Novo Amanhecer escrita por Raquelzinha


Capítulo 2
Bella II


Notas iniciais do capítulo

Seguindo o baile, Bella continua sentindo falta de seu amigo!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/273702/chapter/2

Era um cheiro inconfundível, fechei os olhos e foi como se ele estivesse ali, na minha frente, sorrindo, assoviando, me provocando, me aquecendo, me fazendo rir e ficar irritada, tudo ao mesmo tempo.

De repente um som vindo da janela me assustou, pensei que fosse Edward que voltara ao perceber que Charlie já fora, mas era apenas um galho movimentado por uma rajada de vento. Esse fato foi suficiente para me tirar da contemplação em que estava, levantei para colocar as roupas no cesto mas, antes de soltá-las voltei a inalar o máximo que pude daquele aroma, tentando guarda-lo em algum lugar da minha memória olfativa, depois, as larguei uma a uma enquanto as lágrimas voltaram mais fortes que antes, lavando meu rosto e ensopando o travesseiro sobre o qual me deitei.

Não sei quanto tempo fiquei assim antes de adormecer, mas quando acordei, a luz fraca do raiar da alvorada penetrava pela janela do quarto e sentado a pouca distância Edward me observava.  Estiquei o corpo dolorido pela tensão emocional a que tenho me submetido nesses dias, e só então percebi que estava nua, deitara ainda enrolada na toalha, que saíra do lugar e, agora, a única coisa que me cobria era  uma manta. Sem dizer nada levantei segurando o tecido macio perto de mim, indo até o banheiro vesti uma blusa e uma calça de malha, Edward, delicado como sempre, já estava acomodado a minha espera quando retornei, me aconcheguei ao lado dele, de encontro ao seu corpo duro e gelado, nada foi dito, eu não tinha o que falar e sinceramente não desejava ouvir coisa alguma, ele cantava baixinho, assim era melhor, evitava conversas indesejadas.

Porém, o sono se fora, e num impulso idiota, me virei e encarei seu lindo rosto, os lábios perfeitos, a pele alva e gelada, me aproximei lentamente, estava desejando beijos apaixonados como os que trocávamos, perder o fôlego e a razão enquanto ele me envolvia em seus braços. Entretanto, contrariando minha vontade, o beijo não foi como o esperado, a medida que  ficava mais intenso, eram lábios macios que eu desejava e os braços que circundavam minha cintura não eram quentes, as mãos não eram grandes e não me seguravam como eu queria ser segurada, assustada percebi que estava fazendo uma comparação, mesmo que fosse inconsciente, era uma comparação, e Edward estava perdendo, empurrei seu corpo, foi um movimento tão rápido que me assustei.

 Só então me dei conta do olhar confuso no homem a minha frente, me deparei com o monstro no qual me transformei, um monstro capaz de magoar constantemente duas pessoas que me amavam.

Numa tentativa boba de remissão beijei seus lábios levemente e carinhosamente e me deitei, ele voltou a cantarolar como se nada tivesse acontecido, mas eu já não ouvia, apenas me recriminava por meu comportamento impensado que só causava dor e sofrimento e, as lembranças daquele primeiro último beijo que Jacob e eu trocamos naquela manhã, aquele beijo que finalmente tirou a venda que mantive sobre meus olhos por tanto tempo, voltaram. Meu coração acelerou e fiquei ofegante como se estivesse acontecendo novamente, eu o amava, amava desesperadamente, mas não poderia abandonar Edward e tudo o que planejara por ele, no momento em que o imprinting acontecesse, seria deixada de lado e faria o que com minha vida?

Não, definitivamente iria até o fim com aquele que me salvaria de mim mesma.

Antes do sol nascer Edward se foi me dando um beijo de bom dia, no horário de sempre Alice surgiu na frente de casa.

- Onde está Edward?  - perguntei antes mesmo de entrar no carro, afinal, depois dos últimos acontecimentos não era de duvidar que ele tivesse desistido de mim.

-  Não está feliz em me ver? – ela falou fingindo estar ofendida mostrando um beicinho .

- Claro que estou, mas é que...

- Ele atrasou. - explicou acelerando o carro, Alice dirigia tão rápido que me deixava tonta.

- Atrasou? - Edward nunca atrasa. - O que está acontecendo Alice?

Ela fez cara de mistério e sorrindo falou:

- Surpresa! Ele pretende lhe fazer uma surpresa e pode desistir de tentar tirar qualquer outra coisa de mim, a partir de agora me calo sobre esse assunto.

- Surpresa? – Insisti.

Ela confirmou com a cabeça e fez um gesto indicando que nada mais seria dito sobre o assunto, Alice estava muito misteriosa, talvez até conseguisse tirar algo dela se insistisse. Gosto muito dessa vampirinha, mas sabia que ela não era exatamente a pessoa mais confiável quando se tratava de guardar novidades e surpresas. Entretanto, logo ela encontrou um assunto mais interessante, os preparativos para a festa de formatura que  se propôs a organizar. Devo confessar que não ouvi metade do que ela falou, minha cabeça estava ocupada em descobrir de que se tratava a tal surpresa.

Quando chegamos a escola, vi Edward recostado no volvo, no lugar de sempre, corri até ele tentando descobrir alguma coisa em sua expressão, mas ele parecia igual, terno e carinhoso como sempre, me beijou delicadamente e passando o braço sobre meu ombro me conduziu para dentro da escola. Senti um medo terrível que ele soubesse o que se passava comigo e que desistisse do nosso futuro juntos e de me transformar.

- Esperava que você fosse me buscar.  - falei em tom de queixa.

- Precisava fazer uma coisa, acabei atrasando, então pedi a Alice para pegá-la.

Encarei seu rosto perfeito esperando que ele me contasse o que fizera, mas foi inútil, fazendo-se de desentendido convidou:

- Vamos para a sala?

Sem outra alternativa, aceitei o convite e me deixei conduzir.

As aulas transcorriam lentamente mas num ritmo suportável, até que durante uma excursão por provas velhas que eu ainda mantinha guardadas na mochila encontrei uma folha cheia de cálculos, a maioria deles com a letra de Jacob, senti que meu coração parou por alguns instantes enquanto observava minuciosamente cada parte daquele papel velho. Nos quatro cantos nossos nomes foram escritos unidos, como se estivessem interligados, da letra final do nome dele o meu começava, misturando a letra dos dois. Lembrei com detalhes do dia em que aquilo fora escrito e um som abafado e dolorido saiu pela minha garganta, como poderia deixar de pensar nele se havia tantas coisas que me obrigavam a lembrar.

- Bells! - ouvi me chamarem, só podia ser um sonho, fruto da minha imaginação e daquele papel na minha mão.

- O que?  - perguntei olhando em volta com o coração aos pulos.

- Bella! - Era a voz preocupada de Edward. – O que foi?

Permaneci atônita com a folha nas mãos, engasgada sem conseguir falar.

- Lembrei de uma coisa que deveria ter feito. - falei por fim e no mesmo instante me odiei por essa maldita incapacidade de mentir, sabia que não o enganara, mas, como quem não tem culpa de nada dobrei o papel e o guardei no lugar, lembrando a mim mesma de jogá-lo no lixo mais tarde, se conseguisse.

O restante do dia foi sendo a cada momento pior, durante o almoço sequer consegui rir das bobagens de Emmet, ouvir as alucinações de Alice sobre as festas que estava organizando então estava fora de cogitação. Em determinado momento desejei cobrir os ouvidos com as mãos e não escutar mais nada.

A tarde não foi melhor e a noite tive de aturar Edward e Charlie se alfinetando, sentados um de cada lado, perdi a conta das vezes em que suspirei e eles quiseram saber o que havia, a resposta era sempre a mesma:

- Preocupação com a proximidade das provas finais.

Enquanto eles assistiam, ou não ao filme, eu maquinava uma maneira de dormir sozinha aquela noite, mas não queria magoar Edward dizendo isso a ele, que, alheio aos meus pensamentos  acariciava minha mão com seus dedos gelados. Acabei não falando nada e o restante da noite foi como todas as anteriores, junto com o meu vampiro.

 A esta altura já havia esquecido da minha curiosidade sobre a surpresa que meu amor escondia com tanto cuidado. - Na hora certa eu saberia. -  pensei resolvendo que não iria mais me preocupar com isso.

Os dias passavam se arrastando. Dormir, acordar, comer, conversar, estudar, trabalhar, eram agora atividades que fazia sem perceber, apenas repetia uma sequência de tarefas diárias sem o menor entusiasmo.

Observei o relógio, passava das onze horas da noite, Edward saíra com Emmet e Jasper e Charlie ao que tudo indicava, com certeza, finalmente arrumou alguém, o que me deixa mais tranqüila quanto ao casamento com Edward e suas conseqüências.  

Aproveitei os momentos a sós para esconder tudo o que pudesse me lembrar Jacob no fundo da última gaveta da cômoda, e como gostaria de colocar junto as minhas lembranças, mas era impossível, sempre que fechava os olhos via aquele sorriso, sempre que deitava recostada em Edward desejava o calor e os braços fortes de Jacob.

A preocupação em saber como Jake estava era minha nova fixação, sempre que Charlie voltava de La Push ouvia seus relatos com total atenção o que muito deve ter admirado meu pai, ou não, tamanho seu senso perceptivo. Entretanto, como tudo o que eu descobria nunca era o suficiente, muitas foram as vezes em que peguei o telefone e disquei o número do telefone dele, após o primeiro toque desligava, queria desesperadamente saber de meu amigo, qualquer coisa, ou simplesmente ouvir um alô, mas tinha certeza que seria pior se nos falássemos, minha decisão fora tomada, fora um acordo mútuo, agora só me restava colaborar, mesmo que isso estivesse me matando aos poucos.

 Meu consolo dessa tortura é que seria por pouco tempo, logo que eu fosse transformada tudo ficaria para trás, esquecido e com Jacob também seria dessa forma assim que ele encontrasse seu im...não consegui concluir o pensamento, doía demais saber que Jake deixaria de me amar, que talvez quando voltássemos a nos encontrar eu não passasse de mera conhecida, me atirei na cama liberando lágrimas presas no meu peito por vários dias.

 Dois amigos que se amam e que em breve se tornarão inimigos, riscados da vida um do outro como se nunca tivessem existido, a isso se resumiria a história de Jacob Black e Isabella Swan?  Senti uma dor tão forte diante desta conclusão, que mal conseguia respirar.

- Não quero ser esquecida! - gritei – Não quero esquecer!

Nesse instante, como se fosse uma resposta ao meu desespero, ouvi um uivo baixo não muito distante de casa, sentei na cama atenta, com o coração aos pulos, definitivamente aquilo fora um uivo. Então, outro uivo respondeu ao longe, fui até a janela, lá fora tudo em completa escuridão, era Jacob, só poderia ser Jacob Black.

 - Ele veio! - pensei e desesperada corri escada abaixo, saí de casa correndo na velocidade que minhas trêmulas pernas conseguiam ir enquanto gritava por ele.

 – Jacob! - é ele, só pode ser ele, pensava.

Estava tão emocionada, já antecipava a felicidade que me invadiria ao vê-lo, tentei acelerar os passos sem lembrar que estava descalça, galhos secos se prendiam ao tecido da meia e quando pisei na grama úmida escorreguei. Com um estrondo desabei batendo com as costas no chão, ainda atordoada pela pancada e irritada pela minha falta de coordenação, levantei com cuidado, ouvindo o uivo cada vez mais próximo, juntei as forças que me restavam e continuei a corrida na expectativa de finalmente encontrá-lo. Qualquer dor que aquele tombo tivesse provocado não era pior do que a dor pela abstinência a Jake, a qual eu mesma me submetera nos últimos dias.

Um uivo próximo me fez mudar de direção, foi então que me deparei com um lobo cor de areia a me olhar tristonho.

- Seth! - falei decepcionada. – Onde ele está?

Outro uivo que agora me pareceu mais forte foi ouvido.

- É ele? - quis saber ansiosa e o pequeno Seth baixou a cabeça com a mesma expressão triste.

O outro lobo, enorme, surgiu na minha frente, não importava quantas vezes eu os tenha visto, sempre me surpreendo, dei um passo para trás ao constatar que era Paul.

Confusa, olhei de um para outro, por que Seth estava com Paul? Jake era seu companheiro.

- Onde ele está? - repeti a pergunta.

Paul mostrou os dentes num rosnado  irritado, rápido Seth se colocou entre nós. Percebi a boa intenção do garoto, mas se realmente quisesse, o outro passaria por ele sem muita dificuldade. Eles se olharam por alguns instantes e logo Seth tomou a direção de minha casa, como não o segui ele parou e ficou me olhando. Tornei a perguntar:

- Onde Jake está?

A resposta foi um rosnado ameaçador de Paul, eles não iriam ajudar e sem querer ficar ali ao lado daquele lobo imenso e assustador, não tive outra alternativa a não ser seguir  Seth. Ele caminhava calmamente enquanto eu chorava novamente, com o coração apertado e doido no peito, sei que o pequeno percebeu minha dor, mas parecia alheio a ela, entretanto, quando passei por ele para entrar em casa vi seu olhar triste me encarando, pensei em acariciá-lo mas, não tive coragem, apenas agradeci e corri para dentro.

Subi para o quarto chorando, a dor nas costas se misturara a frustração de não ter visto Jake e de ser ameaçada por Paul. Troquei a roupa molhada pelo orvalho da noite e pelo tombo por outra, foi quando voltei a ouvir um uivo, diferente desta vez, parecia tão triste quanto a dor que eu sentia, incessantemente e a cada instante parecendo mais próximo aquele som ecoava dentro de mim.

- É ele! – pensei. - Desta vez é ele. - ia sair do quarto quando Edward entrou afobado pela janela, sua expressão era preocupada.

- O que aconteceu? - perguntou se aproximando ao ver minhas lágrimas.

- O que ele fez?

- Quem? - perguntei irritada com a chegada dele.

Ele estendeu a mão na direção do uivo.

- Jacob!

- É ele? - tenho certeza que Edward percebeu meu entusiasmo ao saber que Jacob estava tão perto.

- Você não sabia que ele estava aí?

- Não. - fui sincera enquanto tentava controlar a ansiedade por saber Jake tão perto de mim depois de tanto tempo.

- Então por que o choro? – a voz dele ainda era desconfiada.

- Caí.- falei séria, - Escorreguei e bati com as costas no chão, mostrei a pele avermelhada pelo tombo e Edward pareceu acreditar.- Você sabe como sou desastrada. - completei.

Outro uivo, meu coração parecia que ia saltar do peito. Edward olhou ameaçador para a janela e o abracei tentando desviar sua atenção, tudo o que eu não queria era um enfrentamento entre eles.

- Está tudo bem.

- Verdade? Fiquei com medo quando Alice não conseguiu vê-la. - falou me apertando entre seus braços frios. Sorri tentando acalmá-lo.

- Não há mais o que temer, Victória está morta.

- Mas Jacob está lá fora.

Dei uma olhada para a janela.

- Sim, ele está lá e como gostaria que estivesse aqui. – pensei triste.

- Ele jamais me machucaria.- afirmei

- Não sei. - ele parecia preocupado com algo - Ainda não confio totalmente neles.

Pensei em responder discordando, mas se eu queria evitar mais confusão o melhor era me manter calada, afinal não poderia criar mais problemas na vida de Jacob, ele já sofreu demais, merece um pouco de paz.

Os uivos cessaram , soube então que Jake se fora, e ao perceber a tranqüilidade voltar ao olhar de Edward tive certeza, entretanto ainda tive de ouvi-lo confirmar:

- Ele se foi.

- Eu sei.- falei sem pensar e percebi a expressão confusa no rosto de Edward, ele não conseguia entender minha ligação com Jake, confesso que muitas vezes nem eu a entendo, mas isso deve ser deixado para outro momento, agora deveria fazer meu vampiro se tranqüilizar, me enrolei na manta e deitei estendo o braço para que ele fizesse o mesmo, logo seu corpo estava ao lado do meu e seus braços a minha volta. Naquela noite não houve sonhos, foi um sono dolorido por causa da dor nas costas e pela falta de Jacob.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mais um capítulo, obrigada a meus queridos amigos, Igor e Angélica pelos comentários... OBRIGADA!!! bjs e até amanhã se tudo der certo!!!