A Gaiola de Prata escrita por Débora Falcão


Capítulo 18
Doce Vampiro




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De volta à floresta, segui minha própria trilha, que tinha meu cheiro. Era incrível como os sentidos olfativos de um vampiro eram aguçados. Eu podia seguir a minha própria trilha de olhos fechados. Era como se meu cheiro tivesse deixado dentro da floresta um caminho, como um grande cordão vermelho que se destacava na vegetação.

Eu tinha que segui-lo, para que Rilley chegasse até mim e não percebesse que eu fui mais adiante. Pelo menos eu contava com isso.

Eu fui rápida, para me afastar da mansão dos Cullen e não sentir mais o cheiro de Bella Swan. Então, o vi.

Vê-lo novamente me deu calafrios. Rilley estava ainda mais bonito, mas mesmo assim, era assustador. Sua beleza era uma beleza predadora, da qual eu tinha sido vítima, e era uma memória humana nublada mas que eu não conseguia esquecer.

"Rilley" eu disse a ele, quando me aproximei.

"Lisa. Onde esteve?" ele perguntou. Havia mesmo preocupação em sua voz?

"Caçando."

"Animais de novo?"

"Sim."

"Por que isso, Lisa?"

Olhei em seus olhos. Havia apenas curiosidade.

"Eu não quero ser um monstro. Não quero matar ninguém. Não quero privar ninguém de uma vida para ter esta vida."

Ele olhou para mim. Havia mesmo remorso em seus olhos?

"Lisa..."

"Por favor, Rilley, desculpe-me mas eu não quero voltar a Seattle. Já que tenho que ser assim para sempre, prefiro ficar aqui, no meio do mato, longe das pessoas. Prefiro caçar animais a matar outros como eu era. Desculpe."

Ele me olhava. Então, tomou sua decisão.

"Tudo bem, Lisa. Se é assim que você quer... então eu vou embora."

Suspirei. Era assim que eu queria. Mas por que eu não queria que ele fosse embora?

"Espere, Rilley."

Ele girou em seus calcanhares para olhar para mim. "Sim?"

Me aproximei dele, devagar, até poder sentir seu cheiro.

"Rilley, poderia me responder uma coisa?"

"O que quiser."

"Por que eu? Por que você me quis aquela noite? Por que me transformou no que eu sou?"

Ele parou um pouco para pensar, olhando em meus olhos escarlates.

"Lisa, eu não ia transformar ninguém aquela noite." Ele esperou minha reação, que foi apenas de surpresa, mas eu não disse nada. Esperei ele continuar. "Eu estava caçando para mim. Eu estava com sede. Então, quando passei naquela rua, eu senti o seu cheiro. E ele era muito, mas muito atraente."

Ele me olhava intensamente, e, como eu não dissesse nada, ele continuou.

"Eu não consegui ir embora. Eu esperei você chegar e então, usei todos os artifícios para levá-la até uma rua escura."

"O que não foi muito difícil..." eu murmurei.

"Não, não foi. Mas eu estava decidido a não te matar. Quando comecei a beijá-la, eu quis senti-la em minha pele. Faz apenas um ano que estou nessa forma. Antes, quando eu era humano, eu costumava ter mulheres, mas as lembranças dessa época são muito turvas em minha memória. E eu queria sentir você, um vampiro com uma humana. Isso para mim é quase impossível. Mas eu quis."

Ele tocou meus cabelos compridos.

"Sua pele era tão macia e quente, e seu cheiro tão marcante! Eu não resisti e quis beijá-la, sentir seu perfume, tocar sua pele com meus lábios... mas você tinha que tornar tudo mais difícil!" Seus olhos agora eram duros. "Eu não pude resistir. A sede era mais forte do que eu. Foi quando decidi transformá-la. Eu não queria matá-la."

Olhei para ele. Suas feições eram duras e eu me senti culpada. Depois, percebi que seu olhar anuviou-se.

"Desculpe por isto, Lisa."

Me aproximei ainda mais dele, sem querer.

"Rilley" eu sussurrei. "Eu sei que não sou mais macia..." ele olhava para mim perplexo com o caminho que eu estava levando a conversa. "... muito menos quente..." eu aproximei meus lábios do dele, deixando meu hálito frio chegar ao seu rosto. "...mas eu queria saber se você ainda sente vontade de experimentar o meu beijo..."

O que eu estava fazendo?

Eu havia perdido a cabeça. Era a única explicação. Mas meu desejo por aquele garoto vampiro era maior do que minha sanidade.

"Lisa eu... eu tenho outra pessoa..."

"Uma vampira?" eu perguntei, já sabendo a resposta.

"Sim."

"Tudo bem, Rilley."

Me afastei dele alguns passos para trás. Ele não se voltou para ir embora. Continuou me olhando.

"Com mil diabos!" ele gritou e veio para mim com tanta velocidade e violência, que fomos parar numa árvore, que por pouco não caiu. Mas o estrondo foi ensurdecedor.

No segundo seguinte, Rilley estava me beijando com fome estonteante. Eu simplesmente não conseguia parar. Todos os meus sentidos aguçadíssimos amplificavam as sensações que eu tinha com o toque de sua pele dura e fria, que em contato com a minha se tornava macia e quente, por termos a mesma temperatura.

Então meus pensamentos começaram a voar. E eu me lembrei da pele queimando, do toque quente, dos beijos macios e exigentes, do aperto e do perfume de Jacob Black.

"Pare!"

Abri os olhos. Eu havia empurrado Rilley com tal força que ele, desta vez, com o impacto, tinha derrubado duas árvores a muitos metros de distância de mim.

"Desculpe, Rilley. Eu sei que o provoquei mas... eu não posso... eu... eu também tenho alguém..."

"Um vampiro?" ele perguntou.

"Não..."

Ele viu a tristeza em meu semblante.

"Desculpe por privar você disso então. Lamento."

Eu suspirei. "De qualquer forma, você não me privou de nada." Eu já não tinha nada com o Lobo. Mas ele não sabia quem era.

"Vá embora, Rilley. Deixe-me só!"

Então, ele se foi.


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