A Última Chance escrita por BailarinaDePorcelana


Capítulo 37
Parte II - Capítulo 37 - Em Suas Mãos


Notas iniciais do capítulo

E ae, gente!!!
Primeiro, Feliz Natal atrasado!
Segundo, fiquei sabendo que consegui trollar algumas pessoas no ultimo capitulo com o negócio de "uma pequena perda", não é, Bella? kkkkk'ãdoro
Espero que gostem do capitulo, mesmo com tudo o que irá acontecer...



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Capitulo 37

Em Suas Mãos

             Andava rapidamente pelos corredores escuros com a ajuda apenas da minha lanterna, que nem era de tanta ajuda. O texto baixo deixava o lugar ainda mais claustrofóbico, contando com o fato de quase não ter janelas, e quando tinha alguma ela estava lacrada. E, apesar de tudo isso me perturbar, o que mais me preocupava era Savannah desmaiada em meus braços. Sua respiração era ruidosa, como se algo obstruísse a passagem do ar por seus pulmões, o que me fazia pensar se a faca poderia ter perfurado um deles.

             O que mais me incomodava era: por quê?

             Porque esconder de mim que estava ferida? Sua desculpa de não querer me preocupar não fazia sentido. Será que ela tinha pensado que se morresse eu ficaria pior do que se ela tivesse me contado desde o começo?

             Por quê?

             A pergunta rodava por minha mente numa velocidade incrível, e ao mesmo tempo tentava encontrar uma resposta e o caminho certo para encontrar os outros. O lugar parecia um labirinto! Nunca pensei que pudesse ser tão grande. Era possível escutar sobre minha respiração arfante as vozes baixas deles, mas não havia nenhum tipo de luz ou indicio deles por onde passava. Sentia que estava andando há horas, apesar de saber que eram apenas minutos e apesar de Savannah ser leve, começava a pesar em meus braços.

             - Onde estão vocês? – perguntei em voz baixa, como se isso fosse me ajudar a encontra-los mais rapidamente.

             Como se atendendo ao meu apelo, uma luz branca me cegou no momento seguinte, acompanhada por uma voz. Rick.

             - Pensei que tivessem ficado para trás e... O que aconteceu com ela? Foi mordida?

             Semicerrei os olhos para ver através da luz e pisquei algumas vezes, e então a luz foi retirada de meu rosto. Um peso a mais foi acrescentado em meus braços.

             - Ela está com febre. E suando frio. – Rick falou novamente – Diga logo, Ethan, ela foi mordida?

             - Na-não... – gaguejei, pigarreando em seguida para me recompor – Ela está machucada.

             - Machucada? O que aconteceu? – uma voz, que reconheci como sendo de Reed, perguntou preocupada (até demais).

             - Atiraram uma faca. – falei simplesmente.

             Sem falar mais nada, fomos até os outros, que estavam num lugar que não era tão longe de onde eu estava, mas com todos os corredores e entradas era complicado de se encontrar. Haviam vários lampiões espalhados, no chão, em pesas que pareciam de escritório e cadeiras, e todos estavam próximos a esses lampiões, provavelmente pelo fato deles ajudarem com o frio e o lugar não ser lá muito quente.

             - Ah, Deus, o que aconteceu? – Carol perguntou exaltada assim que entramos, chamando a atenção dos outros. – Deite-a aqui.

             Coloquei Savannah sobre o lençol que Carol tinha apontado e me ajoelhei ao seu lado, segurando sua mão entre as minhas.

             - Por favor, me digam que temos como cuidar dela. – pedi sem tirar os olhos de seu rosto.

             - Depende do que e onde é o ferimento. – Herschel falou ao meu lado. – Onde é?

             Levantei seu suéter deixando o corte fino e profundo novamente exposto.

             - É bem profundo, mas nada grave. Não deve ter perfurado nada. Mas está infeccionado. – Ele falou analisando de perto – Não temos o necessário para dar pontos, mas acho que um curativo bastará por enquanto. Só temos que limpar isso bem.

             Assim que falou isso, Carol lhe entregou uma garrafa de água e um lenço limpo. Herschel derramou a água no corte e esfregou delicadamente o lenço sobre ele. Savannah se remexeu inquieta e abriu os olhos assustada.

             - Isso dói. – reclamou baixinho com os olhos marejados.

             - Vai acabar rápido. – tentei acalmá-la, apertando sua mão delicadamente.

             Savannah fechou os olhos novamente com as sobrancelhas franzidas e os lábios trêmulos, apertando minha mão tão forte que pensei que fosse quebrar. Me remexi desconfortável e usei a mão livre para me apoiar não. Uma mão passou por meu pulso e puxou a minha – fazendo com que eu quase caísse. Virei o pescoço de lado para poder ver quem era e me surpreendi ao ver que era Delilah.

             Sorri radiante para ela, que ainda permanecia com os olhos fechados e um sorriso fraco nos lábios. Por um momento esqueci a dor na mão que Savannah apertava e beijei levemente a mão de Lia, que aumentou o sorriso. Mas não pude me concentrar muito nisso, porque nesse momento aconteceu um imprevisto.

             Uma buzina soou do lado de fora, e todos se levantaram - menos eu, Savannah e Delilah -, previamente armados.

             - Mas que droga! – alguém exclamou, mas não me dei o trabalho de ver quem era.

             - Eles nos encontraram? – ouvi Maggie perguntar próxima a mim, mas não houve resposta.

             Ficamos minutos na mesma posição, esperando que algo mais acontecesse, mas nada. Fora apenas a buzina, e nada mais. Nada mais até que todos os zumbis nos arredores seguissem o som e viessem parar bem na porta do lugar onde estávamos, nos impedindo de sair por mais um tempo.

             Mais um minuto se passou até um barulho metálico ecoar por todo o espaço, fazendo-nos apontar nossas armas para a entrada da sala. Mas, novamente, nada aconteceu.

             - Acho que alguns de nós deveriam vasculhar o lugar, caso tenham entrado. – Rick deu a ideia, colocando munição em sua arma.

             - Está louco, Rick? Eles podem estar aqui dentro e você quer ir se encontrar com eles? – Lori se levantou com um pouco de dificuldade.

             - É melhor que encontrar a todos nós de uma vez só. – argumentou olhando autoritário para a esposa – Vamos.

             Sem esperar por resposta, Rick saiu da sala sendo seguido por outros. Suspirando, soltei minha mão de Savannah e Delilah e me levantei, com minha calibre 37 preparada. Segui pelo corredor escuro tentando seguir os outros e ser o mais silencioso possível.

             Minha respiração estava arfante e entrecortada parecia alta demais e sentia que a qualquer momento alguém me encontraria por isso. Respirei fundo tentando me controlar, firmando minha mão que suava de nervosismo para a arma não escorregar. Não poderia falhar, não poderia deixar que, se alguém tivesse entrado ali, chegasse até os outros.

             Andamos por pouco tempo até o primeiro tiro ser disparado. Uma mão me puxou pela gola do casaco para o chão e me deixei levar, enquanto outros tiros era disparados. Tentei mirar para atirar, mas a escuridão não me deixava ver quem era quem, então não dava para saber. A única coisa que era possível enxergar eram os rápidos lampejos de disparos.

             - Eu não consigo ver nada! – reclamei baixinho, para quem quer que estivesse ao meu lado.

             - Tome cuidado, tem errantes aqui. – reconheci a voz de T-Dog – Esses filhos da mãe colocaram alguns para dentro.

             Instintivamente, olhei para os lados para conferir se não havia nenhum por perto e encostei as costas na parede para não ser pego de surpresa. E, em minha mente, retumbava uma pergunta: porque a faca que Savannah atirou não pegou logo na cabeça de Melissa de uma vez? Isso facilitaria tanto as coisas.

             - Cuidado! – alguém por perto gritou.

             Um estrondo ao meu lado e um corpo caindo sobre mim. Foi tudo o que consegui registrar.

             - Preste atenção, Ethan. Ou vai acabar morrendo. – T-Dog falou, empurrando o corpo do zumbi.

             - Me desculpe.

             Mais tiros ecoaram, mas vindo do outro lado do corredor. Me levantei apressado, sabendo o que aquilo significava. Tinham conseguido chegar á sala onde os outros estavam.

             - Glenn, T-Dog, Ethan! – a voz de Rick soou pela escuridão e entre os tiros. – Vão ajudar os outros!

             Refiz o caminho de antes sem esperar para ver se os outros dois estavam vindo também. Parei alguns metros á frente ao ver uma porção de zumbis se espremendo na entrada da sala enquanto os que estavam lá dentro atiravam.

             Mirei nos que estavam mais perto e comecei a atirar também, chamando a atenção de alguns. Logo T e Glenn estavam comigo atirando, e com algum esforço conseguimos passar por eles até chegarmos dentro da sala, mas ainda haviam outros entrando e continuávamos atirando. Com a constante troca de munição, ás vezes perdíamos alguns deles e ficavam muito próximos. E foi assim que começou a confusão.

             A munição da minha arma acabou e pedi para que T-Dog me cobrisse enquanto pegava outro cartucho em minha meia – os que haviam em meus bolsos já tinham se acabado – e, com muitos deles atacando ao mesmo tempo para poucos atirando, alguns conseguiram se aproximar até demais, e isso me deixava cada vez mais nervoso fazendo com que tudo desse errado. Um deles passou direto por uma brecha entre nós direto para Beth, que estava mais próxima, parecendo muito concentrada em mirar outro deles que avançava contra a irmã, e T-Dog se virou para atirar nele antes que chegasse a ela. A partir daí tudo pareceu acontecer em câmera lenta.

             T atirou no zumbi e, ao mesmo tempo, um avançou contra ele que ainda estava de costas e eu finalmente consegui destravar a arma. A coisa se lançou sobre ele, no mesmo momento em que atirava nela. Mas já era tarde demais. O sangue escorria pela clavícula de T-Dog, enquanto esse colocava a mão sobre o lugar, a expressão de dor evidente.

             - T! – Carol gritou e correu até ele, tentando ajudá-lo.

             - Cuidado! – ele gritou, continuando a atirar como se nada tivesse acontecido.

             Não tínhamos tempo a perder. Voltei a atirar também, até que os zumbis pararam de vir e os tiros cessaram, e minha munição estava completamente acabada. Corri até T-Dog, assim como os outros, no mesmo momento em que Rick e os outros que estavam nos corredores também chegaram.

             - Mas o que aconteceu? – Rick perguntou indo a T-Dog e então parou ao ver a mordida em seu ombro. – Ah, droga.

             - Como isso foi acontecer? – pude ouvir Daryl perguntar ao longe.

             - Todos sabemos o que isso significa, então vamos acabar logo com isso. – T falou conformado, andando para a fora da sala.

             Carol correu até ele e o abraçou, gesto repetido por Maggie. Apesar de não parecer muito confortável com isso, T assentiu, despreocupado.

             - A gente se vê, irmão. – Daryl falou com a mão em seu ombro sem ferida.

             E então ele finalmente seguiu para fora da sala, sendo seguido por Rick com sua arma em punho. Suspirei. Menos uma pessoa. Menos uma. Quantos mais morreriam? Provavelmente no final todos nós teríamos o mesmo destino: ser ração de zumbi. Ser o alimento de coisas mortas e nojentas.

             Olhei em volta da sala e, em meio aos vários rostos tristes, encontrei o de Savannah que chorava baixinho sentada no canto mais afastado da sala. Fui até ela e me sentei ao seu lado, passando o braço por seus ombros.

             Alguns minutos se passaram e um sentimento estranho crescia dentro de mim, algo como preocupação, mas não exatamente isso. Era algo mais intenso, mais arrasador.

             - A culpa é minha. – Savannah sussurrou – Se eu não fosse uma covarde e tivesse contado desde o início, eu não estaria mal agora e poderia ter ajudado. Ninguém teria sido mordido.

             - Não é sua culpa. – foi a única coisa que consegui responder após alguns segundos, abraçando-a mais forte.

             E então o barulho do tiro ecoou pelo lugar, fazendo Savannah estremecer em meus braços e o choro se intensificar.

             Suspirei. Menos uma pessoa. Menos uma. Quantos mais morreriam? Provavelmente no final todos nós teríamos o mesmo destino: ser ração de zumbi. Ser o alimento de coisas mortas e nojentas.  Um destino inevitável que uma hora ou outra todos teríamos que enfrentar.


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Notas finais do capítulo

Antes que queiram me matar por matar o T, por favor, entendam. Logo alguém teria que morrer, e num mundo de zumbis ninguém está á salvo, nem mesmo as pessoas que mais gostamos e queremos manter vivos. Também fiquei triste por matá-lo, mas...
Bem, apesar disso, espero que tenham gostado e que eu mereça reviews!
Beijos e até a próxima ♥