A Gaiola de Prata escrita por Débora Falcão


Capítulo 10
Caçada




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Eu corria tal como uma corsa corre entre as árvores. Rápida. Era como uma flecha. Eu ainda assim podia ver cada detalhe das folhas, árvores, insetos e criaturas minúsculas que passavam por mim.

Então eu senti uma presença às minhas costas. Alguém estava me seguindo. Meu instinto de defesa se acionou. Eu virei-me e, quando ia dar um rosnado, eu vi quem estava me seguindo.

Parei estática. Eu não conseguia, simplesmente não conseguia agir contra ele.

"Rilley." Eu disse simplesmente.

"Calma, Lisa. Por que saiu correndo desse jeito?"

"Eu precisava caçar." eu disse simplesmente.

"E por que está se afastando da cidade? Se você quiser eu..."

"Não, Rilley, eu não quero. Eu sei exatamente para onde estou indo." Eu soei bastante rude, mas era necessário. Eu não queria matar ninguém. Não. Eu precisava seguir a dieta dos Cullen, se eu quisesse ser alguém melhor.

Ele me olhou intrigado. Ele não sabia o que eu queria.

"Mas, se você quer matar a sua sede, por que está indo para longe da cidade?"

Eu vi apenas curiosidade em seus olhos. Mas não quis responder. Se ele quisesse saber, que viesse ver por si mesmo.

Eu aspirei o ar. Estávamos bastante longe da cidade. Eu não sentia mais o cheiro de sangue humano, o que me fez relaxar um pouco mais. Eu não queria perder o controle, sentir o frenesi. Eu tinha que me controlar.

Então, eu fechei os olhos, me lembrando de Edward Cullen, ensinando Bella a caçar. Eu tinha consciência dos olhos vermelhos de Rilley me encarando. Eu me concentrei nos sons. Ao longe, podia ouvir um som, muito forte. Era um coração batendo. Eu tentei captar o cheiro. Estava muito longe, mas eu pude sentir que não era um humano. Era um animal, e dos grandes.

Disparei para o lado de onde vinha o som. Eu sabia que Rilley vinha atrás. Eu corria muito rápido, desviando de árvores e pedras apenas por instinto. Eu era incrivelmente rápida, eu podia sentir Rilley ficando para trás. Devia ser a força de uma recém-nascida.

Parei. Foi um movimento rápido e brusco. Tanto que Rilley me ultrapassou e depois teve que voltar para me alcançar. Eu ainda estava de olhos fechados, ouvindo. Agora eu podia sentir o cheiro. Era, sim, um animal, mas eu ainda não estava familiarizada com os aromas, eu não o conhecia. Eu ouvia o som das batidas de coração. Não era um, mas uns quatro ou cinco.

Alces, talvez?

"Lisa..." Rilley começou, mas eu já estava correndo de novo. Quando estava chegando perto, subi em uma árvore e passei de árvore em árvore, para ter uma visão melhor. Era um grupo de quatro alces, grandes e gordos, juntos, que estavam dormindo. Eu podia sentir o sangue correndo e sendo bombeado em suas veias.

"Lisa..." Rilley sussurrou atrás de mim.

"Shhh!"

Eu  me aprumava para saltar. Me joguei em cima de um deles, o maior de todos. Eu o peguei de surpresa, ele não teve como reagir. Realmente, a couro dele e sua gordura, eram como manteiga em meus dentes super afiados.

Eu senti um arrepio quando o líquido morno encheu minha boca. E eu não conseguia parar. Não era gostoso. Só ajudava com o queimor em minha garganta. Quando joguei o corpo do animal drenado de lado, os outros já tinham percebido o que estava acontecendo e corriam, tentando fugir. Eu corri atrás de um deles, e o derrubei, empurrando-o para o chão. Ele deu um urro de dor. Eu fui para cima e repeti o que havia feito com o outro.

Eu sabia que não adiantava nadar em sangue. Meus olhos continuariam vermelhos por um ano.

Um ano. Eu ficaria ali por um ano?!

"Lisa." Rilley chamou, desta vez mais firme. Olhei para ele.

"Lisa, o que você está fazendo?" ele perguntou, em parte curioso, em parte me repreendendo.

"Eu não quero matar ninguém" eu falei, resoluta. Ele me olhava incrédulo.

Depois de um tempo, deu de ombros.

"Faça o que quiser."

E saiu correndo de volta. Acho que ele esperava que eu o seguisse. Seria o mais natural, afinal de contas, era para eu estar confusa com minha situação atual e me sentindo sozinha.

Mas não era o caso. Eu sabia exatamente o que estava acontecendo. E eu tinha um problema.

Eu não podia voltar a Londres nestas condições. E Mary Poppins não sabia de nada, visto que eu não interferi em nenhum momento na história. Meu nome não era citado em nenhum momento no livro por Bella, ela não sabia onde eu estava e o que estava fazendo.

Eu precisava de ajuda.

É claro que eu recorreria à família de olhos dourados:

Os Cullen.

Novamente.


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