saia andando em direção ao rio com as garrafas de água que não havia percebido antes.

Apesar de não ter sido muito legal o que falou, ela tinha razão. Não devia tê-lo perdoado tão fácil. Na verdade não tinha perdoado, havia dado... Uma chance. Que devia ter sido uma chance diferente, mas não adianta me arrepender por algo que já está feito, então...

- Anda logo, volte para o acampamento! – Lola gritou – Estão todos achando que foram sequestrados.

Agora eu estava preocupada. Se estavam preocupados, isso significa que quando aparecêssemos haveria aquele constrangedor questionário de “onde, quando, o que, como, porque”, que no nosso caso seria milhões de vezes mais constrangedor . O que me levou a pensar em algo que não tinha pensado antes. Reed também estaria ali.

Meu coração acelerou e minhas mãos começaram a suar quando imaginei sua reação quando soubesse. Fiz vários cenários em minha mente; em um deles Reed dizia que estava tudo bem, no outro ele nunca mais falava comigo, em outro ele ficava possesso.

Assim que cheguei ao lugar onde todos os outros ainda deviam dormiam, encontrei todos acordados com expressões preocupadas.

- Onde estava? – Rick foi o primeiro a perguntar.

- Eu estava no... Árvore... Do rio... É, eu tava em cima de uma árvore perto do rio. – apertei minhas mãos em punho para que parassem te tremer – Me desculpem, eu dormi por lá sem querer.

- E Ethan? – ele perguntou novamente, uma sobrancelha erguida parecendo desconfiado.

- Eu não sei... Ele também estava por lá. Aposto que acabou dormindo por ai.

Um silêncio constrangedor se abateu sobre o lugar e o mais constrangedor era os olhares sobre mim. Tinha certeza de que estava mais vermelha que um tomate.

- Ok... – Ariane se sentou num dos troncos de árvore no chão – Agora conte-nos o que realmente aconteceu.

- O que aconteceu foi que estão parecendo paranoicos. – desviei do assunto e antes que dissessem alguma coisa ou perguntassem algo saí dali quase correndo, de volta para o rio. E Lola não estava mais ali.

- Eu sei o que aconteceu. – ouvi a voz atrás de mim e quando me virei encontrei Reed.

- E o que aconteceu? - perguntei com desdém, tentando encobrir meu nervosismo.

- Vocês se acertaram... Você e Ethan.

Me sentei numa pedra alta na beira do rio e tampei o rosto com as mãos. Sem esperar por isso, senti meu corpo ser puxado para o lado e, antes que pudesse fazer algo e assustada, senti seus braços passando á minha volta, num abraço apertado.

- Me desculpe. – pedi chorosa. Não queria que ele me odiasse.

- Não fique assim. Não tem pelo que me pedir desculpas. Você fez o que achou que era o certo. – falou me soltando – Sabe, antes disso tudo, eu estava noivo da irmã da Lola, Roxanne... Roxy... Nos casaríamos em duas semanas quando tudo isso começou e ela foi infectada logo nos primeiros dias de epidemia, quando tentávamos sair de Michigan. O que quero dizer é que... Se tivesse tido outra oportunidade, teria cuidado dela melhor. Talvez ela ainda estivesse aqui e quem sabe felizes, mesmo que nessa situação. Não perca o que ama por medo, pois pode não ter outra chance.

Nesse momento, me levantei e abracei Reed novamente. Devia muito a ele antes, e ainda mais agora. Mesmo na minha imaginação ele não fora tão compreensivo, e se julgasse por sua aparência ele era totalmente o contrário disso. Ele com certeza era um ótimo amigo.

Quando ele foi embora e me deixou ali, tive muito no que pensar. Sim, eu estava arrependida – e muito. Sim, eu estava com medo. Sim, eu estava confusa. Sim, eu estava quebrada. E sim, acima de tudo, eu amava Ethan. E isso não mudaria, não importava a burrada que ele fizesse. Dar outra chance a ele seria dar outra chance a mim mesma, ao que eu sentia, e não fingiria que o esqueci, não renegaria tudo isso.

E eu não deixaria aquele idiota ir sem que eu dissesse o que eu realmente sentia. Ele precisava saber, e eu precisava dizer, mesmo que isso fosse uma despedida. Antes que fosse tarde demais.

Sem pensar em mais nada, voltei para o acampamento á procura dele, mas não o encontrava. Tentei ser o mais discreta possível, mas não funcionou muito. Assim que ele apareceu por entre as árvores arrumando os pulsos de sua jaqueta, respirei fundo antes de correr em sua direção e me jogar sobre ele sem me importar que mais alguém estivesse vendo. Quem liga? O abracei apertado e sorri quando o senti retribuir.

- Eu te amo. – sussurrei em seu ouvido.

- Não mais do que eu te amo. – respondeu, e pela voz parecia estar sorrindo.

E finalmente a culpa que eu sentia saiu completamente de mim, e me sentia nas nuvens. Mas isso só até começar a chover.

Tivemos que voltar para os carros e voltar para a estrada. Achar um lugar seguro. Continuar caminhando. Ás vezes imagino se não somos nós que devíamos ser chamados de errantes. Mas no momento a chuva estava bela demais – a vida estava bela demais – para pensamentos melancólicos. Teria muito tempo para isso (eu acho).

No caminho, sentei ao lado de Ethan, de mãos dadas como antes, e sorri até minhas bochechas reclamarem por um descanso e meus olhos se fecharem implorando para que parasse com os pensamentos coloridos e dormisse.

E, pela primeira vez em muito tempo, tinha certeza de que estava realmente bem.


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Notas finais do capítulo

Pipoul, esse é o ultimo capitulo da Savannah. E a parte 4 será do... TAN TAN TAN TAN... Veja no próximo capitulo!
No próximo capitulo também vai aparecer gente nova, ok?
Beijos e até a próxima ♥