A Última Chance escrita por BailarinaDePorcelana


Capítulo 28
Parte I - Capítulo 28 - Erro


Notas iniciais do capítulo

Geeente, capitulo pequeno, mas é só uma introdução para o que está por vir! Espero que gostem.



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Capitulo 28

Erro

Quando abri meus olhos para a claridade, no momento em que acordei, arrependi-me de imediato ao senti-los arder. E me arrependi mais ainda ao tentar me levantar rapidamente e senti meu corpo inteiro protestar.

Olhei em volta com os olhos semicerrados e então a compreensão se abateu sobre mim. Todas as minhas roupas se encontravam espalhadas pelo chão e a única coisa que me cobria – parcialmente – era o lençol.

– Ah. – foi a única coisa que saiu da minha boca, enquanto um sentimento estranho porém conhecido tomava conta de mim.

Fiquei mais alguns minutos olhando em volta e sentindo o cheiro de Daryl que parecia grudado por todo o quarto e... Em mim. E eu gostava disso.

Fui para o banheiro a fim de tomar um bom banho e tirar a tensão e os resquícios de suor do meu corpo. Entrei em baixo da água sentindo cada músculo responder a ela e suspirei. Sem demorar muito ali, desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha.

Parei na frente do espelho antes de voltar para o quarto e sorri ao ver minha própria imagem. Minhas bochechas em um tom avermelhado e meus olhos brilhantes me faziam parecer uma adolescente que acabou de ter sua primeira vez. Balancei a cabeça e fui para o quarto, pegando uma roupa no armário sem prestar muita atenção.

Saia do quarto, já arrumada, quando reparei em algo estranho. Havia algo de diferente no quarto, e não falava da penteadeira caída no chão, os cacos de vidro do espelho ou a cama que estava meio virada – é, a noite foi bem agitada -, mas sim a luz. Ela parecia de alguma forma mais clara e incomodava meus olhos. Fui até a janela esperando ver o campo seco e talvez com leves vestígios de geada, mas me surpreendi ao ver o lugar totalmente branco, coberto de neve. Sabia que logo ela chegaria, mas não imaginava tão rápido. Ainda tínhamos coisas para resolver na cidade e depois que a neve caísse não poderíamos mais sair; de carro porque não tínhamos pneus para neve ou corrente e a pé para o caso de encontrarmos zumbis ficaria difícil se locomover.

Suspirei e saí do quarto. Andava em direção á escada, mas fui parada por alguém puxando-me pelo ombro.

– Que droga, você me assustou! – coloquei a mão sobre o coração que batia acelerado.

– Me desculpe. – Ethan riu – Já estava indo para o seu quarto te chamar.

– Ah. – resmunguei simplesmente, agradecendo por ter saído de lá antes dele me chamar, seria constrangedor ele ver meu quarto naquele estado. Continuamos andando, em direção á cozinha – Quer falar comigo sobre algo?

– Sim, mas primeiro... Quem estava no seu quarto noite passada? – Ethan cruzou os braços, observando-me com os olhos semicerrados.

Arregalei os olhos e já podia sentir meu rosto quente. Em alguns segundos provavelmente todo o sangue de meu corpo estaria em minha face. Aproveitei que chegamos á cozinha e peguei um copo de água tentando disfarçar minha vergonha.

– Do que está falando? – perguntei normalmente, tomando um gole da água.

– Estou falando, Delilah, de uns certos... Barulhos que tive que ouvir noite passada.

Cuspi toda a água que estava bebendo em uma crise de tosse. Ethan dava tapas leves em minhas costas tentando ajudar, e logo consegui parar.

– Vocês está louco? – perguntei com a voz alguns oitavos mais alta.

– Não se faça de idiota, Lia. Vocês não foram tão silenciosos quanto pensam. – ele falava aos sussurros num tom risonho e divertido – Diga logo quem era.

No momento em que abri a boca para dizer que ele estava enlouquecendo e tinha delirado ou havia sido apenas um sonho, a porta da cozinha foi aberta deixando o vendo gelado entrar fazendo-me arrepiar e Daryl entrou. Sem olhar para mim ou Ethan, ele foi até o faqueiro em cima do balcão e pegou a maior faca dali, saindo em seguida. E, nesse meio tempo, meu coração disparou na expectativa de atrair seu olhar para mim e meu rosto ficou mais quente ainda – se é que era possível -, estragando qualquer chance que eu tinha de conseguir enganar Ethan.

– O Daryl? – meu primo perguntei sem acreditar – Só pode estar brincando!

– Er... É... Não... É... – gaguejei.

– Eu não consigo acreditar que dormiu com o Dixon! Ele tem o que? O dobro da sua idade?

– Ah, qual é, Ethan? O mundo está acabando por zumbis e você preocupado com idade? – falei agora ficando nervosa.

– Ok, me desculpe é só que... Não posso acreditar que perdeu a virgindade com ele. E que ainda por cima não iria me contar. – ele falou emburrado.

– Quem disse que foi com ele minha primeira vez? – olhei-o com desdém.

–Ah eu duvido que já teve outros. – foi a vez dele de falar com desdém.

– Chaz e Jamie não contam?

– O que? – ele me olhou assustado.

– Esqueça isso, Ethan. Você não tinha algo para me falar? – revirei os olhos, impaciente.

– Ok, ok. – ele suspirou – Gael está muito empolgada hoje. Não sei se está lembrando, mas hoje é o aniversário dela.

– Ah! Eu tinha me esquecido. – mordi meus lábios, sentindo a culpa me tomar. Como podia ter esquecido o aniversário dela?

– Eu já imaginava. Por isso queria lembrar você antes que ela te encontrasse. E se prepare, porque ela estava pedindo por você.

– Tudo bem. Ainda bem que me lembrou. – respirei fundo.

Ethan saiu da cozinha e eu permaneci ali, pensando em que mundo estava para esquecer o aniversário da minha irmã. Eu era uma irmã tão ruim assim, a ponto de esquecer uma data que sempre fora importante para ela? Normalmente, quando era seu aniversário, ela era a primeira da casa a acordar, ia para o quarto de nossos pais e os acordava pulando na cama deles cantando parabéns. Seu ultimo aniversário tinha sido passado aqui, nessa casa, sem a mamãe e o papai estava depressivo com a recente morte de Sue, e mesmo Gael estava triste, tanto que nem tocou no assunto de seu aniversário.

Estava saindo da cozinha com a intenção de procurar minha pequena irmãzinha, mas ela me encontrou primeiro. Ela estava no pé da escada, e vinha correndo com um enorme sorriso na minha direção. Gael pulou em cima de mim e tive e pegá-la no colo para que não cairmos no chão.

– Que lindo você está hoje! – sorri para ela, passando a mão por seu vestido rosado.

– A Lola que escolheu o vestido. Ela disse que fico igualzinha a uma princesa. – Gael levantou os braços para o alto, animada.

– Você é uma princesa. Uma princesa que agora tem nove aninhos!

– Você lembrou! – seu sorriso aumentou e seus olhos brilharam, me deixando ainda mais culpada por não ter lembrado de verdade.

– É claro. – me forcei a falar – E pode me pedir o que quiser hoje.

– Eu só quero que passe o dia comigo. – Gael abaixou a cabeça um pouco tímida, mexendo numa mexa do meu cabelo.

Um nó surgiu em minha garganta. Aquilo só comprovava o que eu já imaginava: eu era uma péssima irmã. Eu tentava sempre fazer tudo por Gael e Kalem, mas não bastava. Eles precisavam de mim ao lado deles.

– Faremos o que você quiser.

Gael se remexeu até eu soltá-la e então me puxou pela mão até o lado de fora. Tremi assim que chegamos ali o vento frio me fez arrepiar e então comecei a tremer. Olhei para a garotinha ao meu lado e ela olhava em volta como se nada tivesse acontecido, usando apenas deu vestido e um pequeno cardigã também rosa por cima do vestido.

– Se quer ficar na neve primeiro tem que vestir uma roupa mais quente, não acha? – perguntei, voltando para a casa.

Fomos para o quarto de Gael e eu a vesti com mais duas blusas de frio e uma bota – que eu amava vê-la usando – e então passamos pelo meu para pegar um casaco. Voltamos para a parte de trás da casa e ela correu para a neve, praticamente se jogando nela.

– Hey, calma ai, garotinha. – Lori riu, indo em direção á casa com um cesto de roupas.

– Quer que eu carregue para você? – perguntei, agoniada por vê-la carregando aquilo e com a barriga já bem grande.

– Porque todos acham que eu não dou conta? – ela resmungou irritada – Estou grávida, não doente.

– Desculpe. – ri, enquanto ela entrava em casa.

Fui até Gael e me deitei ao seu lado enquanto ela fazia um anjo na neve.

– Se a mamãe estivesse aqui eu não poderia fazer isso.

Suspirei, abrindo e fechando os braços tentando fazer um anjinho como o de Gael. Eu sabia muito bem que ela não poderia fazer aquilo com nossos pais por perto. Com sua baixa imunidade ela normalmente era privada de fazer esse tipo de coisa. Mas qual era o problema? Do que adiantaria deixar ela sem todas essas experiências e saudável se um errante poderia matá-la? Era melhor que tivesse uma vida boa, e que pudesse se divertir nesse mundo, porque era a única saída desse pesadelo.

– É... Ela não deixaria.

Ficamos ali por mais alguns minutos, mas houve um burburinho vindo de dentro da casa e um grito distante, talvez vindo da sala, e me levantei apressada levando Gael comigo. Corri para dentro da casa e peguei uma faca ao passar pela cozinha. Entramos na sala e Lori estava deitada no sofá com uma expressão de dor e com a mão sobre a barriga e Rick sobre ela tentando mantê-la acordada.

– O que está acontecendo? – Rick exigiu para ninguém em especial parecendo desesperado. Parecendo não, ele estava desesperado.

– Eu acho que estou perdendo o bebê. – Lori falou com a voz abafada por um grunhido enquanto segurava a mão do marido com força.

Coloquei as mãos sobre a boca e meus olhos começaram a lacrimejar.

– Gael, vá para o seu quarto. Eu já vou para lá. – mandei sem olhar para a garota, mas sabia que ela tinha me obedecido.

Herschel entrou pela porta da sala apressado e agachou ao lado de Lori, colando a mão sobre sua barriga. Ele ficou assim por um tempo, apenas com a mão na barriga da mulher, até que se levantou com a face completamente sem expressão.

– Isso não me parece muito bom. Você não está perdendo o bebê, mas tem algo errado.

– O que podemos fazer? – Rick perguntou ainda mais desesperado.

– Eu precisaria de algo para pelo menos sentir o bebê. Não sei exatamente o que pode ser. Talvez seja algum problema com a alimentação. Talvez os remédios não estejam ajudando. Pode ser muita coisa. Vocês trouxeram o remédio certo?

– Trouxemos. Eu e Savannah pegamos e nós encontramos todos.

– Alguém pode pegar os remédios dela por favor? – Herschel pediu e Carl correu para a escada.

Assim que voltou, o garoto entregou os três vidrinhos para Herschel que olhou cada um deles e assentiu, menos no ultimo.

– Eu não coloquei esse na lista.

Peguei-o de sua mão e eu reconhecia aquele.

– Mas esse não é da Lori, é da Gael. – falei, arregalando os olhos assustada – Mas se esse está aqui... Gael tomou o remédio da Lori.

– Aquele era apenas vitamina, não vai fazer mal á ela. Mas esse aqui... É forte. Não sei bem o que fazer.

– Como assim não sabe o que fazer? – Rick praticamente gritou.

– Hey, não grite com meu pai! – Maggie deu alguns passos á frente com raiva.

– Rick, eu não sou médico. Entendo bastante de como tratar um ser humano, mas ainda sim não sei muita coisa.

– Ok. – Rick respirou fundo, massageando as têmporas – O que podemos fazer?

– Bem... Se quisermos fazer alguma coisa antes que tudo piore precisaremos de mais coisas.

– Mais uma ida á cidade? Na neve? – Glenn olhou para todos na sala.

– É preciso pelo bem da Lori e do bebê. – falei suspirando e me sentando num espaço livro no sofá.

– Não precisam fazer isso. Eu vou ficar bem. Nós vamos. – Lori contestou, mas dava para perceber que estava sentindo dor.

– Eu vou. – Rick se levantou arrumando sua arma no coldre.

E nesse momento começou a discussão para ver quem iria até a cidade, e Lori repetia a todo o momento que não era necessário, que ela já estava bem. Me sentia culpada pela troca dos remédios; fora eu que tinha pegado os remédios de Gael e entreguei o resto para Rick. E o que me deixava mais culpada ainda era ter que escolher entre cumprir a promessa para Gael de passar o dia com ela ou ir e reparar meu próprio erro.


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Notas finais do capítulo

Será que a Delilah vai ir com ele e deixar Gael triste e ouficar com a irmã e deixar os outros se virarem? Cenas fortíssimas para o próximo capitulo! aushaush'
Beijos e até a próxima! ♥